Coluna semanal do antropólogo Roberto DaMatta com reflexões sobre o Brasil

Opinião|Preocupação com jogo é reacionarismo


Só falta um nobre togado proibir o jogo. Há receitas legais para tudo menos para o nosso legalismo

Por Roberto DaMatta

Descobrimos assustados que o povo joga nas “bets”; que plebeus carentes das ajudas que fazem parte do arsenal que os domestica, os torna clientes do nosso hegemônico e os colocam em seu devido lugar, apostam. Como ousam entrar na “jogatina” quando deveriam fazer como nós – aristocratas –, ou seja, especular com a ajuda dos “especialistas”? Eles jogam, nós investimos nas bolsas de mercados que governam governos.

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.  Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Jogo rima com povo e com a privação que vira fantasia e milagrosa esperança de enriquecimento rápido. Daquela “tacada” das “rachadinhas”, dos repasses partidários; e da corrupção “política” comandada por quem “subiu na vida” por meio de amizade, apadrinhamento e parentesco. Disso sabemos, mas, como nobres, condenamos o jogo que não é para plebeus. Sua jogatina, porém, tem tudo a ver com a manutenção da ignorância como um projeto político nacional ao lado da roleta da fome.

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Onde não se joga? E o que é a vida além de um jogo? Uma partida perdida porque, pasmem os mandões onipotentes, somos todos mortais. Todas as vidas têm mais perdas do que ganhos, mas apostam esperançosamente em promessas, balas de prata ideológicas, pessoas ou profissões perdedoras, como foi o meu caso. Qual é o ganho no jogo acadêmico e intelectual brasileiro? Um universo no qual o grande lance é “ficar rico”?

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.

Tive uma avó com motivos semelhantes para jogar. Grávida de minha mãe, perdeu o marido assassinado, ficou pobre e enterrou muitos filhos, mas enfrentou o inesperado com outro inesperado: o jogo auspicioso da “sorte grande”.

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Nela e em todos o jogo acende a ilusão de sair, pelo inesperado da sorte, da merda de uma sociedade burra, legalista, reacionária e mesquinha. Num país que pensa seus pobres como “massa” a ser “cuidada” por bolsas-esmolas que não devem ser gastas com apostas, enquanto os “democratas” eleitos moram em palácios e arruínam dinheiro publico, assustar-se com o povo jogando é puro surrealismo.

Só falta um nobre togado legislar proibindo o vício, a compulsão e a esperança da plebe, pois, como manda a nossa hipocrisia, ela precisa de salvadores. Temos receitas legais para tudo, menos para o nosso legalismo.

Descobrimos assustados que o povo joga nas “bets”; que plebeus carentes das ajudas que fazem parte do arsenal que os domestica, os torna clientes do nosso hegemônico e os colocam em seu devido lugar, apostam. Como ousam entrar na “jogatina” quando deveriam fazer como nós – aristocratas –, ou seja, especular com a ajuda dos “especialistas”? Eles jogam, nós investimos nas bolsas de mercados que governam governos.

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.  Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Jogo rima com povo e com a privação que vira fantasia e milagrosa esperança de enriquecimento rápido. Daquela “tacada” das “rachadinhas”, dos repasses partidários; e da corrupção “política” comandada por quem “subiu na vida” por meio de amizade, apadrinhamento e parentesco. Disso sabemos, mas, como nobres, condenamos o jogo que não é para plebeus. Sua jogatina, porém, tem tudo a ver com a manutenção da ignorância como um projeto político nacional ao lado da roleta da fome.

Onde não se joga? E o que é a vida além de um jogo? Uma partida perdida porque, pasmem os mandões onipotentes, somos todos mortais. Todas as vidas têm mais perdas do que ganhos, mas apostam esperançosamente em promessas, balas de prata ideológicas, pessoas ou profissões perdedoras, como foi o meu caso. Qual é o ganho no jogo acadêmico e intelectual brasileiro? Um universo no qual o grande lance é “ficar rico”?

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.

Tive uma avó com motivos semelhantes para jogar. Grávida de minha mãe, perdeu o marido assassinado, ficou pobre e enterrou muitos filhos, mas enfrentou o inesperado com outro inesperado: o jogo auspicioso da “sorte grande”.

Nela e em todos o jogo acende a ilusão de sair, pelo inesperado da sorte, da merda de uma sociedade burra, legalista, reacionária e mesquinha. Num país que pensa seus pobres como “massa” a ser “cuidada” por bolsas-esmolas que não devem ser gastas com apostas, enquanto os “democratas” eleitos moram em palácios e arruínam dinheiro publico, assustar-se com o povo jogando é puro surrealismo.

Só falta um nobre togado legislar proibindo o vício, a compulsão e a esperança da plebe, pois, como manda a nossa hipocrisia, ela precisa de salvadores. Temos receitas legais para tudo, menos para o nosso legalismo.

Descobrimos assustados que o povo joga nas “bets”; que plebeus carentes das ajudas que fazem parte do arsenal que os domestica, os torna clientes do nosso hegemônico e os colocam em seu devido lugar, apostam. Como ousam entrar na “jogatina” quando deveriam fazer como nós – aristocratas –, ou seja, especular com a ajuda dos “especialistas”? Eles jogam, nós investimos nas bolsas de mercados que governam governos.

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.  Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Jogo rima com povo e com a privação que vira fantasia e milagrosa esperança de enriquecimento rápido. Daquela “tacada” das “rachadinhas”, dos repasses partidários; e da corrupção “política” comandada por quem “subiu na vida” por meio de amizade, apadrinhamento e parentesco. Disso sabemos, mas, como nobres, condenamos o jogo que não é para plebeus. Sua jogatina, porém, tem tudo a ver com a manutenção da ignorância como um projeto político nacional ao lado da roleta da fome.

Onde não se joga? E o que é a vida além de um jogo? Uma partida perdida porque, pasmem os mandões onipotentes, somos todos mortais. Todas as vidas têm mais perdas do que ganhos, mas apostam esperançosamente em promessas, balas de prata ideológicas, pessoas ou profissões perdedoras, como foi o meu caso. Qual é o ganho no jogo acadêmico e intelectual brasileiro? Um universo no qual o grande lance é “ficar rico”?

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.

Tive uma avó com motivos semelhantes para jogar. Grávida de minha mãe, perdeu o marido assassinado, ficou pobre e enterrou muitos filhos, mas enfrentou o inesperado com outro inesperado: o jogo auspicioso da “sorte grande”.

Nela e em todos o jogo acende a ilusão de sair, pelo inesperado da sorte, da merda de uma sociedade burra, legalista, reacionária e mesquinha. Num país que pensa seus pobres como “massa” a ser “cuidada” por bolsas-esmolas que não devem ser gastas com apostas, enquanto os “democratas” eleitos moram em palácios e arruínam dinheiro publico, assustar-se com o povo jogando é puro surrealismo.

Só falta um nobre togado legislar proibindo o vício, a compulsão e a esperança da plebe, pois, como manda a nossa hipocrisia, ela precisa de salvadores. Temos receitas legais para tudo, menos para o nosso legalismo.

Descobrimos assustados que o povo joga nas “bets”; que plebeus carentes das ajudas que fazem parte do arsenal que os domestica, os torna clientes do nosso hegemônico e os colocam em seu devido lugar, apostam. Como ousam entrar na “jogatina” quando deveriam fazer como nós – aristocratas –, ou seja, especular com a ajuda dos “especialistas”? Eles jogam, nós investimos nas bolsas de mercados que governam governos.

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.  Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Jogo rima com povo e com a privação que vira fantasia e milagrosa esperança de enriquecimento rápido. Daquela “tacada” das “rachadinhas”, dos repasses partidários; e da corrupção “política” comandada por quem “subiu na vida” por meio de amizade, apadrinhamento e parentesco. Disso sabemos, mas, como nobres, condenamos o jogo que não é para plebeus. Sua jogatina, porém, tem tudo a ver com a manutenção da ignorância como um projeto político nacional ao lado da roleta da fome.

Onde não se joga? E o que é a vida além de um jogo? Uma partida perdida porque, pasmem os mandões onipotentes, somos todos mortais. Todas as vidas têm mais perdas do que ganhos, mas apostam esperançosamente em promessas, balas de prata ideológicas, pessoas ou profissões perdedoras, como foi o meu caso. Qual é o ganho no jogo acadêmico e intelectual brasileiro? Um universo no qual o grande lance é “ficar rico”?

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.

Tive uma avó com motivos semelhantes para jogar. Grávida de minha mãe, perdeu o marido assassinado, ficou pobre e enterrou muitos filhos, mas enfrentou o inesperado com outro inesperado: o jogo auspicioso da “sorte grande”.

Nela e em todos o jogo acende a ilusão de sair, pelo inesperado da sorte, da merda de uma sociedade burra, legalista, reacionária e mesquinha. Num país que pensa seus pobres como “massa” a ser “cuidada” por bolsas-esmolas que não devem ser gastas com apostas, enquanto os “democratas” eleitos moram em palácios e arruínam dinheiro publico, assustar-se com o povo jogando é puro surrealismo.

Só falta um nobre togado legislar proibindo o vício, a compulsão e a esperança da plebe, pois, como manda a nossa hipocrisia, ela precisa de salvadores. Temos receitas legais para tudo, menos para o nosso legalismo.

Descobrimos assustados que o povo joga nas “bets”; que plebeus carentes das ajudas que fazem parte do arsenal que os domestica, os torna clientes do nosso hegemônico e os colocam em seu devido lugar, apostam. Como ousam entrar na “jogatina” quando deveriam fazer como nós – aristocratas –, ou seja, especular com a ajuda dos “especialistas”? Eles jogam, nós investimos nas bolsas de mercados que governam governos.

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.  Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Jogo rima com povo e com a privação que vira fantasia e milagrosa esperança de enriquecimento rápido. Daquela “tacada” das “rachadinhas”, dos repasses partidários; e da corrupção “política” comandada por quem “subiu na vida” por meio de amizade, apadrinhamento e parentesco. Disso sabemos, mas, como nobres, condenamos o jogo que não é para plebeus. Sua jogatina, porém, tem tudo a ver com a manutenção da ignorância como um projeto político nacional ao lado da roleta da fome.

Onde não se joga? E o que é a vida além de um jogo? Uma partida perdida porque, pasmem os mandões onipotentes, somos todos mortais. Todas as vidas têm mais perdas do que ganhos, mas apostam esperançosamente em promessas, balas de prata ideológicas, pessoas ou profissões perdedoras, como foi o meu caso. Qual é o ganho no jogo acadêmico e intelectual brasileiro? Um universo no qual o grande lance é “ficar rico”?

Considero reacionarismo essa preocupação com o jogo renovador de ambições e esperanças do povo, com as quais tenho empatia.

Tive uma avó com motivos semelhantes para jogar. Grávida de minha mãe, perdeu o marido assassinado, ficou pobre e enterrou muitos filhos, mas enfrentou o inesperado com outro inesperado: o jogo auspicioso da “sorte grande”.

Nela e em todos o jogo acende a ilusão de sair, pelo inesperado da sorte, da merda de uma sociedade burra, legalista, reacionária e mesquinha. Num país que pensa seus pobres como “massa” a ser “cuidada” por bolsas-esmolas que não devem ser gastas com apostas, enquanto os “democratas” eleitos moram em palácios e arruínam dinheiro publico, assustar-se com o povo jogando é puro surrealismo.

Só falta um nobre togado legislar proibindo o vício, a compulsão e a esperança da plebe, pois, como manda a nossa hipocrisia, ela precisa de salvadores. Temos receitas legais para tudo, menos para o nosso legalismo.

Opinião por Roberto DaMatta

É antropólogo social, escritor e autor de 'Fila e Democracia'

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