Série cômica 'The White Lotus' mostra férias em resort


Grupo de privilegiados inferniza os funcionários e percebe que a vida nem sempre é tão fácil

Por Mariane Morisawa

Férias em um resort de luxo em uma praia do Havaí, com todos os seus desejos atendidos por funcionários prestativos e experiências exclusivas – contanto que sua conta bancária permita, claro. O que poderia dar errado? A verdade é que muita coisa, tanto para os hóspedes ricos e mimados quanto para os trabalhadores do hotel, como mostra a comédia satírica The White Lotus, que estreia cada um dos seis episódios aos domingos, às 22h, na HBO e HBO Max

Cena da série cômica 'The White Lotus' Foto: Mario Perez/HBO

Os novos hóspedes vip do White Lotus são recebidos pessoalmente pelo gerente Armond (Murray Bartlett), sempre com um sorriso – às vezes forçado – no rosto. A executiva de uma empresa de tecnologia Nicole Mossbacher (Connie Britton) chega com seu marido Mark (Steve Zahn), que se sente emasculado e está com suspeita de um tumor no testículo, além dos filhos Quinn (Fred Hechinger), um adolescente tímido que se refugia nos games, e Olivia (Sydney Sweeney), uma universitária sarcástica, acompanhada da sua amiga Paula (Brittany O’Grady), que não tem a mesma origem social. Logo, todos estão em pé de guerra. Há também o casal Shane (Jake Lacy) e Rachel (Alexandra Daddario), que passam lua de mel e parecem feitos um para o outro, até ele perceber que deram o quarto reservado por sua mãe para outros hóspedes. Aí ele resolve que vai infernizar a vida de Armond. Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge) vem sozinha para jogar no mar as cinzas da mãe, que morreu recentemente. Carente e em luto, ela vai estabelecer uma relação desigual com a massagista Belinda (Natasha Rothwell). A minissérie é escrita e dirigida por Mike White (de Enlightened), que não teme o exagero e estica a corda até ficar incômodo de assistir. “Mike tem um entendimento profundo da comédia e da linha tênue que separa a comédia da tragédia”, disse o ator australiano Murray Bartlett. “A vida é surreal, às vezes exagerada, e ele não tem receio de usar isso.” O ator, que já trabalhou na indústria de hospitalidade, sabe como seu personagem se sente, sofrendo abusos e tendo de manter o sorriso de fachada – até não aguentar mais. “Eu não gosto de ver pessoas tratando outras como lixo”, afirmou. “Acho que a série fala de forma muito crua da raiz do que nos mantém divididos: pensar que somos melhores que os outros.” Para Steve Zahn, The White Lotus mostra como as pessoas podem ser ridículas. “Nossos problemas diários são banais”, afirmou. “Nós rodamos durante a pandemia. A pandemia é um problema real. Mas muitas das coisas que esses personagens consideram problemas não são.”  Poder rodar durante a pandemia, num hotel de luxo no Havaí, foi uma boa maneira de ficar atento a seus próprios privilégios. “Estávamos trabalhando como atores, numa hora em que um monte de colegas não tinha trabalho, em que as pessoas estavam perdendo seus empregos e seus familiares”, disse Brittany O’Grady (da série Little Voice). Sydney Sweeney, de Euphoria, comparou a filmagem a uma bolha. “Éramos lembrados da realidade a todo momento, era só ligar o noticiário. Então ficamos muito gratos por essa oportunidade.” A pandemia quase serviu de desculpa para Jennifer Coolidge recusar o papel. Na verdade, ela reconheceu logo que era medo. “Eu normalmente faço comédias rasgadas”, contou a atriz, conhecida por Legalmente Loira e 2 Broke Girls. “Este trabalho era muito diferente. Mas Mike White disse que escreveu pensando em mim – não sei se deveria me sentir lisonjeada com isso. E um dia ele me mandou uma mensagem de madrugada, perguntando se eu estava com medo, como se tivesse lido minha mente. Vi que não tinha como escapar.” Valeu a pena, porque, num elenco forte desses, Coolidge é o grande destaque. A atriz se identificou com Tanya. “Ela é uma pessoa complicada. Perdi minha mãe quando tinha 30 anos de idade, cedo demais, e acho que nunca me recuperei”, contou. Também viu paralelos entre sua vida de atriz e a relação desnivelada que sua personagem estabelece com Belinda – Tanya é a hóspede solitária que vê na funcionária do hotel uma companhia, mas em troca acredita que precisa oferecer alguma coisa, nem que seja uma promessa. “A Tanya diz uma frase com a qual me identifico: Não importa o que eu faça, as pessoas ficam desapontadas”, afirmou Coolidge. “Sendo uma atriz com vida privilegiada, as pessoas projetam muitas coisas em você. Elas pensam que não é possível você sentir tristeza, ser rejeitada por alguém que ama. E eu sei que minha vida é muito mais fácil do que a da maioria das pessoas, mas há coisas que doem da mesma forma.” The White Lotus pode apontar de maneira bem explícita os privilégios de quem tem tudo, mas tem personagens humanos. Os ricos e famosos, afinal, também choram.

Férias em um resort de luxo em uma praia do Havaí, com todos os seus desejos atendidos por funcionários prestativos e experiências exclusivas – contanto que sua conta bancária permita, claro. O que poderia dar errado? A verdade é que muita coisa, tanto para os hóspedes ricos e mimados quanto para os trabalhadores do hotel, como mostra a comédia satírica The White Lotus, que estreia cada um dos seis episódios aos domingos, às 22h, na HBO e HBO Max

Cena da série cômica 'The White Lotus' Foto: Mario Perez/HBO

Os novos hóspedes vip do White Lotus são recebidos pessoalmente pelo gerente Armond (Murray Bartlett), sempre com um sorriso – às vezes forçado – no rosto. A executiva de uma empresa de tecnologia Nicole Mossbacher (Connie Britton) chega com seu marido Mark (Steve Zahn), que se sente emasculado e está com suspeita de um tumor no testículo, além dos filhos Quinn (Fred Hechinger), um adolescente tímido que se refugia nos games, e Olivia (Sydney Sweeney), uma universitária sarcástica, acompanhada da sua amiga Paula (Brittany O’Grady), que não tem a mesma origem social. Logo, todos estão em pé de guerra. Há também o casal Shane (Jake Lacy) e Rachel (Alexandra Daddario), que passam lua de mel e parecem feitos um para o outro, até ele perceber que deram o quarto reservado por sua mãe para outros hóspedes. Aí ele resolve que vai infernizar a vida de Armond. Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge) vem sozinha para jogar no mar as cinzas da mãe, que morreu recentemente. Carente e em luto, ela vai estabelecer uma relação desigual com a massagista Belinda (Natasha Rothwell). A minissérie é escrita e dirigida por Mike White (de Enlightened), que não teme o exagero e estica a corda até ficar incômodo de assistir. “Mike tem um entendimento profundo da comédia e da linha tênue que separa a comédia da tragédia”, disse o ator australiano Murray Bartlett. “A vida é surreal, às vezes exagerada, e ele não tem receio de usar isso.” O ator, que já trabalhou na indústria de hospitalidade, sabe como seu personagem se sente, sofrendo abusos e tendo de manter o sorriso de fachada – até não aguentar mais. “Eu não gosto de ver pessoas tratando outras como lixo”, afirmou. “Acho que a série fala de forma muito crua da raiz do que nos mantém divididos: pensar que somos melhores que os outros.” Para Steve Zahn, The White Lotus mostra como as pessoas podem ser ridículas. “Nossos problemas diários são banais”, afirmou. “Nós rodamos durante a pandemia. A pandemia é um problema real. Mas muitas das coisas que esses personagens consideram problemas não são.”  Poder rodar durante a pandemia, num hotel de luxo no Havaí, foi uma boa maneira de ficar atento a seus próprios privilégios. “Estávamos trabalhando como atores, numa hora em que um monte de colegas não tinha trabalho, em que as pessoas estavam perdendo seus empregos e seus familiares”, disse Brittany O’Grady (da série Little Voice). Sydney Sweeney, de Euphoria, comparou a filmagem a uma bolha. “Éramos lembrados da realidade a todo momento, era só ligar o noticiário. Então ficamos muito gratos por essa oportunidade.” A pandemia quase serviu de desculpa para Jennifer Coolidge recusar o papel. Na verdade, ela reconheceu logo que era medo. “Eu normalmente faço comédias rasgadas”, contou a atriz, conhecida por Legalmente Loira e 2 Broke Girls. “Este trabalho era muito diferente. Mas Mike White disse que escreveu pensando em mim – não sei se deveria me sentir lisonjeada com isso. E um dia ele me mandou uma mensagem de madrugada, perguntando se eu estava com medo, como se tivesse lido minha mente. Vi que não tinha como escapar.” Valeu a pena, porque, num elenco forte desses, Coolidge é o grande destaque. A atriz se identificou com Tanya. “Ela é uma pessoa complicada. Perdi minha mãe quando tinha 30 anos de idade, cedo demais, e acho que nunca me recuperei”, contou. Também viu paralelos entre sua vida de atriz e a relação desnivelada que sua personagem estabelece com Belinda – Tanya é a hóspede solitária que vê na funcionária do hotel uma companhia, mas em troca acredita que precisa oferecer alguma coisa, nem que seja uma promessa. “A Tanya diz uma frase com a qual me identifico: Não importa o que eu faça, as pessoas ficam desapontadas”, afirmou Coolidge. “Sendo uma atriz com vida privilegiada, as pessoas projetam muitas coisas em você. Elas pensam que não é possível você sentir tristeza, ser rejeitada por alguém que ama. E eu sei que minha vida é muito mais fácil do que a da maioria das pessoas, mas há coisas que doem da mesma forma.” The White Lotus pode apontar de maneira bem explícita os privilégios de quem tem tudo, mas tem personagens humanos. Os ricos e famosos, afinal, também choram.

Férias em um resort de luxo em uma praia do Havaí, com todos os seus desejos atendidos por funcionários prestativos e experiências exclusivas – contanto que sua conta bancária permita, claro. O que poderia dar errado? A verdade é que muita coisa, tanto para os hóspedes ricos e mimados quanto para os trabalhadores do hotel, como mostra a comédia satírica The White Lotus, que estreia cada um dos seis episódios aos domingos, às 22h, na HBO e HBO Max

Cena da série cômica 'The White Lotus' Foto: Mario Perez/HBO

Os novos hóspedes vip do White Lotus são recebidos pessoalmente pelo gerente Armond (Murray Bartlett), sempre com um sorriso – às vezes forçado – no rosto. A executiva de uma empresa de tecnologia Nicole Mossbacher (Connie Britton) chega com seu marido Mark (Steve Zahn), que se sente emasculado e está com suspeita de um tumor no testículo, além dos filhos Quinn (Fred Hechinger), um adolescente tímido que se refugia nos games, e Olivia (Sydney Sweeney), uma universitária sarcástica, acompanhada da sua amiga Paula (Brittany O’Grady), que não tem a mesma origem social. Logo, todos estão em pé de guerra. Há também o casal Shane (Jake Lacy) e Rachel (Alexandra Daddario), que passam lua de mel e parecem feitos um para o outro, até ele perceber que deram o quarto reservado por sua mãe para outros hóspedes. Aí ele resolve que vai infernizar a vida de Armond. Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge) vem sozinha para jogar no mar as cinzas da mãe, que morreu recentemente. Carente e em luto, ela vai estabelecer uma relação desigual com a massagista Belinda (Natasha Rothwell). A minissérie é escrita e dirigida por Mike White (de Enlightened), que não teme o exagero e estica a corda até ficar incômodo de assistir. “Mike tem um entendimento profundo da comédia e da linha tênue que separa a comédia da tragédia”, disse o ator australiano Murray Bartlett. “A vida é surreal, às vezes exagerada, e ele não tem receio de usar isso.” O ator, que já trabalhou na indústria de hospitalidade, sabe como seu personagem se sente, sofrendo abusos e tendo de manter o sorriso de fachada – até não aguentar mais. “Eu não gosto de ver pessoas tratando outras como lixo”, afirmou. “Acho que a série fala de forma muito crua da raiz do que nos mantém divididos: pensar que somos melhores que os outros.” Para Steve Zahn, The White Lotus mostra como as pessoas podem ser ridículas. “Nossos problemas diários são banais”, afirmou. “Nós rodamos durante a pandemia. A pandemia é um problema real. Mas muitas das coisas que esses personagens consideram problemas não são.”  Poder rodar durante a pandemia, num hotel de luxo no Havaí, foi uma boa maneira de ficar atento a seus próprios privilégios. “Estávamos trabalhando como atores, numa hora em que um monte de colegas não tinha trabalho, em que as pessoas estavam perdendo seus empregos e seus familiares”, disse Brittany O’Grady (da série Little Voice). Sydney Sweeney, de Euphoria, comparou a filmagem a uma bolha. “Éramos lembrados da realidade a todo momento, era só ligar o noticiário. Então ficamos muito gratos por essa oportunidade.” A pandemia quase serviu de desculpa para Jennifer Coolidge recusar o papel. Na verdade, ela reconheceu logo que era medo. “Eu normalmente faço comédias rasgadas”, contou a atriz, conhecida por Legalmente Loira e 2 Broke Girls. “Este trabalho era muito diferente. Mas Mike White disse que escreveu pensando em mim – não sei se deveria me sentir lisonjeada com isso. E um dia ele me mandou uma mensagem de madrugada, perguntando se eu estava com medo, como se tivesse lido minha mente. Vi que não tinha como escapar.” Valeu a pena, porque, num elenco forte desses, Coolidge é o grande destaque. A atriz se identificou com Tanya. “Ela é uma pessoa complicada. Perdi minha mãe quando tinha 30 anos de idade, cedo demais, e acho que nunca me recuperei”, contou. Também viu paralelos entre sua vida de atriz e a relação desnivelada que sua personagem estabelece com Belinda – Tanya é a hóspede solitária que vê na funcionária do hotel uma companhia, mas em troca acredita que precisa oferecer alguma coisa, nem que seja uma promessa. “A Tanya diz uma frase com a qual me identifico: Não importa o que eu faça, as pessoas ficam desapontadas”, afirmou Coolidge. “Sendo uma atriz com vida privilegiada, as pessoas projetam muitas coisas em você. Elas pensam que não é possível você sentir tristeza, ser rejeitada por alguém que ama. E eu sei que minha vida é muito mais fácil do que a da maioria das pessoas, mas há coisas que doem da mesma forma.” The White Lotus pode apontar de maneira bem explícita os privilégios de quem tem tudo, mas tem personagens humanos. Os ricos e famosos, afinal, também choram.

Férias em um resort de luxo em uma praia do Havaí, com todos os seus desejos atendidos por funcionários prestativos e experiências exclusivas – contanto que sua conta bancária permita, claro. O que poderia dar errado? A verdade é que muita coisa, tanto para os hóspedes ricos e mimados quanto para os trabalhadores do hotel, como mostra a comédia satírica The White Lotus, que estreia cada um dos seis episódios aos domingos, às 22h, na HBO e HBO Max

Cena da série cômica 'The White Lotus' Foto: Mario Perez/HBO

Os novos hóspedes vip do White Lotus são recebidos pessoalmente pelo gerente Armond (Murray Bartlett), sempre com um sorriso – às vezes forçado – no rosto. A executiva de uma empresa de tecnologia Nicole Mossbacher (Connie Britton) chega com seu marido Mark (Steve Zahn), que se sente emasculado e está com suspeita de um tumor no testículo, além dos filhos Quinn (Fred Hechinger), um adolescente tímido que se refugia nos games, e Olivia (Sydney Sweeney), uma universitária sarcástica, acompanhada da sua amiga Paula (Brittany O’Grady), que não tem a mesma origem social. Logo, todos estão em pé de guerra. Há também o casal Shane (Jake Lacy) e Rachel (Alexandra Daddario), que passam lua de mel e parecem feitos um para o outro, até ele perceber que deram o quarto reservado por sua mãe para outros hóspedes. Aí ele resolve que vai infernizar a vida de Armond. Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge) vem sozinha para jogar no mar as cinzas da mãe, que morreu recentemente. Carente e em luto, ela vai estabelecer uma relação desigual com a massagista Belinda (Natasha Rothwell). A minissérie é escrita e dirigida por Mike White (de Enlightened), que não teme o exagero e estica a corda até ficar incômodo de assistir. “Mike tem um entendimento profundo da comédia e da linha tênue que separa a comédia da tragédia”, disse o ator australiano Murray Bartlett. “A vida é surreal, às vezes exagerada, e ele não tem receio de usar isso.” O ator, que já trabalhou na indústria de hospitalidade, sabe como seu personagem se sente, sofrendo abusos e tendo de manter o sorriso de fachada – até não aguentar mais. “Eu não gosto de ver pessoas tratando outras como lixo”, afirmou. “Acho que a série fala de forma muito crua da raiz do que nos mantém divididos: pensar que somos melhores que os outros.” Para Steve Zahn, The White Lotus mostra como as pessoas podem ser ridículas. “Nossos problemas diários são banais”, afirmou. “Nós rodamos durante a pandemia. A pandemia é um problema real. Mas muitas das coisas que esses personagens consideram problemas não são.”  Poder rodar durante a pandemia, num hotel de luxo no Havaí, foi uma boa maneira de ficar atento a seus próprios privilégios. “Estávamos trabalhando como atores, numa hora em que um monte de colegas não tinha trabalho, em que as pessoas estavam perdendo seus empregos e seus familiares”, disse Brittany O’Grady (da série Little Voice). Sydney Sweeney, de Euphoria, comparou a filmagem a uma bolha. “Éramos lembrados da realidade a todo momento, era só ligar o noticiário. Então ficamos muito gratos por essa oportunidade.” A pandemia quase serviu de desculpa para Jennifer Coolidge recusar o papel. Na verdade, ela reconheceu logo que era medo. “Eu normalmente faço comédias rasgadas”, contou a atriz, conhecida por Legalmente Loira e 2 Broke Girls. “Este trabalho era muito diferente. Mas Mike White disse que escreveu pensando em mim – não sei se deveria me sentir lisonjeada com isso. E um dia ele me mandou uma mensagem de madrugada, perguntando se eu estava com medo, como se tivesse lido minha mente. Vi que não tinha como escapar.” Valeu a pena, porque, num elenco forte desses, Coolidge é o grande destaque. A atriz se identificou com Tanya. “Ela é uma pessoa complicada. Perdi minha mãe quando tinha 30 anos de idade, cedo demais, e acho que nunca me recuperei”, contou. Também viu paralelos entre sua vida de atriz e a relação desnivelada que sua personagem estabelece com Belinda – Tanya é a hóspede solitária que vê na funcionária do hotel uma companhia, mas em troca acredita que precisa oferecer alguma coisa, nem que seja uma promessa. “A Tanya diz uma frase com a qual me identifico: Não importa o que eu faça, as pessoas ficam desapontadas”, afirmou Coolidge. “Sendo uma atriz com vida privilegiada, as pessoas projetam muitas coisas em você. Elas pensam que não é possível você sentir tristeza, ser rejeitada por alguém que ama. E eu sei que minha vida é muito mais fácil do que a da maioria das pessoas, mas há coisas que doem da mesma forma.” The White Lotus pode apontar de maneira bem explícita os privilégios de quem tem tudo, mas tem personagens humanos. Os ricos e famosos, afinal, também choram.

Férias em um resort de luxo em uma praia do Havaí, com todos os seus desejos atendidos por funcionários prestativos e experiências exclusivas – contanto que sua conta bancária permita, claro. O que poderia dar errado? A verdade é que muita coisa, tanto para os hóspedes ricos e mimados quanto para os trabalhadores do hotel, como mostra a comédia satírica The White Lotus, que estreia cada um dos seis episódios aos domingos, às 22h, na HBO e HBO Max

Cena da série cômica 'The White Lotus' Foto: Mario Perez/HBO

Os novos hóspedes vip do White Lotus são recebidos pessoalmente pelo gerente Armond (Murray Bartlett), sempre com um sorriso – às vezes forçado – no rosto. A executiva de uma empresa de tecnologia Nicole Mossbacher (Connie Britton) chega com seu marido Mark (Steve Zahn), que se sente emasculado e está com suspeita de um tumor no testículo, além dos filhos Quinn (Fred Hechinger), um adolescente tímido que se refugia nos games, e Olivia (Sydney Sweeney), uma universitária sarcástica, acompanhada da sua amiga Paula (Brittany O’Grady), que não tem a mesma origem social. Logo, todos estão em pé de guerra. Há também o casal Shane (Jake Lacy) e Rachel (Alexandra Daddario), que passam lua de mel e parecem feitos um para o outro, até ele perceber que deram o quarto reservado por sua mãe para outros hóspedes. Aí ele resolve que vai infernizar a vida de Armond. Tanya McQuoid (Jennifer Coolidge) vem sozinha para jogar no mar as cinzas da mãe, que morreu recentemente. Carente e em luto, ela vai estabelecer uma relação desigual com a massagista Belinda (Natasha Rothwell). A minissérie é escrita e dirigida por Mike White (de Enlightened), que não teme o exagero e estica a corda até ficar incômodo de assistir. “Mike tem um entendimento profundo da comédia e da linha tênue que separa a comédia da tragédia”, disse o ator australiano Murray Bartlett. “A vida é surreal, às vezes exagerada, e ele não tem receio de usar isso.” O ator, que já trabalhou na indústria de hospitalidade, sabe como seu personagem se sente, sofrendo abusos e tendo de manter o sorriso de fachada – até não aguentar mais. “Eu não gosto de ver pessoas tratando outras como lixo”, afirmou. “Acho que a série fala de forma muito crua da raiz do que nos mantém divididos: pensar que somos melhores que os outros.” Para Steve Zahn, The White Lotus mostra como as pessoas podem ser ridículas. “Nossos problemas diários são banais”, afirmou. “Nós rodamos durante a pandemia. A pandemia é um problema real. Mas muitas das coisas que esses personagens consideram problemas não são.”  Poder rodar durante a pandemia, num hotel de luxo no Havaí, foi uma boa maneira de ficar atento a seus próprios privilégios. “Estávamos trabalhando como atores, numa hora em que um monte de colegas não tinha trabalho, em que as pessoas estavam perdendo seus empregos e seus familiares”, disse Brittany O’Grady (da série Little Voice). Sydney Sweeney, de Euphoria, comparou a filmagem a uma bolha. “Éramos lembrados da realidade a todo momento, era só ligar o noticiário. Então ficamos muito gratos por essa oportunidade.” A pandemia quase serviu de desculpa para Jennifer Coolidge recusar o papel. Na verdade, ela reconheceu logo que era medo. “Eu normalmente faço comédias rasgadas”, contou a atriz, conhecida por Legalmente Loira e 2 Broke Girls. “Este trabalho era muito diferente. Mas Mike White disse que escreveu pensando em mim – não sei se deveria me sentir lisonjeada com isso. E um dia ele me mandou uma mensagem de madrugada, perguntando se eu estava com medo, como se tivesse lido minha mente. Vi que não tinha como escapar.” Valeu a pena, porque, num elenco forte desses, Coolidge é o grande destaque. A atriz se identificou com Tanya. “Ela é uma pessoa complicada. Perdi minha mãe quando tinha 30 anos de idade, cedo demais, e acho que nunca me recuperei”, contou. Também viu paralelos entre sua vida de atriz e a relação desnivelada que sua personagem estabelece com Belinda – Tanya é a hóspede solitária que vê na funcionária do hotel uma companhia, mas em troca acredita que precisa oferecer alguma coisa, nem que seja uma promessa. “A Tanya diz uma frase com a qual me identifico: Não importa o que eu faça, as pessoas ficam desapontadas”, afirmou Coolidge. “Sendo uma atriz com vida privilegiada, as pessoas projetam muitas coisas em você. Elas pensam que não é possível você sentir tristeza, ser rejeitada por alguém que ama. E eu sei que minha vida é muito mais fácil do que a da maioria das pessoas, mas há coisas que doem da mesma forma.” The White Lotus pode apontar de maneira bem explícita os privilégios de quem tem tudo, mas tem personagens humanos. Os ricos e famosos, afinal, também choram.

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