Série da Paramount+ examina mudanças da humanidade em quatro décadas


‘The Man Who Fell to Earth’ é continuação do filme de 1976 com David Bowie, que vivia o alienígena que vinha à Terra

Por Mariane Morisawa

Como fazer uma nova adaptação de dois clássicos, o livro O Homem Que Caiu na Terra, de Walter Tevis, e o filme de 1976 de mesmo nome, dirigido por Nicolas Roeg e estrelado por David Bowie? Para Alex Kurtzman e Jenny Lumet, a resposta era simples: não fazer uma refilmagem e, sim, dar um passo adiante. O resultado está em The Man Who Fell on Earth, que já estreou o primeiro de seus dez episódios no canal do Paramount+

Os atores Chiwetel Ejiofor (Faraday) e Naomie Harris (Justin) em cena da série já disponível. Foto: Paramount+

“Era importante para nós reinterpretar as ideias do livro, que são atemporais”, disse Kurtzman em evento de imprensa da Associação de Críticos de Televisão. “Por exemplo, como chegamos aqui e que escolhas vamos fazer a partir de agora, ou o que significa ser humano.”

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The Man Who Fell on Earth respeita o tempo que passou. A série ocorre cerca de 45 anos depois dos eventos retratados em O Homem Que Caiu na Terra, quando um alienígena com a forma de David Bowie e o nome de Thomas Jerome Newton vinha ao nosso planeta para tentar salvar o seu, que necessitava desesperadamente de água. 

Agora, quem vem para a Terra é Faraday (Chiwetel Ejiofor), com a mesma missão de salvar Anthea, levando água do nosso planeta para lá. Como Newton no filme, Faraday encontra uma mulher, Justin, vivida pela atriz Naomie Harris. Ela não conseguiu seguir a carreira brilhante que tinha pela frente e cuida do pai e da filha trabalhando em uma usina que processa materiais tóxicos.

Papel diferente

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Ejiofor, portanto, interpreta um papel diferente de David Bowie, mas cuja função é a mesma, em princípio. “Você só pode viver seu próprio alienígena, não tem como pensar em quem fez antes”, afirmou ele em entrevista com a participação do Estadão, por videoconferência. 

“E todos nós nos sentimos como alienígenas, às vezes, nem que seja no primeiro dia de escola. Eu me baseei na minha própria história, com meus pais vindo da Nigéria para morar no Reino Unido, que tipo de sentimentos isso provocou em mim e como lidei com isso, para criar a maneira como Faraday interage com esse novo espaço, primeiro com estranheza, e depois como a humanidade começa a afetá-lo.” A família de Justin é fundamental na sua descoberta das belezas humanas.

Mas também há as dores. E uma prova disso é Thomas Jerome Newton, que, sim, ainda está por aqui, agora interpretado por Bill Nighy. “Nós precisávamos de uma lenda para ocupar uma posição de outro mito”, lembra Kurtzman. Nighy, modesto, disse ter ficado honrado de ser escolhido. “Como quase todo o mundo no planeta, eu sou um grande fã de David Bowie”, contou ele em mesa-redonda virtual com participação do Estadão. “Eu o encontrei algumas vezes e, para não ficar paralisado de interpretar o mesmo papel, me apeguei à esperança de que ele me aprovaria. Pensei: somos os dois do sul de Londres, ele de Bromley, eu, de Croydon. Espero que ele sorria para mim lá de cima.”

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Chiwetel Ejiofor e Naomie Harris na série 'The Man Who Fell to Earth'. Foto: Rico Torres/Showtime

Negros em cena

A escolha de dois atores negros para viver Faraday e Justin não foi aleatória, mesmo que a questão do racismo não seja primordial na série. “Mas eu digo com convicção que mulheres negras são a população mais vulnerável do planeta”, observou Lumet. 

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Ao mesmo tempo, sendo de origem judia-polonesa por parte de pai (o cineasta Sidney Lumet) e negra, europeia e indígena por parte de mãe (a escritora Gail Buckley, filha da cantora Lena Horne), a produtora espera poder colocar cada vez mais pessoas não brancas em seu elenco, “até que seja algo tão comum que não precise ser notado”. 

A viagem de 45 anos no tempo promovida em The Man Who Fell on Earth mostra que nosso comportamento não mudou de lá para cá. “Você sempre vai ter os bullies que lutam para chegar ao topo, manipulam sociedades inteiras para seu ganho pessoal”, lembrou Nighy. “Havia gangsterismo na Idade Média e hoje também. A tecnologia, que era para nos unir, nos separou mais do que nunca. As coisas ruins não mudaram, mas as boas também não. Ainda existem milhões de pessoas cujo instinto básico é decente e solidário.” 

Para Ejiofor, The Man Who Fell on Earth trata disso. “A série fala do que torna a humanidade especial e única e de como deveríamos ser gratos ao planeta que nos foi dado. E nós vemos isso pelos olhos de Faraday, um alienígena.” 

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Como fazer uma nova adaptação de dois clássicos, o livro O Homem Que Caiu na Terra, de Walter Tevis, e o filme de 1976 de mesmo nome, dirigido por Nicolas Roeg e estrelado por David Bowie? Para Alex Kurtzman e Jenny Lumet, a resposta era simples: não fazer uma refilmagem e, sim, dar um passo adiante. O resultado está em The Man Who Fell on Earth, que já estreou o primeiro de seus dez episódios no canal do Paramount+

Os atores Chiwetel Ejiofor (Faraday) e Naomie Harris (Justin) em cena da série já disponível. Foto: Paramount+

“Era importante para nós reinterpretar as ideias do livro, que são atemporais”, disse Kurtzman em evento de imprensa da Associação de Críticos de Televisão. “Por exemplo, como chegamos aqui e que escolhas vamos fazer a partir de agora, ou o que significa ser humano.”

The Man Who Fell on Earth respeita o tempo que passou. A série ocorre cerca de 45 anos depois dos eventos retratados em O Homem Que Caiu na Terra, quando um alienígena com a forma de David Bowie e o nome de Thomas Jerome Newton vinha ao nosso planeta para tentar salvar o seu, que necessitava desesperadamente de água. 

Agora, quem vem para a Terra é Faraday (Chiwetel Ejiofor), com a mesma missão de salvar Anthea, levando água do nosso planeta para lá. Como Newton no filme, Faraday encontra uma mulher, Justin, vivida pela atriz Naomie Harris. Ela não conseguiu seguir a carreira brilhante que tinha pela frente e cuida do pai e da filha trabalhando em uma usina que processa materiais tóxicos.

Papel diferente

Ejiofor, portanto, interpreta um papel diferente de David Bowie, mas cuja função é a mesma, em princípio. “Você só pode viver seu próprio alienígena, não tem como pensar em quem fez antes”, afirmou ele em entrevista com a participação do Estadão, por videoconferência. 

“E todos nós nos sentimos como alienígenas, às vezes, nem que seja no primeiro dia de escola. Eu me baseei na minha própria história, com meus pais vindo da Nigéria para morar no Reino Unido, que tipo de sentimentos isso provocou em mim e como lidei com isso, para criar a maneira como Faraday interage com esse novo espaço, primeiro com estranheza, e depois como a humanidade começa a afetá-lo.” A família de Justin é fundamental na sua descoberta das belezas humanas.

Mas também há as dores. E uma prova disso é Thomas Jerome Newton, que, sim, ainda está por aqui, agora interpretado por Bill Nighy. “Nós precisávamos de uma lenda para ocupar uma posição de outro mito”, lembra Kurtzman. Nighy, modesto, disse ter ficado honrado de ser escolhido. “Como quase todo o mundo no planeta, eu sou um grande fã de David Bowie”, contou ele em mesa-redonda virtual com participação do Estadão. “Eu o encontrei algumas vezes e, para não ficar paralisado de interpretar o mesmo papel, me apeguei à esperança de que ele me aprovaria. Pensei: somos os dois do sul de Londres, ele de Bromley, eu, de Croydon. Espero que ele sorria para mim lá de cima.”

Chiwetel Ejiofor e Naomie Harris na série 'The Man Who Fell to Earth'. Foto: Rico Torres/Showtime

Negros em cena

A escolha de dois atores negros para viver Faraday e Justin não foi aleatória, mesmo que a questão do racismo não seja primordial na série. “Mas eu digo com convicção que mulheres negras são a população mais vulnerável do planeta”, observou Lumet. 

Ao mesmo tempo, sendo de origem judia-polonesa por parte de pai (o cineasta Sidney Lumet) e negra, europeia e indígena por parte de mãe (a escritora Gail Buckley, filha da cantora Lena Horne), a produtora espera poder colocar cada vez mais pessoas não brancas em seu elenco, “até que seja algo tão comum que não precise ser notado”. 

A viagem de 45 anos no tempo promovida em The Man Who Fell on Earth mostra que nosso comportamento não mudou de lá para cá. “Você sempre vai ter os bullies que lutam para chegar ao topo, manipulam sociedades inteiras para seu ganho pessoal”, lembrou Nighy. “Havia gangsterismo na Idade Média e hoje também. A tecnologia, que era para nos unir, nos separou mais do que nunca. As coisas ruins não mudaram, mas as boas também não. Ainda existem milhões de pessoas cujo instinto básico é decente e solidário.” 

Para Ejiofor, The Man Who Fell on Earth trata disso. “A série fala do que torna a humanidade especial e única e de como deveríamos ser gratos ao planeta que nos foi dado. E nós vemos isso pelos olhos de Faraday, um alienígena.” 

Como fazer uma nova adaptação de dois clássicos, o livro O Homem Que Caiu na Terra, de Walter Tevis, e o filme de 1976 de mesmo nome, dirigido por Nicolas Roeg e estrelado por David Bowie? Para Alex Kurtzman e Jenny Lumet, a resposta era simples: não fazer uma refilmagem e, sim, dar um passo adiante. O resultado está em The Man Who Fell on Earth, que já estreou o primeiro de seus dez episódios no canal do Paramount+

Os atores Chiwetel Ejiofor (Faraday) e Naomie Harris (Justin) em cena da série já disponível. Foto: Paramount+

“Era importante para nós reinterpretar as ideias do livro, que são atemporais”, disse Kurtzman em evento de imprensa da Associação de Críticos de Televisão. “Por exemplo, como chegamos aqui e que escolhas vamos fazer a partir de agora, ou o que significa ser humano.”

The Man Who Fell on Earth respeita o tempo que passou. A série ocorre cerca de 45 anos depois dos eventos retratados em O Homem Que Caiu na Terra, quando um alienígena com a forma de David Bowie e o nome de Thomas Jerome Newton vinha ao nosso planeta para tentar salvar o seu, que necessitava desesperadamente de água. 

Agora, quem vem para a Terra é Faraday (Chiwetel Ejiofor), com a mesma missão de salvar Anthea, levando água do nosso planeta para lá. Como Newton no filme, Faraday encontra uma mulher, Justin, vivida pela atriz Naomie Harris. Ela não conseguiu seguir a carreira brilhante que tinha pela frente e cuida do pai e da filha trabalhando em uma usina que processa materiais tóxicos.

Papel diferente

Ejiofor, portanto, interpreta um papel diferente de David Bowie, mas cuja função é a mesma, em princípio. “Você só pode viver seu próprio alienígena, não tem como pensar em quem fez antes”, afirmou ele em entrevista com a participação do Estadão, por videoconferência. 

“E todos nós nos sentimos como alienígenas, às vezes, nem que seja no primeiro dia de escola. Eu me baseei na minha própria história, com meus pais vindo da Nigéria para morar no Reino Unido, que tipo de sentimentos isso provocou em mim e como lidei com isso, para criar a maneira como Faraday interage com esse novo espaço, primeiro com estranheza, e depois como a humanidade começa a afetá-lo.” A família de Justin é fundamental na sua descoberta das belezas humanas.

Mas também há as dores. E uma prova disso é Thomas Jerome Newton, que, sim, ainda está por aqui, agora interpretado por Bill Nighy. “Nós precisávamos de uma lenda para ocupar uma posição de outro mito”, lembra Kurtzman. Nighy, modesto, disse ter ficado honrado de ser escolhido. “Como quase todo o mundo no planeta, eu sou um grande fã de David Bowie”, contou ele em mesa-redonda virtual com participação do Estadão. “Eu o encontrei algumas vezes e, para não ficar paralisado de interpretar o mesmo papel, me apeguei à esperança de que ele me aprovaria. Pensei: somos os dois do sul de Londres, ele de Bromley, eu, de Croydon. Espero que ele sorria para mim lá de cima.”

Chiwetel Ejiofor e Naomie Harris na série 'The Man Who Fell to Earth'. Foto: Rico Torres/Showtime

Negros em cena

A escolha de dois atores negros para viver Faraday e Justin não foi aleatória, mesmo que a questão do racismo não seja primordial na série. “Mas eu digo com convicção que mulheres negras são a população mais vulnerável do planeta”, observou Lumet. 

Ao mesmo tempo, sendo de origem judia-polonesa por parte de pai (o cineasta Sidney Lumet) e negra, europeia e indígena por parte de mãe (a escritora Gail Buckley, filha da cantora Lena Horne), a produtora espera poder colocar cada vez mais pessoas não brancas em seu elenco, “até que seja algo tão comum que não precise ser notado”. 

A viagem de 45 anos no tempo promovida em The Man Who Fell on Earth mostra que nosso comportamento não mudou de lá para cá. “Você sempre vai ter os bullies que lutam para chegar ao topo, manipulam sociedades inteiras para seu ganho pessoal”, lembrou Nighy. “Havia gangsterismo na Idade Média e hoje também. A tecnologia, que era para nos unir, nos separou mais do que nunca. As coisas ruins não mudaram, mas as boas também não. Ainda existem milhões de pessoas cujo instinto básico é decente e solidário.” 

Para Ejiofor, The Man Who Fell on Earth trata disso. “A série fala do que torna a humanidade especial e única e de como deveríamos ser gratos ao planeta que nos foi dado. E nós vemos isso pelos olhos de Faraday, um alienígena.” 

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