Samuel L. Jackson interpreta homem com demência na série 'Os Últimos Dias de Ptolemy Grey'


'Quanto mais eu pensava no personagem, mais ele ganhava importância em termos de significado para minha vida', diz Jackson; veja o trailer

Por Mariane Moriswa
Atualização:

Toda vez que entra em um ambiente e não se lembra do que foi fazer ali, ou se esquece de um nome, Samuel L. Jackson tem um breve momento de pânico. Em sua família, são muitos os casos de Alzheimer e demência: sua mãe, seu avô, vários tios. Por isso, ele se identificou imediatamente ao ler The Last Days of Ptolemy Grey, livro de Walter Mosley lançado em 2010. “Eu estava cercado por essas doenças”, disse Jackson em entrevista com a participação do Estadão, por videoconferência. “Quanto mais eu pensava no personagem, mais ele ganhava importância em termos de significado para minha vida, quem eu era, com o que eu estava lidando, como queria apresentar essa história ao mundo. Então demorou um bocado, mas valeu a pena.”

O ator, conhecido por seus papéis nos filmes de Quentin Tarantino e por encarnar Nick Fury nas produções da Marvel, está na minissérie Os Últimos Dias de Ptolemy Grey, que tem seus dois primeiros episódios disponíveis no Apple TV+ e toda sexta haverá um novo capítulo. Jackson interpreta Ptolemy Grey, um homem idoso que vive em um apartamentinho lotado de objetos dos quais não se recorda. De vez em quando, tem lampejos de memória, especialmente de Sensia (Cynthia Kaye McWilliams), o amor de sua vida. Seu único contato com o mundo externo é Reggie (Omar Benson Miller), que o leva ao médico e ao banco. Mas, um dia, Reggie acaba substituído pela adolescente Robyn (Dominique Fishback), com quem Ptolemy tem uma relação difícil no começo. Quando ele se submete a um tratamento revolucionário que permite a recuperação de suas memórias por um período curto, mistérios de seu passado e presente são desvendados. 

Samuel L Jackson em 'Os Últimos Dias de Ptolemy Grey' Foto: Apple TV
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Era, sem dúvida, um personagem interessante de interpretar. Samuel L. Jackson procurou Mosley, com o intuito de produzir uma série de televisão baseada no romance, também inspirado nas experiências do escritor com seus pais, que sofreram de demência. O encontro foi especial, recordou-se Mosley. “De repente, éramos dois homens negros falando sobre os Estados Unidos e sobre uma história que nunca foi contada sobre os EUA, não desta maneira”, contou. 

DRAMA. Os Últimos Dias de Ptolemy Grey é um raro drama sobre a vida de um homem negro comum, vindo de uma família complicada. “Muitas vezes, quando uma família negra é retratada, é uma coisa meio Huxtables”, comentou Mosley, referindo-se à família encabeçada por Bill Cosby na sitcom The Cosby Show, que marcou época na televisão. Os Huxtables eram uma raridade na programação, mas sempre foram uma família modelo. “Aqui, queríamos explorar de outra maneira. É uma família complicada, mas Ptolemy cuida dela, mesmo depois de ter sido abandonado, ter seu dinheiro roubado, etc.” A dinâmica familiar não é muito diferente daquela de uma família brasileira, em que os “tios”, “primos” e “filhos” se multiplicam, mesmo sem laços de sangue. “Queriam transformar a Robyn em membro da família, porque não entendem”, protestou Samuel L. Jackson. “Eu sou chamado de tio por um monte de gente só porque vi crescer.”

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Para Mosley, essa é a vantagem de uma narrativa sob outro ponto de vista. “Toda vez que você conta a história de latinos, indígenas, chineses e japoneses nos EUA, parece que nunca foi contada. Porque nós não prestamos atenção nessas pessoas. Estou contando uma história universal, mas ela também é única.” Para o autor e roteirista, alguma coisa mudou com o segundo movimento Vidas Negras Importam. “Ele teve um impacto profundo na psique americana. As pessoas estão prestando mais atenção não apenas nas pessoas negras, mas em gente com identidades de gênero diversas, de culturas diversas. Não sei se vai durar. Mas está acontecendo.” Jackson, que tem 73 anos de idade e 50 de carreira, percebe clara diferença nos sets de filmagem. “É incrível ver mais pessoas não brancas na frente e atrás das câmeras.”

Dominique Fishback, que ficou conhecida pela série The Deuce e pelo filme Judas e o Messias Negro, é um dos talentos revelados nessa nova onda. Ela comemorou a oportunidade de aprender com Jackson. “Sendo uma jovem atriz, quero ser eu mesma, mas também temo ser malcompreendida por minhas atitudes”, concluiu. “E Sam me ensinou que tudo bem ser quem você é, sem ficar se explicando.” Assim como Robyn, a atriz também vem de uma comunidade pobre de Nova York. “Há muito preconceito em relação aos jovens que vêm de onde venho.” 

Samuel L. Jackson também espera que as pessoas possam despir-se de preconceitos em relação a quem sofre de demência e Alzheimer. “Para mim era importante mostrar Ptolemy de uma maneira que quem está lidando com isso consiga se identificar”, explicou. “Que estivesse representada a frustração de alguém que recebe uma pergunta e não sabe como responder, junto com a vergonha, a tristeza e a raiva que vêm dessa incapacidade de responder. Mas também queria que houvesse um pouco de esperança.” 

Toda vez que entra em um ambiente e não se lembra do que foi fazer ali, ou se esquece de um nome, Samuel L. Jackson tem um breve momento de pânico. Em sua família, são muitos os casos de Alzheimer e demência: sua mãe, seu avô, vários tios. Por isso, ele se identificou imediatamente ao ler The Last Days of Ptolemy Grey, livro de Walter Mosley lançado em 2010. “Eu estava cercado por essas doenças”, disse Jackson em entrevista com a participação do Estadão, por videoconferência. “Quanto mais eu pensava no personagem, mais ele ganhava importância em termos de significado para minha vida, quem eu era, com o que eu estava lidando, como queria apresentar essa história ao mundo. Então demorou um bocado, mas valeu a pena.”

O ator, conhecido por seus papéis nos filmes de Quentin Tarantino e por encarnar Nick Fury nas produções da Marvel, está na minissérie Os Últimos Dias de Ptolemy Grey, que tem seus dois primeiros episódios disponíveis no Apple TV+ e toda sexta haverá um novo capítulo. Jackson interpreta Ptolemy Grey, um homem idoso que vive em um apartamentinho lotado de objetos dos quais não se recorda. De vez em quando, tem lampejos de memória, especialmente de Sensia (Cynthia Kaye McWilliams), o amor de sua vida. Seu único contato com o mundo externo é Reggie (Omar Benson Miller), que o leva ao médico e ao banco. Mas, um dia, Reggie acaba substituído pela adolescente Robyn (Dominique Fishback), com quem Ptolemy tem uma relação difícil no começo. Quando ele se submete a um tratamento revolucionário que permite a recuperação de suas memórias por um período curto, mistérios de seu passado e presente são desvendados. 

Samuel L Jackson em 'Os Últimos Dias de Ptolemy Grey' Foto: Apple TV

Era, sem dúvida, um personagem interessante de interpretar. Samuel L. Jackson procurou Mosley, com o intuito de produzir uma série de televisão baseada no romance, também inspirado nas experiências do escritor com seus pais, que sofreram de demência. O encontro foi especial, recordou-se Mosley. “De repente, éramos dois homens negros falando sobre os Estados Unidos e sobre uma história que nunca foi contada sobre os EUA, não desta maneira”, contou. 

DRAMA. Os Últimos Dias de Ptolemy Grey é um raro drama sobre a vida de um homem negro comum, vindo de uma família complicada. “Muitas vezes, quando uma família negra é retratada, é uma coisa meio Huxtables”, comentou Mosley, referindo-se à família encabeçada por Bill Cosby na sitcom The Cosby Show, que marcou época na televisão. Os Huxtables eram uma raridade na programação, mas sempre foram uma família modelo. “Aqui, queríamos explorar de outra maneira. É uma família complicada, mas Ptolemy cuida dela, mesmo depois de ter sido abandonado, ter seu dinheiro roubado, etc.” A dinâmica familiar não é muito diferente daquela de uma família brasileira, em que os “tios”, “primos” e “filhos” se multiplicam, mesmo sem laços de sangue. “Queriam transformar a Robyn em membro da família, porque não entendem”, protestou Samuel L. Jackson. “Eu sou chamado de tio por um monte de gente só porque vi crescer.”

Para Mosley, essa é a vantagem de uma narrativa sob outro ponto de vista. “Toda vez que você conta a história de latinos, indígenas, chineses e japoneses nos EUA, parece que nunca foi contada. Porque nós não prestamos atenção nessas pessoas. Estou contando uma história universal, mas ela também é única.” Para o autor e roteirista, alguma coisa mudou com o segundo movimento Vidas Negras Importam. “Ele teve um impacto profundo na psique americana. As pessoas estão prestando mais atenção não apenas nas pessoas negras, mas em gente com identidades de gênero diversas, de culturas diversas. Não sei se vai durar. Mas está acontecendo.” Jackson, que tem 73 anos de idade e 50 de carreira, percebe clara diferença nos sets de filmagem. “É incrível ver mais pessoas não brancas na frente e atrás das câmeras.”

Dominique Fishback, que ficou conhecida pela série The Deuce e pelo filme Judas e o Messias Negro, é um dos talentos revelados nessa nova onda. Ela comemorou a oportunidade de aprender com Jackson. “Sendo uma jovem atriz, quero ser eu mesma, mas também temo ser malcompreendida por minhas atitudes”, concluiu. “E Sam me ensinou que tudo bem ser quem você é, sem ficar se explicando.” Assim como Robyn, a atriz também vem de uma comunidade pobre de Nova York. “Há muito preconceito em relação aos jovens que vêm de onde venho.” 

Samuel L. Jackson também espera que as pessoas possam despir-se de preconceitos em relação a quem sofre de demência e Alzheimer. “Para mim era importante mostrar Ptolemy de uma maneira que quem está lidando com isso consiga se identificar”, explicou. “Que estivesse representada a frustração de alguém que recebe uma pergunta e não sabe como responder, junto com a vergonha, a tristeza e a raiva que vêm dessa incapacidade de responder. Mas também queria que houvesse um pouco de esperança.” 

Toda vez que entra em um ambiente e não se lembra do que foi fazer ali, ou se esquece de um nome, Samuel L. Jackson tem um breve momento de pânico. Em sua família, são muitos os casos de Alzheimer e demência: sua mãe, seu avô, vários tios. Por isso, ele se identificou imediatamente ao ler The Last Days of Ptolemy Grey, livro de Walter Mosley lançado em 2010. “Eu estava cercado por essas doenças”, disse Jackson em entrevista com a participação do Estadão, por videoconferência. “Quanto mais eu pensava no personagem, mais ele ganhava importância em termos de significado para minha vida, quem eu era, com o que eu estava lidando, como queria apresentar essa história ao mundo. Então demorou um bocado, mas valeu a pena.”

O ator, conhecido por seus papéis nos filmes de Quentin Tarantino e por encarnar Nick Fury nas produções da Marvel, está na minissérie Os Últimos Dias de Ptolemy Grey, que tem seus dois primeiros episódios disponíveis no Apple TV+ e toda sexta haverá um novo capítulo. Jackson interpreta Ptolemy Grey, um homem idoso que vive em um apartamentinho lotado de objetos dos quais não se recorda. De vez em quando, tem lampejos de memória, especialmente de Sensia (Cynthia Kaye McWilliams), o amor de sua vida. Seu único contato com o mundo externo é Reggie (Omar Benson Miller), que o leva ao médico e ao banco. Mas, um dia, Reggie acaba substituído pela adolescente Robyn (Dominique Fishback), com quem Ptolemy tem uma relação difícil no começo. Quando ele se submete a um tratamento revolucionário que permite a recuperação de suas memórias por um período curto, mistérios de seu passado e presente são desvendados. 

Samuel L Jackson em 'Os Últimos Dias de Ptolemy Grey' Foto: Apple TV

Era, sem dúvida, um personagem interessante de interpretar. Samuel L. Jackson procurou Mosley, com o intuito de produzir uma série de televisão baseada no romance, também inspirado nas experiências do escritor com seus pais, que sofreram de demência. O encontro foi especial, recordou-se Mosley. “De repente, éramos dois homens negros falando sobre os Estados Unidos e sobre uma história que nunca foi contada sobre os EUA, não desta maneira”, contou. 

DRAMA. Os Últimos Dias de Ptolemy Grey é um raro drama sobre a vida de um homem negro comum, vindo de uma família complicada. “Muitas vezes, quando uma família negra é retratada, é uma coisa meio Huxtables”, comentou Mosley, referindo-se à família encabeçada por Bill Cosby na sitcom The Cosby Show, que marcou época na televisão. Os Huxtables eram uma raridade na programação, mas sempre foram uma família modelo. “Aqui, queríamos explorar de outra maneira. É uma família complicada, mas Ptolemy cuida dela, mesmo depois de ter sido abandonado, ter seu dinheiro roubado, etc.” A dinâmica familiar não é muito diferente daquela de uma família brasileira, em que os “tios”, “primos” e “filhos” se multiplicam, mesmo sem laços de sangue. “Queriam transformar a Robyn em membro da família, porque não entendem”, protestou Samuel L. Jackson. “Eu sou chamado de tio por um monte de gente só porque vi crescer.”

Para Mosley, essa é a vantagem de uma narrativa sob outro ponto de vista. “Toda vez que você conta a história de latinos, indígenas, chineses e japoneses nos EUA, parece que nunca foi contada. Porque nós não prestamos atenção nessas pessoas. Estou contando uma história universal, mas ela também é única.” Para o autor e roteirista, alguma coisa mudou com o segundo movimento Vidas Negras Importam. “Ele teve um impacto profundo na psique americana. As pessoas estão prestando mais atenção não apenas nas pessoas negras, mas em gente com identidades de gênero diversas, de culturas diversas. Não sei se vai durar. Mas está acontecendo.” Jackson, que tem 73 anos de idade e 50 de carreira, percebe clara diferença nos sets de filmagem. “É incrível ver mais pessoas não brancas na frente e atrás das câmeras.”

Dominique Fishback, que ficou conhecida pela série The Deuce e pelo filme Judas e o Messias Negro, é um dos talentos revelados nessa nova onda. Ela comemorou a oportunidade de aprender com Jackson. “Sendo uma jovem atriz, quero ser eu mesma, mas também temo ser malcompreendida por minhas atitudes”, concluiu. “E Sam me ensinou que tudo bem ser quem você é, sem ficar se explicando.” Assim como Robyn, a atriz também vem de uma comunidade pobre de Nova York. “Há muito preconceito em relação aos jovens que vêm de onde venho.” 

Samuel L. Jackson também espera que as pessoas possam despir-se de preconceitos em relação a quem sofre de demência e Alzheimer. “Para mim era importante mostrar Ptolemy de uma maneira que quem está lidando com isso consiga se identificar”, explicou. “Que estivesse representada a frustração de alguém que recebe uma pergunta e não sabe como responder, junto com a vergonha, a tristeza e a raiva que vêm dessa incapacidade de responder. Mas também queria que houvesse um pouco de esperança.” 

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