Coluna quinzenal do jornalista e escritor Sérgio Augusto sobre literatura

Opinião|Antonio Maria cunhou a expressão ‘malamada’ para irritar Carlos Lacerda


Quando delas me lembro, penso em Wilhelm Reich e suas teorias sobre psicopatologia social & sexual

Por Sérgio Augusto

Sexta-feira, 3 de abril de 1964. Entro na redação sobressaltada por ameaças que não deixam seus telefones em paz. A maioria das vozes, sempre anônimas e uma oitava acima, é feminina. São as “malamadas” xingando o jornal e seus profissionais em repúdio a um editorial, Terrorismo, não!, contra as arbitrariedades e violências cometidas pelo governo do então Estado da Guanabara (leia-se Carlos Lacerda) nas primeiras horas do regime militar.

“Isto mostra o fanatismo e a intolerância das lacerdistas”, reagiu o jornal, acrescentando-lhes mais um defeito: a puerilidade de crer que alguma ameaça pudesse atemorizar o Correio da Manhã, amainar-lhe a indignação e fazê-lo recuar de uma guerra que apenas iniciara seus estragos irreparáveis.

Foi o cronista Antonio Maria quem cunhou a expressão “malamada”, para irritar Lacerda e tipificar o mulherio sexualmente recalcado que o idolatrava.

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Quando delas me lembro, penso em Wilhelm Reich e suas teorias sobre psicopatologia social & sexual. Pois malamadas também saciaram sua recalcada libido venerando Mussolini e Hitler. As nossas foram assaz atuantes naquelas passeatas com Deus pela democracia e contra o comunismo que preambularam e atiçaram o golpe, com o incentivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), núcleo de conspiração putschista basicamente sustentado pelo empresariado de direita dos EUA e daqui.

Carlos Lacerda (centro), governador do estado da Guanabara, em 1964 Foto: Acervo Estadão

Entrevistada pelo Roda Viva da última segunda-feira, a historiadora Heloisa Starling referiu-se ao referido instituto como “Ípes”, sigla que 60 anos atrás a gente acentuava oxitonamente, com um circunflexo no e, como a árvore cujo tronco inspirou Alencar, o José, não o também cearense Humberto (Castelo Branco), que foi apenas o primeiro ditador fardado (e sem pescoço) que o poder moderador de araque nos legou.

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Ípes ou Ipês, muito estrago ele fez. Além de palestras e publicações mal-intencionadas, produziu filmetes de propaganda alarmista, com garantida exibição nos cinemas como parte de uma lavagem cerebral coletiva cuja eficácia só seria superada em paranoias e capilaridade pelas fake news da era digital.

Dois anos antes do golpe, com a Garota de Ipanema no início de seu reinado, outra habitante do mítico bairro carioca, chamada Amélia, que nem era linda, nem cheia de graça, promovia em sua casa os primeiros conchavos que redundaram na Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), turbinada por passeatas de pias senhoras de rosário na mão. Elas não rezavam para pneus, mas em defesa da família, da religião e de vagos “princípios anticomunistas”.

Em nome de tais princípios, o regime militar mergulhou o País nas profundezas do obscurantismo e da repressão, concretizando o que alegava combater. O que levou a maior expressão do pensamento católico a confessar, publicamente: “Até hoje nunca tive medo do comunismo no Brasil. Agora começo a ter”.

Sexta-feira, 3 de abril de 1964. Entro na redação sobressaltada por ameaças que não deixam seus telefones em paz. A maioria das vozes, sempre anônimas e uma oitava acima, é feminina. São as “malamadas” xingando o jornal e seus profissionais em repúdio a um editorial, Terrorismo, não!, contra as arbitrariedades e violências cometidas pelo governo do então Estado da Guanabara (leia-se Carlos Lacerda) nas primeiras horas do regime militar.

“Isto mostra o fanatismo e a intolerância das lacerdistas”, reagiu o jornal, acrescentando-lhes mais um defeito: a puerilidade de crer que alguma ameaça pudesse atemorizar o Correio da Manhã, amainar-lhe a indignação e fazê-lo recuar de uma guerra que apenas iniciara seus estragos irreparáveis.

Foi o cronista Antonio Maria quem cunhou a expressão “malamada”, para irritar Lacerda e tipificar o mulherio sexualmente recalcado que o idolatrava.

Quando delas me lembro, penso em Wilhelm Reich e suas teorias sobre psicopatologia social & sexual. Pois malamadas também saciaram sua recalcada libido venerando Mussolini e Hitler. As nossas foram assaz atuantes naquelas passeatas com Deus pela democracia e contra o comunismo que preambularam e atiçaram o golpe, com o incentivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), núcleo de conspiração putschista basicamente sustentado pelo empresariado de direita dos EUA e daqui.

Carlos Lacerda (centro), governador do estado da Guanabara, em 1964 Foto: Acervo Estadão

Entrevistada pelo Roda Viva da última segunda-feira, a historiadora Heloisa Starling referiu-se ao referido instituto como “Ípes”, sigla que 60 anos atrás a gente acentuava oxitonamente, com um circunflexo no e, como a árvore cujo tronco inspirou Alencar, o José, não o também cearense Humberto (Castelo Branco), que foi apenas o primeiro ditador fardado (e sem pescoço) que o poder moderador de araque nos legou.

Ípes ou Ipês, muito estrago ele fez. Além de palestras e publicações mal-intencionadas, produziu filmetes de propaganda alarmista, com garantida exibição nos cinemas como parte de uma lavagem cerebral coletiva cuja eficácia só seria superada em paranoias e capilaridade pelas fake news da era digital.

Dois anos antes do golpe, com a Garota de Ipanema no início de seu reinado, outra habitante do mítico bairro carioca, chamada Amélia, que nem era linda, nem cheia de graça, promovia em sua casa os primeiros conchavos que redundaram na Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), turbinada por passeatas de pias senhoras de rosário na mão. Elas não rezavam para pneus, mas em defesa da família, da religião e de vagos “princípios anticomunistas”.

Em nome de tais princípios, o regime militar mergulhou o País nas profundezas do obscurantismo e da repressão, concretizando o que alegava combater. O que levou a maior expressão do pensamento católico a confessar, publicamente: “Até hoje nunca tive medo do comunismo no Brasil. Agora começo a ter”.

Sexta-feira, 3 de abril de 1964. Entro na redação sobressaltada por ameaças que não deixam seus telefones em paz. A maioria das vozes, sempre anônimas e uma oitava acima, é feminina. São as “malamadas” xingando o jornal e seus profissionais em repúdio a um editorial, Terrorismo, não!, contra as arbitrariedades e violências cometidas pelo governo do então Estado da Guanabara (leia-se Carlos Lacerda) nas primeiras horas do regime militar.

“Isto mostra o fanatismo e a intolerância das lacerdistas”, reagiu o jornal, acrescentando-lhes mais um defeito: a puerilidade de crer que alguma ameaça pudesse atemorizar o Correio da Manhã, amainar-lhe a indignação e fazê-lo recuar de uma guerra que apenas iniciara seus estragos irreparáveis.

Foi o cronista Antonio Maria quem cunhou a expressão “malamada”, para irritar Lacerda e tipificar o mulherio sexualmente recalcado que o idolatrava.

Quando delas me lembro, penso em Wilhelm Reich e suas teorias sobre psicopatologia social & sexual. Pois malamadas também saciaram sua recalcada libido venerando Mussolini e Hitler. As nossas foram assaz atuantes naquelas passeatas com Deus pela democracia e contra o comunismo que preambularam e atiçaram o golpe, com o incentivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), núcleo de conspiração putschista basicamente sustentado pelo empresariado de direita dos EUA e daqui.

Carlos Lacerda (centro), governador do estado da Guanabara, em 1964 Foto: Acervo Estadão

Entrevistada pelo Roda Viva da última segunda-feira, a historiadora Heloisa Starling referiu-se ao referido instituto como “Ípes”, sigla que 60 anos atrás a gente acentuava oxitonamente, com um circunflexo no e, como a árvore cujo tronco inspirou Alencar, o José, não o também cearense Humberto (Castelo Branco), que foi apenas o primeiro ditador fardado (e sem pescoço) que o poder moderador de araque nos legou.

Ípes ou Ipês, muito estrago ele fez. Além de palestras e publicações mal-intencionadas, produziu filmetes de propaganda alarmista, com garantida exibição nos cinemas como parte de uma lavagem cerebral coletiva cuja eficácia só seria superada em paranoias e capilaridade pelas fake news da era digital.

Dois anos antes do golpe, com a Garota de Ipanema no início de seu reinado, outra habitante do mítico bairro carioca, chamada Amélia, que nem era linda, nem cheia de graça, promovia em sua casa os primeiros conchavos que redundaram na Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), turbinada por passeatas de pias senhoras de rosário na mão. Elas não rezavam para pneus, mas em defesa da família, da religião e de vagos “princípios anticomunistas”.

Em nome de tais princípios, o regime militar mergulhou o País nas profundezas do obscurantismo e da repressão, concretizando o que alegava combater. O que levou a maior expressão do pensamento católico a confessar, publicamente: “Até hoje nunca tive medo do comunismo no Brasil. Agora começo a ter”.

Sexta-feira, 3 de abril de 1964. Entro na redação sobressaltada por ameaças que não deixam seus telefones em paz. A maioria das vozes, sempre anônimas e uma oitava acima, é feminina. São as “malamadas” xingando o jornal e seus profissionais em repúdio a um editorial, Terrorismo, não!, contra as arbitrariedades e violências cometidas pelo governo do então Estado da Guanabara (leia-se Carlos Lacerda) nas primeiras horas do regime militar.

“Isto mostra o fanatismo e a intolerância das lacerdistas”, reagiu o jornal, acrescentando-lhes mais um defeito: a puerilidade de crer que alguma ameaça pudesse atemorizar o Correio da Manhã, amainar-lhe a indignação e fazê-lo recuar de uma guerra que apenas iniciara seus estragos irreparáveis.

Foi o cronista Antonio Maria quem cunhou a expressão “malamada”, para irritar Lacerda e tipificar o mulherio sexualmente recalcado que o idolatrava.

Quando delas me lembro, penso em Wilhelm Reich e suas teorias sobre psicopatologia social & sexual. Pois malamadas também saciaram sua recalcada libido venerando Mussolini e Hitler. As nossas foram assaz atuantes naquelas passeatas com Deus pela democracia e contra o comunismo que preambularam e atiçaram o golpe, com o incentivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), núcleo de conspiração putschista basicamente sustentado pelo empresariado de direita dos EUA e daqui.

Carlos Lacerda (centro), governador do estado da Guanabara, em 1964 Foto: Acervo Estadão

Entrevistada pelo Roda Viva da última segunda-feira, a historiadora Heloisa Starling referiu-se ao referido instituto como “Ípes”, sigla que 60 anos atrás a gente acentuava oxitonamente, com um circunflexo no e, como a árvore cujo tronco inspirou Alencar, o José, não o também cearense Humberto (Castelo Branco), que foi apenas o primeiro ditador fardado (e sem pescoço) que o poder moderador de araque nos legou.

Ípes ou Ipês, muito estrago ele fez. Além de palestras e publicações mal-intencionadas, produziu filmetes de propaganda alarmista, com garantida exibição nos cinemas como parte de uma lavagem cerebral coletiva cuja eficácia só seria superada em paranoias e capilaridade pelas fake news da era digital.

Dois anos antes do golpe, com a Garota de Ipanema no início de seu reinado, outra habitante do mítico bairro carioca, chamada Amélia, que nem era linda, nem cheia de graça, promovia em sua casa os primeiros conchavos que redundaram na Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), turbinada por passeatas de pias senhoras de rosário na mão. Elas não rezavam para pneus, mas em defesa da família, da religião e de vagos “princípios anticomunistas”.

Em nome de tais princípios, o regime militar mergulhou o País nas profundezas do obscurantismo e da repressão, concretizando o que alegava combater. O que levou a maior expressão do pensamento católico a confessar, publicamente: “Até hoje nunca tive medo do comunismo no Brasil. Agora começo a ter”.

Opinião por Sérgio Augusto

É jornalista, escritor e autor de 'Esse Mundo é um Pandeiro', entre outros

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