Opinião|‘Heartstopper’ volta mais madura para mostrar que, na ficção e na vida, tudo tem seu tempo


Terceira temporada da série da Netflix, estrelada por Kit Connor e Joe Locke, aborda transtornos alimentares e sexo e encontra meio-termo entre sensibilidade e temas difíceis

Por Julia Queiroz

Para quem gostou das primeiras temporadas de Heartstopper, assistir à nova leva de episódios que acaba de chegar à Netflix é como voltar para casa. Mas a casa está um pouco diferente, já não é mais tão confortável como antes, te provoca sentimentos nem sempre fáceis de lidar - e, no fim, isso é uma coisa boa.

Depois de os protagonistas Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) se apaixonarem e, entre trancos e barrancos, assumirem a relação para o mundo, o namoro está progredindo a todo vapor, mas os desafios logo começam a aparecer. Nick percebe os sinais de que Charlie sofre com um transtorno alimentar. A situação entra em uma espiral e a saúde mental do garoto fica cada vez pior.

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Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Depois de um início mais lento, os episódios 3 e 4, que mergulham no tema, são provavelmente os mais sombrios e tristes da produção até agora, e devem surpreender quem não teve contato com a trama nos quadrinhos de Alice Oseman (que também é roteirista da série). Entretanto, tudo isso é feito sem perder a sensibilidade pela qual o seriado ficou famoso.

“Eu sei que você o ama com todo o seu coração, mas (...) ele precisa da ajuda de um médico ou de um terapeuta. Alguém que entende de transtornos alimentares e que sabe como tratá-los. O amor não cura um transtorno mental”, aconselha a tia de Nick (interpretada por Hayley Atwell) quando ele se desespera por não saber como ajudar o namorado.

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O enredo mais maduro é bem-vindo não só para a profundidade da produção, mas para seus atores, que mereciam uma interpretação mais desafiadora. Desde que a série foi lançada, há dois anos, Locke e Connor fizeram suas estreias na Broadway e ganharam papéis em Hollywood - Locke, de 21 anos, está na série Agatha Desde Sempre, da Marvel, e Connor, de 20, vai estrelar o drama de guerra Warfare.

Já na segunda parte da temporada, outras novidades começam a aparecer. Particularmente nos episódios finais, Charlie e Nick estão à beira dos nervos porque querem fazer sexo, mas não fazem ideia do que estão fazendo. (“Eu diria que metade da temporada é muito triste, e a outra parte é cheia de tesão. Mas ainda de um jeito bem Heartstopper”, descreveu Joe Locke em entrevistas internacionais. É por aí mesmo.)

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Essas questões, naturais da adolescência, chegam para todos os amigos do grupo, inclusive Elle (Yasmin Finney) e Tao (William Gao), que têm uma conversa bonita sobre o que muitas pessoas trans podem enfrentar ao se relacionarem com alguém. É claro que, ao estilo Heartstopper, os personagens demonstram uma delicadeza que talvez seja pouco comum a jovens de verdade. Mas, de novo, é o estilo Heartstopper.

A série, que já era um sucesso em forma de HQ, virou um fenômeno global da Netflix por sua sensibilidade ao retratar o amor LGBT+. Os críticos mais ferrenhos diziam que a trama era pouco verossímil: adolescentes encontrando o amor, nada de drogas e sexo, pais que aceitam a sexualidade dos filhos com carinho, onde já se viu?

Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação
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Os defensores diziam que era isso mesmo: precisamos de histórias felizes, leves e inspiradoras sobre personagens LGBT+. Há uma infinidade de filmes, livros e séries que mostram o sofrimento da comunidade. É certo que críticos sempre irão criticar e defensores sempre irão defender, mas a terceira temporada, agora abordando parte dessas questões, parece encontrar um meio-termo saudável.

Claro que há defeitos. A trajetória de Charlie e Nick nestes oito episódios se sobrepõe tanto que as histórias dos outros personagens parecem desinteressantes em alguns momentos. Não é nada que diminua o fato de que a série é um espaço de conforto para muitas pessoas e que, nesta nova temporada, conseguiu manter sua essência mesmo tratando de temas difíceis. Isso é mérito de Alice Oseman, a mente por trás de toda a trama, que certamente sabe que, na ficção, assim como na vida real, tudo tem seu tempo.

Para quem gostou das primeiras temporadas de Heartstopper, assistir à nova leva de episódios que acaba de chegar à Netflix é como voltar para casa. Mas a casa está um pouco diferente, já não é mais tão confortável como antes, te provoca sentimentos nem sempre fáceis de lidar - e, no fim, isso é uma coisa boa.

Depois de os protagonistas Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) se apaixonarem e, entre trancos e barrancos, assumirem a relação para o mundo, o namoro está progredindo a todo vapor, mas os desafios logo começam a aparecer. Nick percebe os sinais de que Charlie sofre com um transtorno alimentar. A situação entra em uma espiral e a saúde mental do garoto fica cada vez pior.

Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Depois de um início mais lento, os episódios 3 e 4, que mergulham no tema, são provavelmente os mais sombrios e tristes da produção até agora, e devem surpreender quem não teve contato com a trama nos quadrinhos de Alice Oseman (que também é roteirista da série). Entretanto, tudo isso é feito sem perder a sensibilidade pela qual o seriado ficou famoso.

“Eu sei que você o ama com todo o seu coração, mas (...) ele precisa da ajuda de um médico ou de um terapeuta. Alguém que entende de transtornos alimentares e que sabe como tratá-los. O amor não cura um transtorno mental”, aconselha a tia de Nick (interpretada por Hayley Atwell) quando ele se desespera por não saber como ajudar o namorado.

O enredo mais maduro é bem-vindo não só para a profundidade da produção, mas para seus atores, que mereciam uma interpretação mais desafiadora. Desde que a série foi lançada, há dois anos, Locke e Connor fizeram suas estreias na Broadway e ganharam papéis em Hollywood - Locke, de 21 anos, está na série Agatha Desde Sempre, da Marvel, e Connor, de 20, vai estrelar o drama de guerra Warfare.

Já na segunda parte da temporada, outras novidades começam a aparecer. Particularmente nos episódios finais, Charlie e Nick estão à beira dos nervos porque querem fazer sexo, mas não fazem ideia do que estão fazendo. (“Eu diria que metade da temporada é muito triste, e a outra parte é cheia de tesão. Mas ainda de um jeito bem Heartstopper”, descreveu Joe Locke em entrevistas internacionais. É por aí mesmo.)

Essas questões, naturais da adolescência, chegam para todos os amigos do grupo, inclusive Elle (Yasmin Finney) e Tao (William Gao), que têm uma conversa bonita sobre o que muitas pessoas trans podem enfrentar ao se relacionarem com alguém. É claro que, ao estilo Heartstopper, os personagens demonstram uma delicadeza que talvez seja pouco comum a jovens de verdade. Mas, de novo, é o estilo Heartstopper.

A série, que já era um sucesso em forma de HQ, virou um fenômeno global da Netflix por sua sensibilidade ao retratar o amor LGBT+. Os críticos mais ferrenhos diziam que a trama era pouco verossímil: adolescentes encontrando o amor, nada de drogas e sexo, pais que aceitam a sexualidade dos filhos com carinho, onde já se viu?

Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Os defensores diziam que era isso mesmo: precisamos de histórias felizes, leves e inspiradoras sobre personagens LGBT+. Há uma infinidade de filmes, livros e séries que mostram o sofrimento da comunidade. É certo que críticos sempre irão criticar e defensores sempre irão defender, mas a terceira temporada, agora abordando parte dessas questões, parece encontrar um meio-termo saudável.

Claro que há defeitos. A trajetória de Charlie e Nick nestes oito episódios se sobrepõe tanto que as histórias dos outros personagens parecem desinteressantes em alguns momentos. Não é nada que diminua o fato de que a série é um espaço de conforto para muitas pessoas e que, nesta nova temporada, conseguiu manter sua essência mesmo tratando de temas difíceis. Isso é mérito de Alice Oseman, a mente por trás de toda a trama, que certamente sabe que, na ficção, assim como na vida real, tudo tem seu tempo.

Para quem gostou das primeiras temporadas de Heartstopper, assistir à nova leva de episódios que acaba de chegar à Netflix é como voltar para casa. Mas a casa está um pouco diferente, já não é mais tão confortável como antes, te provoca sentimentos nem sempre fáceis de lidar - e, no fim, isso é uma coisa boa.

Depois de os protagonistas Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) se apaixonarem e, entre trancos e barrancos, assumirem a relação para o mundo, o namoro está progredindo a todo vapor, mas os desafios logo começam a aparecer. Nick percebe os sinais de que Charlie sofre com um transtorno alimentar. A situação entra em uma espiral e a saúde mental do garoto fica cada vez pior.

Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Depois de um início mais lento, os episódios 3 e 4, que mergulham no tema, são provavelmente os mais sombrios e tristes da produção até agora, e devem surpreender quem não teve contato com a trama nos quadrinhos de Alice Oseman (que também é roteirista da série). Entretanto, tudo isso é feito sem perder a sensibilidade pela qual o seriado ficou famoso.

“Eu sei que você o ama com todo o seu coração, mas (...) ele precisa da ajuda de um médico ou de um terapeuta. Alguém que entende de transtornos alimentares e que sabe como tratá-los. O amor não cura um transtorno mental”, aconselha a tia de Nick (interpretada por Hayley Atwell) quando ele se desespera por não saber como ajudar o namorado.

O enredo mais maduro é bem-vindo não só para a profundidade da produção, mas para seus atores, que mereciam uma interpretação mais desafiadora. Desde que a série foi lançada, há dois anos, Locke e Connor fizeram suas estreias na Broadway e ganharam papéis em Hollywood - Locke, de 21 anos, está na série Agatha Desde Sempre, da Marvel, e Connor, de 20, vai estrelar o drama de guerra Warfare.

Já na segunda parte da temporada, outras novidades começam a aparecer. Particularmente nos episódios finais, Charlie e Nick estão à beira dos nervos porque querem fazer sexo, mas não fazem ideia do que estão fazendo. (“Eu diria que metade da temporada é muito triste, e a outra parte é cheia de tesão. Mas ainda de um jeito bem Heartstopper”, descreveu Joe Locke em entrevistas internacionais. É por aí mesmo.)

Essas questões, naturais da adolescência, chegam para todos os amigos do grupo, inclusive Elle (Yasmin Finney) e Tao (William Gao), que têm uma conversa bonita sobre o que muitas pessoas trans podem enfrentar ao se relacionarem com alguém. É claro que, ao estilo Heartstopper, os personagens demonstram uma delicadeza que talvez seja pouco comum a jovens de verdade. Mas, de novo, é o estilo Heartstopper.

A série, que já era um sucesso em forma de HQ, virou um fenômeno global da Netflix por sua sensibilidade ao retratar o amor LGBT+. Os críticos mais ferrenhos diziam que a trama era pouco verossímil: adolescentes encontrando o amor, nada de drogas e sexo, pais que aceitam a sexualidade dos filhos com carinho, onde já se viu?

Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Os defensores diziam que era isso mesmo: precisamos de histórias felizes, leves e inspiradoras sobre personagens LGBT+. Há uma infinidade de filmes, livros e séries que mostram o sofrimento da comunidade. É certo que críticos sempre irão criticar e defensores sempre irão defender, mas a terceira temporada, agora abordando parte dessas questões, parece encontrar um meio-termo saudável.

Claro que há defeitos. A trajetória de Charlie e Nick nestes oito episódios se sobrepõe tanto que as histórias dos outros personagens parecem desinteressantes em alguns momentos. Não é nada que diminua o fato de que a série é um espaço de conforto para muitas pessoas e que, nesta nova temporada, conseguiu manter sua essência mesmo tratando de temas difíceis. Isso é mérito de Alice Oseman, a mente por trás de toda a trama, que certamente sabe que, na ficção, assim como na vida real, tudo tem seu tempo.

Para quem gostou das primeiras temporadas de Heartstopper, assistir à nova leva de episódios que acaba de chegar à Netflix é como voltar para casa. Mas a casa está um pouco diferente, já não é mais tão confortável como antes, te provoca sentimentos nem sempre fáceis de lidar - e, no fim, isso é uma coisa boa.

Depois de os protagonistas Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) se apaixonarem e, entre trancos e barrancos, assumirem a relação para o mundo, o namoro está progredindo a todo vapor, mas os desafios logo começam a aparecer. Nick percebe os sinais de que Charlie sofre com um transtorno alimentar. A situação entra em uma espiral e a saúde mental do garoto fica cada vez pior.

Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Depois de um início mais lento, os episódios 3 e 4, que mergulham no tema, são provavelmente os mais sombrios e tristes da produção até agora, e devem surpreender quem não teve contato com a trama nos quadrinhos de Alice Oseman (que também é roteirista da série). Entretanto, tudo isso é feito sem perder a sensibilidade pela qual o seriado ficou famoso.

“Eu sei que você o ama com todo o seu coração, mas (...) ele precisa da ajuda de um médico ou de um terapeuta. Alguém que entende de transtornos alimentares e que sabe como tratá-los. O amor não cura um transtorno mental”, aconselha a tia de Nick (interpretada por Hayley Atwell) quando ele se desespera por não saber como ajudar o namorado.

O enredo mais maduro é bem-vindo não só para a profundidade da produção, mas para seus atores, que mereciam uma interpretação mais desafiadora. Desde que a série foi lançada, há dois anos, Locke e Connor fizeram suas estreias na Broadway e ganharam papéis em Hollywood - Locke, de 21 anos, está na série Agatha Desde Sempre, da Marvel, e Connor, de 20, vai estrelar o drama de guerra Warfare.

Já na segunda parte da temporada, outras novidades começam a aparecer. Particularmente nos episódios finais, Charlie e Nick estão à beira dos nervos porque querem fazer sexo, mas não fazem ideia do que estão fazendo. (“Eu diria que metade da temporada é muito triste, e a outra parte é cheia de tesão. Mas ainda de um jeito bem Heartstopper”, descreveu Joe Locke em entrevistas internacionais. É por aí mesmo.)

Essas questões, naturais da adolescência, chegam para todos os amigos do grupo, inclusive Elle (Yasmin Finney) e Tao (William Gao), que têm uma conversa bonita sobre o que muitas pessoas trans podem enfrentar ao se relacionarem com alguém. É claro que, ao estilo Heartstopper, os personagens demonstram uma delicadeza que talvez seja pouco comum a jovens de verdade. Mas, de novo, é o estilo Heartstopper.

A série, que já era um sucesso em forma de HQ, virou um fenômeno global da Netflix por sua sensibilidade ao retratar o amor LGBT+. Os críticos mais ferrenhos diziam que a trama era pouco verossímil: adolescentes encontrando o amor, nada de drogas e sexo, pais que aceitam a sexualidade dos filhos com carinho, onde já se viu?

Joe Locke (Charlie) e Kit Connor (Nick) em 'Heartstopper'. Foto: Samuel Dore/Netflix/Divulgação

Os defensores diziam que era isso mesmo: precisamos de histórias felizes, leves e inspiradoras sobre personagens LGBT+. Há uma infinidade de filmes, livros e séries que mostram o sofrimento da comunidade. É certo que críticos sempre irão criticar e defensores sempre irão defender, mas a terceira temporada, agora abordando parte dessas questões, parece encontrar um meio-termo saudável.

Claro que há defeitos. A trajetória de Charlie e Nick nestes oito episódios se sobrepõe tanto que as histórias dos outros personagens parecem desinteressantes em alguns momentos. Não é nada que diminua o fato de que a série é um espaço de conforto para muitas pessoas e que, nesta nova temporada, conseguiu manter sua essência mesmo tratando de temas difíceis. Isso é mérito de Alice Oseman, a mente por trás de toda a trama, que certamente sabe que, na ficção, assim como na vida real, tudo tem seu tempo.

Opinião por Julia Queiroz

Repórter de Cultura do Estadão

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