Coluna quinzenal do jornalista e escritor Sérgio Augusto sobre literatura

Opinião|O crítico Calvino e a defesa do neorrealismo contra o convencionalismo


Comuna de carteirinha só até 1957, Italo Calvino escrevia sobre cinema no jornal

Por Sérgio Augusto

Quantos filmes teriam nascido numa redação de jornal ou revista?

Quem me lançou o extravagante desafio não aceitava como exemplo filmes inspirados em material jornalístico nem ambientados numa redação, como A Primeira Página e Todos os Homens do Presidente, só aqueles criados e desenvolvidos por jornalistas de verdade em seu local de trabalho. Bota extravagante nisso.

Por não dispor de outro exemplo na ponta da língua e, mais do que tudo, por estar ligadão no centenário de Italo Calvino (domingo passado), tirei da cartola Arroz Amargo.

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Um dos maiores sucessos internacionais do neorrealismo italiano do imediato pós-guerra, sobretudo por seu appeal erótico, Riso Amaro foi um sonho de jornalistas tornado real. E jornalistas de esquerda, praticamente todos ligados ao PCI (Partido Comunista Italiano) e trabalhando no diário L’Unità de Turim, viveiro de escritores cinéfilos e aspirantes a uma carreira cinematográfica.

Calvino, comuna de carteirinha só até 1957, escrevia sobre cinema no jornal. Iniciara-se no metiê ainda adolescente, num periódico genovês. Ao contrário de alguns colegas seus, como Giuseppe De Santis, Mario Soldati e Carlo Lizzani, nunca se interessou por trocar a máquina de escrever por uma câmera. Ambicionava ser apenas escritor. Foi o mais brilhante de sua geração.

Italo Calvino Foto: Companhia das Letras
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Quando crítico, defendia fervorosamente o neorrealismo contra o convencionalismo e o artificialismo das produções hollywoodianas, sem no entanto arriscar-se em teorias e divagações estéticas. Em julho de 1948, parecia ser mesmo o mais talhado na redação para cobrir as filmagens de Arroz Amargo.

Melodrama engajado de De Santis sobre a dura realidade das “modine” (as boias-frias dos arrozais do Vale do Pó), inspirou-se numa série de reportagens de Lizanni e passou pelas mãos de seis roteiristas. Insólito projeto, produzido por um conservador (Riccardo Gualino) e rodado por um bando de esquerdistas em terras do industrial Gianni Agnelli no Piemonte, sacramentou na tela a aliança de reconstrução nacional entre a alta burguesia e os comunistas com vista às eleições italianas de 1948.

De quebra, o filme revelou ao mundo Silvana Mangano, recém-coroada Miss Itália, a mais bela das romanas, e o galã Raf Vallone, dublê de jogador de futebol (do Torino) e jornalista (do L’Unità, claro).

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As locações tornaram-se um lugar de peregrinação para toda espécie de gente; entre os mais assíduos, o escritor e poeta Cesare Pavese e o fotógrafo húngaro Robert Capa. Mas nenhum dos visitantes atraiu mais as atenções do repórter Calvino que o rosto, os cabelos e o corpo mirífico de Silvana. Foi ele, aliás, quem primeiro comparou a atriz, então na flor dos 18 anos, à Vênus de Botticelli, sob a unânime aprovação do resto da humanidade.

Quantos filmes teriam nascido numa redação de jornal ou revista?

Quem me lançou o extravagante desafio não aceitava como exemplo filmes inspirados em material jornalístico nem ambientados numa redação, como A Primeira Página e Todos os Homens do Presidente, só aqueles criados e desenvolvidos por jornalistas de verdade em seu local de trabalho. Bota extravagante nisso.

Por não dispor de outro exemplo na ponta da língua e, mais do que tudo, por estar ligadão no centenário de Italo Calvino (domingo passado), tirei da cartola Arroz Amargo.

Um dos maiores sucessos internacionais do neorrealismo italiano do imediato pós-guerra, sobretudo por seu appeal erótico, Riso Amaro foi um sonho de jornalistas tornado real. E jornalistas de esquerda, praticamente todos ligados ao PCI (Partido Comunista Italiano) e trabalhando no diário L’Unità de Turim, viveiro de escritores cinéfilos e aspirantes a uma carreira cinematográfica.

Calvino, comuna de carteirinha só até 1957, escrevia sobre cinema no jornal. Iniciara-se no metiê ainda adolescente, num periódico genovês. Ao contrário de alguns colegas seus, como Giuseppe De Santis, Mario Soldati e Carlo Lizzani, nunca se interessou por trocar a máquina de escrever por uma câmera. Ambicionava ser apenas escritor. Foi o mais brilhante de sua geração.

Italo Calvino Foto: Companhia das Letras

Quando crítico, defendia fervorosamente o neorrealismo contra o convencionalismo e o artificialismo das produções hollywoodianas, sem no entanto arriscar-se em teorias e divagações estéticas. Em julho de 1948, parecia ser mesmo o mais talhado na redação para cobrir as filmagens de Arroz Amargo.

Melodrama engajado de De Santis sobre a dura realidade das “modine” (as boias-frias dos arrozais do Vale do Pó), inspirou-se numa série de reportagens de Lizanni e passou pelas mãos de seis roteiristas. Insólito projeto, produzido por um conservador (Riccardo Gualino) e rodado por um bando de esquerdistas em terras do industrial Gianni Agnelli no Piemonte, sacramentou na tela a aliança de reconstrução nacional entre a alta burguesia e os comunistas com vista às eleições italianas de 1948.

De quebra, o filme revelou ao mundo Silvana Mangano, recém-coroada Miss Itália, a mais bela das romanas, e o galã Raf Vallone, dublê de jogador de futebol (do Torino) e jornalista (do L’Unità, claro).

As locações tornaram-se um lugar de peregrinação para toda espécie de gente; entre os mais assíduos, o escritor e poeta Cesare Pavese e o fotógrafo húngaro Robert Capa. Mas nenhum dos visitantes atraiu mais as atenções do repórter Calvino que o rosto, os cabelos e o corpo mirífico de Silvana. Foi ele, aliás, quem primeiro comparou a atriz, então na flor dos 18 anos, à Vênus de Botticelli, sob a unânime aprovação do resto da humanidade.

Quantos filmes teriam nascido numa redação de jornal ou revista?

Quem me lançou o extravagante desafio não aceitava como exemplo filmes inspirados em material jornalístico nem ambientados numa redação, como A Primeira Página e Todos os Homens do Presidente, só aqueles criados e desenvolvidos por jornalistas de verdade em seu local de trabalho. Bota extravagante nisso.

Por não dispor de outro exemplo na ponta da língua e, mais do que tudo, por estar ligadão no centenário de Italo Calvino (domingo passado), tirei da cartola Arroz Amargo.

Um dos maiores sucessos internacionais do neorrealismo italiano do imediato pós-guerra, sobretudo por seu appeal erótico, Riso Amaro foi um sonho de jornalistas tornado real. E jornalistas de esquerda, praticamente todos ligados ao PCI (Partido Comunista Italiano) e trabalhando no diário L’Unità de Turim, viveiro de escritores cinéfilos e aspirantes a uma carreira cinematográfica.

Calvino, comuna de carteirinha só até 1957, escrevia sobre cinema no jornal. Iniciara-se no metiê ainda adolescente, num periódico genovês. Ao contrário de alguns colegas seus, como Giuseppe De Santis, Mario Soldati e Carlo Lizzani, nunca se interessou por trocar a máquina de escrever por uma câmera. Ambicionava ser apenas escritor. Foi o mais brilhante de sua geração.

Italo Calvino Foto: Companhia das Letras

Quando crítico, defendia fervorosamente o neorrealismo contra o convencionalismo e o artificialismo das produções hollywoodianas, sem no entanto arriscar-se em teorias e divagações estéticas. Em julho de 1948, parecia ser mesmo o mais talhado na redação para cobrir as filmagens de Arroz Amargo.

Melodrama engajado de De Santis sobre a dura realidade das “modine” (as boias-frias dos arrozais do Vale do Pó), inspirou-se numa série de reportagens de Lizanni e passou pelas mãos de seis roteiristas. Insólito projeto, produzido por um conservador (Riccardo Gualino) e rodado por um bando de esquerdistas em terras do industrial Gianni Agnelli no Piemonte, sacramentou na tela a aliança de reconstrução nacional entre a alta burguesia e os comunistas com vista às eleições italianas de 1948.

De quebra, o filme revelou ao mundo Silvana Mangano, recém-coroada Miss Itália, a mais bela das romanas, e o galã Raf Vallone, dublê de jogador de futebol (do Torino) e jornalista (do L’Unità, claro).

As locações tornaram-se um lugar de peregrinação para toda espécie de gente; entre os mais assíduos, o escritor e poeta Cesare Pavese e o fotógrafo húngaro Robert Capa. Mas nenhum dos visitantes atraiu mais as atenções do repórter Calvino que o rosto, os cabelos e o corpo mirífico de Silvana. Foi ele, aliás, quem primeiro comparou a atriz, então na flor dos 18 anos, à Vênus de Botticelli, sob a unânime aprovação do resto da humanidade.

Quantos filmes teriam nascido numa redação de jornal ou revista?

Quem me lançou o extravagante desafio não aceitava como exemplo filmes inspirados em material jornalístico nem ambientados numa redação, como A Primeira Página e Todos os Homens do Presidente, só aqueles criados e desenvolvidos por jornalistas de verdade em seu local de trabalho. Bota extravagante nisso.

Por não dispor de outro exemplo na ponta da língua e, mais do que tudo, por estar ligadão no centenário de Italo Calvino (domingo passado), tirei da cartola Arroz Amargo.

Um dos maiores sucessos internacionais do neorrealismo italiano do imediato pós-guerra, sobretudo por seu appeal erótico, Riso Amaro foi um sonho de jornalistas tornado real. E jornalistas de esquerda, praticamente todos ligados ao PCI (Partido Comunista Italiano) e trabalhando no diário L’Unità de Turim, viveiro de escritores cinéfilos e aspirantes a uma carreira cinematográfica.

Calvino, comuna de carteirinha só até 1957, escrevia sobre cinema no jornal. Iniciara-se no metiê ainda adolescente, num periódico genovês. Ao contrário de alguns colegas seus, como Giuseppe De Santis, Mario Soldati e Carlo Lizzani, nunca se interessou por trocar a máquina de escrever por uma câmera. Ambicionava ser apenas escritor. Foi o mais brilhante de sua geração.

Italo Calvino Foto: Companhia das Letras

Quando crítico, defendia fervorosamente o neorrealismo contra o convencionalismo e o artificialismo das produções hollywoodianas, sem no entanto arriscar-se em teorias e divagações estéticas. Em julho de 1948, parecia ser mesmo o mais talhado na redação para cobrir as filmagens de Arroz Amargo.

Melodrama engajado de De Santis sobre a dura realidade das “modine” (as boias-frias dos arrozais do Vale do Pó), inspirou-se numa série de reportagens de Lizanni e passou pelas mãos de seis roteiristas. Insólito projeto, produzido por um conservador (Riccardo Gualino) e rodado por um bando de esquerdistas em terras do industrial Gianni Agnelli no Piemonte, sacramentou na tela a aliança de reconstrução nacional entre a alta burguesia e os comunistas com vista às eleições italianas de 1948.

De quebra, o filme revelou ao mundo Silvana Mangano, recém-coroada Miss Itália, a mais bela das romanas, e o galã Raf Vallone, dublê de jogador de futebol (do Torino) e jornalista (do L’Unità, claro).

As locações tornaram-se um lugar de peregrinação para toda espécie de gente; entre os mais assíduos, o escritor e poeta Cesare Pavese e o fotógrafo húngaro Robert Capa. Mas nenhum dos visitantes atraiu mais as atenções do repórter Calvino que o rosto, os cabelos e o corpo mirífico de Silvana. Foi ele, aliás, quem primeiro comparou a atriz, então na flor dos 18 anos, à Vênus de Botticelli, sob a unânime aprovação do resto da humanidade.

Quantos filmes teriam nascido numa redação de jornal ou revista?

Quem me lançou o extravagante desafio não aceitava como exemplo filmes inspirados em material jornalístico nem ambientados numa redação, como A Primeira Página e Todos os Homens do Presidente, só aqueles criados e desenvolvidos por jornalistas de verdade em seu local de trabalho. Bota extravagante nisso.

Por não dispor de outro exemplo na ponta da língua e, mais do que tudo, por estar ligadão no centenário de Italo Calvino (domingo passado), tirei da cartola Arroz Amargo.

Um dos maiores sucessos internacionais do neorrealismo italiano do imediato pós-guerra, sobretudo por seu appeal erótico, Riso Amaro foi um sonho de jornalistas tornado real. E jornalistas de esquerda, praticamente todos ligados ao PCI (Partido Comunista Italiano) e trabalhando no diário L’Unità de Turim, viveiro de escritores cinéfilos e aspirantes a uma carreira cinematográfica.

Calvino, comuna de carteirinha só até 1957, escrevia sobre cinema no jornal. Iniciara-se no metiê ainda adolescente, num periódico genovês. Ao contrário de alguns colegas seus, como Giuseppe De Santis, Mario Soldati e Carlo Lizzani, nunca se interessou por trocar a máquina de escrever por uma câmera. Ambicionava ser apenas escritor. Foi o mais brilhante de sua geração.

Italo Calvino Foto: Companhia das Letras

Quando crítico, defendia fervorosamente o neorrealismo contra o convencionalismo e o artificialismo das produções hollywoodianas, sem no entanto arriscar-se em teorias e divagações estéticas. Em julho de 1948, parecia ser mesmo o mais talhado na redação para cobrir as filmagens de Arroz Amargo.

Melodrama engajado de De Santis sobre a dura realidade das “modine” (as boias-frias dos arrozais do Vale do Pó), inspirou-se numa série de reportagens de Lizanni e passou pelas mãos de seis roteiristas. Insólito projeto, produzido por um conservador (Riccardo Gualino) e rodado por um bando de esquerdistas em terras do industrial Gianni Agnelli no Piemonte, sacramentou na tela a aliança de reconstrução nacional entre a alta burguesia e os comunistas com vista às eleições italianas de 1948.

De quebra, o filme revelou ao mundo Silvana Mangano, recém-coroada Miss Itália, a mais bela das romanas, e o galã Raf Vallone, dublê de jogador de futebol (do Torino) e jornalista (do L’Unità, claro).

As locações tornaram-se um lugar de peregrinação para toda espécie de gente; entre os mais assíduos, o escritor e poeta Cesare Pavese e o fotógrafo húngaro Robert Capa. Mas nenhum dos visitantes atraiu mais as atenções do repórter Calvino que o rosto, os cabelos e o corpo mirífico de Silvana. Foi ele, aliás, quem primeiro comparou a atriz, então na flor dos 18 anos, à Vênus de Botticelli, sob a unânime aprovação do resto da humanidade.

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Opinião por Sérgio Augusto

É jornalista, escritor e autor de 'Esse Mundo é um Pandeiro', entre outros

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