Alice Braga e Daiara Tukano discutem memória indígena e papel da cultura na democracia na CCXP24


Atriz e pesquisadora produzem a audiossérie ‘Yawara’, sobre o genocídio indígena propagado durante a ditadura militar no Brasil

Por Nico Garófalo

Um dos nomes mais fortes do cinema nacional, Alice Braga lançou seu novo projeto na CCXP 2024. A audiosérie Yawara: Uma História Oculta do Brasil, produzido em parceria com a pesquisadora Daiara Tukano, denuncia e analisa a perseguição às comunidades indígenas durante e depois da ditadura militar no Brasil. Um dos principais temas da série e grande motivador para a produção foi o chamado Relatório Figueiredo, feito em 1967 e que reconhecia o descaso e a crueldade do governo para com as comunidades indígenas. Segundo Alice, Yawara usa o relatório como “ponta do iceberg para falar sobre as questões indígenas no Brasil”.

“É quase uma realização de um sonho jornalístico meu, porque não é que eu sou jornalista, mas eu amo jornalismo, eu sou filha de jornalista, eu sonho em ser jornalista, sonho em interpretar uma jornalista”, disse a atriz.

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“Acho que nós estamos num momento muito especial de falar dessas memórias de resistência e do direito à memória e verdade. Principalmente com relação às gerações cometidas durante o período da ditadura militar no Brasil”, disse Tukano. “Porque para além de haver uma invisibilização da violência cometida durante a ditadura militar, também existe uma invisibilização sistemática da violência cometida contra os povos indígenas.”

Para Yawara, Alice e Tukano entrevistaram diversos pesquisadores e historiadores especializados na história indígena, incluindo Marcelo Zelic, responsável pelo resgate do Relatório Figueiredo, que morreu em 2023. “O projeto surgiu através dessa conexão com ele”, explicou Alice, que conversou com o pesquisador um dia antes de sua morte. “Ao passo que eu ia lendo, e eu também ia aprendendo, ia me envolvendo, aquilo foi me transformando. (...) O futuro é indígena. Então, sem eles, a gente não existe. Todos nós temos que participar dessa luta.”

Alice Braga e Daiara Tukano em coletiva de imprensa na CCXP24; Foto: Nico Garófalo/Estadão
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Indígena, Tukano lembrou que a luta de seu povo vai muito além do Relatório Figueiredo e que, de modo geral, a visão sobre a perseguição aos povos nativos é superficial. “Quando a gente nasce num buraco, a perspectiva é outra. Estou falando enquanto povo indígena, quando a gente nasce dentro daquela [situação], tem outro ponto de vista, outro nível de violência.”

“A ditadura instaurou, literalmente, campos de concentração indígenas no Brasil”, seguiu Tukano. “E praticou contra a nossa população todos os tipos de tortura que depois foram praticadas no DOPS [antigo Departamento de Ordem Política e Socia] no resto do País. Então, o nosso buraco está mais embaixo há bem mais tempo mesmo.”

“A gente está falando do passado o tempo inteiro”, disse Alice. “Mas a gente está muito falando do agora, por isso que é importante estar muito atento a tudo o que está acontecendo no mundo, politicamente, economicamente, culturalmente.” A atriz ainda citou Ainda Estou Aqui, sucesso do cinema nacional, para falar da importância de manter as memórias sobre as atrocidades do passado vivas no imaginário popular. “Nosso desejo com Yawara é um pouco manter essa memória viva para o que está acontecendo agora também, é um desejo dessa audiossérie que a gente fez.”

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“Acho que o meu desejo de fazer um projeto como Yawara é manter a memória viva e trazer a consciência para a sociedade. Estou muito feliz de estar aqui, de poder estar com os jovens, porque é muito importante a gente lembrar, a gente falar sobre isso”, concluiu Tukano.

Um dos nomes mais fortes do cinema nacional, Alice Braga lançou seu novo projeto na CCXP 2024. A audiosérie Yawara: Uma História Oculta do Brasil, produzido em parceria com a pesquisadora Daiara Tukano, denuncia e analisa a perseguição às comunidades indígenas durante e depois da ditadura militar no Brasil. Um dos principais temas da série e grande motivador para a produção foi o chamado Relatório Figueiredo, feito em 1967 e que reconhecia o descaso e a crueldade do governo para com as comunidades indígenas. Segundo Alice, Yawara usa o relatório como “ponta do iceberg para falar sobre as questões indígenas no Brasil”.

“É quase uma realização de um sonho jornalístico meu, porque não é que eu sou jornalista, mas eu amo jornalismo, eu sou filha de jornalista, eu sonho em ser jornalista, sonho em interpretar uma jornalista”, disse a atriz.

“Acho que nós estamos num momento muito especial de falar dessas memórias de resistência e do direito à memória e verdade. Principalmente com relação às gerações cometidas durante o período da ditadura militar no Brasil”, disse Tukano. “Porque para além de haver uma invisibilização da violência cometida durante a ditadura militar, também existe uma invisibilização sistemática da violência cometida contra os povos indígenas.”

Para Yawara, Alice e Tukano entrevistaram diversos pesquisadores e historiadores especializados na história indígena, incluindo Marcelo Zelic, responsável pelo resgate do Relatório Figueiredo, que morreu em 2023. “O projeto surgiu através dessa conexão com ele”, explicou Alice, que conversou com o pesquisador um dia antes de sua morte. “Ao passo que eu ia lendo, e eu também ia aprendendo, ia me envolvendo, aquilo foi me transformando. (...) O futuro é indígena. Então, sem eles, a gente não existe. Todos nós temos que participar dessa luta.”

Alice Braga e Daiara Tukano em coletiva de imprensa na CCXP24; Foto: Nico Garófalo/Estadão

Indígena, Tukano lembrou que a luta de seu povo vai muito além do Relatório Figueiredo e que, de modo geral, a visão sobre a perseguição aos povos nativos é superficial. “Quando a gente nasce num buraco, a perspectiva é outra. Estou falando enquanto povo indígena, quando a gente nasce dentro daquela [situação], tem outro ponto de vista, outro nível de violência.”

“A ditadura instaurou, literalmente, campos de concentração indígenas no Brasil”, seguiu Tukano. “E praticou contra a nossa população todos os tipos de tortura que depois foram praticadas no DOPS [antigo Departamento de Ordem Política e Socia] no resto do País. Então, o nosso buraco está mais embaixo há bem mais tempo mesmo.”

“A gente está falando do passado o tempo inteiro”, disse Alice. “Mas a gente está muito falando do agora, por isso que é importante estar muito atento a tudo o que está acontecendo no mundo, politicamente, economicamente, culturalmente.” A atriz ainda citou Ainda Estou Aqui, sucesso do cinema nacional, para falar da importância de manter as memórias sobre as atrocidades do passado vivas no imaginário popular. “Nosso desejo com Yawara é um pouco manter essa memória viva para o que está acontecendo agora também, é um desejo dessa audiossérie que a gente fez.”

“Acho que o meu desejo de fazer um projeto como Yawara é manter a memória viva e trazer a consciência para a sociedade. Estou muito feliz de estar aqui, de poder estar com os jovens, porque é muito importante a gente lembrar, a gente falar sobre isso”, concluiu Tukano.

Um dos nomes mais fortes do cinema nacional, Alice Braga lançou seu novo projeto na CCXP 2024. A audiosérie Yawara: Uma História Oculta do Brasil, produzido em parceria com a pesquisadora Daiara Tukano, denuncia e analisa a perseguição às comunidades indígenas durante e depois da ditadura militar no Brasil. Um dos principais temas da série e grande motivador para a produção foi o chamado Relatório Figueiredo, feito em 1967 e que reconhecia o descaso e a crueldade do governo para com as comunidades indígenas. Segundo Alice, Yawara usa o relatório como “ponta do iceberg para falar sobre as questões indígenas no Brasil”.

“É quase uma realização de um sonho jornalístico meu, porque não é que eu sou jornalista, mas eu amo jornalismo, eu sou filha de jornalista, eu sonho em ser jornalista, sonho em interpretar uma jornalista”, disse a atriz.

“Acho que nós estamos num momento muito especial de falar dessas memórias de resistência e do direito à memória e verdade. Principalmente com relação às gerações cometidas durante o período da ditadura militar no Brasil”, disse Tukano. “Porque para além de haver uma invisibilização da violência cometida durante a ditadura militar, também existe uma invisibilização sistemática da violência cometida contra os povos indígenas.”

Para Yawara, Alice e Tukano entrevistaram diversos pesquisadores e historiadores especializados na história indígena, incluindo Marcelo Zelic, responsável pelo resgate do Relatório Figueiredo, que morreu em 2023. “O projeto surgiu através dessa conexão com ele”, explicou Alice, que conversou com o pesquisador um dia antes de sua morte. “Ao passo que eu ia lendo, e eu também ia aprendendo, ia me envolvendo, aquilo foi me transformando. (...) O futuro é indígena. Então, sem eles, a gente não existe. Todos nós temos que participar dessa luta.”

Alice Braga e Daiara Tukano em coletiva de imprensa na CCXP24; Foto: Nico Garófalo/Estadão

Indígena, Tukano lembrou que a luta de seu povo vai muito além do Relatório Figueiredo e que, de modo geral, a visão sobre a perseguição aos povos nativos é superficial. “Quando a gente nasce num buraco, a perspectiva é outra. Estou falando enquanto povo indígena, quando a gente nasce dentro daquela [situação], tem outro ponto de vista, outro nível de violência.”

“A ditadura instaurou, literalmente, campos de concentração indígenas no Brasil”, seguiu Tukano. “E praticou contra a nossa população todos os tipos de tortura que depois foram praticadas no DOPS [antigo Departamento de Ordem Política e Socia] no resto do País. Então, o nosso buraco está mais embaixo há bem mais tempo mesmo.”

“A gente está falando do passado o tempo inteiro”, disse Alice. “Mas a gente está muito falando do agora, por isso que é importante estar muito atento a tudo o que está acontecendo no mundo, politicamente, economicamente, culturalmente.” A atriz ainda citou Ainda Estou Aqui, sucesso do cinema nacional, para falar da importância de manter as memórias sobre as atrocidades do passado vivas no imaginário popular. “Nosso desejo com Yawara é um pouco manter essa memória viva para o que está acontecendo agora também, é um desejo dessa audiossérie que a gente fez.”

“Acho que o meu desejo de fazer um projeto como Yawara é manter a memória viva e trazer a consciência para a sociedade. Estou muito feliz de estar aqui, de poder estar com os jovens, porque é muito importante a gente lembrar, a gente falar sobre isso”, concluiu Tukano.

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