Coluna quinzenal do jornalista e escritor Sérgio Augusto sobre literatura

Opinião|Não são muitos os jogadores de futebol chegados a livros, mas eles existem


Armando Nogueira me contou ter visto Beckenbauer lendo Shakespeare na concentração dos alemães na Copa de 1974

Por Sérgio Augusto
Atualização:

Desconfio que foi a propósito de Franz Beckenbauer e seu jeito sobranceiro de jogar, sempre de cabeça erguida, que ouvi ou li pela primeira vez esta observação: “Ele nem sabe qual a cor da grama”.

Outros, geralmente volantes e meio-campistas, como Didi, Falcão e Ademir da Guia, também fizeram por merecê-la, mas é quase unânime a certeza de que, no futebol das últimas décadas, o kaiser do Bayern e da seleção alemã, zagueiro de ofício, reinou absoluto no quesito elegância.

Franz Beckenbauer foi campeão da Copa do Mundo de 1974 jogando pela Alemanha Ocidental Foto: AFP
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Craque dentro e fora do campo, inclusive como cartola, Beckenbauer teve participação decisiva até na entrada do primeiro negro no escrete teutônico, Erwin Kostedde. Atletas e dirigentes racistas opuseram-lhe resistência; Franz nem precisou de prorrogação para derrotá-los.

Gerd Wenzel, o jornalista que, entre nós, mais de perto acompanha o futebol alemão, revelou há dias quão determinante foi a mãe de Beckenbauer para a formação ética e moral do jogador. Se influenciou o filho intelectualmente, não sei. Mas é fato que ele adorava livros. Armando Nogueira me contou tê-lo surpreendido lendo Shakespeare na concentração dos alemães na Copa de 1974.

Não são muitos os jogadores de futebol chegados a livros e muito menos versados em escrevê-los, mas eles existem. Nenhum deles, por certo, ambiciona emular Camus, goleiro do Racing Universitário da Argélia quase cem anos atrás, e ainda estou para conhecer quem, dos nossos, além do Tostão, possa ser tranquilamente identificado como intelectual.

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Até nessa disputa, os argentinos levam a melhor sobre a gente.

O atacante e depois técnico argentino César Luís Menotti, campeão do mundo de 1978, sabe de cor trechos inteiros da prosa de Ernesto Sábato. O atacante Jorge Valdano, um dos hermanos que fizeram história no Real Madrid e também virou técnico e comentarista esportivo, lê muita poesia e, por conta dos livros de contos que escreveu e editou, ganhou o epíteto de “filósofo do futebol”.

Pelo que depreendi das crônicas de Enrique Vila-Matas no El País, os espanhóis, notadamente os bascos e catalães, convivem sem apertos com a fauna futebolística, compartilhando as mesmas mesas de bares e restaurantes e as mesmas conversas.

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Com o brilhante Pep Guardiola, autor de pelo menos um livro (Mi Gente, Mi Fútbol), é mole. Idem com o atacante Pardeza, ademais formado em Direito e Filologia pela Universidade de Saragoça, que, como Guardiola, prefere falar sempre mais de literatura que do esporte que lhes deu renome mundial.

Qual uma dupla de adolescentes, o catalão Vila-Matas e seu colega basco Bernardo Atxaga disputam entre si quem tem mais amigos de chuteiras. Juntos já abordaram em público vários boleiros cujos interesses se estendem além dos gramados, como o goleiro Zubizarreta e o extrema Ernesto Valverde. Conheceram ambos numa feira literária em Valência. Como? Autografando livros – de sua própria lavra.

Desconfio que foi a propósito de Franz Beckenbauer e seu jeito sobranceiro de jogar, sempre de cabeça erguida, que ouvi ou li pela primeira vez esta observação: “Ele nem sabe qual a cor da grama”.

Outros, geralmente volantes e meio-campistas, como Didi, Falcão e Ademir da Guia, também fizeram por merecê-la, mas é quase unânime a certeza de que, no futebol das últimas décadas, o kaiser do Bayern e da seleção alemã, zagueiro de ofício, reinou absoluto no quesito elegância.

Franz Beckenbauer foi campeão da Copa do Mundo de 1974 jogando pela Alemanha Ocidental Foto: AFP

Craque dentro e fora do campo, inclusive como cartola, Beckenbauer teve participação decisiva até na entrada do primeiro negro no escrete teutônico, Erwin Kostedde. Atletas e dirigentes racistas opuseram-lhe resistência; Franz nem precisou de prorrogação para derrotá-los.

Gerd Wenzel, o jornalista que, entre nós, mais de perto acompanha o futebol alemão, revelou há dias quão determinante foi a mãe de Beckenbauer para a formação ética e moral do jogador. Se influenciou o filho intelectualmente, não sei. Mas é fato que ele adorava livros. Armando Nogueira me contou tê-lo surpreendido lendo Shakespeare na concentração dos alemães na Copa de 1974.

Não são muitos os jogadores de futebol chegados a livros e muito menos versados em escrevê-los, mas eles existem. Nenhum deles, por certo, ambiciona emular Camus, goleiro do Racing Universitário da Argélia quase cem anos atrás, e ainda estou para conhecer quem, dos nossos, além do Tostão, possa ser tranquilamente identificado como intelectual.

Até nessa disputa, os argentinos levam a melhor sobre a gente.

O atacante e depois técnico argentino César Luís Menotti, campeão do mundo de 1978, sabe de cor trechos inteiros da prosa de Ernesto Sábato. O atacante Jorge Valdano, um dos hermanos que fizeram história no Real Madrid e também virou técnico e comentarista esportivo, lê muita poesia e, por conta dos livros de contos que escreveu e editou, ganhou o epíteto de “filósofo do futebol”.

Pelo que depreendi das crônicas de Enrique Vila-Matas no El País, os espanhóis, notadamente os bascos e catalães, convivem sem apertos com a fauna futebolística, compartilhando as mesmas mesas de bares e restaurantes e as mesmas conversas.

Com o brilhante Pep Guardiola, autor de pelo menos um livro (Mi Gente, Mi Fútbol), é mole. Idem com o atacante Pardeza, ademais formado em Direito e Filologia pela Universidade de Saragoça, que, como Guardiola, prefere falar sempre mais de literatura que do esporte que lhes deu renome mundial.

Qual uma dupla de adolescentes, o catalão Vila-Matas e seu colega basco Bernardo Atxaga disputam entre si quem tem mais amigos de chuteiras. Juntos já abordaram em público vários boleiros cujos interesses se estendem além dos gramados, como o goleiro Zubizarreta e o extrema Ernesto Valverde. Conheceram ambos numa feira literária em Valência. Como? Autografando livros – de sua própria lavra.

Desconfio que foi a propósito de Franz Beckenbauer e seu jeito sobranceiro de jogar, sempre de cabeça erguida, que ouvi ou li pela primeira vez esta observação: “Ele nem sabe qual a cor da grama”.

Outros, geralmente volantes e meio-campistas, como Didi, Falcão e Ademir da Guia, também fizeram por merecê-la, mas é quase unânime a certeza de que, no futebol das últimas décadas, o kaiser do Bayern e da seleção alemã, zagueiro de ofício, reinou absoluto no quesito elegância.

Franz Beckenbauer foi campeão da Copa do Mundo de 1974 jogando pela Alemanha Ocidental Foto: AFP

Craque dentro e fora do campo, inclusive como cartola, Beckenbauer teve participação decisiva até na entrada do primeiro negro no escrete teutônico, Erwin Kostedde. Atletas e dirigentes racistas opuseram-lhe resistência; Franz nem precisou de prorrogação para derrotá-los.

Gerd Wenzel, o jornalista que, entre nós, mais de perto acompanha o futebol alemão, revelou há dias quão determinante foi a mãe de Beckenbauer para a formação ética e moral do jogador. Se influenciou o filho intelectualmente, não sei. Mas é fato que ele adorava livros. Armando Nogueira me contou tê-lo surpreendido lendo Shakespeare na concentração dos alemães na Copa de 1974.

Não são muitos os jogadores de futebol chegados a livros e muito menos versados em escrevê-los, mas eles existem. Nenhum deles, por certo, ambiciona emular Camus, goleiro do Racing Universitário da Argélia quase cem anos atrás, e ainda estou para conhecer quem, dos nossos, além do Tostão, possa ser tranquilamente identificado como intelectual.

Até nessa disputa, os argentinos levam a melhor sobre a gente.

O atacante e depois técnico argentino César Luís Menotti, campeão do mundo de 1978, sabe de cor trechos inteiros da prosa de Ernesto Sábato. O atacante Jorge Valdano, um dos hermanos que fizeram história no Real Madrid e também virou técnico e comentarista esportivo, lê muita poesia e, por conta dos livros de contos que escreveu e editou, ganhou o epíteto de “filósofo do futebol”.

Pelo que depreendi das crônicas de Enrique Vila-Matas no El País, os espanhóis, notadamente os bascos e catalães, convivem sem apertos com a fauna futebolística, compartilhando as mesmas mesas de bares e restaurantes e as mesmas conversas.

Com o brilhante Pep Guardiola, autor de pelo menos um livro (Mi Gente, Mi Fútbol), é mole. Idem com o atacante Pardeza, ademais formado em Direito e Filologia pela Universidade de Saragoça, que, como Guardiola, prefere falar sempre mais de literatura que do esporte que lhes deu renome mundial.

Qual uma dupla de adolescentes, o catalão Vila-Matas e seu colega basco Bernardo Atxaga disputam entre si quem tem mais amigos de chuteiras. Juntos já abordaram em público vários boleiros cujos interesses se estendem além dos gramados, como o goleiro Zubizarreta e o extrema Ernesto Valverde. Conheceram ambos numa feira literária em Valência. Como? Autografando livros – de sua própria lavra.

Desconfio que foi a propósito de Franz Beckenbauer e seu jeito sobranceiro de jogar, sempre de cabeça erguida, que ouvi ou li pela primeira vez esta observação: “Ele nem sabe qual a cor da grama”.

Outros, geralmente volantes e meio-campistas, como Didi, Falcão e Ademir da Guia, também fizeram por merecê-la, mas é quase unânime a certeza de que, no futebol das últimas décadas, o kaiser do Bayern e da seleção alemã, zagueiro de ofício, reinou absoluto no quesito elegância.

Franz Beckenbauer foi campeão da Copa do Mundo de 1974 jogando pela Alemanha Ocidental Foto: AFP

Craque dentro e fora do campo, inclusive como cartola, Beckenbauer teve participação decisiva até na entrada do primeiro negro no escrete teutônico, Erwin Kostedde. Atletas e dirigentes racistas opuseram-lhe resistência; Franz nem precisou de prorrogação para derrotá-los.

Gerd Wenzel, o jornalista que, entre nós, mais de perto acompanha o futebol alemão, revelou há dias quão determinante foi a mãe de Beckenbauer para a formação ética e moral do jogador. Se influenciou o filho intelectualmente, não sei. Mas é fato que ele adorava livros. Armando Nogueira me contou tê-lo surpreendido lendo Shakespeare na concentração dos alemães na Copa de 1974.

Não são muitos os jogadores de futebol chegados a livros e muito menos versados em escrevê-los, mas eles existem. Nenhum deles, por certo, ambiciona emular Camus, goleiro do Racing Universitário da Argélia quase cem anos atrás, e ainda estou para conhecer quem, dos nossos, além do Tostão, possa ser tranquilamente identificado como intelectual.

Até nessa disputa, os argentinos levam a melhor sobre a gente.

O atacante e depois técnico argentino César Luís Menotti, campeão do mundo de 1978, sabe de cor trechos inteiros da prosa de Ernesto Sábato. O atacante Jorge Valdano, um dos hermanos que fizeram história no Real Madrid e também virou técnico e comentarista esportivo, lê muita poesia e, por conta dos livros de contos que escreveu e editou, ganhou o epíteto de “filósofo do futebol”.

Pelo que depreendi das crônicas de Enrique Vila-Matas no El País, os espanhóis, notadamente os bascos e catalães, convivem sem apertos com a fauna futebolística, compartilhando as mesmas mesas de bares e restaurantes e as mesmas conversas.

Com o brilhante Pep Guardiola, autor de pelo menos um livro (Mi Gente, Mi Fútbol), é mole. Idem com o atacante Pardeza, ademais formado em Direito e Filologia pela Universidade de Saragoça, que, como Guardiola, prefere falar sempre mais de literatura que do esporte que lhes deu renome mundial.

Qual uma dupla de adolescentes, o catalão Vila-Matas e seu colega basco Bernardo Atxaga disputam entre si quem tem mais amigos de chuteiras. Juntos já abordaram em público vários boleiros cujos interesses se estendem além dos gramados, como o goleiro Zubizarreta e o extrema Ernesto Valverde. Conheceram ambos numa feira literária em Valência. Como? Autografando livros – de sua própria lavra.

Opinião por Sérgio Augusto

É jornalista, escritor e autor de 'Esse Mundo é um Pandeiro', entre outros

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