'And Just Like That': As amigas envelheceram. E isso é bom


'Reboot’ de ‘Sex and the City’ traz novos e atuais temas ao dia a dia de Carrie, Miranda e Charlotte

Por Ana Carolina Sacoman

Envelhecer não é fácil. Um dia o espelho mostra tudo meio fora de lugar, a gente perde colágeno e cabelos e tenta se convencer que a experiência adquirida é o que vale. Pelos dois primeiros episódios liberados pela HBO Max de And Just Like That..., a continuação de Sex and the City, Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes e Charlotte York parecem ter voltado após 17 anos só para jogar isso na nossa cara. E para causar desconforto.

As roupas e os sapatos fabulosos continuam lá, mas em vez do sexo e dos relacionamentos tóxicos em pauta nos anos 90, aparecem agora cabelos brancos e ageísmo, junto com racismo e questões de gênero. Por enquanto, está tudo misturado no mesmo balaio, e a ansiedade em apresentar novos e atuais temas cansa um tantinho.

Às vezes, isso parece também meio forçado. Como na cena em que Miranda (Cynthia Nixon) volta a estudar e é julgada pela professora jovem e descolada só porque não usa um Kindle e prefere carregar quilos de livros em papel. O leitor digital nem é uma tecnologia tão nova assim, né, gente? Bom, seguimos.

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'And Just Like That...' dá continuidade às tramas e personagens de 'Sex and the City' Foto: HBO Max

Em outras cenas, no entanto, quem ainda não chegou aos 50, mas está a caminho, sente uma pontada aqui, uma lágrima corre acolá, a gente pensa um tantinho na vida (não, não vou dar spoiler). As dificuldades dessas três mulheres em um mundo fabricado para aparecer no Instagram e balançado pela pandemia – os novos episódios se passam justamente na retomada pós-covid – mais que pura diversão devem fazer pensar.

A ausência de Samantha Jones (Kim Cattrall) pesa. Na “vida real” a troca de farpas com a protagonista, Sarah Jessica Parker, inviabilizou a participação dela. Na série elas também brigam, e Samantha vai viver em Londres, incomunicável. Parêntese aqui: não é verossímil que uma amizade de tantos e tantos anos, posta à prova milhares de vezes, acabe pelo que parece uma picuinha. Também não é factível que mesmo depois de um acontecimento muito grave na vida de uma delas essas mulheres não voltem a se falar nem pelo WhatsApp.

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Outra coisa inexplicável: como Carrie, uma mulher que passou sua vida adulta escrevendo sobre sexo em um jornal tem agora vergonha de falar sobre o assunto em um podcast? Talvez os próximos episódios possam esclarecer isso. O núcleo do podcast, aliás, já mostrou a que veio, com a ótima Che Diaz (Sara Ramírez, de Grey’s Anatomy) como uma comediante de stand-up não binária e sem papas na língua. Tomara que a personagem cresça.

Charlotte (Kristin Davis) continua, na minha opinião, a parte frágil da história. Ela volta ainda mais infantilizada e mimada. Critica o cabelo branco da amiga, pega no pé da filha adolescente por causa da aparência e se importa com o que os outros vão pensar – quem, aos 55 anos, se importa com que os outros vão pensar? Libertem Charlotte, já! O marido, Harry Goldenblatt (Evan Handler), ótima surpresa na série original, chega apagado nos dois primeiros episódios. Tudo bem, os homens, com exceção talvez de Mr. Big (Chris Noth), não são mesmo os personagens importantes dessa história.

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Miranda, de novo, parece ser a única mais “gente como a gente”. Ela se embaraça entre jovens na sala de aula, sofre com o filho adolescente sexualmente ativo – o bebê ruivo cresceu, gente! – e busca uma virada profissional aos 50 e poucos anos. E tem Carrie. Sarah Jessica Parker continua uma diva maravilhosa e só de vê-la a gente já quer se vestir melhor. A reviravolta em sua vida é mais profunda e tocante, acho que muita gente vai se identificar. Meu palpite é que ela vai respeitar um pouco mais as suas vontades a partir de agora. Será?

Ainda faltam oito episódios e muita água vai rolar. Poderia ser mais leve? Essa era a minha expectativa, mas foi bom ser surpreendida. Que as (agora três) amigas possam ensinar que envelhecer não é uma armadilha, nem se trata só de perder colágeno, como falei lá em cima. Tem a ver com se adaptar ao seu tempo sem perder a leveza nem as preciosas amizades que construímos pela vida, apesar das derrotas pelo caminho.

Envelhecer não é fácil. Um dia o espelho mostra tudo meio fora de lugar, a gente perde colágeno e cabelos e tenta se convencer que a experiência adquirida é o que vale. Pelos dois primeiros episódios liberados pela HBO Max de And Just Like That..., a continuação de Sex and the City, Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes e Charlotte York parecem ter voltado após 17 anos só para jogar isso na nossa cara. E para causar desconforto.

As roupas e os sapatos fabulosos continuam lá, mas em vez do sexo e dos relacionamentos tóxicos em pauta nos anos 90, aparecem agora cabelos brancos e ageísmo, junto com racismo e questões de gênero. Por enquanto, está tudo misturado no mesmo balaio, e a ansiedade em apresentar novos e atuais temas cansa um tantinho.

Às vezes, isso parece também meio forçado. Como na cena em que Miranda (Cynthia Nixon) volta a estudar e é julgada pela professora jovem e descolada só porque não usa um Kindle e prefere carregar quilos de livros em papel. O leitor digital nem é uma tecnologia tão nova assim, né, gente? Bom, seguimos.

'And Just Like That...' dá continuidade às tramas e personagens de 'Sex and the City' Foto: HBO Max

Em outras cenas, no entanto, quem ainda não chegou aos 50, mas está a caminho, sente uma pontada aqui, uma lágrima corre acolá, a gente pensa um tantinho na vida (não, não vou dar spoiler). As dificuldades dessas três mulheres em um mundo fabricado para aparecer no Instagram e balançado pela pandemia – os novos episódios se passam justamente na retomada pós-covid – mais que pura diversão devem fazer pensar.

A ausência de Samantha Jones (Kim Cattrall) pesa. Na “vida real” a troca de farpas com a protagonista, Sarah Jessica Parker, inviabilizou a participação dela. Na série elas também brigam, e Samantha vai viver em Londres, incomunicável. Parêntese aqui: não é verossímil que uma amizade de tantos e tantos anos, posta à prova milhares de vezes, acabe pelo que parece uma picuinha. Também não é factível que mesmo depois de um acontecimento muito grave na vida de uma delas essas mulheres não voltem a se falar nem pelo WhatsApp.

Outra coisa inexplicável: como Carrie, uma mulher que passou sua vida adulta escrevendo sobre sexo em um jornal tem agora vergonha de falar sobre o assunto em um podcast? Talvez os próximos episódios possam esclarecer isso. O núcleo do podcast, aliás, já mostrou a que veio, com a ótima Che Diaz (Sara Ramírez, de Grey’s Anatomy) como uma comediante de stand-up não binária e sem papas na língua. Tomara que a personagem cresça.

Charlotte (Kristin Davis) continua, na minha opinião, a parte frágil da história. Ela volta ainda mais infantilizada e mimada. Critica o cabelo branco da amiga, pega no pé da filha adolescente por causa da aparência e se importa com o que os outros vão pensar – quem, aos 55 anos, se importa com que os outros vão pensar? Libertem Charlotte, já! O marido, Harry Goldenblatt (Evan Handler), ótima surpresa na série original, chega apagado nos dois primeiros episódios. Tudo bem, os homens, com exceção talvez de Mr. Big (Chris Noth), não são mesmo os personagens importantes dessa história.

Miranda, de novo, parece ser a única mais “gente como a gente”. Ela se embaraça entre jovens na sala de aula, sofre com o filho adolescente sexualmente ativo – o bebê ruivo cresceu, gente! – e busca uma virada profissional aos 50 e poucos anos. E tem Carrie. Sarah Jessica Parker continua uma diva maravilhosa e só de vê-la a gente já quer se vestir melhor. A reviravolta em sua vida é mais profunda e tocante, acho que muita gente vai se identificar. Meu palpite é que ela vai respeitar um pouco mais as suas vontades a partir de agora. Será?

Ainda faltam oito episódios e muita água vai rolar. Poderia ser mais leve? Essa era a minha expectativa, mas foi bom ser surpreendida. Que as (agora três) amigas possam ensinar que envelhecer não é uma armadilha, nem se trata só de perder colágeno, como falei lá em cima. Tem a ver com se adaptar ao seu tempo sem perder a leveza nem as preciosas amizades que construímos pela vida, apesar das derrotas pelo caminho.

Envelhecer não é fácil. Um dia o espelho mostra tudo meio fora de lugar, a gente perde colágeno e cabelos e tenta se convencer que a experiência adquirida é o que vale. Pelos dois primeiros episódios liberados pela HBO Max de And Just Like That..., a continuação de Sex and the City, Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes e Charlotte York parecem ter voltado após 17 anos só para jogar isso na nossa cara. E para causar desconforto.

As roupas e os sapatos fabulosos continuam lá, mas em vez do sexo e dos relacionamentos tóxicos em pauta nos anos 90, aparecem agora cabelos brancos e ageísmo, junto com racismo e questões de gênero. Por enquanto, está tudo misturado no mesmo balaio, e a ansiedade em apresentar novos e atuais temas cansa um tantinho.

Às vezes, isso parece também meio forçado. Como na cena em que Miranda (Cynthia Nixon) volta a estudar e é julgada pela professora jovem e descolada só porque não usa um Kindle e prefere carregar quilos de livros em papel. O leitor digital nem é uma tecnologia tão nova assim, né, gente? Bom, seguimos.

'And Just Like That...' dá continuidade às tramas e personagens de 'Sex and the City' Foto: HBO Max

Em outras cenas, no entanto, quem ainda não chegou aos 50, mas está a caminho, sente uma pontada aqui, uma lágrima corre acolá, a gente pensa um tantinho na vida (não, não vou dar spoiler). As dificuldades dessas três mulheres em um mundo fabricado para aparecer no Instagram e balançado pela pandemia – os novos episódios se passam justamente na retomada pós-covid – mais que pura diversão devem fazer pensar.

A ausência de Samantha Jones (Kim Cattrall) pesa. Na “vida real” a troca de farpas com a protagonista, Sarah Jessica Parker, inviabilizou a participação dela. Na série elas também brigam, e Samantha vai viver em Londres, incomunicável. Parêntese aqui: não é verossímil que uma amizade de tantos e tantos anos, posta à prova milhares de vezes, acabe pelo que parece uma picuinha. Também não é factível que mesmo depois de um acontecimento muito grave na vida de uma delas essas mulheres não voltem a se falar nem pelo WhatsApp.

Outra coisa inexplicável: como Carrie, uma mulher que passou sua vida adulta escrevendo sobre sexo em um jornal tem agora vergonha de falar sobre o assunto em um podcast? Talvez os próximos episódios possam esclarecer isso. O núcleo do podcast, aliás, já mostrou a que veio, com a ótima Che Diaz (Sara Ramírez, de Grey’s Anatomy) como uma comediante de stand-up não binária e sem papas na língua. Tomara que a personagem cresça.

Charlotte (Kristin Davis) continua, na minha opinião, a parte frágil da história. Ela volta ainda mais infantilizada e mimada. Critica o cabelo branco da amiga, pega no pé da filha adolescente por causa da aparência e se importa com o que os outros vão pensar – quem, aos 55 anos, se importa com que os outros vão pensar? Libertem Charlotte, já! O marido, Harry Goldenblatt (Evan Handler), ótima surpresa na série original, chega apagado nos dois primeiros episódios. Tudo bem, os homens, com exceção talvez de Mr. Big (Chris Noth), não são mesmo os personagens importantes dessa história.

Miranda, de novo, parece ser a única mais “gente como a gente”. Ela se embaraça entre jovens na sala de aula, sofre com o filho adolescente sexualmente ativo – o bebê ruivo cresceu, gente! – e busca uma virada profissional aos 50 e poucos anos. E tem Carrie. Sarah Jessica Parker continua uma diva maravilhosa e só de vê-la a gente já quer se vestir melhor. A reviravolta em sua vida é mais profunda e tocante, acho que muita gente vai se identificar. Meu palpite é que ela vai respeitar um pouco mais as suas vontades a partir de agora. Será?

Ainda faltam oito episódios e muita água vai rolar. Poderia ser mais leve? Essa era a minha expectativa, mas foi bom ser surpreendida. Que as (agora três) amigas possam ensinar que envelhecer não é uma armadilha, nem se trata só de perder colágeno, como falei lá em cima. Tem a ver com se adaptar ao seu tempo sem perder a leveza nem as preciosas amizades que construímos pela vida, apesar das derrotas pelo caminho.

Envelhecer não é fácil. Um dia o espelho mostra tudo meio fora de lugar, a gente perde colágeno e cabelos e tenta se convencer que a experiência adquirida é o que vale. Pelos dois primeiros episódios liberados pela HBO Max de And Just Like That..., a continuação de Sex and the City, Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes e Charlotte York parecem ter voltado após 17 anos só para jogar isso na nossa cara. E para causar desconforto.

As roupas e os sapatos fabulosos continuam lá, mas em vez do sexo e dos relacionamentos tóxicos em pauta nos anos 90, aparecem agora cabelos brancos e ageísmo, junto com racismo e questões de gênero. Por enquanto, está tudo misturado no mesmo balaio, e a ansiedade em apresentar novos e atuais temas cansa um tantinho.

Às vezes, isso parece também meio forçado. Como na cena em que Miranda (Cynthia Nixon) volta a estudar e é julgada pela professora jovem e descolada só porque não usa um Kindle e prefere carregar quilos de livros em papel. O leitor digital nem é uma tecnologia tão nova assim, né, gente? Bom, seguimos.

'And Just Like That...' dá continuidade às tramas e personagens de 'Sex and the City' Foto: HBO Max

Em outras cenas, no entanto, quem ainda não chegou aos 50, mas está a caminho, sente uma pontada aqui, uma lágrima corre acolá, a gente pensa um tantinho na vida (não, não vou dar spoiler). As dificuldades dessas três mulheres em um mundo fabricado para aparecer no Instagram e balançado pela pandemia – os novos episódios se passam justamente na retomada pós-covid – mais que pura diversão devem fazer pensar.

A ausência de Samantha Jones (Kim Cattrall) pesa. Na “vida real” a troca de farpas com a protagonista, Sarah Jessica Parker, inviabilizou a participação dela. Na série elas também brigam, e Samantha vai viver em Londres, incomunicável. Parêntese aqui: não é verossímil que uma amizade de tantos e tantos anos, posta à prova milhares de vezes, acabe pelo que parece uma picuinha. Também não é factível que mesmo depois de um acontecimento muito grave na vida de uma delas essas mulheres não voltem a se falar nem pelo WhatsApp.

Outra coisa inexplicável: como Carrie, uma mulher que passou sua vida adulta escrevendo sobre sexo em um jornal tem agora vergonha de falar sobre o assunto em um podcast? Talvez os próximos episódios possam esclarecer isso. O núcleo do podcast, aliás, já mostrou a que veio, com a ótima Che Diaz (Sara Ramírez, de Grey’s Anatomy) como uma comediante de stand-up não binária e sem papas na língua. Tomara que a personagem cresça.

Charlotte (Kristin Davis) continua, na minha opinião, a parte frágil da história. Ela volta ainda mais infantilizada e mimada. Critica o cabelo branco da amiga, pega no pé da filha adolescente por causa da aparência e se importa com o que os outros vão pensar – quem, aos 55 anos, se importa com que os outros vão pensar? Libertem Charlotte, já! O marido, Harry Goldenblatt (Evan Handler), ótima surpresa na série original, chega apagado nos dois primeiros episódios. Tudo bem, os homens, com exceção talvez de Mr. Big (Chris Noth), não são mesmo os personagens importantes dessa história.

Miranda, de novo, parece ser a única mais “gente como a gente”. Ela se embaraça entre jovens na sala de aula, sofre com o filho adolescente sexualmente ativo – o bebê ruivo cresceu, gente! – e busca uma virada profissional aos 50 e poucos anos. E tem Carrie. Sarah Jessica Parker continua uma diva maravilhosa e só de vê-la a gente já quer se vestir melhor. A reviravolta em sua vida é mais profunda e tocante, acho que muita gente vai se identificar. Meu palpite é que ela vai respeitar um pouco mais as suas vontades a partir de agora. Será?

Ainda faltam oito episódios e muita água vai rolar. Poderia ser mais leve? Essa era a minha expectativa, mas foi bom ser surpreendida. Que as (agora três) amigas possam ensinar que envelhecer não é uma armadilha, nem se trata só de perder colágeno, como falei lá em cima. Tem a ver com se adaptar ao seu tempo sem perder a leveza nem as preciosas amizades que construímos pela vida, apesar das derrotas pelo caminho.

Envelhecer não é fácil. Um dia o espelho mostra tudo meio fora de lugar, a gente perde colágeno e cabelos e tenta se convencer que a experiência adquirida é o que vale. Pelos dois primeiros episódios liberados pela HBO Max de And Just Like That..., a continuação de Sex and the City, Carrie Bradshaw, Miranda Hobbes e Charlotte York parecem ter voltado após 17 anos só para jogar isso na nossa cara. E para causar desconforto.

As roupas e os sapatos fabulosos continuam lá, mas em vez do sexo e dos relacionamentos tóxicos em pauta nos anos 90, aparecem agora cabelos brancos e ageísmo, junto com racismo e questões de gênero. Por enquanto, está tudo misturado no mesmo balaio, e a ansiedade em apresentar novos e atuais temas cansa um tantinho.

Às vezes, isso parece também meio forçado. Como na cena em que Miranda (Cynthia Nixon) volta a estudar e é julgada pela professora jovem e descolada só porque não usa um Kindle e prefere carregar quilos de livros em papel. O leitor digital nem é uma tecnologia tão nova assim, né, gente? Bom, seguimos.

'And Just Like That...' dá continuidade às tramas e personagens de 'Sex and the City' Foto: HBO Max

Em outras cenas, no entanto, quem ainda não chegou aos 50, mas está a caminho, sente uma pontada aqui, uma lágrima corre acolá, a gente pensa um tantinho na vida (não, não vou dar spoiler). As dificuldades dessas três mulheres em um mundo fabricado para aparecer no Instagram e balançado pela pandemia – os novos episódios se passam justamente na retomada pós-covid – mais que pura diversão devem fazer pensar.

A ausência de Samantha Jones (Kim Cattrall) pesa. Na “vida real” a troca de farpas com a protagonista, Sarah Jessica Parker, inviabilizou a participação dela. Na série elas também brigam, e Samantha vai viver em Londres, incomunicável. Parêntese aqui: não é verossímil que uma amizade de tantos e tantos anos, posta à prova milhares de vezes, acabe pelo que parece uma picuinha. Também não é factível que mesmo depois de um acontecimento muito grave na vida de uma delas essas mulheres não voltem a se falar nem pelo WhatsApp.

Outra coisa inexplicável: como Carrie, uma mulher que passou sua vida adulta escrevendo sobre sexo em um jornal tem agora vergonha de falar sobre o assunto em um podcast? Talvez os próximos episódios possam esclarecer isso. O núcleo do podcast, aliás, já mostrou a que veio, com a ótima Che Diaz (Sara Ramírez, de Grey’s Anatomy) como uma comediante de stand-up não binária e sem papas na língua. Tomara que a personagem cresça.

Charlotte (Kristin Davis) continua, na minha opinião, a parte frágil da história. Ela volta ainda mais infantilizada e mimada. Critica o cabelo branco da amiga, pega no pé da filha adolescente por causa da aparência e se importa com o que os outros vão pensar – quem, aos 55 anos, se importa com que os outros vão pensar? Libertem Charlotte, já! O marido, Harry Goldenblatt (Evan Handler), ótima surpresa na série original, chega apagado nos dois primeiros episódios. Tudo bem, os homens, com exceção talvez de Mr. Big (Chris Noth), não são mesmo os personagens importantes dessa história.

Miranda, de novo, parece ser a única mais “gente como a gente”. Ela se embaraça entre jovens na sala de aula, sofre com o filho adolescente sexualmente ativo – o bebê ruivo cresceu, gente! – e busca uma virada profissional aos 50 e poucos anos. E tem Carrie. Sarah Jessica Parker continua uma diva maravilhosa e só de vê-la a gente já quer se vestir melhor. A reviravolta em sua vida é mais profunda e tocante, acho que muita gente vai se identificar. Meu palpite é que ela vai respeitar um pouco mais as suas vontades a partir de agora. Será?

Ainda faltam oito episódios e muita água vai rolar. Poderia ser mais leve? Essa era a minha expectativa, mas foi bom ser surpreendida. Que as (agora três) amigas possam ensinar que envelhecer não é uma armadilha, nem se trata só de perder colágeno, como falei lá em cima. Tem a ver com se adaptar ao seu tempo sem perder a leveza nem as preciosas amizades que construímos pela vida, apesar das derrotas pelo caminho.

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