Novela de Aguinaldo Silva, que estreou com grande expectativa, chegou ao fim na sexta, 17; Globo reprisa o capítulo neste sábado, 18
A novela das 9, O Sétimo Guardião, da Globo, estreou sob grande expectativa. Afinal, o folhetim marcaria a volta ao realismo fantástico de Aguinaldo Silva, autor de clássicos do gênero na TV, como Fera Ferida e Pedra Sobre Pedra. A história prometia: sete guardiões, pessoas aparentemente comuns, tinham a missão de preservar - e manter em segredo - uma preciosa fonte d'água. No entanto, a trama se perdeu no caminho. Com algumas exceções, como os papéis de Elizabeth Savala, Zezé Polessa e Ana Beatriz Nogueira, os personagens, de maneira geral, não emplacaram. E pouco se viu de realismo fantástico.
O casal de mocinhos, Gabriel (Bruno Gagliasso) e Luz (Marina Ruy Barbosa), não mostrou química, e as ações equivocadas deles minaram o mínimo vestígio de simpatia que se podia ter por eles. Mas a principal decepção foram os rumos que a vilã Valentina tomou na trama. Talentosa, a atriz Lilia Cabral tinha todas as ferramentas para eternizar outra vilã de Aguinaldo Silva. No entanto, a dualidade que a personagem demonstrou ao longo trama a enfraqueceu - e a deslegitimou como grande vilã. Valentina começou sua trajetória fria, calculista, quase cruel, com frases ácidas. Mas Aguinaldo não a sustentou assim, mostrando que, no fundo, ela não era tão má assim quando ela se aliou ao filho Gabriel e se uniu, digamos, ao lado bom da força. Valentina desandou, o que foi uma pena.
O grande vilão prometido para Tony Ramos também não vingou. Cheio de fragilidades e fraquezas, o personagem não cresceu, permanecendo quase sempre à sombra de Valentina até o capítulo final, um desperdício quando se tem um ator como Tony. A morte de Olavo não surpreendeu. Aliás, ele foi o único vilão 'castigado' no fim.
Outro erro foi o extermínio dos guardiões, sob o argumento de que havia um serial killer na cidade. Queria-se criar um clima de "Quem matou...?", mas foi difícil engolir o mistério que queria se instaurar. Não demorou muito para se cogitar nas redes sociais o nome de Judith, papel de Isabela Garcia (uma das boas surpresas na novela, ao lado de Nany People), o que realmente se confirmou recentemente. Havia bons personagens entre os guardiões que foram assassinados.
Em alguns momentos, as polêmicas nos bastidores chegaram a chamar mais atenção que a própria trama, como a dos ex-alunos de Aguinaldo Silva que reivindicavam a autoria da sinopse da novela em conjunto com ele e o imbróglio envolvendo os nomes Marina Ruy Barbosa e José Loreto - a atriz chegou a ser apontada como pivô da separação do ator e de sua mulher, Débora Nascimento.
Existia ainda esperança de que o último capítulo reverteria algumas decisões equivocadas tomadas durante a novela, mas o que pareceu foi que Aguinaldo entregou os pontos de vez. Não houve cenas emocionantes ou surpreendentes. O desfecho dos mocinhos não foi o esperado: Gabriel foi morto pela filha insossa de Olavo e Luz largou o namorado e virou arqueóloga (!).
O final de muitos personagens não foi revelado e suas histórias ficaram perdidas no meio da caminho. Como a de Neide, papel de Viviane Araújo, que demonstrava potencial para mexer com a trama, mas não decolou.
Talvez a única unanimidade tenha sido o gato Léon, adorado pelo público, mas que saiu de cena durante boa parte da novela após tomar forma de humano, na interpretação de Eduardo Moscovis. O único alento foi que Léon apareceu, mesmo que rapidamente, no último capítulo, para dar seu adeus.