Entretenimento com responsabilidade talvez seja a definição mais precisa para Queer Eye, série da Netflix que ultrapassa a lacração LGBT meramente discursiva e traz como mote principal o poder da empatia. Com quatro temporadas ambientadas nos EUA e uma temporada especial no Japão, o reality é o ‘reboot’ do sucesso dos anos 2000 ‘Queer Eye for the Straight Guy’.
O programa de ‘transformação de vida’ é apresentado por cinco homens gays que mergulham na rotina dos participantes para identificar no que os convidados - que são indicados por amigos ou familiares - podem melhorar. Nada é invasivo ou impositivo e todas as mudanças são decididas em comum acordo, mas com um empurrãozinho dos apresentadores.
Ao contrário de outros programas de ‘transformação pessoal’, Queer Eye foge dos estereótipos, eliminando a histeria comum ao formato, tingida muitas vezes com tons autoritários em outras produções do tipo. Mais do que entregar uma receita aos participantes, a premissa é construir em conjunto o desenvolvimento da autoestima destes personagens nos aspectos mais diversos de suas vidas.
Visibilidade LGBT Sem militância evidente, os fab five demonstram pelo exemplo a riqueza da convivência e da troca entre os diversos pontos de vista. Não há restrição quanto ao perfil dos indicados, fator que permite com que apareçam no “elenco” os mais diferentes contextos de vida, cultura, identidade e politização - sempre tratados com atenção, escuta e diálogo. O resultado é o reforço da visibilidade positiva para a comunidade LGBT.
Para o esquema funcionar, o reality conta com cinco homens gays - por isso o termo queer que remete à diversidade -, especialistas em várias áreas, que formam o esquadrão interventor, ou ‘fab five’. Antoni Porowski é o expert em culinária, Tan France cuida do guarda-roupas, Bobby Berk faz as reformas na casa dos indicados, Jonathan Van Ness é o cabeleireiro e especialista em cuidados pessoais e Karamo Brown ajuda na auto-estima e comportamento.
Com cuidado pelo tempo e vontade dos indicados, o quinteto consegue expor os dilemas, dificuldades e conflitos dos personagens, tornando-os associáveis à audiência e gerando identificação. O envolvimento com a história na tela toca em sentimentos profundos, despertando empatia ao mesmo tempo que transmite a mensagem de aceitação e respeito.
Temporada brasileira Ao podcast ‘Episódio’, a Netflix confirmou os rumores de produção de uma temporada do reality no Brasil. Entretanto, o serviço de streaming não deu mais detalhes, mantendo o mistério sobre a possibilidade de ser uma adaptação com elenco nacional ou uma nova extensão da série nos moldes do especial japonês.