‘O sobrenatural permite que eu seja mais eu’, diz Shyamalan


O cineasta apresenta o último episódio de sua série ‘Servant’

Por Redação
Foto: REUTERS/Mario Anzuoni
Entrevista comM. Night ShyamalanDiretor

M. Night Shyamalan já tinha testado as águas da televisão com Wayward Pines, em que atuou como produtor-executivo e diretor do piloto. Mas a experiência do cineasta em Servant, que chega ao final nesta sexta-feira (17), na Apple TV+, com seu 40.º episódio, foi bem mais completa.

A série fala de um casal, formado pela repórter de televisão Dorothy (Lauren Ambrose) e o chef Sean (Toby Kebbell), que passou por uma tragédia e contrata a jovem e misteriosa babá Leanne (Nell Tiger Free). Rupert Grint faz Julian, o irmão de Dorothy, o único elemento externo a penetrar na mansão na Filadélfia.

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Cena da série Servant, de M. Night Shyamalan Foto: Apple TV+

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Acostumado a produzir, com dinheiro do próprio bolso, escrever e dirigir seus filmes mais recentes, ele diz ter aprendido muito com a empreitada televisiva. A seguir, trechos da entrevista por videoconferência que contou com a participação do Estadão:

‘Servant’ foi seu bebê desde o início. Como é chegar na temporada final? Foi como você e sua equipe planejaram ou houve muitas mudanças?

É interessante porque, neste ano em particular, estou muito cansado, porque toquei a série e o longa Batem à Porta ao mesmo tempo. Estou exausto. E, no entanto, essa pressão causa um sentido único, uma conexão importante com a história e as pessoas com quem estou contando a história. Estou fazendo coisas que talvez não faria se não estivesse sob tanta pressão de entregar tudo isso. Sei que mais tarde vou olhar para trás e pensar: Uau, esse foi o momento mais incrível da minha vida. O formato em si é muito exigente, é preciso fazer com precisão.

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Em ‘Servant’, você teve oportunidade de trabalhar com muitos diretores diferentes. Como foi a experiência?

É uma série muito baseada nos cineastas. Toda vez que eu via um filme que achava interessante, pedia para encontrar com quem tinha feito. Convidei muitos para dirigir episódios. Aí eu conversei sobre o que achava importante naquele episódio, mas deixei o cineasta livre. Foi um sonho.

O que há no gênero sobrenatural que te fascina?

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Cada contador de história tem um forte. O sobrenatural permite que eu seja mais eu. Porque eu acredito nas coisas, não necessariamente religiosas, mas além.

O diretor M. Night Shyamalan  Foto: Hannibal Hanschke/ Reuters
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O que aprendeu nessas quatro temporadas?

Aprendi com cada um desses cineastas. Quando seu olho capta certa coisa que eu não vejo, penso: Uau, eu nunca teria pensado em fazer isso dessa maneira. Eu nunca teria pensado nisso quando escrevi essas linhas, nunca pensei que elas seriam interpretadas dessa maneira. Minha filha dirigiu seis dos episódios. Ela tem uma inclinação um pouco para a fantasia, tem muito interesse em texturas e design de produção. Foi legal aprender a pensar em uma história como uma sequência. Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa. Quando você assiste a Batem à Porta, parece um movimento desde a abertura até os créditos finais, e isso veio de Servant.

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Do que mais vai sentir falta?

Foi uma existência estranha nesses últimos anos, sinto como se estivesse praticando dois esportes diferentes ao mesmo tempo. Do meu esporte que cresci praticando, o cinema, e agora este novo tipo de esporte. E eu adoro isso. Parte de mim sente que não posso fazer as duas coisas nesse nível por muito tempo. É tão difícil. Realmente não delego. Eu me envolvo em ambos. Fisicamente e emocionalmente muito difícil continuar fazendo isso.

Existe alguma pergunta que você faz antes de começar a trabalhar em uma história?

Eu percebi que estou muito interessado em não estar seguro. E seja em meus filmes ou em Servant, você sabe que inerentemente há algo na história que pode fazer com que não funcione para o público ou para o sistema. Eu gosto disso. Por exemplo, em Servant: nunca vamos sair da casa. É isso que me impulsiona por 40 episódios. Não vamos sair da casa, são quatro personagens, como uma peça de teatro. Essas coisas me empolgam e criam um desafio. A criatividade vem dessas limitações ou desses desafios e vira algo meio singular. Amo quando o público ou os críticos percebem que não é algo que você tenha visto antes. Não é um hambúrguer, mas algo ligeiramente novo. Isso me motiva. Eu adoro quando uma história assim surge, e eu penso: Uau, isso vai ser perigoso. Vamos fazer. Ei, Tim Cook, tenho aqui uma série sobre um bebê que vai ser popular, as pessoas vão rir, vai ser ótimo (risos).

Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa.

M. Night Shyamalan

M. Night Shyamalan já tinha testado as águas da televisão com Wayward Pines, em que atuou como produtor-executivo e diretor do piloto. Mas a experiência do cineasta em Servant, que chega ao final nesta sexta-feira (17), na Apple TV+, com seu 40.º episódio, foi bem mais completa.

A série fala de um casal, formado pela repórter de televisão Dorothy (Lauren Ambrose) e o chef Sean (Toby Kebbell), que passou por uma tragédia e contrata a jovem e misteriosa babá Leanne (Nell Tiger Free). Rupert Grint faz Julian, o irmão de Dorothy, o único elemento externo a penetrar na mansão na Filadélfia.

Cena da série Servant, de M. Night Shyamalan Foto: Apple TV+

Acostumado a produzir, com dinheiro do próprio bolso, escrever e dirigir seus filmes mais recentes, ele diz ter aprendido muito com a empreitada televisiva. A seguir, trechos da entrevista por videoconferência que contou com a participação do Estadão:

‘Servant’ foi seu bebê desde o início. Como é chegar na temporada final? Foi como você e sua equipe planejaram ou houve muitas mudanças?

É interessante porque, neste ano em particular, estou muito cansado, porque toquei a série e o longa Batem à Porta ao mesmo tempo. Estou exausto. E, no entanto, essa pressão causa um sentido único, uma conexão importante com a história e as pessoas com quem estou contando a história. Estou fazendo coisas que talvez não faria se não estivesse sob tanta pressão de entregar tudo isso. Sei que mais tarde vou olhar para trás e pensar: Uau, esse foi o momento mais incrível da minha vida. O formato em si é muito exigente, é preciso fazer com precisão.

Em ‘Servant’, você teve oportunidade de trabalhar com muitos diretores diferentes. Como foi a experiência?

É uma série muito baseada nos cineastas. Toda vez que eu via um filme que achava interessante, pedia para encontrar com quem tinha feito. Convidei muitos para dirigir episódios. Aí eu conversei sobre o que achava importante naquele episódio, mas deixei o cineasta livre. Foi um sonho.

O que há no gênero sobrenatural que te fascina?

Cada contador de história tem um forte. O sobrenatural permite que eu seja mais eu. Porque eu acredito nas coisas, não necessariamente religiosas, mas além.

O diretor M. Night Shyamalan  Foto: Hannibal Hanschke/ Reuters

O que aprendeu nessas quatro temporadas?

Aprendi com cada um desses cineastas. Quando seu olho capta certa coisa que eu não vejo, penso: Uau, eu nunca teria pensado em fazer isso dessa maneira. Eu nunca teria pensado nisso quando escrevi essas linhas, nunca pensei que elas seriam interpretadas dessa maneira. Minha filha dirigiu seis dos episódios. Ela tem uma inclinação um pouco para a fantasia, tem muito interesse em texturas e design de produção. Foi legal aprender a pensar em uma história como uma sequência. Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa. Quando você assiste a Batem à Porta, parece um movimento desde a abertura até os créditos finais, e isso veio de Servant.

Do que mais vai sentir falta?

Foi uma existência estranha nesses últimos anos, sinto como se estivesse praticando dois esportes diferentes ao mesmo tempo. Do meu esporte que cresci praticando, o cinema, e agora este novo tipo de esporte. E eu adoro isso. Parte de mim sente que não posso fazer as duas coisas nesse nível por muito tempo. É tão difícil. Realmente não delego. Eu me envolvo em ambos. Fisicamente e emocionalmente muito difícil continuar fazendo isso.

Existe alguma pergunta que você faz antes de começar a trabalhar em uma história?

Eu percebi que estou muito interessado em não estar seguro. E seja em meus filmes ou em Servant, você sabe que inerentemente há algo na história que pode fazer com que não funcione para o público ou para o sistema. Eu gosto disso. Por exemplo, em Servant: nunca vamos sair da casa. É isso que me impulsiona por 40 episódios. Não vamos sair da casa, são quatro personagens, como uma peça de teatro. Essas coisas me empolgam e criam um desafio. A criatividade vem dessas limitações ou desses desafios e vira algo meio singular. Amo quando o público ou os críticos percebem que não é algo que você tenha visto antes. Não é um hambúrguer, mas algo ligeiramente novo. Isso me motiva. Eu adoro quando uma história assim surge, e eu penso: Uau, isso vai ser perigoso. Vamos fazer. Ei, Tim Cook, tenho aqui uma série sobre um bebê que vai ser popular, as pessoas vão rir, vai ser ótimo (risos).

Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa.

M. Night Shyamalan

M. Night Shyamalan já tinha testado as águas da televisão com Wayward Pines, em que atuou como produtor-executivo e diretor do piloto. Mas a experiência do cineasta em Servant, que chega ao final nesta sexta-feira (17), na Apple TV+, com seu 40.º episódio, foi bem mais completa.

A série fala de um casal, formado pela repórter de televisão Dorothy (Lauren Ambrose) e o chef Sean (Toby Kebbell), que passou por uma tragédia e contrata a jovem e misteriosa babá Leanne (Nell Tiger Free). Rupert Grint faz Julian, o irmão de Dorothy, o único elemento externo a penetrar na mansão na Filadélfia.

Cena da série Servant, de M. Night Shyamalan Foto: Apple TV+

Acostumado a produzir, com dinheiro do próprio bolso, escrever e dirigir seus filmes mais recentes, ele diz ter aprendido muito com a empreitada televisiva. A seguir, trechos da entrevista por videoconferência que contou com a participação do Estadão:

‘Servant’ foi seu bebê desde o início. Como é chegar na temporada final? Foi como você e sua equipe planejaram ou houve muitas mudanças?

É interessante porque, neste ano em particular, estou muito cansado, porque toquei a série e o longa Batem à Porta ao mesmo tempo. Estou exausto. E, no entanto, essa pressão causa um sentido único, uma conexão importante com a história e as pessoas com quem estou contando a história. Estou fazendo coisas que talvez não faria se não estivesse sob tanta pressão de entregar tudo isso. Sei que mais tarde vou olhar para trás e pensar: Uau, esse foi o momento mais incrível da minha vida. O formato em si é muito exigente, é preciso fazer com precisão.

Em ‘Servant’, você teve oportunidade de trabalhar com muitos diretores diferentes. Como foi a experiência?

É uma série muito baseada nos cineastas. Toda vez que eu via um filme que achava interessante, pedia para encontrar com quem tinha feito. Convidei muitos para dirigir episódios. Aí eu conversei sobre o que achava importante naquele episódio, mas deixei o cineasta livre. Foi um sonho.

O que há no gênero sobrenatural que te fascina?

Cada contador de história tem um forte. O sobrenatural permite que eu seja mais eu. Porque eu acredito nas coisas, não necessariamente religiosas, mas além.

O diretor M. Night Shyamalan  Foto: Hannibal Hanschke/ Reuters

O que aprendeu nessas quatro temporadas?

Aprendi com cada um desses cineastas. Quando seu olho capta certa coisa que eu não vejo, penso: Uau, eu nunca teria pensado em fazer isso dessa maneira. Eu nunca teria pensado nisso quando escrevi essas linhas, nunca pensei que elas seriam interpretadas dessa maneira. Minha filha dirigiu seis dos episódios. Ela tem uma inclinação um pouco para a fantasia, tem muito interesse em texturas e design de produção. Foi legal aprender a pensar em uma história como uma sequência. Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa. Quando você assiste a Batem à Porta, parece um movimento desde a abertura até os créditos finais, e isso veio de Servant.

Do que mais vai sentir falta?

Foi uma existência estranha nesses últimos anos, sinto como se estivesse praticando dois esportes diferentes ao mesmo tempo. Do meu esporte que cresci praticando, o cinema, e agora este novo tipo de esporte. E eu adoro isso. Parte de mim sente que não posso fazer as duas coisas nesse nível por muito tempo. É tão difícil. Realmente não delego. Eu me envolvo em ambos. Fisicamente e emocionalmente muito difícil continuar fazendo isso.

Existe alguma pergunta que você faz antes de começar a trabalhar em uma história?

Eu percebi que estou muito interessado em não estar seguro. E seja em meus filmes ou em Servant, você sabe que inerentemente há algo na história que pode fazer com que não funcione para o público ou para o sistema. Eu gosto disso. Por exemplo, em Servant: nunca vamos sair da casa. É isso que me impulsiona por 40 episódios. Não vamos sair da casa, são quatro personagens, como uma peça de teatro. Essas coisas me empolgam e criam um desafio. A criatividade vem dessas limitações ou desses desafios e vira algo meio singular. Amo quando o público ou os críticos percebem que não é algo que você tenha visto antes. Não é um hambúrguer, mas algo ligeiramente novo. Isso me motiva. Eu adoro quando uma história assim surge, e eu penso: Uau, isso vai ser perigoso. Vamos fazer. Ei, Tim Cook, tenho aqui uma série sobre um bebê que vai ser popular, as pessoas vão rir, vai ser ótimo (risos).

Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa.

M. Night Shyamalan

M. Night Shyamalan já tinha testado as águas da televisão com Wayward Pines, em que atuou como produtor-executivo e diretor do piloto. Mas a experiência do cineasta em Servant, que chega ao final nesta sexta-feira (17), na Apple TV+, com seu 40.º episódio, foi bem mais completa.

A série fala de um casal, formado pela repórter de televisão Dorothy (Lauren Ambrose) e o chef Sean (Toby Kebbell), que passou por uma tragédia e contrata a jovem e misteriosa babá Leanne (Nell Tiger Free). Rupert Grint faz Julian, o irmão de Dorothy, o único elemento externo a penetrar na mansão na Filadélfia.

Cena da série Servant, de M. Night Shyamalan Foto: Apple TV+

Acostumado a produzir, com dinheiro do próprio bolso, escrever e dirigir seus filmes mais recentes, ele diz ter aprendido muito com a empreitada televisiva. A seguir, trechos da entrevista por videoconferência que contou com a participação do Estadão:

‘Servant’ foi seu bebê desde o início. Como é chegar na temporada final? Foi como você e sua equipe planejaram ou houve muitas mudanças?

É interessante porque, neste ano em particular, estou muito cansado, porque toquei a série e o longa Batem à Porta ao mesmo tempo. Estou exausto. E, no entanto, essa pressão causa um sentido único, uma conexão importante com a história e as pessoas com quem estou contando a história. Estou fazendo coisas que talvez não faria se não estivesse sob tanta pressão de entregar tudo isso. Sei que mais tarde vou olhar para trás e pensar: Uau, esse foi o momento mais incrível da minha vida. O formato em si é muito exigente, é preciso fazer com precisão.

Em ‘Servant’, você teve oportunidade de trabalhar com muitos diretores diferentes. Como foi a experiência?

É uma série muito baseada nos cineastas. Toda vez que eu via um filme que achava interessante, pedia para encontrar com quem tinha feito. Convidei muitos para dirigir episódios. Aí eu conversei sobre o que achava importante naquele episódio, mas deixei o cineasta livre. Foi um sonho.

O que há no gênero sobrenatural que te fascina?

Cada contador de história tem um forte. O sobrenatural permite que eu seja mais eu. Porque eu acredito nas coisas, não necessariamente religiosas, mas além.

O diretor M. Night Shyamalan  Foto: Hannibal Hanschke/ Reuters

O que aprendeu nessas quatro temporadas?

Aprendi com cada um desses cineastas. Quando seu olho capta certa coisa que eu não vejo, penso: Uau, eu nunca teria pensado em fazer isso dessa maneira. Eu nunca teria pensado nisso quando escrevi essas linhas, nunca pensei que elas seriam interpretadas dessa maneira. Minha filha dirigiu seis dos episódios. Ela tem uma inclinação um pouco para a fantasia, tem muito interesse em texturas e design de produção. Foi legal aprender a pensar em uma história como uma sequência. Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa. Quando você assiste a Batem à Porta, parece um movimento desde a abertura até os créditos finais, e isso veio de Servant.

Do que mais vai sentir falta?

Foi uma existência estranha nesses últimos anos, sinto como se estivesse praticando dois esportes diferentes ao mesmo tempo. Do meu esporte que cresci praticando, o cinema, e agora este novo tipo de esporte. E eu adoro isso. Parte de mim sente que não posso fazer as duas coisas nesse nível por muito tempo. É tão difícil. Realmente não delego. Eu me envolvo em ambos. Fisicamente e emocionalmente muito difícil continuar fazendo isso.

Existe alguma pergunta que você faz antes de começar a trabalhar em uma história?

Eu percebi que estou muito interessado em não estar seguro. E seja em meus filmes ou em Servant, você sabe que inerentemente há algo na história que pode fazer com que não funcione para o público ou para o sistema. Eu gosto disso. Por exemplo, em Servant: nunca vamos sair da casa. É isso que me impulsiona por 40 episódios. Não vamos sair da casa, são quatro personagens, como uma peça de teatro. Essas coisas me empolgam e criam um desafio. A criatividade vem dessas limitações ou desses desafios e vira algo meio singular. Amo quando o público ou os críticos percebem que não é algo que você tenha visto antes. Não é um hambúrguer, mas algo ligeiramente novo. Isso me motiva. Eu adoro quando uma história assim surge, e eu penso: Uau, isso vai ser perigoso. Vamos fazer. Ei, Tim Cook, tenho aqui uma série sobre um bebê que vai ser popular, as pessoas vão rir, vai ser ótimo (risos).

Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa.

M. Night Shyamalan

M. Night Shyamalan já tinha testado as águas da televisão com Wayward Pines, em que atuou como produtor-executivo e diretor do piloto. Mas a experiência do cineasta em Servant, que chega ao final nesta sexta-feira (17), na Apple TV+, com seu 40.º episódio, foi bem mais completa.

A série fala de um casal, formado pela repórter de televisão Dorothy (Lauren Ambrose) e o chef Sean (Toby Kebbell), que passou por uma tragédia e contrata a jovem e misteriosa babá Leanne (Nell Tiger Free). Rupert Grint faz Julian, o irmão de Dorothy, o único elemento externo a penetrar na mansão na Filadélfia.

Cena da série Servant, de M. Night Shyamalan Foto: Apple TV+

Acostumado a produzir, com dinheiro do próprio bolso, escrever e dirigir seus filmes mais recentes, ele diz ter aprendido muito com a empreitada televisiva. A seguir, trechos da entrevista por videoconferência que contou com a participação do Estadão:

‘Servant’ foi seu bebê desde o início. Como é chegar na temporada final? Foi como você e sua equipe planejaram ou houve muitas mudanças?

É interessante porque, neste ano em particular, estou muito cansado, porque toquei a série e o longa Batem à Porta ao mesmo tempo. Estou exausto. E, no entanto, essa pressão causa um sentido único, uma conexão importante com a história e as pessoas com quem estou contando a história. Estou fazendo coisas que talvez não faria se não estivesse sob tanta pressão de entregar tudo isso. Sei que mais tarde vou olhar para trás e pensar: Uau, esse foi o momento mais incrível da minha vida. O formato em si é muito exigente, é preciso fazer com precisão.

Em ‘Servant’, você teve oportunidade de trabalhar com muitos diretores diferentes. Como foi a experiência?

É uma série muito baseada nos cineastas. Toda vez que eu via um filme que achava interessante, pedia para encontrar com quem tinha feito. Convidei muitos para dirigir episódios. Aí eu conversei sobre o que achava importante naquele episódio, mas deixei o cineasta livre. Foi um sonho.

O que há no gênero sobrenatural que te fascina?

Cada contador de história tem um forte. O sobrenatural permite que eu seja mais eu. Porque eu acredito nas coisas, não necessariamente religiosas, mas além.

O diretor M. Night Shyamalan  Foto: Hannibal Hanschke/ Reuters

O que aprendeu nessas quatro temporadas?

Aprendi com cada um desses cineastas. Quando seu olho capta certa coisa que eu não vejo, penso: Uau, eu nunca teria pensado em fazer isso dessa maneira. Eu nunca teria pensado nisso quando escrevi essas linhas, nunca pensei que elas seriam interpretadas dessa maneira. Minha filha dirigiu seis dos episódios. Ela tem uma inclinação um pouco para a fantasia, tem muito interesse em texturas e design de produção. Foi legal aprender a pensar em uma história como uma sequência. Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa. Quando você assiste a Batem à Porta, parece um movimento desde a abertura até os créditos finais, e isso veio de Servant.

Do que mais vai sentir falta?

Foi uma existência estranha nesses últimos anos, sinto como se estivesse praticando dois esportes diferentes ao mesmo tempo. Do meu esporte que cresci praticando, o cinema, e agora este novo tipo de esporte. E eu adoro isso. Parte de mim sente que não posso fazer as duas coisas nesse nível por muito tempo. É tão difícil. Realmente não delego. Eu me envolvo em ambos. Fisicamente e emocionalmente muito difícil continuar fazendo isso.

Existe alguma pergunta que você faz antes de começar a trabalhar em uma história?

Eu percebi que estou muito interessado em não estar seguro. E seja em meus filmes ou em Servant, você sabe que inerentemente há algo na história que pode fazer com que não funcione para o público ou para o sistema. Eu gosto disso. Por exemplo, em Servant: nunca vamos sair da casa. É isso que me impulsiona por 40 episódios. Não vamos sair da casa, são quatro personagens, como uma peça de teatro. Essas coisas me empolgam e criam um desafio. A criatividade vem dessas limitações ou desses desafios e vira algo meio singular. Amo quando o público ou os críticos percebem que não é algo que você tenha visto antes. Não é um hambúrguer, mas algo ligeiramente novo. Isso me motiva. Eu adoro quando uma história assim surge, e eu penso: Uau, isso vai ser perigoso. Vamos fazer. Ei, Tim Cook, tenho aqui uma série sobre um bebê que vai ser popular, as pessoas vão rir, vai ser ótimo (risos).

Eu costumava pensar no cinema como uma série de cenas. Amadureci e aprendi que essas cenas fazem parte de uma sequência mais longa.

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