Coluna quinzenal do jornalista e escritor Sérgio Augusto sobre literatura

Opinião|‘Ripley’, o gato como testemunha e como fui injusto com a série da Netflix


Apesar de não ter paciência para acompanhar seriados, tomei coragem de assistir a ‘Ripley’

Por Sérgio Augusto

Minha reação inicial foi, equivocadamente, de rejeição. Apesar de não ter paciência para acompanhar seriados, tomei coragem, mas não aguentei ir além do terceiro episódio de Ripley. Todo mundo a babar de admiração pelo hit da Netflix, e eu precocemente desencorajado por seus longueurs e por seu quase narcisístico tratamento visual.

Cheguei até a esboçar uma questionável comparação com a primeira aventura na tela do sociopata criado por Patricia Highsmith: em O Sol por Testemunha, René Clément dera conta da mesma intriga em duas horas, ao passo que Steven Zaillian consumiu 400 e poucos minutos nos oito episódios de Ripley.

Noves fora as cores, o charme e a beleza dos três protagonistas (Alain Delon, Maurice Ronet, Marie Laforêt) do primeiro e a trilha musical de Nino Rota, elementos que ajudaram a transformar Plein Soleil em cult movie 63 anos atrás.

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Afetação geracional ou não, alguns amigos meus chegaram a adotar entre si a frase “Signor Ripley, teléfono!”, a fatídica chamada que fecha o filme de Clément e precede a prisão de Alain Delon (Ripley), como um bordão equivalente ao clássico “sua mãe subiu no telhado”. Os mais abonados se mandaram para a Costa Amalfitana, na Itália, para visitar Mongibello, o sedutor vilarejo tirreno onde Ripley conclui o golpe em Greenleaf e usurpa sua identidade.

Lucio, gato da série 'Ripley' Foto: Netflix

Estes só não quebraram a cara porque, no lugar de Mongibello, invenção de Highsmith, ao menos encontraram Ischia Ponte, no golfo de Nápoles, a encantadora locação tão bem explorada pela câmera de Henri Decae.

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Decae brilha igualmente em cenas de interior, como a do assassinato de Freddy (Bill Kearns), arrematada por uma tomada de legumes de feira espalhados pelo chão, ao lado do cadáver, que me evocou uma natureza-morta – no caso, duas.

O permanente contraste entre a solaridade das imagens e a tenebrosa trama de Plein Soleil é um dos pontos altos do filme, contraposição desprezada por Anthony Minghella em O Talentoso Ripley, um tanto sombrio e esmaecido pela empatia meia-bomba do elenco.

Fui precipitadamente injusto com a minissérie da Netflix, que maratonei até o último minuto, impressionado com a ambição da proposta, a densidade do roteiro, a mise-en-scène maneirista de Zaillian e com o chiaroscuro de Robert Elswit, que já me havia conquistado com o estilo Life-Look que imprimiu às imagens de Boa Noite e Boa Sorte, e agora me impressiona com sua inventiva releitura do tenebrismo de Caravaggio, a influência maior de Ripley, junto, é óbvio, com Hitchcock, de cuja sombra o personagem não consegue desgrudar. Foi com a grana que ganhou pela história de Pacto Sinistro que Highsmith visitou Positano pela primeira vez, onde conheceu o protótipo de seu mítico escroque.

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A quem já viu a minissérie não preciso explicar por que lhe daria, aqui, se pudesse, o título de O Gato por Testemunha.

Minha reação inicial foi, equivocadamente, de rejeição. Apesar de não ter paciência para acompanhar seriados, tomei coragem, mas não aguentei ir além do terceiro episódio de Ripley. Todo mundo a babar de admiração pelo hit da Netflix, e eu precocemente desencorajado por seus longueurs e por seu quase narcisístico tratamento visual.

Cheguei até a esboçar uma questionável comparação com a primeira aventura na tela do sociopata criado por Patricia Highsmith: em O Sol por Testemunha, René Clément dera conta da mesma intriga em duas horas, ao passo que Steven Zaillian consumiu 400 e poucos minutos nos oito episódios de Ripley.

Noves fora as cores, o charme e a beleza dos três protagonistas (Alain Delon, Maurice Ronet, Marie Laforêt) do primeiro e a trilha musical de Nino Rota, elementos que ajudaram a transformar Plein Soleil em cult movie 63 anos atrás.

Afetação geracional ou não, alguns amigos meus chegaram a adotar entre si a frase “Signor Ripley, teléfono!”, a fatídica chamada que fecha o filme de Clément e precede a prisão de Alain Delon (Ripley), como um bordão equivalente ao clássico “sua mãe subiu no telhado”. Os mais abonados se mandaram para a Costa Amalfitana, na Itália, para visitar Mongibello, o sedutor vilarejo tirreno onde Ripley conclui o golpe em Greenleaf e usurpa sua identidade.

Lucio, gato da série 'Ripley' Foto: Netflix

Estes só não quebraram a cara porque, no lugar de Mongibello, invenção de Highsmith, ao menos encontraram Ischia Ponte, no golfo de Nápoles, a encantadora locação tão bem explorada pela câmera de Henri Decae.

Decae brilha igualmente em cenas de interior, como a do assassinato de Freddy (Bill Kearns), arrematada por uma tomada de legumes de feira espalhados pelo chão, ao lado do cadáver, que me evocou uma natureza-morta – no caso, duas.

O permanente contraste entre a solaridade das imagens e a tenebrosa trama de Plein Soleil é um dos pontos altos do filme, contraposição desprezada por Anthony Minghella em O Talentoso Ripley, um tanto sombrio e esmaecido pela empatia meia-bomba do elenco.

Fui precipitadamente injusto com a minissérie da Netflix, que maratonei até o último minuto, impressionado com a ambição da proposta, a densidade do roteiro, a mise-en-scène maneirista de Zaillian e com o chiaroscuro de Robert Elswit, que já me havia conquistado com o estilo Life-Look que imprimiu às imagens de Boa Noite e Boa Sorte, e agora me impressiona com sua inventiva releitura do tenebrismo de Caravaggio, a influência maior de Ripley, junto, é óbvio, com Hitchcock, de cuja sombra o personagem não consegue desgrudar. Foi com a grana que ganhou pela história de Pacto Sinistro que Highsmith visitou Positano pela primeira vez, onde conheceu o protótipo de seu mítico escroque.

A quem já viu a minissérie não preciso explicar por que lhe daria, aqui, se pudesse, o título de O Gato por Testemunha.

Minha reação inicial foi, equivocadamente, de rejeição. Apesar de não ter paciência para acompanhar seriados, tomei coragem, mas não aguentei ir além do terceiro episódio de Ripley. Todo mundo a babar de admiração pelo hit da Netflix, e eu precocemente desencorajado por seus longueurs e por seu quase narcisístico tratamento visual.

Cheguei até a esboçar uma questionável comparação com a primeira aventura na tela do sociopata criado por Patricia Highsmith: em O Sol por Testemunha, René Clément dera conta da mesma intriga em duas horas, ao passo que Steven Zaillian consumiu 400 e poucos minutos nos oito episódios de Ripley.

Noves fora as cores, o charme e a beleza dos três protagonistas (Alain Delon, Maurice Ronet, Marie Laforêt) do primeiro e a trilha musical de Nino Rota, elementos que ajudaram a transformar Plein Soleil em cult movie 63 anos atrás.

Afetação geracional ou não, alguns amigos meus chegaram a adotar entre si a frase “Signor Ripley, teléfono!”, a fatídica chamada que fecha o filme de Clément e precede a prisão de Alain Delon (Ripley), como um bordão equivalente ao clássico “sua mãe subiu no telhado”. Os mais abonados se mandaram para a Costa Amalfitana, na Itália, para visitar Mongibello, o sedutor vilarejo tirreno onde Ripley conclui o golpe em Greenleaf e usurpa sua identidade.

Lucio, gato da série 'Ripley' Foto: Netflix

Estes só não quebraram a cara porque, no lugar de Mongibello, invenção de Highsmith, ao menos encontraram Ischia Ponte, no golfo de Nápoles, a encantadora locação tão bem explorada pela câmera de Henri Decae.

Decae brilha igualmente em cenas de interior, como a do assassinato de Freddy (Bill Kearns), arrematada por uma tomada de legumes de feira espalhados pelo chão, ao lado do cadáver, que me evocou uma natureza-morta – no caso, duas.

O permanente contraste entre a solaridade das imagens e a tenebrosa trama de Plein Soleil é um dos pontos altos do filme, contraposição desprezada por Anthony Minghella em O Talentoso Ripley, um tanto sombrio e esmaecido pela empatia meia-bomba do elenco.

Fui precipitadamente injusto com a minissérie da Netflix, que maratonei até o último minuto, impressionado com a ambição da proposta, a densidade do roteiro, a mise-en-scène maneirista de Zaillian e com o chiaroscuro de Robert Elswit, que já me havia conquistado com o estilo Life-Look que imprimiu às imagens de Boa Noite e Boa Sorte, e agora me impressiona com sua inventiva releitura do tenebrismo de Caravaggio, a influência maior de Ripley, junto, é óbvio, com Hitchcock, de cuja sombra o personagem não consegue desgrudar. Foi com a grana que ganhou pela história de Pacto Sinistro que Highsmith visitou Positano pela primeira vez, onde conheceu o protótipo de seu mítico escroque.

A quem já viu a minissérie não preciso explicar por que lhe daria, aqui, se pudesse, o título de O Gato por Testemunha.

Minha reação inicial foi, equivocadamente, de rejeição. Apesar de não ter paciência para acompanhar seriados, tomei coragem, mas não aguentei ir além do terceiro episódio de Ripley. Todo mundo a babar de admiração pelo hit da Netflix, e eu precocemente desencorajado por seus longueurs e por seu quase narcisístico tratamento visual.

Cheguei até a esboçar uma questionável comparação com a primeira aventura na tela do sociopata criado por Patricia Highsmith: em O Sol por Testemunha, René Clément dera conta da mesma intriga em duas horas, ao passo que Steven Zaillian consumiu 400 e poucos minutos nos oito episódios de Ripley.

Noves fora as cores, o charme e a beleza dos três protagonistas (Alain Delon, Maurice Ronet, Marie Laforêt) do primeiro e a trilha musical de Nino Rota, elementos que ajudaram a transformar Plein Soleil em cult movie 63 anos atrás.

Afetação geracional ou não, alguns amigos meus chegaram a adotar entre si a frase “Signor Ripley, teléfono!”, a fatídica chamada que fecha o filme de Clément e precede a prisão de Alain Delon (Ripley), como um bordão equivalente ao clássico “sua mãe subiu no telhado”. Os mais abonados se mandaram para a Costa Amalfitana, na Itália, para visitar Mongibello, o sedutor vilarejo tirreno onde Ripley conclui o golpe em Greenleaf e usurpa sua identidade.

Lucio, gato da série 'Ripley' Foto: Netflix

Estes só não quebraram a cara porque, no lugar de Mongibello, invenção de Highsmith, ao menos encontraram Ischia Ponte, no golfo de Nápoles, a encantadora locação tão bem explorada pela câmera de Henri Decae.

Decae brilha igualmente em cenas de interior, como a do assassinato de Freddy (Bill Kearns), arrematada por uma tomada de legumes de feira espalhados pelo chão, ao lado do cadáver, que me evocou uma natureza-morta – no caso, duas.

O permanente contraste entre a solaridade das imagens e a tenebrosa trama de Plein Soleil é um dos pontos altos do filme, contraposição desprezada por Anthony Minghella em O Talentoso Ripley, um tanto sombrio e esmaecido pela empatia meia-bomba do elenco.

Fui precipitadamente injusto com a minissérie da Netflix, que maratonei até o último minuto, impressionado com a ambição da proposta, a densidade do roteiro, a mise-en-scène maneirista de Zaillian e com o chiaroscuro de Robert Elswit, que já me havia conquistado com o estilo Life-Look que imprimiu às imagens de Boa Noite e Boa Sorte, e agora me impressiona com sua inventiva releitura do tenebrismo de Caravaggio, a influência maior de Ripley, junto, é óbvio, com Hitchcock, de cuja sombra o personagem não consegue desgrudar. Foi com a grana que ganhou pela história de Pacto Sinistro que Highsmith visitou Positano pela primeira vez, onde conheceu o protótipo de seu mítico escroque.

A quem já viu a minissérie não preciso explicar por que lhe daria, aqui, se pudesse, o título de O Gato por Testemunha.

Minha reação inicial foi, equivocadamente, de rejeição. Apesar de não ter paciência para acompanhar seriados, tomei coragem, mas não aguentei ir além do terceiro episódio de Ripley. Todo mundo a babar de admiração pelo hit da Netflix, e eu precocemente desencorajado por seus longueurs e por seu quase narcisístico tratamento visual.

Cheguei até a esboçar uma questionável comparação com a primeira aventura na tela do sociopata criado por Patricia Highsmith: em O Sol por Testemunha, René Clément dera conta da mesma intriga em duas horas, ao passo que Steven Zaillian consumiu 400 e poucos minutos nos oito episódios de Ripley.

Noves fora as cores, o charme e a beleza dos três protagonistas (Alain Delon, Maurice Ronet, Marie Laforêt) do primeiro e a trilha musical de Nino Rota, elementos que ajudaram a transformar Plein Soleil em cult movie 63 anos atrás.

Afetação geracional ou não, alguns amigos meus chegaram a adotar entre si a frase “Signor Ripley, teléfono!”, a fatídica chamada que fecha o filme de Clément e precede a prisão de Alain Delon (Ripley), como um bordão equivalente ao clássico “sua mãe subiu no telhado”. Os mais abonados se mandaram para a Costa Amalfitana, na Itália, para visitar Mongibello, o sedutor vilarejo tirreno onde Ripley conclui o golpe em Greenleaf e usurpa sua identidade.

Lucio, gato da série 'Ripley' Foto: Netflix

Estes só não quebraram a cara porque, no lugar de Mongibello, invenção de Highsmith, ao menos encontraram Ischia Ponte, no golfo de Nápoles, a encantadora locação tão bem explorada pela câmera de Henri Decae.

Decae brilha igualmente em cenas de interior, como a do assassinato de Freddy (Bill Kearns), arrematada por uma tomada de legumes de feira espalhados pelo chão, ao lado do cadáver, que me evocou uma natureza-morta – no caso, duas.

O permanente contraste entre a solaridade das imagens e a tenebrosa trama de Plein Soleil é um dos pontos altos do filme, contraposição desprezada por Anthony Minghella em O Talentoso Ripley, um tanto sombrio e esmaecido pela empatia meia-bomba do elenco.

Fui precipitadamente injusto com a minissérie da Netflix, que maratonei até o último minuto, impressionado com a ambição da proposta, a densidade do roteiro, a mise-en-scène maneirista de Zaillian e com o chiaroscuro de Robert Elswit, que já me havia conquistado com o estilo Life-Look que imprimiu às imagens de Boa Noite e Boa Sorte, e agora me impressiona com sua inventiva releitura do tenebrismo de Caravaggio, a influência maior de Ripley, junto, é óbvio, com Hitchcock, de cuja sombra o personagem não consegue desgrudar. Foi com a grana que ganhou pela história de Pacto Sinistro que Highsmith visitou Positano pela primeira vez, onde conheceu o protótipo de seu mítico escroque.

A quem já viu a minissérie não preciso explicar por que lhe daria, aqui, se pudesse, o título de O Gato por Testemunha.

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Opinião por Sérgio Augusto

É jornalista, escritor e autor de 'Esse Mundo é um Pandeiro', entre outros

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