Coluna quinzenal do jornalista e escritor Sérgio Augusto sobre literatura

Opinião|‘Maniac’ traz pai que mata filho para evitar que ele seja vítima do nazismo


Livro começa quase como um thriller, com um assassinato seguido de suicídio, numa instituição para deficientes, em Amsterdã

Por Sérgio Augusto
Atualização:

Do chileno Benjamín Labatut, autor de dois dos livros mais fascinantes aqui lançados no ano passado, Quando Deixamos de Entender o Mundo e A Pedra da Loucura, a mesma Todavia edita agora Maniac. É mais um esplêndido exercício de ficção científica lato sensu: meio romance biográfico, meio relato histórico, meio ensaio filosófico sobre avanços e desatinos cometidos por sumidades da matemática, física, cibernética e outros campos da ciência.

E que começa quase como um thriller, com um assassinato seguido de suicídio, numa instituição para deficientes, em Amsterdã.

Campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em foto de 27 de janeiro de 2020 Foto: REUTERS/Nora Savosnick
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Em setembro de 1933, o médico e gênio da matemática e da física austríaco Paul Ehrenfest estoura os miolos do filho adolescente com síndrome de Down para evitar que ele caia vítima do antissemitismo e da pseudociência eugênica do nazismo, e com a mesma arma dá cabo da própria vida, havia tempos um fardo insuportável.

Ehrenfest era amigo íntimo de Einstein, que muito o admirava. Mas nenhuma adulação de seus pares foi capaz de superar o abissal mal-estar que a truculência nazista e a doença do filho agravaram de forma irreversível. Quatro meses antes do suicídio, Paul se horrorizara com o auto da fé de livros de autores judeus oficiado por Goebbels, na Opernplatz de Berlim – “descobrira o irracional”, com que se recusava a conviver.

O segundo maníaco (e também judeu) retratado por Labatut é o matemático húngaro John von Neumann (1903-1957), que morreu naturalizado norte-americano. Mais que um gênio da informática, precursor do computador moderno e principal cabeça da Teoria dos Jogos, foi um polímata a quem até já atribuíram o partejo do século 21, por conta de seus estudos sobre o algoritmo e suas pesquisas sobre máquinas autorreplicantes, inteligência artificial e outros “sonhos loucos da razão”.

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Completa o elenco uma vintena extra de sabichões da lógica e estratosféricas operações mentais, como Eugene Wigner, Richard Feynman, Klara Dan, os “fantasmas na máquina” que mais contribuíram para “o delicado equilíbrio do terror” nos tempos modernos. E também para “os delírios da IA”, que Labatut encara com explícita apreensão.

Neumann, contudo, paira acima dos demais. Merecidamente. Suas digitais estavam na implosão da primeira bomba atômica, nas bases matemáticas da mecânica quântica, em quase todos os assombros científicos contemporâneos. Era “um monstro onipresente”, diz Labatut, “uma figura titânica”, a quem os colegas viam como um ET, como o próximo estágio da evolução humana. Quando nas últimas, consumido por um câncer, ironicamente no cérebro, mantiveram-no isolado no hospital, sob escolta militar. O maníaco de Budapeste sabia demais, tornara-se um segredo de Estado, dos Estados Unidos. E em 1957 estávamos no auge da Guerra Fria.

Do chileno Benjamín Labatut, autor de dois dos livros mais fascinantes aqui lançados no ano passado, Quando Deixamos de Entender o Mundo e A Pedra da Loucura, a mesma Todavia edita agora Maniac. É mais um esplêndido exercício de ficção científica lato sensu: meio romance biográfico, meio relato histórico, meio ensaio filosófico sobre avanços e desatinos cometidos por sumidades da matemática, física, cibernética e outros campos da ciência.

E que começa quase como um thriller, com um assassinato seguido de suicídio, numa instituição para deficientes, em Amsterdã.

Campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em foto de 27 de janeiro de 2020 Foto: REUTERS/Nora Savosnick

Em setembro de 1933, o médico e gênio da matemática e da física austríaco Paul Ehrenfest estoura os miolos do filho adolescente com síndrome de Down para evitar que ele caia vítima do antissemitismo e da pseudociência eugênica do nazismo, e com a mesma arma dá cabo da própria vida, havia tempos um fardo insuportável.

Ehrenfest era amigo íntimo de Einstein, que muito o admirava. Mas nenhuma adulação de seus pares foi capaz de superar o abissal mal-estar que a truculência nazista e a doença do filho agravaram de forma irreversível. Quatro meses antes do suicídio, Paul se horrorizara com o auto da fé de livros de autores judeus oficiado por Goebbels, na Opernplatz de Berlim – “descobrira o irracional”, com que se recusava a conviver.

O segundo maníaco (e também judeu) retratado por Labatut é o matemático húngaro John von Neumann (1903-1957), que morreu naturalizado norte-americano. Mais que um gênio da informática, precursor do computador moderno e principal cabeça da Teoria dos Jogos, foi um polímata a quem até já atribuíram o partejo do século 21, por conta de seus estudos sobre o algoritmo e suas pesquisas sobre máquinas autorreplicantes, inteligência artificial e outros “sonhos loucos da razão”.

Completa o elenco uma vintena extra de sabichões da lógica e estratosféricas operações mentais, como Eugene Wigner, Richard Feynman, Klara Dan, os “fantasmas na máquina” que mais contribuíram para “o delicado equilíbrio do terror” nos tempos modernos. E também para “os delírios da IA”, que Labatut encara com explícita apreensão.

Neumann, contudo, paira acima dos demais. Merecidamente. Suas digitais estavam na implosão da primeira bomba atômica, nas bases matemáticas da mecânica quântica, em quase todos os assombros científicos contemporâneos. Era “um monstro onipresente”, diz Labatut, “uma figura titânica”, a quem os colegas viam como um ET, como o próximo estágio da evolução humana. Quando nas últimas, consumido por um câncer, ironicamente no cérebro, mantiveram-no isolado no hospital, sob escolta militar. O maníaco de Budapeste sabia demais, tornara-se um segredo de Estado, dos Estados Unidos. E em 1957 estávamos no auge da Guerra Fria.

Do chileno Benjamín Labatut, autor de dois dos livros mais fascinantes aqui lançados no ano passado, Quando Deixamos de Entender o Mundo e A Pedra da Loucura, a mesma Todavia edita agora Maniac. É mais um esplêndido exercício de ficção científica lato sensu: meio romance biográfico, meio relato histórico, meio ensaio filosófico sobre avanços e desatinos cometidos por sumidades da matemática, física, cibernética e outros campos da ciência.

E que começa quase como um thriller, com um assassinato seguido de suicídio, numa instituição para deficientes, em Amsterdã.

Campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em foto de 27 de janeiro de 2020 Foto: REUTERS/Nora Savosnick

Em setembro de 1933, o médico e gênio da matemática e da física austríaco Paul Ehrenfest estoura os miolos do filho adolescente com síndrome de Down para evitar que ele caia vítima do antissemitismo e da pseudociência eugênica do nazismo, e com a mesma arma dá cabo da própria vida, havia tempos um fardo insuportável.

Ehrenfest era amigo íntimo de Einstein, que muito o admirava. Mas nenhuma adulação de seus pares foi capaz de superar o abissal mal-estar que a truculência nazista e a doença do filho agravaram de forma irreversível. Quatro meses antes do suicídio, Paul se horrorizara com o auto da fé de livros de autores judeus oficiado por Goebbels, na Opernplatz de Berlim – “descobrira o irracional”, com que se recusava a conviver.

O segundo maníaco (e também judeu) retratado por Labatut é o matemático húngaro John von Neumann (1903-1957), que morreu naturalizado norte-americano. Mais que um gênio da informática, precursor do computador moderno e principal cabeça da Teoria dos Jogos, foi um polímata a quem até já atribuíram o partejo do século 21, por conta de seus estudos sobre o algoritmo e suas pesquisas sobre máquinas autorreplicantes, inteligência artificial e outros “sonhos loucos da razão”.

Completa o elenco uma vintena extra de sabichões da lógica e estratosféricas operações mentais, como Eugene Wigner, Richard Feynman, Klara Dan, os “fantasmas na máquina” que mais contribuíram para “o delicado equilíbrio do terror” nos tempos modernos. E também para “os delírios da IA”, que Labatut encara com explícita apreensão.

Neumann, contudo, paira acima dos demais. Merecidamente. Suas digitais estavam na implosão da primeira bomba atômica, nas bases matemáticas da mecânica quântica, em quase todos os assombros científicos contemporâneos. Era “um monstro onipresente”, diz Labatut, “uma figura titânica”, a quem os colegas viam como um ET, como o próximo estágio da evolução humana. Quando nas últimas, consumido por um câncer, ironicamente no cérebro, mantiveram-no isolado no hospital, sob escolta militar. O maníaco de Budapeste sabia demais, tornara-se um segredo de Estado, dos Estados Unidos. E em 1957 estávamos no auge da Guerra Fria.

Do chileno Benjamín Labatut, autor de dois dos livros mais fascinantes aqui lançados no ano passado, Quando Deixamos de Entender o Mundo e A Pedra da Loucura, a mesma Todavia edita agora Maniac. É mais um esplêndido exercício de ficção científica lato sensu: meio romance biográfico, meio relato histórico, meio ensaio filosófico sobre avanços e desatinos cometidos por sumidades da matemática, física, cibernética e outros campos da ciência.

E que começa quase como um thriller, com um assassinato seguido de suicídio, numa instituição para deficientes, em Amsterdã.

Campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em foto de 27 de janeiro de 2020 Foto: REUTERS/Nora Savosnick

Em setembro de 1933, o médico e gênio da matemática e da física austríaco Paul Ehrenfest estoura os miolos do filho adolescente com síndrome de Down para evitar que ele caia vítima do antissemitismo e da pseudociência eugênica do nazismo, e com a mesma arma dá cabo da própria vida, havia tempos um fardo insuportável.

Ehrenfest era amigo íntimo de Einstein, que muito o admirava. Mas nenhuma adulação de seus pares foi capaz de superar o abissal mal-estar que a truculência nazista e a doença do filho agravaram de forma irreversível. Quatro meses antes do suicídio, Paul se horrorizara com o auto da fé de livros de autores judeus oficiado por Goebbels, na Opernplatz de Berlim – “descobrira o irracional”, com que se recusava a conviver.

O segundo maníaco (e também judeu) retratado por Labatut é o matemático húngaro John von Neumann (1903-1957), que morreu naturalizado norte-americano. Mais que um gênio da informática, precursor do computador moderno e principal cabeça da Teoria dos Jogos, foi um polímata a quem até já atribuíram o partejo do século 21, por conta de seus estudos sobre o algoritmo e suas pesquisas sobre máquinas autorreplicantes, inteligência artificial e outros “sonhos loucos da razão”.

Completa o elenco uma vintena extra de sabichões da lógica e estratosféricas operações mentais, como Eugene Wigner, Richard Feynman, Klara Dan, os “fantasmas na máquina” que mais contribuíram para “o delicado equilíbrio do terror” nos tempos modernos. E também para “os delírios da IA”, que Labatut encara com explícita apreensão.

Neumann, contudo, paira acima dos demais. Merecidamente. Suas digitais estavam na implosão da primeira bomba atômica, nas bases matemáticas da mecânica quântica, em quase todos os assombros científicos contemporâneos. Era “um monstro onipresente”, diz Labatut, “uma figura titânica”, a quem os colegas viam como um ET, como o próximo estágio da evolução humana. Quando nas últimas, consumido por um câncer, ironicamente no cérebro, mantiveram-no isolado no hospital, sob escolta militar. O maníaco de Budapeste sabia demais, tornara-se um segredo de Estado, dos Estados Unidos. E em 1957 estávamos no auge da Guerra Fria.

Do chileno Benjamín Labatut, autor de dois dos livros mais fascinantes aqui lançados no ano passado, Quando Deixamos de Entender o Mundo e A Pedra da Loucura, a mesma Todavia edita agora Maniac. É mais um esplêndido exercício de ficção científica lato sensu: meio romance biográfico, meio relato histórico, meio ensaio filosófico sobre avanços e desatinos cometidos por sumidades da matemática, física, cibernética e outros campos da ciência.

E que começa quase como um thriller, com um assassinato seguido de suicídio, numa instituição para deficientes, em Amsterdã.

Campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, em foto de 27 de janeiro de 2020 Foto: REUTERS/Nora Savosnick

Em setembro de 1933, o médico e gênio da matemática e da física austríaco Paul Ehrenfest estoura os miolos do filho adolescente com síndrome de Down para evitar que ele caia vítima do antissemitismo e da pseudociência eugênica do nazismo, e com a mesma arma dá cabo da própria vida, havia tempos um fardo insuportável.

Ehrenfest era amigo íntimo de Einstein, que muito o admirava. Mas nenhuma adulação de seus pares foi capaz de superar o abissal mal-estar que a truculência nazista e a doença do filho agravaram de forma irreversível. Quatro meses antes do suicídio, Paul se horrorizara com o auto da fé de livros de autores judeus oficiado por Goebbels, na Opernplatz de Berlim – “descobrira o irracional”, com que se recusava a conviver.

O segundo maníaco (e também judeu) retratado por Labatut é o matemático húngaro John von Neumann (1903-1957), que morreu naturalizado norte-americano. Mais que um gênio da informática, precursor do computador moderno e principal cabeça da Teoria dos Jogos, foi um polímata a quem até já atribuíram o partejo do século 21, por conta de seus estudos sobre o algoritmo e suas pesquisas sobre máquinas autorreplicantes, inteligência artificial e outros “sonhos loucos da razão”.

Completa o elenco uma vintena extra de sabichões da lógica e estratosféricas operações mentais, como Eugene Wigner, Richard Feynman, Klara Dan, os “fantasmas na máquina” que mais contribuíram para “o delicado equilíbrio do terror” nos tempos modernos. E também para “os delírios da IA”, que Labatut encara com explícita apreensão.

Neumann, contudo, paira acima dos demais. Merecidamente. Suas digitais estavam na implosão da primeira bomba atômica, nas bases matemáticas da mecânica quântica, em quase todos os assombros científicos contemporâneos. Era “um monstro onipresente”, diz Labatut, “uma figura titânica”, a quem os colegas viam como um ET, como o próximo estágio da evolução humana. Quando nas últimas, consumido por um câncer, ironicamente no cérebro, mantiveram-no isolado no hospital, sob escolta militar. O maníaco de Budapeste sabia demais, tornara-se um segredo de Estado, dos Estados Unidos. E em 1957 estávamos no auge da Guerra Fria.

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É jornalista, escritor e autor de 'Esse Mundo é um Pandeiro', entre outros

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