Coluna semanal do antropólogo Roberto DaMatta com reflexões sobre o Brasil

Opinião|Todos queremos alguma bala de prata. Ela se confunde e se aproxima da felicidade


Apesar de todo o nosso cinismo e descrença, ainda invocamos esses ‘projéteis’ capazes de liquidar definitivamente o erro, o sofrimento, as contradições e os inesperados inseparáveis do existir

Por Roberto DaMatta

Se trememos diante dos imprevistos que fazem o exato oposto do que queríamos e nossas teorias “determinavam”, não devemos nos surpreender com a nossa fascinação pelas lâmpadas de Aladim, amuletos milagrosos, guerras santas e utópicos chavões ideológicos recheados de fé que nos cercam.

A fé remove e explode montanhas, trazendo garantia num mundo igualmente marcado pela fumaça das ilusões e pela dura certeza da morte.

Porque, apesar de todo o nosso cinismo e de nossa descrença, ainda invocamos as balas de prata. Esses projéteis capazes de liquidar definitivamente o erro, o sofrimento, as contradições e os inesperados inseparáveis do existir.

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A bala de prata simboliza impossíveis pausas, bem como regimes perfeitos de poder e sociabilidade. Seriam talismãs mágicos, pois com balas de prata seríamos capazes de fuzilar eventos desafiadores de nossos desejos e de nossas crenças. Esses inesperados irmanados na morte, que nos põe no nosso lugar e fabrica a história.

Todavia, para cada tragédia, ruindade, pecado e desobediência (esse lado estranho da liberdade), transtorno climático numa terra que tem corrupção, mas não tinha furacão, tufão ou seca, usamos esperançosas balas de prata que, indiferentes às nossas intenções, sucumbem com as promessas de amor e paz, justiça social e honestidade.

Num mundo que gira sobre si mesmo, aspiramos a soluções definitivas e nada atrai mais do que a perpetuidade imóvel do paraíso. Só balas de prata podem reconciliar o arrepio efêmero do amor com a gelada quietude da morte.

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Pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Marcio Fernandes/Estadão

A bala de prata é esperança para o fim de todos os males, quando um sonhado mundo sem males for instaurado. Neste mundo sem sucessão ou mudança não haverá a dinâmica criadora da dualidade vida-e-morte. Será um universo pintado com a tinta do impensável nada. Essa coisa vazia que nós, entupidos de desejos e recheados de sonhos, chamamos de tédio.

Devemos desistir da bala de prata?

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Claro que não. Aliás, reafirmo o valor da bala de prata porque ela é sinônimo da expectativa que nos mantém vivos, inocentemente esquecidos da necessidade da finitude que produz descanso e história.

Todos queremos alguma bala de prata. Ela se confunde e se aproxima da felicidade. Ativo escasso, somente achado quando somos feridos pela bala de prata...

Se trememos diante dos imprevistos que fazem o exato oposto do que queríamos e nossas teorias “determinavam”, não devemos nos surpreender com a nossa fascinação pelas lâmpadas de Aladim, amuletos milagrosos, guerras santas e utópicos chavões ideológicos recheados de fé que nos cercam.

A fé remove e explode montanhas, trazendo garantia num mundo igualmente marcado pela fumaça das ilusões e pela dura certeza da morte.

Porque, apesar de todo o nosso cinismo e de nossa descrença, ainda invocamos as balas de prata. Esses projéteis capazes de liquidar definitivamente o erro, o sofrimento, as contradições e os inesperados inseparáveis do existir.

A bala de prata simboliza impossíveis pausas, bem como regimes perfeitos de poder e sociabilidade. Seriam talismãs mágicos, pois com balas de prata seríamos capazes de fuzilar eventos desafiadores de nossos desejos e de nossas crenças. Esses inesperados irmanados na morte, que nos põe no nosso lugar e fabrica a história.

Todavia, para cada tragédia, ruindade, pecado e desobediência (esse lado estranho da liberdade), transtorno climático numa terra que tem corrupção, mas não tinha furacão, tufão ou seca, usamos esperançosas balas de prata que, indiferentes às nossas intenções, sucumbem com as promessas de amor e paz, justiça social e honestidade.

Num mundo que gira sobre si mesmo, aspiramos a soluções definitivas e nada atrai mais do que a perpetuidade imóvel do paraíso. Só balas de prata podem reconciliar o arrepio efêmero do amor com a gelada quietude da morte.

Pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Marcio Fernandes/Estadão

A bala de prata é esperança para o fim de todos os males, quando um sonhado mundo sem males for instaurado. Neste mundo sem sucessão ou mudança não haverá a dinâmica criadora da dualidade vida-e-morte. Será um universo pintado com a tinta do impensável nada. Essa coisa vazia que nós, entupidos de desejos e recheados de sonhos, chamamos de tédio.

Devemos desistir da bala de prata?

Claro que não. Aliás, reafirmo o valor da bala de prata porque ela é sinônimo da expectativa que nos mantém vivos, inocentemente esquecidos da necessidade da finitude que produz descanso e história.

Todos queremos alguma bala de prata. Ela se confunde e se aproxima da felicidade. Ativo escasso, somente achado quando somos feridos pela bala de prata...

Se trememos diante dos imprevistos que fazem o exato oposto do que queríamos e nossas teorias “determinavam”, não devemos nos surpreender com a nossa fascinação pelas lâmpadas de Aladim, amuletos milagrosos, guerras santas e utópicos chavões ideológicos recheados de fé que nos cercam.

A fé remove e explode montanhas, trazendo garantia num mundo igualmente marcado pela fumaça das ilusões e pela dura certeza da morte.

Porque, apesar de todo o nosso cinismo e de nossa descrença, ainda invocamos as balas de prata. Esses projéteis capazes de liquidar definitivamente o erro, o sofrimento, as contradições e os inesperados inseparáveis do existir.

A bala de prata simboliza impossíveis pausas, bem como regimes perfeitos de poder e sociabilidade. Seriam talismãs mágicos, pois com balas de prata seríamos capazes de fuzilar eventos desafiadores de nossos desejos e de nossas crenças. Esses inesperados irmanados na morte, que nos põe no nosso lugar e fabrica a história.

Todavia, para cada tragédia, ruindade, pecado e desobediência (esse lado estranho da liberdade), transtorno climático numa terra que tem corrupção, mas não tinha furacão, tufão ou seca, usamos esperançosas balas de prata que, indiferentes às nossas intenções, sucumbem com as promessas de amor e paz, justiça social e honestidade.

Num mundo que gira sobre si mesmo, aspiramos a soluções definitivas e nada atrai mais do que a perpetuidade imóvel do paraíso. Só balas de prata podem reconciliar o arrepio efêmero do amor com a gelada quietude da morte.

Pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Marcio Fernandes/Estadão

A bala de prata é esperança para o fim de todos os males, quando um sonhado mundo sem males for instaurado. Neste mundo sem sucessão ou mudança não haverá a dinâmica criadora da dualidade vida-e-morte. Será um universo pintado com a tinta do impensável nada. Essa coisa vazia que nós, entupidos de desejos e recheados de sonhos, chamamos de tédio.

Devemos desistir da bala de prata?

Claro que não. Aliás, reafirmo o valor da bala de prata porque ela é sinônimo da expectativa que nos mantém vivos, inocentemente esquecidos da necessidade da finitude que produz descanso e história.

Todos queremos alguma bala de prata. Ela se confunde e se aproxima da felicidade. Ativo escasso, somente achado quando somos feridos pela bala de prata...

Se trememos diante dos imprevistos que fazem o exato oposto do que queríamos e nossas teorias “determinavam”, não devemos nos surpreender com a nossa fascinação pelas lâmpadas de Aladim, amuletos milagrosos, guerras santas e utópicos chavões ideológicos recheados de fé que nos cercam.

A fé remove e explode montanhas, trazendo garantia num mundo igualmente marcado pela fumaça das ilusões e pela dura certeza da morte.

Porque, apesar de todo o nosso cinismo e de nossa descrença, ainda invocamos as balas de prata. Esses projéteis capazes de liquidar definitivamente o erro, o sofrimento, as contradições e os inesperados inseparáveis do existir.

A bala de prata simboliza impossíveis pausas, bem como regimes perfeitos de poder e sociabilidade. Seriam talismãs mágicos, pois com balas de prata seríamos capazes de fuzilar eventos desafiadores de nossos desejos e de nossas crenças. Esses inesperados irmanados na morte, que nos põe no nosso lugar e fabrica a história.

Todavia, para cada tragédia, ruindade, pecado e desobediência (esse lado estranho da liberdade), transtorno climático numa terra que tem corrupção, mas não tinha furacão, tufão ou seca, usamos esperançosas balas de prata que, indiferentes às nossas intenções, sucumbem com as promessas de amor e paz, justiça social e honestidade.

Num mundo que gira sobre si mesmo, aspiramos a soluções definitivas e nada atrai mais do que a perpetuidade imóvel do paraíso. Só balas de prata podem reconciliar o arrepio efêmero do amor com a gelada quietude da morte.

Pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo Foto: Marcio Fernandes/Estadão

A bala de prata é esperança para o fim de todos os males, quando um sonhado mundo sem males for instaurado. Neste mundo sem sucessão ou mudança não haverá a dinâmica criadora da dualidade vida-e-morte. Será um universo pintado com a tinta do impensável nada. Essa coisa vazia que nós, entupidos de desejos e recheados de sonhos, chamamos de tédio.

Devemos desistir da bala de prata?

Claro que não. Aliás, reafirmo o valor da bala de prata porque ela é sinônimo da expectativa que nos mantém vivos, inocentemente esquecidos da necessidade da finitude que produz descanso e história.

Todos queremos alguma bala de prata. Ela se confunde e se aproxima da felicidade. Ativo escasso, somente achado quando somos feridos pela bala de prata...

Opinião por Roberto DaMatta

É antropólogo social, escritor e autor de 'Fila e Democracia'

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