Coluna quinzenal do jornalista e escritor Sérgio Augusto sobre literatura

Opinião|Cartas entre García Márquez, Vargas Llosa, Cortázar e Fuentes estão na mesa. Quem lançará no Brasil?


Até agora, nenhuma editora brasileira procurou a Alfaguara espanhola para lançar ‘Las Cartas del Boom’ por aqui. Aguardemos.

Por Sérgio Augusto
Atualização:

Ainda averiguava qual editora brasileira traduziria Las Cartas del Boom, epistolário trocado entre Julio Cortázar, García Márquez, Vargas Llosa e Carlos Fuentes, os bambas do boom da literatura latino-americana nos anos 1960-70, que abordei na semana passada, quando recebi um e-mail de seu principal editor, Carlos Aguirre. Queria ele saber como eu descobrira que a foto do grupo estampada no livro – a única com todos juntos, feita em outubro de 1970 e guardada por mais de meio século pelo mexicano Abraham Nuncio – havia sido feita no restaurante Le Fournil, em Bonnieux, na Provença.

“Pela decoração”, respondi. Jantei lá há pouco mais de 20 anos, levado por meu amigo Walter Salles, íntimo conhecedor da região.

Capa do livro 'Las Cartas del Boom' Foto: Alfaguara
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Aguirre desconfiava de outro restaurante na mesma cidade, L’Arome, que, como ele, também conheço apenas de fotografia. “É possível”, reconfortei-o, mantendo, porém, minha aposta no Le Fournil.

Como último sobrevivente do quarteto, Vargas Llosa poderia matar a charada. Aguirre pôs em dúvida tal possibilidade, ainda mais remota desde que uma nova contaminação por covid confinou o Nobel peruano, de 87 anos, a um hospital.

Para mim, bem mais relevante que identificar corretamente o restaurante de Bonnieux era descobrir, a pedido de amigos e leitores, quando Las Cartas del Boom será traduzido aqui. Segundo Aguirre, nenhuma editora brasileira procurou até agora a Alfaguara espanhola, nem tampouco a agência Balcells, representante dos missivistas e seus herdeiros. Aguardemos.

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Um editor esperto pegaria o epistolário e o traduziria acoplado ao ensaio histórico Aquellos Años del Boom, que o jornalista cultural catalão Xavi Ayén, do La Vanguardia, publicou em 2014 e atualizou quatro anos mais tarde. Resultaria numa tremenda dobradinha literária, um pouco volumosa, por supuesto, mas de tentadora fatura e irresistível leitura.

Ayén recapitula o movimento a partir de seus antecedentes históricos, das “sementes” que prosadores e poetas hispano-americanos plantaram em Barcelona. O venezuelano Rómolo Gallegos estabeleceu-se por lá em 1932, e antes dele, no século 19, o argentino Sarmiento e o modernista nicaraguense Rubén Darío. Consagrado como um “Bolívar das letras”, Gallegos acabou emprestando seu nome ao mais prestigioso prêmio literário do continente, já compartilhado por três estrelas do boom (Llosa, Márquez, Carlos Fuentes) e seu mais cintilante apêndice, o chileno Roberto Bolaño.

Oficiosamente, o boom chegou ao fim em 12 de fevereiro de 1976, quando Llosa esmurrou Márquez em público, na Cidade do México. Tinha mulher no meio; no caso, Patricia, casada com o peruano até hoje, aliás – menos os sete anos em que o autor de Conversa no Catedral preferiu viver com uma socialite filipina. Daquela vez, porém, o Nobel colombiano nada teve a ver com o pato.

Ainda averiguava qual editora brasileira traduziria Las Cartas del Boom, epistolário trocado entre Julio Cortázar, García Márquez, Vargas Llosa e Carlos Fuentes, os bambas do boom da literatura latino-americana nos anos 1960-70, que abordei na semana passada, quando recebi um e-mail de seu principal editor, Carlos Aguirre. Queria ele saber como eu descobrira que a foto do grupo estampada no livro – a única com todos juntos, feita em outubro de 1970 e guardada por mais de meio século pelo mexicano Abraham Nuncio – havia sido feita no restaurante Le Fournil, em Bonnieux, na Provença.

“Pela decoração”, respondi. Jantei lá há pouco mais de 20 anos, levado por meu amigo Walter Salles, íntimo conhecedor da região.

Capa do livro 'Las Cartas del Boom' Foto: Alfaguara

Aguirre desconfiava de outro restaurante na mesma cidade, L’Arome, que, como ele, também conheço apenas de fotografia. “É possível”, reconfortei-o, mantendo, porém, minha aposta no Le Fournil.

Como último sobrevivente do quarteto, Vargas Llosa poderia matar a charada. Aguirre pôs em dúvida tal possibilidade, ainda mais remota desde que uma nova contaminação por covid confinou o Nobel peruano, de 87 anos, a um hospital.

Para mim, bem mais relevante que identificar corretamente o restaurante de Bonnieux era descobrir, a pedido de amigos e leitores, quando Las Cartas del Boom será traduzido aqui. Segundo Aguirre, nenhuma editora brasileira procurou até agora a Alfaguara espanhola, nem tampouco a agência Balcells, representante dos missivistas e seus herdeiros. Aguardemos.

Um editor esperto pegaria o epistolário e o traduziria acoplado ao ensaio histórico Aquellos Años del Boom, que o jornalista cultural catalão Xavi Ayén, do La Vanguardia, publicou em 2014 e atualizou quatro anos mais tarde. Resultaria numa tremenda dobradinha literária, um pouco volumosa, por supuesto, mas de tentadora fatura e irresistível leitura.

Ayén recapitula o movimento a partir de seus antecedentes históricos, das “sementes” que prosadores e poetas hispano-americanos plantaram em Barcelona. O venezuelano Rómolo Gallegos estabeleceu-se por lá em 1932, e antes dele, no século 19, o argentino Sarmiento e o modernista nicaraguense Rubén Darío. Consagrado como um “Bolívar das letras”, Gallegos acabou emprestando seu nome ao mais prestigioso prêmio literário do continente, já compartilhado por três estrelas do boom (Llosa, Márquez, Carlos Fuentes) e seu mais cintilante apêndice, o chileno Roberto Bolaño.

Oficiosamente, o boom chegou ao fim em 12 de fevereiro de 1976, quando Llosa esmurrou Márquez em público, na Cidade do México. Tinha mulher no meio; no caso, Patricia, casada com o peruano até hoje, aliás – menos os sete anos em que o autor de Conversa no Catedral preferiu viver com uma socialite filipina. Daquela vez, porém, o Nobel colombiano nada teve a ver com o pato.

Ainda averiguava qual editora brasileira traduziria Las Cartas del Boom, epistolário trocado entre Julio Cortázar, García Márquez, Vargas Llosa e Carlos Fuentes, os bambas do boom da literatura latino-americana nos anos 1960-70, que abordei na semana passada, quando recebi um e-mail de seu principal editor, Carlos Aguirre. Queria ele saber como eu descobrira que a foto do grupo estampada no livro – a única com todos juntos, feita em outubro de 1970 e guardada por mais de meio século pelo mexicano Abraham Nuncio – havia sido feita no restaurante Le Fournil, em Bonnieux, na Provença.

“Pela decoração”, respondi. Jantei lá há pouco mais de 20 anos, levado por meu amigo Walter Salles, íntimo conhecedor da região.

Capa do livro 'Las Cartas del Boom' Foto: Alfaguara

Aguirre desconfiava de outro restaurante na mesma cidade, L’Arome, que, como ele, também conheço apenas de fotografia. “É possível”, reconfortei-o, mantendo, porém, minha aposta no Le Fournil.

Como último sobrevivente do quarteto, Vargas Llosa poderia matar a charada. Aguirre pôs em dúvida tal possibilidade, ainda mais remota desde que uma nova contaminação por covid confinou o Nobel peruano, de 87 anos, a um hospital.

Para mim, bem mais relevante que identificar corretamente o restaurante de Bonnieux era descobrir, a pedido de amigos e leitores, quando Las Cartas del Boom será traduzido aqui. Segundo Aguirre, nenhuma editora brasileira procurou até agora a Alfaguara espanhola, nem tampouco a agência Balcells, representante dos missivistas e seus herdeiros. Aguardemos.

Um editor esperto pegaria o epistolário e o traduziria acoplado ao ensaio histórico Aquellos Años del Boom, que o jornalista cultural catalão Xavi Ayén, do La Vanguardia, publicou em 2014 e atualizou quatro anos mais tarde. Resultaria numa tremenda dobradinha literária, um pouco volumosa, por supuesto, mas de tentadora fatura e irresistível leitura.

Ayén recapitula o movimento a partir de seus antecedentes históricos, das “sementes” que prosadores e poetas hispano-americanos plantaram em Barcelona. O venezuelano Rómolo Gallegos estabeleceu-se por lá em 1932, e antes dele, no século 19, o argentino Sarmiento e o modernista nicaraguense Rubén Darío. Consagrado como um “Bolívar das letras”, Gallegos acabou emprestando seu nome ao mais prestigioso prêmio literário do continente, já compartilhado por três estrelas do boom (Llosa, Márquez, Carlos Fuentes) e seu mais cintilante apêndice, o chileno Roberto Bolaño.

Oficiosamente, o boom chegou ao fim em 12 de fevereiro de 1976, quando Llosa esmurrou Márquez em público, na Cidade do México. Tinha mulher no meio; no caso, Patricia, casada com o peruano até hoje, aliás – menos os sete anos em que o autor de Conversa no Catedral preferiu viver com uma socialite filipina. Daquela vez, porém, o Nobel colombiano nada teve a ver com o pato.

Ainda averiguava qual editora brasileira traduziria Las Cartas del Boom, epistolário trocado entre Julio Cortázar, García Márquez, Vargas Llosa e Carlos Fuentes, os bambas do boom da literatura latino-americana nos anos 1960-70, que abordei na semana passada, quando recebi um e-mail de seu principal editor, Carlos Aguirre. Queria ele saber como eu descobrira que a foto do grupo estampada no livro – a única com todos juntos, feita em outubro de 1970 e guardada por mais de meio século pelo mexicano Abraham Nuncio – havia sido feita no restaurante Le Fournil, em Bonnieux, na Provença.

“Pela decoração”, respondi. Jantei lá há pouco mais de 20 anos, levado por meu amigo Walter Salles, íntimo conhecedor da região.

Capa do livro 'Las Cartas del Boom' Foto: Alfaguara

Aguirre desconfiava de outro restaurante na mesma cidade, L’Arome, que, como ele, também conheço apenas de fotografia. “É possível”, reconfortei-o, mantendo, porém, minha aposta no Le Fournil.

Como último sobrevivente do quarteto, Vargas Llosa poderia matar a charada. Aguirre pôs em dúvida tal possibilidade, ainda mais remota desde que uma nova contaminação por covid confinou o Nobel peruano, de 87 anos, a um hospital.

Para mim, bem mais relevante que identificar corretamente o restaurante de Bonnieux era descobrir, a pedido de amigos e leitores, quando Las Cartas del Boom será traduzido aqui. Segundo Aguirre, nenhuma editora brasileira procurou até agora a Alfaguara espanhola, nem tampouco a agência Balcells, representante dos missivistas e seus herdeiros. Aguardemos.

Um editor esperto pegaria o epistolário e o traduziria acoplado ao ensaio histórico Aquellos Años del Boom, que o jornalista cultural catalão Xavi Ayén, do La Vanguardia, publicou em 2014 e atualizou quatro anos mais tarde. Resultaria numa tremenda dobradinha literária, um pouco volumosa, por supuesto, mas de tentadora fatura e irresistível leitura.

Ayén recapitula o movimento a partir de seus antecedentes históricos, das “sementes” que prosadores e poetas hispano-americanos plantaram em Barcelona. O venezuelano Rómolo Gallegos estabeleceu-se por lá em 1932, e antes dele, no século 19, o argentino Sarmiento e o modernista nicaraguense Rubén Darío. Consagrado como um “Bolívar das letras”, Gallegos acabou emprestando seu nome ao mais prestigioso prêmio literário do continente, já compartilhado por três estrelas do boom (Llosa, Márquez, Carlos Fuentes) e seu mais cintilante apêndice, o chileno Roberto Bolaño.

Oficiosamente, o boom chegou ao fim em 12 de fevereiro de 1976, quando Llosa esmurrou Márquez em público, na Cidade do México. Tinha mulher no meio; no caso, Patricia, casada com o peruano até hoje, aliás – menos os sete anos em que o autor de Conversa no Catedral preferiu viver com uma socialite filipina. Daquela vez, porém, o Nobel colombiano nada teve a ver com o pato.

Opinião por Sérgio Augusto

É jornalista, escritor e autor de 'Esse Mundo é um Pandeiro', entre outros

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