Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead contam desafios de trabalhar juntos em série claustrofóbica


Casal, que se conheceu em ‘Fargo’, volta a contracenar em ‘Um Cavalheiro em Moscou’. Ele interpreta um aristocrata condenado à prisão domiciliar, em um hotel de luxo, depois da Revolução Russa e ela, uma atriz; produção estreia na Paramount+ em maio

Por Alexis Soloski
Foto: Thea Traff/NYT
Entrevista comEwan McGregor e Mary Elizabeth Winstead Ator e atriz

NOVA YORK — Na primeira vez em que Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead filmaram uma cena juntos, eles estavam numa banheira, quase nus. McGregor, com uma peruca extremamente desfavorável, estufava a barriga o máximo que conseguia.

“Você estava tentando ficar o mais grotesco possível”, disse Winstead, afetuosamente.

A conversa se deu numa tarde recente, no subsolo gelado de um hotel no centro de NY, onde McGregor e Winstead se aconchegavam em um sofá de dois lugares, a jaqueta dele sobre os ombros, a mão no joelho dela. Eles se conheceram em 2017, no set da terceira temporada de Fargo, no papel de Ray Stussy, um infeliz oficial de condicional, e Nikki Swango, sua namorada vigarista. (McGregor também interpretou Emmit Stussy, irmão gêmeo de Ray).

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Dois anos depois, em 2019, eles filmaram Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, mas não estiveram juntos nas mesmas cenas. Ambos também participam da franquia Star Wars – McGregor nos filmes dos anos 1990 e 2000 e na série mais recente Obi-Wan Kenobi, Winstead em Ahsoka – embora, mais uma vez, não tenham compartilhado cenas. Em 2021, Winstead deu à luz o filho do casal. No ano seguinte, eles se casaram.

Agora, eles se encontraram na tela para Um Cavalheiro em Moscou, que chega ao Brasil pela Paramount+ no dia 17 de maio. A adaptação do romance de Amor Towles [publicado no Brasil pela Intrínseca] é estrelada por McGregor como o conde Alexander Ilyich Rostov, um aristocrata bigodudo condenado à prisão domiciliar em um hotel de luxo nos anos após a Revolução Russa. Winstead aparece como Anna Urbanova, atriz e às vezes namorada do conde. De alguma forma, nos confins do hotel, eles inventam uma vida.

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Durante uma hora de conversa, em um hotel um pouco mais modesto que o Metropol de Moscou, eles falaram sobre claustrofobia, pelos faciais e os benefícios e malefícios de trabalhar como casal. Aqui vão trechos editados da conversa.

Como vocês entraram no projeto de Um Cavalheiro em Moscou?

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McGREGOR: Chegou para mim primeiro. Adorei a grandiosidade do drama, o amor, a perda e o romance. Sinto que está cada vez mais difícil ter a chance de falar dessas coisas. No fundo, é a história de um homem que está aprendendo a ser marido, aprendendo a ser pai e abandonando suas ideias sobre o modo de vida aristocrático para descobrir quem ele é de verdade.

WINSTEAD: Você deu a entender que havia uma grande personagem feminina ali. Lendo o livro, pensei: “Oh, meu Deus, seria uma oportunidade bem interessante interpretá-la”. Mas fiquei muito hesitante, porque a última coisa que eu queria era tentar um papel e depois alguém pensar que estava tentando por ser casada com você. Eu só queria dizer baixinho: “Acho que é um papel ótimo, se você achar que sou a pessoa certa para ele”.

Vocês ficaram com uma sensação de claustrofobia por filmar naqueles poucos quartos de hotel?

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McGREGOR: Tinha que ser assim. Tinha que dar essa sensação. Vira uma lupa nas personagens.

WINSTEAD: É uma das grandes vantagens dos espaços confinados. Como atriz, é empolgante, porque não tem outro lugar para ir além das palavras. É ótimo saber que o foco vai ser nisso, e não na pirotecnia.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação
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Você deixou o bigode crescer?

McGREGOR: Não tinha outro jeito. Não podia ser um bigode de mentira. Já usei desses bigodes e eles são terríveis. Você chega de manhã, sempre de barba feita, e depois passa cola naquela pele barbeada, o que é horrível. Aí você cola o bigode, mas ele impede você de mexer o rosto. A última coisa em que você quer pensar quando está atuando é não se mexer. Então deixei o bigode crescer mesmo.

Durante a greve, eu não sabia quando voltaríamos, então deixei crescer a barba toda. Porque ninguém quer ter só um bigode daquele na vida real. Quer dizer, tem gente que gosta de bigode, mas eu não gosto muito.

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Fale um pouco sobre Alexander.

McGREGOR: Ele é um aristocrata. Gostava da vida nobre da sua classe social. Aí a revolução acaba com tudo isso. Os revolucionários permitem que ele siga vivendo, mas acabam com o resto da sua classe. Então ele fica meio perdido.

E quanto a Anna? Ela é uma boa atriz?

WINSTEAD: Anna acredita que sim. Eu acho que ela leva o ofício muito a sério. É uma coisa positiva na vida dela, dá um propósito a ela. Ela aguenta firme, mesmo que nem sempre seja uma estrela. Acho que já vale o bastante.

Eles se conhecem de um jeito ótimo, quando o conde doma os cães de caça de Anna. Como é a atração inicial deles?

WINSTEAD: Eu o acho muito intrigante de imediato. A maneira como ele trata meus cães desperta alguma coisa. Nossa conversa me deixa ainda mais intrigada. Então, ouvindo sobre ele e sabendo que ele está preso no hotel, o mistério me interessa como uma mulher que logo fica entediada com a maioria dos homens que estão ao meu redor. Com o tempo, isso vira muito, muito mais.

E é muito bonito que leve mais tempo. Muitos anos se passam até que eles percebam que estão apaixonados. Tem algo lindo nessa progressão lenta. Especialmente para Anna. Ela resiste ao sentimento. Mas esse sentimento a arrebata como uma onda.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead fotografados pelo 'The New York Times'. O casal estrela a série 'Um Cavalheiro em Moscou', da Paramount. Foto: Thea Traff/The New York Times

Pelo que sei, vocês não se conheciam antes de ‘Fargo’. Mas, Mary, é verdade que você tinha uma queda por ele quando era adolescente?

WINSTEAD: A questão é que, se você fosse adolescente na época de Trainspotting - Sem Limites e Moulin Rouge, era impossível não saber dele. Mas eu não tinha pôster na parede. Não escrevia o nome dele no caderno.

Bom, acho que isso seria meio bizarro. Como foi trabalhar juntos em ‘Fargo’?

WINSTEAD: Nós adoramos.

McGREGOR: Adoramos mesmo. Era um roteiro incrível. Sinto que fiz duas séries diferentes, porque interpretei dois personagens diferentes. Mas nosso enredo era incrível. Interpretar Ray e Nikki, que dupla incrível, que parceria incrível, que casal excêntrico.

WINSTEAD: Eu me lembro de ter conhecido Noah [Hawley, o produtor executivo] e minha única pergunta foi: “Ela o ama de verdade?” E ele disse, “Sim”. Aí ficou muito mais interessante interpretar uma vigarista com coração, por mais cafona que pareça. É muito mais divertido ter uma coisa de verdade no centro de tudo.

Mary, você chegou a falar sobre uma desvantagem de trabalhar juntos, pois as pessoas podem pensar que você conseguiu o papel por outros motivos que não o seu talento.

WINSTEAD: Claro, sempre tem alguém na internet que faz esse tipo de comentário, mas estou segura o suficiente para não me preocupar com isso, porque sei a verdade, e a verdade é que as pessoas querem trabalhar comigo. Quando ficamos juntos pela primeira vez, eu estava concorrendo a um papel em um projeto onde ele também estava. Ficaram preocupados com o risco de trazermos algum tipo de drama para o set, o que achamos muito engraçado porque não somos pessoas muito dramáticas. Mas você tem que deixar o tempo lidar com isso. Agora está claro que somos um casal bem sensato, que não vamos sair por aí quebrando as coisas. Fora isso, é só vantagem, porque as pessoas que nos conhecem e gostam do nosso trabalho ficam felizes e empolgadas em nos juntar para trabalhar de vez em quando, o que uma sorte imensa para nós.

McGREGOR: Não tem nenhuma desvantagem. É ótimo ir ao trabalho juntos, trabalhar juntos, voltar para casa juntos. É a melhor coisa do mundo, de verdade.

Ewan McGregor em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação

Como foi trabalhar juntos dessa vez?

McGREGOR: Ficou muito mais divertido interpretar as cenas mais frias e indiferentes do começo da história. Depois que eles passam a noite juntos, ela não fala com ele, nem olha para ele.

WINSTEAD: Aí depois, quando as coisas ficam mais profundas, foi muito emocionante. Não consigo falar sobre isso sem chorar. Estava tudo lá, o que é uma coisa incrível. É tipo: Ah, estou aqui na frente do meu companheiro. Então, vou deixar os sentimentos todos transbordarem.

Você gostou dele com aquele bigode?

WINSTEAD: Acho que sim, sabe? Gostei por um bom tempo. Mas comecei a ficar com saudade do rosto dele.

Vocês vão trabalhar juntos de novo?

WINSTEAD: Não sei.

McGREGOR [ao mesmo tempo]: Sim!

WINSTEAD: Esperamos que sim. É só uma questão de encontrar a coisa certa.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

NOVA YORK — Na primeira vez em que Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead filmaram uma cena juntos, eles estavam numa banheira, quase nus. McGregor, com uma peruca extremamente desfavorável, estufava a barriga o máximo que conseguia.

“Você estava tentando ficar o mais grotesco possível”, disse Winstead, afetuosamente.

A conversa se deu numa tarde recente, no subsolo gelado de um hotel no centro de NY, onde McGregor e Winstead se aconchegavam em um sofá de dois lugares, a jaqueta dele sobre os ombros, a mão no joelho dela. Eles se conheceram em 2017, no set da terceira temporada de Fargo, no papel de Ray Stussy, um infeliz oficial de condicional, e Nikki Swango, sua namorada vigarista. (McGregor também interpretou Emmit Stussy, irmão gêmeo de Ray).

Dois anos depois, em 2019, eles filmaram Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, mas não estiveram juntos nas mesmas cenas. Ambos também participam da franquia Star Wars – McGregor nos filmes dos anos 1990 e 2000 e na série mais recente Obi-Wan Kenobi, Winstead em Ahsoka – embora, mais uma vez, não tenham compartilhado cenas. Em 2021, Winstead deu à luz o filho do casal. No ano seguinte, eles se casaram.

Agora, eles se encontraram na tela para Um Cavalheiro em Moscou, que chega ao Brasil pela Paramount+ no dia 17 de maio. A adaptação do romance de Amor Towles [publicado no Brasil pela Intrínseca] é estrelada por McGregor como o conde Alexander Ilyich Rostov, um aristocrata bigodudo condenado à prisão domiciliar em um hotel de luxo nos anos após a Revolução Russa. Winstead aparece como Anna Urbanova, atriz e às vezes namorada do conde. De alguma forma, nos confins do hotel, eles inventam uma vida.

Durante uma hora de conversa, em um hotel um pouco mais modesto que o Metropol de Moscou, eles falaram sobre claustrofobia, pelos faciais e os benefícios e malefícios de trabalhar como casal. Aqui vão trechos editados da conversa.

Como vocês entraram no projeto de Um Cavalheiro em Moscou?

McGREGOR: Chegou para mim primeiro. Adorei a grandiosidade do drama, o amor, a perda e o romance. Sinto que está cada vez mais difícil ter a chance de falar dessas coisas. No fundo, é a história de um homem que está aprendendo a ser marido, aprendendo a ser pai e abandonando suas ideias sobre o modo de vida aristocrático para descobrir quem ele é de verdade.

WINSTEAD: Você deu a entender que havia uma grande personagem feminina ali. Lendo o livro, pensei: “Oh, meu Deus, seria uma oportunidade bem interessante interpretá-la”. Mas fiquei muito hesitante, porque a última coisa que eu queria era tentar um papel e depois alguém pensar que estava tentando por ser casada com você. Eu só queria dizer baixinho: “Acho que é um papel ótimo, se você achar que sou a pessoa certa para ele”.

Vocês ficaram com uma sensação de claustrofobia por filmar naqueles poucos quartos de hotel?

McGREGOR: Tinha que ser assim. Tinha que dar essa sensação. Vira uma lupa nas personagens.

WINSTEAD: É uma das grandes vantagens dos espaços confinados. Como atriz, é empolgante, porque não tem outro lugar para ir além das palavras. É ótimo saber que o foco vai ser nisso, e não na pirotecnia.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação

Você deixou o bigode crescer?

McGREGOR: Não tinha outro jeito. Não podia ser um bigode de mentira. Já usei desses bigodes e eles são terríveis. Você chega de manhã, sempre de barba feita, e depois passa cola naquela pele barbeada, o que é horrível. Aí você cola o bigode, mas ele impede você de mexer o rosto. A última coisa em que você quer pensar quando está atuando é não se mexer. Então deixei o bigode crescer mesmo.

Durante a greve, eu não sabia quando voltaríamos, então deixei crescer a barba toda. Porque ninguém quer ter só um bigode daquele na vida real. Quer dizer, tem gente que gosta de bigode, mas eu não gosto muito.

Fale um pouco sobre Alexander.

McGREGOR: Ele é um aristocrata. Gostava da vida nobre da sua classe social. Aí a revolução acaba com tudo isso. Os revolucionários permitem que ele siga vivendo, mas acabam com o resto da sua classe. Então ele fica meio perdido.

E quanto a Anna? Ela é uma boa atriz?

WINSTEAD: Anna acredita que sim. Eu acho que ela leva o ofício muito a sério. É uma coisa positiva na vida dela, dá um propósito a ela. Ela aguenta firme, mesmo que nem sempre seja uma estrela. Acho que já vale o bastante.

Eles se conhecem de um jeito ótimo, quando o conde doma os cães de caça de Anna. Como é a atração inicial deles?

WINSTEAD: Eu o acho muito intrigante de imediato. A maneira como ele trata meus cães desperta alguma coisa. Nossa conversa me deixa ainda mais intrigada. Então, ouvindo sobre ele e sabendo que ele está preso no hotel, o mistério me interessa como uma mulher que logo fica entediada com a maioria dos homens que estão ao meu redor. Com o tempo, isso vira muito, muito mais.

E é muito bonito que leve mais tempo. Muitos anos se passam até que eles percebam que estão apaixonados. Tem algo lindo nessa progressão lenta. Especialmente para Anna. Ela resiste ao sentimento. Mas esse sentimento a arrebata como uma onda.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead fotografados pelo 'The New York Times'. O casal estrela a série 'Um Cavalheiro em Moscou', da Paramount. Foto: Thea Traff/The New York Times

Pelo que sei, vocês não se conheciam antes de ‘Fargo’. Mas, Mary, é verdade que você tinha uma queda por ele quando era adolescente?

WINSTEAD: A questão é que, se você fosse adolescente na época de Trainspotting - Sem Limites e Moulin Rouge, era impossível não saber dele. Mas eu não tinha pôster na parede. Não escrevia o nome dele no caderno.

Bom, acho que isso seria meio bizarro. Como foi trabalhar juntos em ‘Fargo’?

WINSTEAD: Nós adoramos.

McGREGOR: Adoramos mesmo. Era um roteiro incrível. Sinto que fiz duas séries diferentes, porque interpretei dois personagens diferentes. Mas nosso enredo era incrível. Interpretar Ray e Nikki, que dupla incrível, que parceria incrível, que casal excêntrico.

WINSTEAD: Eu me lembro de ter conhecido Noah [Hawley, o produtor executivo] e minha única pergunta foi: “Ela o ama de verdade?” E ele disse, “Sim”. Aí ficou muito mais interessante interpretar uma vigarista com coração, por mais cafona que pareça. É muito mais divertido ter uma coisa de verdade no centro de tudo.

Mary, você chegou a falar sobre uma desvantagem de trabalhar juntos, pois as pessoas podem pensar que você conseguiu o papel por outros motivos que não o seu talento.

WINSTEAD: Claro, sempre tem alguém na internet que faz esse tipo de comentário, mas estou segura o suficiente para não me preocupar com isso, porque sei a verdade, e a verdade é que as pessoas querem trabalhar comigo. Quando ficamos juntos pela primeira vez, eu estava concorrendo a um papel em um projeto onde ele também estava. Ficaram preocupados com o risco de trazermos algum tipo de drama para o set, o que achamos muito engraçado porque não somos pessoas muito dramáticas. Mas você tem que deixar o tempo lidar com isso. Agora está claro que somos um casal bem sensato, que não vamos sair por aí quebrando as coisas. Fora isso, é só vantagem, porque as pessoas que nos conhecem e gostam do nosso trabalho ficam felizes e empolgadas em nos juntar para trabalhar de vez em quando, o que uma sorte imensa para nós.

McGREGOR: Não tem nenhuma desvantagem. É ótimo ir ao trabalho juntos, trabalhar juntos, voltar para casa juntos. É a melhor coisa do mundo, de verdade.

Ewan McGregor em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação

Como foi trabalhar juntos dessa vez?

McGREGOR: Ficou muito mais divertido interpretar as cenas mais frias e indiferentes do começo da história. Depois que eles passam a noite juntos, ela não fala com ele, nem olha para ele.

WINSTEAD: Aí depois, quando as coisas ficam mais profundas, foi muito emocionante. Não consigo falar sobre isso sem chorar. Estava tudo lá, o que é uma coisa incrível. É tipo: Ah, estou aqui na frente do meu companheiro. Então, vou deixar os sentimentos todos transbordarem.

Você gostou dele com aquele bigode?

WINSTEAD: Acho que sim, sabe? Gostei por um bom tempo. Mas comecei a ficar com saudade do rosto dele.

Vocês vão trabalhar juntos de novo?

WINSTEAD: Não sei.

McGREGOR [ao mesmo tempo]: Sim!

WINSTEAD: Esperamos que sim. É só uma questão de encontrar a coisa certa.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

NOVA YORK — Na primeira vez em que Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead filmaram uma cena juntos, eles estavam numa banheira, quase nus. McGregor, com uma peruca extremamente desfavorável, estufava a barriga o máximo que conseguia.

“Você estava tentando ficar o mais grotesco possível”, disse Winstead, afetuosamente.

A conversa se deu numa tarde recente, no subsolo gelado de um hotel no centro de NY, onde McGregor e Winstead se aconchegavam em um sofá de dois lugares, a jaqueta dele sobre os ombros, a mão no joelho dela. Eles se conheceram em 2017, no set da terceira temporada de Fargo, no papel de Ray Stussy, um infeliz oficial de condicional, e Nikki Swango, sua namorada vigarista. (McGregor também interpretou Emmit Stussy, irmão gêmeo de Ray).

Dois anos depois, em 2019, eles filmaram Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, mas não estiveram juntos nas mesmas cenas. Ambos também participam da franquia Star Wars – McGregor nos filmes dos anos 1990 e 2000 e na série mais recente Obi-Wan Kenobi, Winstead em Ahsoka – embora, mais uma vez, não tenham compartilhado cenas. Em 2021, Winstead deu à luz o filho do casal. No ano seguinte, eles se casaram.

Agora, eles se encontraram na tela para Um Cavalheiro em Moscou, que chega ao Brasil pela Paramount+ no dia 17 de maio. A adaptação do romance de Amor Towles [publicado no Brasil pela Intrínseca] é estrelada por McGregor como o conde Alexander Ilyich Rostov, um aristocrata bigodudo condenado à prisão domiciliar em um hotel de luxo nos anos após a Revolução Russa. Winstead aparece como Anna Urbanova, atriz e às vezes namorada do conde. De alguma forma, nos confins do hotel, eles inventam uma vida.

Durante uma hora de conversa, em um hotel um pouco mais modesto que o Metropol de Moscou, eles falaram sobre claustrofobia, pelos faciais e os benefícios e malefícios de trabalhar como casal. Aqui vão trechos editados da conversa.

Como vocês entraram no projeto de Um Cavalheiro em Moscou?

McGREGOR: Chegou para mim primeiro. Adorei a grandiosidade do drama, o amor, a perda e o romance. Sinto que está cada vez mais difícil ter a chance de falar dessas coisas. No fundo, é a história de um homem que está aprendendo a ser marido, aprendendo a ser pai e abandonando suas ideias sobre o modo de vida aristocrático para descobrir quem ele é de verdade.

WINSTEAD: Você deu a entender que havia uma grande personagem feminina ali. Lendo o livro, pensei: “Oh, meu Deus, seria uma oportunidade bem interessante interpretá-la”. Mas fiquei muito hesitante, porque a última coisa que eu queria era tentar um papel e depois alguém pensar que estava tentando por ser casada com você. Eu só queria dizer baixinho: “Acho que é um papel ótimo, se você achar que sou a pessoa certa para ele”.

Vocês ficaram com uma sensação de claustrofobia por filmar naqueles poucos quartos de hotel?

McGREGOR: Tinha que ser assim. Tinha que dar essa sensação. Vira uma lupa nas personagens.

WINSTEAD: É uma das grandes vantagens dos espaços confinados. Como atriz, é empolgante, porque não tem outro lugar para ir além das palavras. É ótimo saber que o foco vai ser nisso, e não na pirotecnia.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação

Você deixou o bigode crescer?

McGREGOR: Não tinha outro jeito. Não podia ser um bigode de mentira. Já usei desses bigodes e eles são terríveis. Você chega de manhã, sempre de barba feita, e depois passa cola naquela pele barbeada, o que é horrível. Aí você cola o bigode, mas ele impede você de mexer o rosto. A última coisa em que você quer pensar quando está atuando é não se mexer. Então deixei o bigode crescer mesmo.

Durante a greve, eu não sabia quando voltaríamos, então deixei crescer a barba toda. Porque ninguém quer ter só um bigode daquele na vida real. Quer dizer, tem gente que gosta de bigode, mas eu não gosto muito.

Fale um pouco sobre Alexander.

McGREGOR: Ele é um aristocrata. Gostava da vida nobre da sua classe social. Aí a revolução acaba com tudo isso. Os revolucionários permitem que ele siga vivendo, mas acabam com o resto da sua classe. Então ele fica meio perdido.

E quanto a Anna? Ela é uma boa atriz?

WINSTEAD: Anna acredita que sim. Eu acho que ela leva o ofício muito a sério. É uma coisa positiva na vida dela, dá um propósito a ela. Ela aguenta firme, mesmo que nem sempre seja uma estrela. Acho que já vale o bastante.

Eles se conhecem de um jeito ótimo, quando o conde doma os cães de caça de Anna. Como é a atração inicial deles?

WINSTEAD: Eu o acho muito intrigante de imediato. A maneira como ele trata meus cães desperta alguma coisa. Nossa conversa me deixa ainda mais intrigada. Então, ouvindo sobre ele e sabendo que ele está preso no hotel, o mistério me interessa como uma mulher que logo fica entediada com a maioria dos homens que estão ao meu redor. Com o tempo, isso vira muito, muito mais.

E é muito bonito que leve mais tempo. Muitos anos se passam até que eles percebam que estão apaixonados. Tem algo lindo nessa progressão lenta. Especialmente para Anna. Ela resiste ao sentimento. Mas esse sentimento a arrebata como uma onda.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead fotografados pelo 'The New York Times'. O casal estrela a série 'Um Cavalheiro em Moscou', da Paramount. Foto: Thea Traff/The New York Times

Pelo que sei, vocês não se conheciam antes de ‘Fargo’. Mas, Mary, é verdade que você tinha uma queda por ele quando era adolescente?

WINSTEAD: A questão é que, se você fosse adolescente na época de Trainspotting - Sem Limites e Moulin Rouge, era impossível não saber dele. Mas eu não tinha pôster na parede. Não escrevia o nome dele no caderno.

Bom, acho que isso seria meio bizarro. Como foi trabalhar juntos em ‘Fargo’?

WINSTEAD: Nós adoramos.

McGREGOR: Adoramos mesmo. Era um roteiro incrível. Sinto que fiz duas séries diferentes, porque interpretei dois personagens diferentes. Mas nosso enredo era incrível. Interpretar Ray e Nikki, que dupla incrível, que parceria incrível, que casal excêntrico.

WINSTEAD: Eu me lembro de ter conhecido Noah [Hawley, o produtor executivo] e minha única pergunta foi: “Ela o ama de verdade?” E ele disse, “Sim”. Aí ficou muito mais interessante interpretar uma vigarista com coração, por mais cafona que pareça. É muito mais divertido ter uma coisa de verdade no centro de tudo.

Mary, você chegou a falar sobre uma desvantagem de trabalhar juntos, pois as pessoas podem pensar que você conseguiu o papel por outros motivos que não o seu talento.

WINSTEAD: Claro, sempre tem alguém na internet que faz esse tipo de comentário, mas estou segura o suficiente para não me preocupar com isso, porque sei a verdade, e a verdade é que as pessoas querem trabalhar comigo. Quando ficamos juntos pela primeira vez, eu estava concorrendo a um papel em um projeto onde ele também estava. Ficaram preocupados com o risco de trazermos algum tipo de drama para o set, o que achamos muito engraçado porque não somos pessoas muito dramáticas. Mas você tem que deixar o tempo lidar com isso. Agora está claro que somos um casal bem sensato, que não vamos sair por aí quebrando as coisas. Fora isso, é só vantagem, porque as pessoas que nos conhecem e gostam do nosso trabalho ficam felizes e empolgadas em nos juntar para trabalhar de vez em quando, o que uma sorte imensa para nós.

McGREGOR: Não tem nenhuma desvantagem. É ótimo ir ao trabalho juntos, trabalhar juntos, voltar para casa juntos. É a melhor coisa do mundo, de verdade.

Ewan McGregor em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação

Como foi trabalhar juntos dessa vez?

McGREGOR: Ficou muito mais divertido interpretar as cenas mais frias e indiferentes do começo da história. Depois que eles passam a noite juntos, ela não fala com ele, nem olha para ele.

WINSTEAD: Aí depois, quando as coisas ficam mais profundas, foi muito emocionante. Não consigo falar sobre isso sem chorar. Estava tudo lá, o que é uma coisa incrível. É tipo: Ah, estou aqui na frente do meu companheiro. Então, vou deixar os sentimentos todos transbordarem.

Você gostou dele com aquele bigode?

WINSTEAD: Acho que sim, sabe? Gostei por um bom tempo. Mas comecei a ficar com saudade do rosto dele.

Vocês vão trabalhar juntos de novo?

WINSTEAD: Não sei.

McGREGOR [ao mesmo tempo]: Sim!

WINSTEAD: Esperamos que sim. É só uma questão de encontrar a coisa certa.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

NOVA YORK — Na primeira vez em que Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead filmaram uma cena juntos, eles estavam numa banheira, quase nus. McGregor, com uma peruca extremamente desfavorável, estufava a barriga o máximo que conseguia.

“Você estava tentando ficar o mais grotesco possível”, disse Winstead, afetuosamente.

A conversa se deu numa tarde recente, no subsolo gelado de um hotel no centro de NY, onde McGregor e Winstead se aconchegavam em um sofá de dois lugares, a jaqueta dele sobre os ombros, a mão no joelho dela. Eles se conheceram em 2017, no set da terceira temporada de Fargo, no papel de Ray Stussy, um infeliz oficial de condicional, e Nikki Swango, sua namorada vigarista. (McGregor também interpretou Emmit Stussy, irmão gêmeo de Ray).

Dois anos depois, em 2019, eles filmaram Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa, mas não estiveram juntos nas mesmas cenas. Ambos também participam da franquia Star Wars – McGregor nos filmes dos anos 1990 e 2000 e na série mais recente Obi-Wan Kenobi, Winstead em Ahsoka – embora, mais uma vez, não tenham compartilhado cenas. Em 2021, Winstead deu à luz o filho do casal. No ano seguinte, eles se casaram.

Agora, eles se encontraram na tela para Um Cavalheiro em Moscou, que chega ao Brasil pela Paramount+ no dia 17 de maio. A adaptação do romance de Amor Towles [publicado no Brasil pela Intrínseca] é estrelada por McGregor como o conde Alexander Ilyich Rostov, um aristocrata bigodudo condenado à prisão domiciliar em um hotel de luxo nos anos após a Revolução Russa. Winstead aparece como Anna Urbanova, atriz e às vezes namorada do conde. De alguma forma, nos confins do hotel, eles inventam uma vida.

Durante uma hora de conversa, em um hotel um pouco mais modesto que o Metropol de Moscou, eles falaram sobre claustrofobia, pelos faciais e os benefícios e malefícios de trabalhar como casal. Aqui vão trechos editados da conversa.

Como vocês entraram no projeto de Um Cavalheiro em Moscou?

McGREGOR: Chegou para mim primeiro. Adorei a grandiosidade do drama, o amor, a perda e o romance. Sinto que está cada vez mais difícil ter a chance de falar dessas coisas. No fundo, é a história de um homem que está aprendendo a ser marido, aprendendo a ser pai e abandonando suas ideias sobre o modo de vida aristocrático para descobrir quem ele é de verdade.

WINSTEAD: Você deu a entender que havia uma grande personagem feminina ali. Lendo o livro, pensei: “Oh, meu Deus, seria uma oportunidade bem interessante interpretá-la”. Mas fiquei muito hesitante, porque a última coisa que eu queria era tentar um papel e depois alguém pensar que estava tentando por ser casada com você. Eu só queria dizer baixinho: “Acho que é um papel ótimo, se você achar que sou a pessoa certa para ele”.

Vocês ficaram com uma sensação de claustrofobia por filmar naqueles poucos quartos de hotel?

McGREGOR: Tinha que ser assim. Tinha que dar essa sensação. Vira uma lupa nas personagens.

WINSTEAD: É uma das grandes vantagens dos espaços confinados. Como atriz, é empolgante, porque não tem outro lugar para ir além das palavras. É ótimo saber que o foco vai ser nisso, e não na pirotecnia.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação

Você deixou o bigode crescer?

McGREGOR: Não tinha outro jeito. Não podia ser um bigode de mentira. Já usei desses bigodes e eles são terríveis. Você chega de manhã, sempre de barba feita, e depois passa cola naquela pele barbeada, o que é horrível. Aí você cola o bigode, mas ele impede você de mexer o rosto. A última coisa em que você quer pensar quando está atuando é não se mexer. Então deixei o bigode crescer mesmo.

Durante a greve, eu não sabia quando voltaríamos, então deixei crescer a barba toda. Porque ninguém quer ter só um bigode daquele na vida real. Quer dizer, tem gente que gosta de bigode, mas eu não gosto muito.

Fale um pouco sobre Alexander.

McGREGOR: Ele é um aristocrata. Gostava da vida nobre da sua classe social. Aí a revolução acaba com tudo isso. Os revolucionários permitem que ele siga vivendo, mas acabam com o resto da sua classe. Então ele fica meio perdido.

E quanto a Anna? Ela é uma boa atriz?

WINSTEAD: Anna acredita que sim. Eu acho que ela leva o ofício muito a sério. É uma coisa positiva na vida dela, dá um propósito a ela. Ela aguenta firme, mesmo que nem sempre seja uma estrela. Acho que já vale o bastante.

Eles se conhecem de um jeito ótimo, quando o conde doma os cães de caça de Anna. Como é a atração inicial deles?

WINSTEAD: Eu o acho muito intrigante de imediato. A maneira como ele trata meus cães desperta alguma coisa. Nossa conversa me deixa ainda mais intrigada. Então, ouvindo sobre ele e sabendo que ele está preso no hotel, o mistério me interessa como uma mulher que logo fica entediada com a maioria dos homens que estão ao meu redor. Com o tempo, isso vira muito, muito mais.

E é muito bonito que leve mais tempo. Muitos anos se passam até que eles percebam que estão apaixonados. Tem algo lindo nessa progressão lenta. Especialmente para Anna. Ela resiste ao sentimento. Mas esse sentimento a arrebata como uma onda.

Ewan McGregor e Mary Elizabeth Winstead fotografados pelo 'The New York Times'. O casal estrela a série 'Um Cavalheiro em Moscou', da Paramount. Foto: Thea Traff/The New York Times

Pelo que sei, vocês não se conheciam antes de ‘Fargo’. Mas, Mary, é verdade que você tinha uma queda por ele quando era adolescente?

WINSTEAD: A questão é que, se você fosse adolescente na época de Trainspotting - Sem Limites e Moulin Rouge, era impossível não saber dele. Mas eu não tinha pôster na parede. Não escrevia o nome dele no caderno.

Bom, acho que isso seria meio bizarro. Como foi trabalhar juntos em ‘Fargo’?

WINSTEAD: Nós adoramos.

McGREGOR: Adoramos mesmo. Era um roteiro incrível. Sinto que fiz duas séries diferentes, porque interpretei dois personagens diferentes. Mas nosso enredo era incrível. Interpretar Ray e Nikki, que dupla incrível, que parceria incrível, que casal excêntrico.

WINSTEAD: Eu me lembro de ter conhecido Noah [Hawley, o produtor executivo] e minha única pergunta foi: “Ela o ama de verdade?” E ele disse, “Sim”. Aí ficou muito mais interessante interpretar uma vigarista com coração, por mais cafona que pareça. É muito mais divertido ter uma coisa de verdade no centro de tudo.

Mary, você chegou a falar sobre uma desvantagem de trabalhar juntos, pois as pessoas podem pensar que você conseguiu o papel por outros motivos que não o seu talento.

WINSTEAD: Claro, sempre tem alguém na internet que faz esse tipo de comentário, mas estou segura o suficiente para não me preocupar com isso, porque sei a verdade, e a verdade é que as pessoas querem trabalhar comigo. Quando ficamos juntos pela primeira vez, eu estava concorrendo a um papel em um projeto onde ele também estava. Ficaram preocupados com o risco de trazermos algum tipo de drama para o set, o que achamos muito engraçado porque não somos pessoas muito dramáticas. Mas você tem que deixar o tempo lidar com isso. Agora está claro que somos um casal bem sensato, que não vamos sair por aí quebrando as coisas. Fora isso, é só vantagem, porque as pessoas que nos conhecem e gostam do nosso trabalho ficam felizes e empolgadas em nos juntar para trabalhar de vez em quando, o que uma sorte imensa para nós.

McGREGOR: Não tem nenhuma desvantagem. É ótimo ir ao trabalho juntos, trabalhar juntos, voltar para casa juntos. É a melhor coisa do mundo, de verdade.

Ewan McGregor em 'Um Cavalheiro em Moscou'. Foto: Paramount+/Divulgação

Como foi trabalhar juntos dessa vez?

McGREGOR: Ficou muito mais divertido interpretar as cenas mais frias e indiferentes do começo da história. Depois que eles passam a noite juntos, ela não fala com ele, nem olha para ele.

WINSTEAD: Aí depois, quando as coisas ficam mais profundas, foi muito emocionante. Não consigo falar sobre isso sem chorar. Estava tudo lá, o que é uma coisa incrível. É tipo: Ah, estou aqui na frente do meu companheiro. Então, vou deixar os sentimentos todos transbordarem.

Você gostou dele com aquele bigode?

WINSTEAD: Acho que sim, sabe? Gostei por um bom tempo. Mas comecei a ficar com saudade do rosto dele.

Vocês vão trabalhar juntos de novo?

WINSTEAD: Não sei.

McGREGOR [ao mesmo tempo]: Sim!

WINSTEAD: Esperamos que sim. É só uma questão de encontrar a coisa certa.

/ TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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