Coluna semanal do antropólogo Roberto DaMatta com reflexões sobre o Brasil

Opinião|Gaia e os bárbaros: reflexões sobre o cataclismo climático e o desafio humano


A catástrofe do Rio Grande do Sul reitera que cansamos de soluções legais hipócritas e ideológicas e mostra que populismos não substituem medidas fundadas no realismo do bom senso

Por Roberto DaMatta
Atualização:

A pergunta que o cataclismo climático me obriga a fazer insinua uma questão dramática, pois implica, como ensinou Lévi-Strauss, saber se nós humanos temos direito de nos pensar como donos absolutos do planeta, quando, na realidade, somos uma de suas criações.

Talvez a mais trágica, justamente por ser a mais autoconsciente e contraditória. Desobedientes, fomos expulsos do paraíso, criamos a linguagem e as regras culturais e, livres da subordinação dos instintos, inventamos desejos e planos, esses Inventores do Vale de Lágrimas das contradições que tecem nossos destinos e histórias.

Esse tem sido o caminho de nossa evolução. Um obcecado progressismo, calibrado pela invenção de instrumentos capazes de domesticar a natureza num sistema no qual ganâncias e tecnologia voltada para o lucro disputam a hegemonia.

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Casa debaixo d´água após inundação no Rio Grande do Sul.  Foto: Anselmo Cunha/AFP

Da Idade da Pedra à era atômica e digital, lutamos contra a natureza para conquistar desertos, mares, povos e o espaço macro e microscópico. No nosso afã de progredir, esquecemos o elo entre conquistar e destruir. Entre as desgraças das utópicas soluções político-ideológicas finais – guerras, golpes, inquisições, radicalismos e totalitarismos – cegas aos acidentes naturais. Não se trata, esclareço, de abandonar o progresso, mas de relativizar seus limites.

Nesse contexto dominado pela fé de que o futuro será melhor do que o passado, é lamentável que a Terra mande avisos de exaustão. Um dos mais claros é esse cataclismo climático gaúcho. Uma rara conjuntura meteorológica que desnuda o tradicional descaso da administração pública nacional, pois as ortodoxias políticas fundadas na mágica “razão populista” esquecem o bom senso e desdenham demandas nascidas de cautelosas prevenções. A catástrofe do Rio Grande do Sul reitera que cansamos de soluções legais hipócritas e ideológicas. Ela mostra que populismos não substituem medidas fundadas no realismo do bom senso, nossa arma mais eficaz contra os inesperados.

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Nessa circunstância, cabe perguntar: quantas ortodoxias políticas marcaram o povo gaúcho? Governos passaram como vento minuano, enquanto cidades, lagoas e rios permaneciam nos seus lugares.

Até a “rebeldia” atual do planeta, que parece protestar contra seus mais arrogantes habitantes. Esse bicho-homem que, sendo humano, tem sujeitado a Terra ao mesmo processo de desumanização que faz parte do seu chamado “processo civilizatório”.

A Terra protesta a seu modo. Com enchentes, tornados e terremotos. Se eu fosse um selvagem diria, num mito, que Gaia é uma mulher violentada, que vocifera cuspindo, quando é abusada por uns bárbaros malvados, chamados humanos. Diante da brutalidade, a Mãe-Terra responde com catastróficos “vocês sabem com quem estão falando?!!!”. Seria reprimenda ou gemido?

A pergunta que o cataclismo climático me obriga a fazer insinua uma questão dramática, pois implica, como ensinou Lévi-Strauss, saber se nós humanos temos direito de nos pensar como donos absolutos do planeta, quando, na realidade, somos uma de suas criações.

Talvez a mais trágica, justamente por ser a mais autoconsciente e contraditória. Desobedientes, fomos expulsos do paraíso, criamos a linguagem e as regras culturais e, livres da subordinação dos instintos, inventamos desejos e planos, esses Inventores do Vale de Lágrimas das contradições que tecem nossos destinos e histórias.

Esse tem sido o caminho de nossa evolução. Um obcecado progressismo, calibrado pela invenção de instrumentos capazes de domesticar a natureza num sistema no qual ganâncias e tecnologia voltada para o lucro disputam a hegemonia.

Casa debaixo d´água após inundação no Rio Grande do Sul.  Foto: Anselmo Cunha/AFP

Da Idade da Pedra à era atômica e digital, lutamos contra a natureza para conquistar desertos, mares, povos e o espaço macro e microscópico. No nosso afã de progredir, esquecemos o elo entre conquistar e destruir. Entre as desgraças das utópicas soluções político-ideológicas finais – guerras, golpes, inquisições, radicalismos e totalitarismos – cegas aos acidentes naturais. Não se trata, esclareço, de abandonar o progresso, mas de relativizar seus limites.

Nesse contexto dominado pela fé de que o futuro será melhor do que o passado, é lamentável que a Terra mande avisos de exaustão. Um dos mais claros é esse cataclismo climático gaúcho. Uma rara conjuntura meteorológica que desnuda o tradicional descaso da administração pública nacional, pois as ortodoxias políticas fundadas na mágica “razão populista” esquecem o bom senso e desdenham demandas nascidas de cautelosas prevenções. A catástrofe do Rio Grande do Sul reitera que cansamos de soluções legais hipócritas e ideológicas. Ela mostra que populismos não substituem medidas fundadas no realismo do bom senso, nossa arma mais eficaz contra os inesperados.

Nessa circunstância, cabe perguntar: quantas ortodoxias políticas marcaram o povo gaúcho? Governos passaram como vento minuano, enquanto cidades, lagoas e rios permaneciam nos seus lugares.

Até a “rebeldia” atual do planeta, que parece protestar contra seus mais arrogantes habitantes. Esse bicho-homem que, sendo humano, tem sujeitado a Terra ao mesmo processo de desumanização que faz parte do seu chamado “processo civilizatório”.

A Terra protesta a seu modo. Com enchentes, tornados e terremotos. Se eu fosse um selvagem diria, num mito, que Gaia é uma mulher violentada, que vocifera cuspindo, quando é abusada por uns bárbaros malvados, chamados humanos. Diante da brutalidade, a Mãe-Terra responde com catastróficos “vocês sabem com quem estão falando?!!!”. Seria reprimenda ou gemido?

A pergunta que o cataclismo climático me obriga a fazer insinua uma questão dramática, pois implica, como ensinou Lévi-Strauss, saber se nós humanos temos direito de nos pensar como donos absolutos do planeta, quando, na realidade, somos uma de suas criações.

Talvez a mais trágica, justamente por ser a mais autoconsciente e contraditória. Desobedientes, fomos expulsos do paraíso, criamos a linguagem e as regras culturais e, livres da subordinação dos instintos, inventamos desejos e planos, esses Inventores do Vale de Lágrimas das contradições que tecem nossos destinos e histórias.

Esse tem sido o caminho de nossa evolução. Um obcecado progressismo, calibrado pela invenção de instrumentos capazes de domesticar a natureza num sistema no qual ganâncias e tecnologia voltada para o lucro disputam a hegemonia.

Casa debaixo d´água após inundação no Rio Grande do Sul.  Foto: Anselmo Cunha/AFP

Da Idade da Pedra à era atômica e digital, lutamos contra a natureza para conquistar desertos, mares, povos e o espaço macro e microscópico. No nosso afã de progredir, esquecemos o elo entre conquistar e destruir. Entre as desgraças das utópicas soluções político-ideológicas finais – guerras, golpes, inquisições, radicalismos e totalitarismos – cegas aos acidentes naturais. Não se trata, esclareço, de abandonar o progresso, mas de relativizar seus limites.

Nesse contexto dominado pela fé de que o futuro será melhor do que o passado, é lamentável que a Terra mande avisos de exaustão. Um dos mais claros é esse cataclismo climático gaúcho. Uma rara conjuntura meteorológica que desnuda o tradicional descaso da administração pública nacional, pois as ortodoxias políticas fundadas na mágica “razão populista” esquecem o bom senso e desdenham demandas nascidas de cautelosas prevenções. A catástrofe do Rio Grande do Sul reitera que cansamos de soluções legais hipócritas e ideológicas. Ela mostra que populismos não substituem medidas fundadas no realismo do bom senso, nossa arma mais eficaz contra os inesperados.

Nessa circunstância, cabe perguntar: quantas ortodoxias políticas marcaram o povo gaúcho? Governos passaram como vento minuano, enquanto cidades, lagoas e rios permaneciam nos seus lugares.

Até a “rebeldia” atual do planeta, que parece protestar contra seus mais arrogantes habitantes. Esse bicho-homem que, sendo humano, tem sujeitado a Terra ao mesmo processo de desumanização que faz parte do seu chamado “processo civilizatório”.

A Terra protesta a seu modo. Com enchentes, tornados e terremotos. Se eu fosse um selvagem diria, num mito, que Gaia é uma mulher violentada, que vocifera cuspindo, quando é abusada por uns bárbaros malvados, chamados humanos. Diante da brutalidade, a Mãe-Terra responde com catastróficos “vocês sabem com quem estão falando?!!!”. Seria reprimenda ou gemido?

A pergunta que o cataclismo climático me obriga a fazer insinua uma questão dramática, pois implica, como ensinou Lévi-Strauss, saber se nós humanos temos direito de nos pensar como donos absolutos do planeta, quando, na realidade, somos uma de suas criações.

Talvez a mais trágica, justamente por ser a mais autoconsciente e contraditória. Desobedientes, fomos expulsos do paraíso, criamos a linguagem e as regras culturais e, livres da subordinação dos instintos, inventamos desejos e planos, esses Inventores do Vale de Lágrimas das contradições que tecem nossos destinos e histórias.

Esse tem sido o caminho de nossa evolução. Um obcecado progressismo, calibrado pela invenção de instrumentos capazes de domesticar a natureza num sistema no qual ganâncias e tecnologia voltada para o lucro disputam a hegemonia.

Casa debaixo d´água após inundação no Rio Grande do Sul.  Foto: Anselmo Cunha/AFP

Da Idade da Pedra à era atômica e digital, lutamos contra a natureza para conquistar desertos, mares, povos e o espaço macro e microscópico. No nosso afã de progredir, esquecemos o elo entre conquistar e destruir. Entre as desgraças das utópicas soluções político-ideológicas finais – guerras, golpes, inquisições, radicalismos e totalitarismos – cegas aos acidentes naturais. Não se trata, esclareço, de abandonar o progresso, mas de relativizar seus limites.

Nesse contexto dominado pela fé de que o futuro será melhor do que o passado, é lamentável que a Terra mande avisos de exaustão. Um dos mais claros é esse cataclismo climático gaúcho. Uma rara conjuntura meteorológica que desnuda o tradicional descaso da administração pública nacional, pois as ortodoxias políticas fundadas na mágica “razão populista” esquecem o bom senso e desdenham demandas nascidas de cautelosas prevenções. A catástrofe do Rio Grande do Sul reitera que cansamos de soluções legais hipócritas e ideológicas. Ela mostra que populismos não substituem medidas fundadas no realismo do bom senso, nossa arma mais eficaz contra os inesperados.

Nessa circunstância, cabe perguntar: quantas ortodoxias políticas marcaram o povo gaúcho? Governos passaram como vento minuano, enquanto cidades, lagoas e rios permaneciam nos seus lugares.

Até a “rebeldia” atual do planeta, que parece protestar contra seus mais arrogantes habitantes. Esse bicho-homem que, sendo humano, tem sujeitado a Terra ao mesmo processo de desumanização que faz parte do seu chamado “processo civilizatório”.

A Terra protesta a seu modo. Com enchentes, tornados e terremotos. Se eu fosse um selvagem diria, num mito, que Gaia é uma mulher violentada, que vocifera cuspindo, quando é abusada por uns bárbaros malvados, chamados humanos. Diante da brutalidade, a Mãe-Terra responde com catastróficos “vocês sabem com quem estão falando?!!!”. Seria reprimenda ou gemido?

A pergunta que o cataclismo climático me obriga a fazer insinua uma questão dramática, pois implica, como ensinou Lévi-Strauss, saber se nós humanos temos direito de nos pensar como donos absolutos do planeta, quando, na realidade, somos uma de suas criações.

Talvez a mais trágica, justamente por ser a mais autoconsciente e contraditória. Desobedientes, fomos expulsos do paraíso, criamos a linguagem e as regras culturais e, livres da subordinação dos instintos, inventamos desejos e planos, esses Inventores do Vale de Lágrimas das contradições que tecem nossos destinos e histórias.

Esse tem sido o caminho de nossa evolução. Um obcecado progressismo, calibrado pela invenção de instrumentos capazes de domesticar a natureza num sistema no qual ganâncias e tecnologia voltada para o lucro disputam a hegemonia.

Casa debaixo d´água após inundação no Rio Grande do Sul.  Foto: Anselmo Cunha/AFP

Da Idade da Pedra à era atômica e digital, lutamos contra a natureza para conquistar desertos, mares, povos e o espaço macro e microscópico. No nosso afã de progredir, esquecemos o elo entre conquistar e destruir. Entre as desgraças das utópicas soluções político-ideológicas finais – guerras, golpes, inquisições, radicalismos e totalitarismos – cegas aos acidentes naturais. Não se trata, esclareço, de abandonar o progresso, mas de relativizar seus limites.

Nesse contexto dominado pela fé de que o futuro será melhor do que o passado, é lamentável que a Terra mande avisos de exaustão. Um dos mais claros é esse cataclismo climático gaúcho. Uma rara conjuntura meteorológica que desnuda o tradicional descaso da administração pública nacional, pois as ortodoxias políticas fundadas na mágica “razão populista” esquecem o bom senso e desdenham demandas nascidas de cautelosas prevenções. A catástrofe do Rio Grande do Sul reitera que cansamos de soluções legais hipócritas e ideológicas. Ela mostra que populismos não substituem medidas fundadas no realismo do bom senso, nossa arma mais eficaz contra os inesperados.

Nessa circunstância, cabe perguntar: quantas ortodoxias políticas marcaram o povo gaúcho? Governos passaram como vento minuano, enquanto cidades, lagoas e rios permaneciam nos seus lugares.

Até a “rebeldia” atual do planeta, que parece protestar contra seus mais arrogantes habitantes. Esse bicho-homem que, sendo humano, tem sujeitado a Terra ao mesmo processo de desumanização que faz parte do seu chamado “processo civilizatório”.

A Terra protesta a seu modo. Com enchentes, tornados e terremotos. Se eu fosse um selvagem diria, num mito, que Gaia é uma mulher violentada, que vocifera cuspindo, quando é abusada por uns bárbaros malvados, chamados humanos. Diante da brutalidade, a Mãe-Terra responde com catastróficos “vocês sabem com quem estão falando?!!!”. Seria reprimenda ou gemido?

Opinião por Roberto DaMatta

É antropólogo social, escritor e autor de 'Fila e Democracia'

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