Uma cirurgiã bem-sucedida encontra um médico recém-formado, que também é seu admirador. Os dois são os personagens centrais da nova série do Prime Video, Sutura, que entrou no catálogo da plataforma de streaming nesta sexta-feira, 22.
Dra. Mancini (Claudia Abreu) é conhecida como a melhor cirurgiã de um hospital particular, além de ter criado uma técnica de sutura e ter se tornado palestrante. No entanto, ela enfrenta dificulades com tremores em uma das mãos depois de um trauma pessoal. Já Ícaro (Humberto Morais) é um jovem negro da periferia de São Paulo cujo sonho é trabalhar com a médica de quem é fã. Primeiro lugar no concurso para residência, ele não consegue acesso ao diploma por conta de uma dívida na faculdade.
Sutura é uma série com tons de Grey’s Anatomy e Arcanjo Renegado, com dramas hospitalares que se misturam a uma boa história de ação. Após um encontro tenso, Dra. Mancini e Ícaro passam a atender bandidos como uma saída para resolver seus problemas.
Em Sutura, o destino une os dois personagens em uma trama que inclui o mundo do crime, mas também enfrentamento contra preconceitos e o julgamento que pode existir sobre pessoas como eles: ela, uma mulher bem-sucedida e independente, ele, um jovem cuja história foi transformada pela educação e pelo desejo de realizar um sonho.
“Toda mulher, de alguma maneira, enfrenta (dificuldades) na sociedade“, diz Claudia, ao comparar-se com sua personagem. Apesar dela e Dra. Mancini não terem muito em comum, segundo a artista, ela aponta que a grande semelhança entre as duas são as questões que passam sendo mulheres. “Não só no trabalho, o fato de ser mulher e ter que exigir igualdade, respeito, é uma coisa inerente a todas nós, independentemente da classe social", complementa.
Em Sutura, apesar de ser destaque na sua profissão, a médica enfenta olhares de quem duvida dela Dra. Mancini precisa, mesmo depois de anos de profissão, provar que é boa no que faz, principalmente depois de ter vivido um trauma pessoal, que provoca uma instabilidade em sua capacidade de realizar cirurgias, que exigem movimentos mais finos com as mãos.
Em paralelo, temos a história de Ícaro, um menino negro morador da periferia da maior cidade da América Latina. Ao mesmo tempo em que o jovem batalha para realizar um sonho, é o orgulho da família, exemplo para a comunidade, também enfrenta a violência do mundo. “Ele está lutando pelo espaço dele com todas as dificuldades que teve de chegar até ali ainda devendo a faculdade", comenta Claudia sobre as congruências entre os dois personagens. “Esse é o fato dele gostar tanto dela, de ter tanta admiração por essa cirurgiã“, continua a atriz. “Muitas pessoas vivem essa realidade ainda e fico muito feliz de poder representar essa camada da população", complementa Humberto.
Apesar de ser o primeiro colocado no concurso para médico residente, Ícaro está irregular pois ainda não está inscrito no conselho da profissão por não ter o diploma. Como está inadimplente na faculdade onde estudou, não conseguiu receber o documento. Por conta disso, ele pode ser expulso da residência.
É neste momento que a história dos dois se transforma. “Acho interessante porque os dois estão vulneráveis de alguma maneira. Ela, pelo tremor da mão e por estar escondendo isso, ele também está escondendo algo”, explica Claudia. “Todo mundo tem seus segredos e habilidades, e eles (os personagens) se encontram? Acho que o bacana da série é que eles se encontram na vulnerabilidade”, opina a atriz.
Em busca de resolverem seus problemas, os dois resolvem atuar como médicos do crime e dão início a uma perigosa vida dupla da qual talvez não consigam escapar.
Dois mundos diferentes
A diferença entre os mundos da série é mais que clara, como explica Diego Martins, um dos diretores da produção, que assina a direção do primeiro episódio, em que os personagens são apresentados, bem como os ambientes em que cada um deles “vive”.
Visualmente são lugares muito contrastantes. A gente tem Ícaro morador da periferia de São Paulo, a gente apresenta ele nesse contexto. E a Mancini já nesse hospital que é o São Dimas, de ponta, que está construindo uma ala de luxo”, diz o diretor.
Ainda para Diego, a ideia que foi trabalhada entre as equipes de roteiro e direção era a de humanizar a dupla de protagonistas, destacando “as emoções e a complexidade deles”. “Suas ansiedades, vaidades, traumas... É a partir da emoção que a gente conecta eles. A gente tentou o tempo inteiro quebrar estereótipos e trabalhar na chave da emoção, então o que conecta os dois é esse lugar emocional, tanto Mancini quanto Ícaro têm a mesma pulsão de vida”, emenda.
Leia tambem:
Encontro de gerações
Enquanto a relação de Ícaro e Mancini vai resvalar em questões éticas e sociais, Humberto e Claudia formam um encontro de gerações no protagonismo da série. Com seus 31 anos recém-completados - o ator aniversariou na última terça-feira, 19 - e ainda começando nas artes dramáticas - seu primeiro trabalho foi em Poliana Moça, de 2022, novela do SBT -, o ator contracena com uma veterana das telas cujo primeiro trabalho na TV é de 1986, antes mesmo dele nascer.
“Quando me chamaram para ir a São Paulo só para participar do teste com ele, falei: ‘esse menino deve ser bom porque senão não iam levar uma pessoa do Rio assim só para testar em cima da hora’“, comenta Claudia. ”Já fui com a expectativa que eu ia encontrar um grande ator ali”, continua tecendo elogios ao companheiro de cena.
“Nesse teste, teve uma cena que a gente fez do primeiro episódio, aí terminou a cena, a Cláudia me abraçou, esse abraço foi muito significativo para mim", conta Humberto depois de ter chamado a atriz de “professora” e dela ter emendado com um “e parceira”. “Estava rolando a cena, terminou, ela me abraçou e falou: ‘calma, tá tudo bem'. E eu realmente consegui ficar calmo", relembra.
“Acabei lidando com essa tranquilidade muito por espelho, acho que ver você, Leopoldo (Pacheco, que interpreta o diretor do hospital), Naruna (Costa, que vive outra médica), Rejane Faria (que dá vida à mãe de Ícaro) foi um aprendizado, por isso que chamo de professora, com o maior respeito do mundo", pontua.
O elenco ainda conta com nomes já consagrados como Juliana Paiva, Gabriel Braga Nunes, Danilo Mesquita, Lara Tremouroux e Yara de Novaes. A direção geral é de Diego Martins. Jéssica Queiroz também assina a direção. Os showrunners da série são Gustavo Mello e Zasha Robles, com produção da Boutique Filmes e Spiral Internacional.
A história foi criada por Fábio Montanari, escrita por Marcelo Montenegro, com desenvolvimento de Marcelo Montenegro, Gustavo Mello e Zasha Robles, e roteiros de Donna Oliveira, Fernanda D’Umbra, Marcelo Montenegro, Fábio Montanari e Victor Rodrigues, com colaboração de Santiago Roncagliolo. Sutura ainda conta com a consultoria médica da Dra. Cecília Fernandes Martins.