Coluna semanal do antropólogo Roberto DaMatta com reflexões sobre o Brasil

Opinião|Na eleição americana, foi a falta de carisma que levou Trump à vitória?


É difícil ser a maior potência mundial governada por um personagem sem um pingo de carisma na terra do Superman

Por Roberto DaMatta
Atualização:

Essa foi a pergunta que fiz ao meu mentor e amigo Richard Moneygrand, que comigo assistiu ao triunfo de Donald Trump. Uma vitória semelhante a uma reversão da sensatez do “jeito americano” que julgávamos permanente. E foi desfeito pelo “blockbuster” eleitoral sinalizador, quem sabe, de que o povão americano deseja um soberano, como no Mardi Gras hierárquico de New Orleans. Uma reversão estudada no meu livro Carnavais, Malandros e Heróis, de 1979.

Donald Trump foi eleito para a Casa Branca na disputa contra Kamala Harris. Foto: Evan Vucci/AP

Assim que o resultado foi lacrado, meu mentor palpitou: “Acho que os Estados Unidos revelam que as formas de dominação weberianas operam de modo simultâneo com combinações. O que marca a política americana dos últimos anos” – continuou Moneygrand – “é um hiperindividualismo ao lado da hegemonia da dominação burocrática, estremecida com o advento do hipercapitalismo digital-financeiro. Bilionários tomaram o lugar dos sindicatos, dos Fords e Rockefellers. O domínio legal-burocrático levou a inoperância relativa à inflação e à imigração ilegal, que promoveu o transbordamento que Trump explorou contra os valores bem-comportados do Partido Democrata. Partido, aliás, antigamente representado por um burro, oposto ao enorme elefante republicano que, aliás, Donald Trump gloriosamente personifica.

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– Dick, deixa de piada e continua...

– Explico. Nada que é coletivo funciona sem uma dimensão expressivamente humana. Esse humano energético que faltava fragorosamente em Joe Biden. O humano que acolhe os mais trágicos inesperados lhes dando nome, como ocorre com os furacões, rios, mares, as montanhas e os astros.

O que seria do New Deal que tirou os EUA da Grande Depressão e venceu uma guerra em duas frentes sem o carisma de Franklin Delano Roosevelt – único presidente eleito por quatro mandatos? Do mesmo modo, a Revolução Russa é inconcebível sem Vladimir Lenin.

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É difícil ser a maior potência mundial governada por um personagem sem um pingo de carisma na terra do Superman. O “number one” de um país de iguais, que atacava as crises de modo protocolar – by the rule – sem um toque de novidade num país que as inventou. Essa máscara que sobra no universo latino e tem sido a marca dos “pais do povo” e “mães das elites”. O que Trump revelou na campanha, com o agravante “esquecido” pela elite branca educada de ele ter escapado de ser assassinado. Um imprevisto capaz de subverter a racionalidade daquilo que a elite dominante e educada julgava consolidado. Tempos que invertem paradigmas. Hoje, os velhos custam a morrer, e o desejado progresso destrói o planeta. Acho difícil isolar uma potência mundial.

Ato contínuo, sorvi todo o meu uísque e – atordoado – enfrentei uma desajeitada dúvida machadiana no melhor estilo de Dom Casmurro e do dr. Simão Bacamarte.

Essa foi a pergunta que fiz ao meu mentor e amigo Richard Moneygrand, que comigo assistiu ao triunfo de Donald Trump. Uma vitória semelhante a uma reversão da sensatez do “jeito americano” que julgávamos permanente. E foi desfeito pelo “blockbuster” eleitoral sinalizador, quem sabe, de que o povão americano deseja um soberano, como no Mardi Gras hierárquico de New Orleans. Uma reversão estudada no meu livro Carnavais, Malandros e Heróis, de 1979.

Donald Trump foi eleito para a Casa Branca na disputa contra Kamala Harris. Foto: Evan Vucci/AP

Assim que o resultado foi lacrado, meu mentor palpitou: “Acho que os Estados Unidos revelam que as formas de dominação weberianas operam de modo simultâneo com combinações. O que marca a política americana dos últimos anos” – continuou Moneygrand – “é um hiperindividualismo ao lado da hegemonia da dominação burocrática, estremecida com o advento do hipercapitalismo digital-financeiro. Bilionários tomaram o lugar dos sindicatos, dos Fords e Rockefellers. O domínio legal-burocrático levou a inoperância relativa à inflação e à imigração ilegal, que promoveu o transbordamento que Trump explorou contra os valores bem-comportados do Partido Democrata. Partido, aliás, antigamente representado por um burro, oposto ao enorme elefante republicano que, aliás, Donald Trump gloriosamente personifica.

– Dick, deixa de piada e continua...

– Explico. Nada que é coletivo funciona sem uma dimensão expressivamente humana. Esse humano energético que faltava fragorosamente em Joe Biden. O humano que acolhe os mais trágicos inesperados lhes dando nome, como ocorre com os furacões, rios, mares, as montanhas e os astros.

O que seria do New Deal que tirou os EUA da Grande Depressão e venceu uma guerra em duas frentes sem o carisma de Franklin Delano Roosevelt – único presidente eleito por quatro mandatos? Do mesmo modo, a Revolução Russa é inconcebível sem Vladimir Lenin.

É difícil ser a maior potência mundial governada por um personagem sem um pingo de carisma na terra do Superman. O “number one” de um país de iguais, que atacava as crises de modo protocolar – by the rule – sem um toque de novidade num país que as inventou. Essa máscara que sobra no universo latino e tem sido a marca dos “pais do povo” e “mães das elites”. O que Trump revelou na campanha, com o agravante “esquecido” pela elite branca educada de ele ter escapado de ser assassinado. Um imprevisto capaz de subverter a racionalidade daquilo que a elite dominante e educada julgava consolidado. Tempos que invertem paradigmas. Hoje, os velhos custam a morrer, e o desejado progresso destrói o planeta. Acho difícil isolar uma potência mundial.

Ato contínuo, sorvi todo o meu uísque e – atordoado – enfrentei uma desajeitada dúvida machadiana no melhor estilo de Dom Casmurro e do dr. Simão Bacamarte.

Essa foi a pergunta que fiz ao meu mentor e amigo Richard Moneygrand, que comigo assistiu ao triunfo de Donald Trump. Uma vitória semelhante a uma reversão da sensatez do “jeito americano” que julgávamos permanente. E foi desfeito pelo “blockbuster” eleitoral sinalizador, quem sabe, de que o povão americano deseja um soberano, como no Mardi Gras hierárquico de New Orleans. Uma reversão estudada no meu livro Carnavais, Malandros e Heróis, de 1979.

Donald Trump foi eleito para a Casa Branca na disputa contra Kamala Harris. Foto: Evan Vucci/AP

Assim que o resultado foi lacrado, meu mentor palpitou: “Acho que os Estados Unidos revelam que as formas de dominação weberianas operam de modo simultâneo com combinações. O que marca a política americana dos últimos anos” – continuou Moneygrand – “é um hiperindividualismo ao lado da hegemonia da dominação burocrática, estremecida com o advento do hipercapitalismo digital-financeiro. Bilionários tomaram o lugar dos sindicatos, dos Fords e Rockefellers. O domínio legal-burocrático levou a inoperância relativa à inflação e à imigração ilegal, que promoveu o transbordamento que Trump explorou contra os valores bem-comportados do Partido Democrata. Partido, aliás, antigamente representado por um burro, oposto ao enorme elefante republicano que, aliás, Donald Trump gloriosamente personifica.

– Dick, deixa de piada e continua...

– Explico. Nada que é coletivo funciona sem uma dimensão expressivamente humana. Esse humano energético que faltava fragorosamente em Joe Biden. O humano que acolhe os mais trágicos inesperados lhes dando nome, como ocorre com os furacões, rios, mares, as montanhas e os astros.

O que seria do New Deal que tirou os EUA da Grande Depressão e venceu uma guerra em duas frentes sem o carisma de Franklin Delano Roosevelt – único presidente eleito por quatro mandatos? Do mesmo modo, a Revolução Russa é inconcebível sem Vladimir Lenin.

É difícil ser a maior potência mundial governada por um personagem sem um pingo de carisma na terra do Superman. O “number one” de um país de iguais, que atacava as crises de modo protocolar – by the rule – sem um toque de novidade num país que as inventou. Essa máscara que sobra no universo latino e tem sido a marca dos “pais do povo” e “mães das elites”. O que Trump revelou na campanha, com o agravante “esquecido” pela elite branca educada de ele ter escapado de ser assassinado. Um imprevisto capaz de subverter a racionalidade daquilo que a elite dominante e educada julgava consolidado. Tempos que invertem paradigmas. Hoje, os velhos custam a morrer, e o desejado progresso destrói o planeta. Acho difícil isolar uma potência mundial.

Ato contínuo, sorvi todo o meu uísque e – atordoado – enfrentei uma desajeitada dúvida machadiana no melhor estilo de Dom Casmurro e do dr. Simão Bacamarte.

Essa foi a pergunta que fiz ao meu mentor e amigo Richard Moneygrand, que comigo assistiu ao triunfo de Donald Trump. Uma vitória semelhante a uma reversão da sensatez do “jeito americano” que julgávamos permanente. E foi desfeito pelo “blockbuster” eleitoral sinalizador, quem sabe, de que o povão americano deseja um soberano, como no Mardi Gras hierárquico de New Orleans. Uma reversão estudada no meu livro Carnavais, Malandros e Heróis, de 1979.

Donald Trump foi eleito para a Casa Branca na disputa contra Kamala Harris. Foto: Evan Vucci/AP

Assim que o resultado foi lacrado, meu mentor palpitou: “Acho que os Estados Unidos revelam que as formas de dominação weberianas operam de modo simultâneo com combinações. O que marca a política americana dos últimos anos” – continuou Moneygrand – “é um hiperindividualismo ao lado da hegemonia da dominação burocrática, estremecida com o advento do hipercapitalismo digital-financeiro. Bilionários tomaram o lugar dos sindicatos, dos Fords e Rockefellers. O domínio legal-burocrático levou a inoperância relativa à inflação e à imigração ilegal, que promoveu o transbordamento que Trump explorou contra os valores bem-comportados do Partido Democrata. Partido, aliás, antigamente representado por um burro, oposto ao enorme elefante republicano que, aliás, Donald Trump gloriosamente personifica.

– Dick, deixa de piada e continua...

– Explico. Nada que é coletivo funciona sem uma dimensão expressivamente humana. Esse humano energético que faltava fragorosamente em Joe Biden. O humano que acolhe os mais trágicos inesperados lhes dando nome, como ocorre com os furacões, rios, mares, as montanhas e os astros.

O que seria do New Deal que tirou os EUA da Grande Depressão e venceu uma guerra em duas frentes sem o carisma de Franklin Delano Roosevelt – único presidente eleito por quatro mandatos? Do mesmo modo, a Revolução Russa é inconcebível sem Vladimir Lenin.

É difícil ser a maior potência mundial governada por um personagem sem um pingo de carisma na terra do Superman. O “number one” de um país de iguais, que atacava as crises de modo protocolar – by the rule – sem um toque de novidade num país que as inventou. Essa máscara que sobra no universo latino e tem sido a marca dos “pais do povo” e “mães das elites”. O que Trump revelou na campanha, com o agravante “esquecido” pela elite branca educada de ele ter escapado de ser assassinado. Um imprevisto capaz de subverter a racionalidade daquilo que a elite dominante e educada julgava consolidado. Tempos que invertem paradigmas. Hoje, os velhos custam a morrer, e o desejado progresso destrói o planeta. Acho difícil isolar uma potência mundial.

Ato contínuo, sorvi todo o meu uísque e – atordoado – enfrentei uma desajeitada dúvida machadiana no melhor estilo de Dom Casmurro e do dr. Simão Bacamarte.

Essa foi a pergunta que fiz ao meu mentor e amigo Richard Moneygrand, que comigo assistiu ao triunfo de Donald Trump. Uma vitória semelhante a uma reversão da sensatez do “jeito americano” que julgávamos permanente. E foi desfeito pelo “blockbuster” eleitoral sinalizador, quem sabe, de que o povão americano deseja um soberano, como no Mardi Gras hierárquico de New Orleans. Uma reversão estudada no meu livro Carnavais, Malandros e Heróis, de 1979.

Donald Trump foi eleito para a Casa Branca na disputa contra Kamala Harris. Foto: Evan Vucci/AP

Assim que o resultado foi lacrado, meu mentor palpitou: “Acho que os Estados Unidos revelam que as formas de dominação weberianas operam de modo simultâneo com combinações. O que marca a política americana dos últimos anos” – continuou Moneygrand – “é um hiperindividualismo ao lado da hegemonia da dominação burocrática, estremecida com o advento do hipercapitalismo digital-financeiro. Bilionários tomaram o lugar dos sindicatos, dos Fords e Rockefellers. O domínio legal-burocrático levou a inoperância relativa à inflação e à imigração ilegal, que promoveu o transbordamento que Trump explorou contra os valores bem-comportados do Partido Democrata. Partido, aliás, antigamente representado por um burro, oposto ao enorme elefante republicano que, aliás, Donald Trump gloriosamente personifica.

– Dick, deixa de piada e continua...

– Explico. Nada que é coletivo funciona sem uma dimensão expressivamente humana. Esse humano energético que faltava fragorosamente em Joe Biden. O humano que acolhe os mais trágicos inesperados lhes dando nome, como ocorre com os furacões, rios, mares, as montanhas e os astros.

O que seria do New Deal que tirou os EUA da Grande Depressão e venceu uma guerra em duas frentes sem o carisma de Franklin Delano Roosevelt – único presidente eleito por quatro mandatos? Do mesmo modo, a Revolução Russa é inconcebível sem Vladimir Lenin.

É difícil ser a maior potência mundial governada por um personagem sem um pingo de carisma na terra do Superman. O “number one” de um país de iguais, que atacava as crises de modo protocolar – by the rule – sem um toque de novidade num país que as inventou. Essa máscara que sobra no universo latino e tem sido a marca dos “pais do povo” e “mães das elites”. O que Trump revelou na campanha, com o agravante “esquecido” pela elite branca educada de ele ter escapado de ser assassinado. Um imprevisto capaz de subverter a racionalidade daquilo que a elite dominante e educada julgava consolidado. Tempos que invertem paradigmas. Hoje, os velhos custam a morrer, e o desejado progresso destrói o planeta. Acho difícil isolar uma potência mundial.

Ato contínuo, sorvi todo o meu uísque e – atordoado – enfrentei uma desajeitada dúvida machadiana no melhor estilo de Dom Casmurro e do dr. Simão Bacamarte.

Opinião por Roberto DaMatta

É antropólogo social, escritor e autor de 'Fila e Democracia'

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