‘The Last of Us’: Veja comparação entre o game e a série


Produção da HBO estreou neste domingo, 15, e tenta mostrar ao público do jogo que a adaptação pode ser bem sucedida

Por Gene Park

THE WASHINGTON POST - Meu nome é Gene Park. Sou um repórter que cobre a cultura game para o Launcher, a editoria de videogames do The Washington Post. Estou acompanhando The Last of Us da perspectiva de alguém que jogou todos os games (mais de uma vez).

O primeiro episódio de The Last of Us da HBO é importante, e não apenas para definir a trama e apresentar os personagens. Para aqueles de nós que jogaram o game de 2013, é uma espécie de teste: a série pode corresponder às performances do jogo?

Cena de 'The Last of Us', com Pedro Pascal interpretando Joel Miller e Anna Torv, como Theresa Servopoulos. Foto: Liane Hentscher/HBO
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*** Atenção, a partir de agora há spoilers

O trauma do protagonista Joel Miller é testemunhar a morte de sua filha. Os militares dos EUA, sob instrução de atirar para matar qualquer um que possa estar infectado, dispara fatalmente contra a filha dele, Sarah. No jogo, a performance original desta cena por Troy Baker lançou as bases para o tom do jogo. Pedro Pascal ecoa a atuação de Baker, mas seu rosto afundado, muito real e não digital acrescenta mais vida à tragédia que se desenrola. Para um público conhecedor, este é um sinal promissor de que o retrato de Joel está em boas mãos.

Mas primeiro, aprendemos sobre a natureza da pandemia. O programa da HBO começa com um talk show de 1968, no qual dois epidemiologistas discutem possíveis cenários de pesadelo pandêmico. Um deles está confiante de que a humanidade pode superar uma pandemia, um eco do otimismo equivocado que às vezes coloria os primeiros dias da pandemia de coronavírus.

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O outro descreve com detalhes a pandemia iminente de The Last of Us: um fungo virulento que transforma insetos em criaturas primitivas e vorazes que pretendem apenas se alimentar e se espalhar entre a população. Este epidemiologista teoriza que o aquecimento global pode tornar os humanos bons hospedeiros para esse fungo, suscetível à infecção.

A ciência é instável, mas crível o suficiente, especialmente porque a mudança climática é conhecida por ser prejudicial aos sistemas respiratórios humanos e à imunidade a alergias.

A atriz Nico Parker como Sarah, a filha do protagonista da história, Joel Miller (Pedro Pascal) Foto: HBO
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Isso é mais um detalhe histórico sobre a natureza da infecção do que o jogo cobre. O criador da série e co-showrunner Neil Druckmann disse que a pandemia do mundo real mudou sua impressão sobre como o programa pode explicar pela ficção científica.

“Sabíamos que as pessoas seriam mais sábias sobre como essas coisas funcionam”, disse Druckmann ao The Post em uma entrevista na semana passada. “Então, só queríamos ter certeza de que fizemos nossa pesquisa e estamos o mais cientificamente fundamentados possível, porque as pessoas estão mais informadas sobre como as pandemias funcionam e como o governo e a sociedade podem reagir em geral”.

Druckmann continua dizendo que o jogo e a série não são realmente sobre a pandemia, e ele está certo. Após o sinistro aviso de 1968, avançamos para Austin em 2003. Sarah (Nico Parker) está se preparando para a escola e planejando o aniversário de seu pai. Parker e Pascal se envolvem em brincadeiras divertidas, e até vemos o irmão de Joel, Tommy (Gabriel Luna), se juntando ao café da manhã. É claro que é uma unidade familiar onde todos dependem uns dos outros: tanto Sarah quanto Tommy responsabilizam Joel pela falta de panquecas.

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É interessante ver indícios do egoísmo de Joel aqui. No jogo, isso foi ilustrado com Joel incitando Tommy a passar por uma família necessitada. Essa cena é espelhada no programa, mas mesmo antes disso, Joel fala sobre como ele mal quer dividir um trabalho de construção com Tommy e não está interessado na ajuda de ninguém. Imediatamente, entendemos que Joel quer prover e ser autossuficiente, ele só precisa de ajuda e não reconhece.

A história então segue Sarah, e é aqui que a série emprega clichês sobre o pânico pandêmico de zumbis que se seguiu, com notícias de fundo sobre problemas em Jacarta, Indonésia, enquanto os sons de sirenes e helicópteros começam a se infiltrar no ambiente de fundo. Enquanto isso, Sarah frequenta a escola e, mais tarde, procura uma oficina de conserto de relógios; ela quer consertar um relógio velho como presente para o pai.

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Sarah até visita os vizinhos, pessoas que nunca conhecemos no jogo. Aqui, eles são um casal de idosos que ocasionalmente precisam de ajuda em casa. Está claro - para nós, telespectadores, mas não para os personagens da série - que um deles já está infectado.

Mais tarde, Joel volta do trabalho e Sarah oferece o relógio. Algumas linhas da introdução do jogo são repetidas aqui, incluindo Sarah brincando sobre a venda de “drogas pesadas” para arrecadar dinheiro para os reparos. Tommy liga e diz que foi preso por participar de uma briga (aqui, novamente, podemos dizer que a outra pessoa foi infectada; Tommy não sabe) e Joel tem que ir embora. Os vizinhos, entretanto, se transformam em monstros. Os irmãos voltam na hora certa para levar Sarah para um lugar seguro depois que ela acorda no meio da noite e não encontra ninguém em casa e a residência dos vizinhos está uma desordem.

Se você já jogou o game, parece que a série está enrolando até chegar ao cerne da história. Mas para quem não conhece, pode ser um choque saber que Sarah foi morta não por zumbis, mas por militares zelosos demais. Como mencionado anteriormente, Pascal acerta o desempenho, assim como Parker. É difícil conter as lágrimas quando suas performances são tão dolorosamente críveis.

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Depois disso, temos um flash chocante de várias décadas. Conhecemos uma criança caminhando sem rumo em Boston, agora estabelecida como uma “zona de quarentena” da pandemia. A criança está infectada e a polícia militarizada opta pela eutanásia.

Vemos Joel novamente, parecendo mais triste e zangado, ainda fazendo trabalho braçal, desta vez eliminando os mortos. Ele mostra pouca hesitação em agarrar e jogar o corpo da criança no fogo. Depois de 20 anos, Joel está insensível a isso. Seu coração está fechado.

Mas talvez não para todos. Mais tarde, conhecemos Tess, uma figura-chave que neste programa é claramente a parceira de Joel no romance e no crime. Ela está discutindo com um homem chamado Robert, que aparentemente tentou arruiná-la em um acordo para conseguir uma bateria de carro que funcionasse. Robert está morrendo de medo - não apenas de Tess, mas de seu executor, Joel. Uma explosão repentina causada por um conflito próximo entre militares e rebeldes separa os dois e, quando Tess é presa por agentes do governo, ela insiste que não é um Firefly, ou um vaga-lume.

Os Fireflies são um grupo de resistência contra a militarização das zonas de quarentena. Aprendemos que os soldados do FEDRA, uma tentativa de restabelecer algum tipo de governo, são corruptos, rápidos no gatilho e monopolizam os parcos recursos de Boston. Vemos Joel vendendo analgésicos para um desses soldados, um vislumbre dessa corrupção - mas também o trabalho paralelo de Joel como contrabandista. Os vaga-lumes se mostram perigosos, com pouca consideração por danos colaterais. Eles também estão perdendo.

Finalmente, encontramos a Ellie interpretada por Bella Ramsey, acorrentada em um local de Firefly por razões ainda desconhecidas. Ela é forçada a passar por testes de lógica simples para provar que está ciente da situação. Os vaga-lumes parecem inquietos, questionando o plano de sua líder, Marlene. Mas uma vez que Marlene escreve seu motivo silenciosamente para um associado de confiança, as perguntas se transformam em determinação inquestionável. Eles precisam tirar Ellie de Boston.

A busca de Joel e Tess por uma bateria de carro os coloca na órbita dos Vaga-lumes. Joel precisa de uma bateria porque recebeu um sinal de socorro de seu irmão Tommy, que pode estar em Wyoming. Este ponto da trama, novo para o show, dá a Joel uma motivação inicial para deixar Boston.

Robert tenta enganar os Vaga-lumes com a mesma bateria de carro de antes (que está quebrada) e é morto por isso. Os Fireflies precisavam daquela bateria de carro para a viagem de Boston. Com esse plano frustrado e seus números diminuindo, uma Marlene desesperada e ferida (interpretada por Merle Dandrige, que também interpreta o personagem do jogo) pede a Joel e Tess para contrabandear Ellie.

Eles aceitam, relutantes, a tarefa e, ao deixarem a zona segura de Boston, encontram um soldado federal. Esta não é sua primeira aparição: ele estava comprando analgésicos de Joel, que contrabandeia mercadorias para dentro e fora da cidade. Mas o soldado não é tão caridoso com seu traficante e está determinado a entregar os três. Enquanto o soldado examina os três em busca de possíveis infecções, Ellie prova seu espírito de luta esfaqueando o soldado, que aponta seu rifle para a garota.

A série faz de tudo para justapor este momento com o assassinato de Sarah, um pouco pesado. (Os paralelos devem ser bastante óbvios para os espectadores). Joel agarra e espanca o soldado até a morte com as próprias mãos. Mas esse não é o clímax do show.

Na verdade, vemos que o interrogatório de Ellie pelo soldado é positivo - o que irrita e confunde Joel e Tess. Ellie explica freneticamente que sua infecção é antiga, mas os três dispararam os alarmes da patrulha de fronteira, então eles escapam para a escuridão das paredes externas de Boston. A aventura começou oficialmente.

Dúvidas e observações

- O jogo é ambíguo, mas insinuou fortemente que Joel e Tess costumavam se envolver romanticamente. Na série, é bem mais óbvio. Em uma cena, os dois não têm problemas em dividir a cama.

- Joel e Tess não matam Robert e, francamente, estou desapontado. A decisão suaviza os dois personagens, efetivamente lavando o sangue de Robert de suas mãos. O jogo definiu esses dois como executores brutais e indiferentes. O programa, ao que parece, quer que eles se sintam um pouco mais enigmáticos. Tess ainda quer matar Robert, mas simplesmente não conseguimos ver.

- Oi! Sou Mikhail Klimentov, editor do The Post e que também assiste ao programa, aparecendo aqui por um segundo. Eu sabia que Bella Ramsey havia sido escalada para interpretar Ellie, mas quando vi a garotinha no início da cena que exibe algo do futuro - vestindo uma camisa marrom não muito diferente daquela em que Ellie costuma ser retratada - pensei que talvez estivéssemos vendo uma jovem Ellie. Acontece que não é o caso, mas Joel distraidamente jogando o corpo do garoto no fogo mostra como ele está acostumado com a violência e o caos de seu mundo, e quanto crescimento ele terá que enfrentar para se tornar o jogador principal que sei que ele se torna no final do jogo (e nesta primeira temporada).

THE WASHINGTON POST - Meu nome é Gene Park. Sou um repórter que cobre a cultura game para o Launcher, a editoria de videogames do The Washington Post. Estou acompanhando The Last of Us da perspectiva de alguém que jogou todos os games (mais de uma vez).

O primeiro episódio de The Last of Us da HBO é importante, e não apenas para definir a trama e apresentar os personagens. Para aqueles de nós que jogaram o game de 2013, é uma espécie de teste: a série pode corresponder às performances do jogo?

Cena de 'The Last of Us', com Pedro Pascal interpretando Joel Miller e Anna Torv, como Theresa Servopoulos. Foto: Liane Hentscher/HBO

*** Atenção, a partir de agora há spoilers

O trauma do protagonista Joel Miller é testemunhar a morte de sua filha. Os militares dos EUA, sob instrução de atirar para matar qualquer um que possa estar infectado, dispara fatalmente contra a filha dele, Sarah. No jogo, a performance original desta cena por Troy Baker lançou as bases para o tom do jogo. Pedro Pascal ecoa a atuação de Baker, mas seu rosto afundado, muito real e não digital acrescenta mais vida à tragédia que se desenrola. Para um público conhecedor, este é um sinal promissor de que o retrato de Joel está em boas mãos.

Mas primeiro, aprendemos sobre a natureza da pandemia. O programa da HBO começa com um talk show de 1968, no qual dois epidemiologistas discutem possíveis cenários de pesadelo pandêmico. Um deles está confiante de que a humanidade pode superar uma pandemia, um eco do otimismo equivocado que às vezes coloria os primeiros dias da pandemia de coronavírus.

O outro descreve com detalhes a pandemia iminente de The Last of Us: um fungo virulento que transforma insetos em criaturas primitivas e vorazes que pretendem apenas se alimentar e se espalhar entre a população. Este epidemiologista teoriza que o aquecimento global pode tornar os humanos bons hospedeiros para esse fungo, suscetível à infecção.

A ciência é instável, mas crível o suficiente, especialmente porque a mudança climática é conhecida por ser prejudicial aos sistemas respiratórios humanos e à imunidade a alergias.

A atriz Nico Parker como Sarah, a filha do protagonista da história, Joel Miller (Pedro Pascal) Foto: HBO

Isso é mais um detalhe histórico sobre a natureza da infecção do que o jogo cobre. O criador da série e co-showrunner Neil Druckmann disse que a pandemia do mundo real mudou sua impressão sobre como o programa pode explicar pela ficção científica.

“Sabíamos que as pessoas seriam mais sábias sobre como essas coisas funcionam”, disse Druckmann ao The Post em uma entrevista na semana passada. “Então, só queríamos ter certeza de que fizemos nossa pesquisa e estamos o mais cientificamente fundamentados possível, porque as pessoas estão mais informadas sobre como as pandemias funcionam e como o governo e a sociedade podem reagir em geral”.

Druckmann continua dizendo que o jogo e a série não são realmente sobre a pandemia, e ele está certo. Após o sinistro aviso de 1968, avançamos para Austin em 2003. Sarah (Nico Parker) está se preparando para a escola e planejando o aniversário de seu pai. Parker e Pascal se envolvem em brincadeiras divertidas, e até vemos o irmão de Joel, Tommy (Gabriel Luna), se juntando ao café da manhã. É claro que é uma unidade familiar onde todos dependem uns dos outros: tanto Sarah quanto Tommy responsabilizam Joel pela falta de panquecas.

É interessante ver indícios do egoísmo de Joel aqui. No jogo, isso foi ilustrado com Joel incitando Tommy a passar por uma família necessitada. Essa cena é espelhada no programa, mas mesmo antes disso, Joel fala sobre como ele mal quer dividir um trabalho de construção com Tommy e não está interessado na ajuda de ninguém. Imediatamente, entendemos que Joel quer prover e ser autossuficiente, ele só precisa de ajuda e não reconhece.

A história então segue Sarah, e é aqui que a série emprega clichês sobre o pânico pandêmico de zumbis que se seguiu, com notícias de fundo sobre problemas em Jacarta, Indonésia, enquanto os sons de sirenes e helicópteros começam a se infiltrar no ambiente de fundo. Enquanto isso, Sarah frequenta a escola e, mais tarde, procura uma oficina de conserto de relógios; ela quer consertar um relógio velho como presente para o pai.

Sarah até visita os vizinhos, pessoas que nunca conhecemos no jogo. Aqui, eles são um casal de idosos que ocasionalmente precisam de ajuda em casa. Está claro - para nós, telespectadores, mas não para os personagens da série - que um deles já está infectado.

Mais tarde, Joel volta do trabalho e Sarah oferece o relógio. Algumas linhas da introdução do jogo são repetidas aqui, incluindo Sarah brincando sobre a venda de “drogas pesadas” para arrecadar dinheiro para os reparos. Tommy liga e diz que foi preso por participar de uma briga (aqui, novamente, podemos dizer que a outra pessoa foi infectada; Tommy não sabe) e Joel tem que ir embora. Os vizinhos, entretanto, se transformam em monstros. Os irmãos voltam na hora certa para levar Sarah para um lugar seguro depois que ela acorda no meio da noite e não encontra ninguém em casa e a residência dos vizinhos está uma desordem.

Se você já jogou o game, parece que a série está enrolando até chegar ao cerne da história. Mas para quem não conhece, pode ser um choque saber que Sarah foi morta não por zumbis, mas por militares zelosos demais. Como mencionado anteriormente, Pascal acerta o desempenho, assim como Parker. É difícil conter as lágrimas quando suas performances são tão dolorosamente críveis.

Depois disso, temos um flash chocante de várias décadas. Conhecemos uma criança caminhando sem rumo em Boston, agora estabelecida como uma “zona de quarentena” da pandemia. A criança está infectada e a polícia militarizada opta pela eutanásia.

Vemos Joel novamente, parecendo mais triste e zangado, ainda fazendo trabalho braçal, desta vez eliminando os mortos. Ele mostra pouca hesitação em agarrar e jogar o corpo da criança no fogo. Depois de 20 anos, Joel está insensível a isso. Seu coração está fechado.

Mas talvez não para todos. Mais tarde, conhecemos Tess, uma figura-chave que neste programa é claramente a parceira de Joel no romance e no crime. Ela está discutindo com um homem chamado Robert, que aparentemente tentou arruiná-la em um acordo para conseguir uma bateria de carro que funcionasse. Robert está morrendo de medo - não apenas de Tess, mas de seu executor, Joel. Uma explosão repentina causada por um conflito próximo entre militares e rebeldes separa os dois e, quando Tess é presa por agentes do governo, ela insiste que não é um Firefly, ou um vaga-lume.

Os Fireflies são um grupo de resistência contra a militarização das zonas de quarentena. Aprendemos que os soldados do FEDRA, uma tentativa de restabelecer algum tipo de governo, são corruptos, rápidos no gatilho e monopolizam os parcos recursos de Boston. Vemos Joel vendendo analgésicos para um desses soldados, um vislumbre dessa corrupção - mas também o trabalho paralelo de Joel como contrabandista. Os vaga-lumes se mostram perigosos, com pouca consideração por danos colaterais. Eles também estão perdendo.

Finalmente, encontramos a Ellie interpretada por Bella Ramsey, acorrentada em um local de Firefly por razões ainda desconhecidas. Ela é forçada a passar por testes de lógica simples para provar que está ciente da situação. Os vaga-lumes parecem inquietos, questionando o plano de sua líder, Marlene. Mas uma vez que Marlene escreve seu motivo silenciosamente para um associado de confiança, as perguntas se transformam em determinação inquestionável. Eles precisam tirar Ellie de Boston.

A busca de Joel e Tess por uma bateria de carro os coloca na órbita dos Vaga-lumes. Joel precisa de uma bateria porque recebeu um sinal de socorro de seu irmão Tommy, que pode estar em Wyoming. Este ponto da trama, novo para o show, dá a Joel uma motivação inicial para deixar Boston.

Robert tenta enganar os Vaga-lumes com a mesma bateria de carro de antes (que está quebrada) e é morto por isso. Os Fireflies precisavam daquela bateria de carro para a viagem de Boston. Com esse plano frustrado e seus números diminuindo, uma Marlene desesperada e ferida (interpretada por Merle Dandrige, que também interpreta o personagem do jogo) pede a Joel e Tess para contrabandear Ellie.

Eles aceitam, relutantes, a tarefa e, ao deixarem a zona segura de Boston, encontram um soldado federal. Esta não é sua primeira aparição: ele estava comprando analgésicos de Joel, que contrabandeia mercadorias para dentro e fora da cidade. Mas o soldado não é tão caridoso com seu traficante e está determinado a entregar os três. Enquanto o soldado examina os três em busca de possíveis infecções, Ellie prova seu espírito de luta esfaqueando o soldado, que aponta seu rifle para a garota.

A série faz de tudo para justapor este momento com o assassinato de Sarah, um pouco pesado. (Os paralelos devem ser bastante óbvios para os espectadores). Joel agarra e espanca o soldado até a morte com as próprias mãos. Mas esse não é o clímax do show.

Na verdade, vemos que o interrogatório de Ellie pelo soldado é positivo - o que irrita e confunde Joel e Tess. Ellie explica freneticamente que sua infecção é antiga, mas os três dispararam os alarmes da patrulha de fronteira, então eles escapam para a escuridão das paredes externas de Boston. A aventura começou oficialmente.

Dúvidas e observações

- O jogo é ambíguo, mas insinuou fortemente que Joel e Tess costumavam se envolver romanticamente. Na série, é bem mais óbvio. Em uma cena, os dois não têm problemas em dividir a cama.

- Joel e Tess não matam Robert e, francamente, estou desapontado. A decisão suaviza os dois personagens, efetivamente lavando o sangue de Robert de suas mãos. O jogo definiu esses dois como executores brutais e indiferentes. O programa, ao que parece, quer que eles se sintam um pouco mais enigmáticos. Tess ainda quer matar Robert, mas simplesmente não conseguimos ver.

- Oi! Sou Mikhail Klimentov, editor do The Post e que também assiste ao programa, aparecendo aqui por um segundo. Eu sabia que Bella Ramsey havia sido escalada para interpretar Ellie, mas quando vi a garotinha no início da cena que exibe algo do futuro - vestindo uma camisa marrom não muito diferente daquela em que Ellie costuma ser retratada - pensei que talvez estivéssemos vendo uma jovem Ellie. Acontece que não é o caso, mas Joel distraidamente jogando o corpo do garoto no fogo mostra como ele está acostumado com a violência e o caos de seu mundo, e quanto crescimento ele terá que enfrentar para se tornar o jogador principal que sei que ele se torna no final do jogo (e nesta primeira temporada).

THE WASHINGTON POST - Meu nome é Gene Park. Sou um repórter que cobre a cultura game para o Launcher, a editoria de videogames do The Washington Post. Estou acompanhando The Last of Us da perspectiva de alguém que jogou todos os games (mais de uma vez).

O primeiro episódio de The Last of Us da HBO é importante, e não apenas para definir a trama e apresentar os personagens. Para aqueles de nós que jogaram o game de 2013, é uma espécie de teste: a série pode corresponder às performances do jogo?

Cena de 'The Last of Us', com Pedro Pascal interpretando Joel Miller e Anna Torv, como Theresa Servopoulos. Foto: Liane Hentscher/HBO

*** Atenção, a partir de agora há spoilers

O trauma do protagonista Joel Miller é testemunhar a morte de sua filha. Os militares dos EUA, sob instrução de atirar para matar qualquer um que possa estar infectado, dispara fatalmente contra a filha dele, Sarah. No jogo, a performance original desta cena por Troy Baker lançou as bases para o tom do jogo. Pedro Pascal ecoa a atuação de Baker, mas seu rosto afundado, muito real e não digital acrescenta mais vida à tragédia que se desenrola. Para um público conhecedor, este é um sinal promissor de que o retrato de Joel está em boas mãos.

Mas primeiro, aprendemos sobre a natureza da pandemia. O programa da HBO começa com um talk show de 1968, no qual dois epidemiologistas discutem possíveis cenários de pesadelo pandêmico. Um deles está confiante de que a humanidade pode superar uma pandemia, um eco do otimismo equivocado que às vezes coloria os primeiros dias da pandemia de coronavírus.

O outro descreve com detalhes a pandemia iminente de The Last of Us: um fungo virulento que transforma insetos em criaturas primitivas e vorazes que pretendem apenas se alimentar e se espalhar entre a população. Este epidemiologista teoriza que o aquecimento global pode tornar os humanos bons hospedeiros para esse fungo, suscetível à infecção.

A ciência é instável, mas crível o suficiente, especialmente porque a mudança climática é conhecida por ser prejudicial aos sistemas respiratórios humanos e à imunidade a alergias.

A atriz Nico Parker como Sarah, a filha do protagonista da história, Joel Miller (Pedro Pascal) Foto: HBO

Isso é mais um detalhe histórico sobre a natureza da infecção do que o jogo cobre. O criador da série e co-showrunner Neil Druckmann disse que a pandemia do mundo real mudou sua impressão sobre como o programa pode explicar pela ficção científica.

“Sabíamos que as pessoas seriam mais sábias sobre como essas coisas funcionam”, disse Druckmann ao The Post em uma entrevista na semana passada. “Então, só queríamos ter certeza de que fizemos nossa pesquisa e estamos o mais cientificamente fundamentados possível, porque as pessoas estão mais informadas sobre como as pandemias funcionam e como o governo e a sociedade podem reagir em geral”.

Druckmann continua dizendo que o jogo e a série não são realmente sobre a pandemia, e ele está certo. Após o sinistro aviso de 1968, avançamos para Austin em 2003. Sarah (Nico Parker) está se preparando para a escola e planejando o aniversário de seu pai. Parker e Pascal se envolvem em brincadeiras divertidas, e até vemos o irmão de Joel, Tommy (Gabriel Luna), se juntando ao café da manhã. É claro que é uma unidade familiar onde todos dependem uns dos outros: tanto Sarah quanto Tommy responsabilizam Joel pela falta de panquecas.

É interessante ver indícios do egoísmo de Joel aqui. No jogo, isso foi ilustrado com Joel incitando Tommy a passar por uma família necessitada. Essa cena é espelhada no programa, mas mesmo antes disso, Joel fala sobre como ele mal quer dividir um trabalho de construção com Tommy e não está interessado na ajuda de ninguém. Imediatamente, entendemos que Joel quer prover e ser autossuficiente, ele só precisa de ajuda e não reconhece.

A história então segue Sarah, e é aqui que a série emprega clichês sobre o pânico pandêmico de zumbis que se seguiu, com notícias de fundo sobre problemas em Jacarta, Indonésia, enquanto os sons de sirenes e helicópteros começam a se infiltrar no ambiente de fundo. Enquanto isso, Sarah frequenta a escola e, mais tarde, procura uma oficina de conserto de relógios; ela quer consertar um relógio velho como presente para o pai.

Sarah até visita os vizinhos, pessoas que nunca conhecemos no jogo. Aqui, eles são um casal de idosos que ocasionalmente precisam de ajuda em casa. Está claro - para nós, telespectadores, mas não para os personagens da série - que um deles já está infectado.

Mais tarde, Joel volta do trabalho e Sarah oferece o relógio. Algumas linhas da introdução do jogo são repetidas aqui, incluindo Sarah brincando sobre a venda de “drogas pesadas” para arrecadar dinheiro para os reparos. Tommy liga e diz que foi preso por participar de uma briga (aqui, novamente, podemos dizer que a outra pessoa foi infectada; Tommy não sabe) e Joel tem que ir embora. Os vizinhos, entretanto, se transformam em monstros. Os irmãos voltam na hora certa para levar Sarah para um lugar seguro depois que ela acorda no meio da noite e não encontra ninguém em casa e a residência dos vizinhos está uma desordem.

Se você já jogou o game, parece que a série está enrolando até chegar ao cerne da história. Mas para quem não conhece, pode ser um choque saber que Sarah foi morta não por zumbis, mas por militares zelosos demais. Como mencionado anteriormente, Pascal acerta o desempenho, assim como Parker. É difícil conter as lágrimas quando suas performances são tão dolorosamente críveis.

Depois disso, temos um flash chocante de várias décadas. Conhecemos uma criança caminhando sem rumo em Boston, agora estabelecida como uma “zona de quarentena” da pandemia. A criança está infectada e a polícia militarizada opta pela eutanásia.

Vemos Joel novamente, parecendo mais triste e zangado, ainda fazendo trabalho braçal, desta vez eliminando os mortos. Ele mostra pouca hesitação em agarrar e jogar o corpo da criança no fogo. Depois de 20 anos, Joel está insensível a isso. Seu coração está fechado.

Mas talvez não para todos. Mais tarde, conhecemos Tess, uma figura-chave que neste programa é claramente a parceira de Joel no romance e no crime. Ela está discutindo com um homem chamado Robert, que aparentemente tentou arruiná-la em um acordo para conseguir uma bateria de carro que funcionasse. Robert está morrendo de medo - não apenas de Tess, mas de seu executor, Joel. Uma explosão repentina causada por um conflito próximo entre militares e rebeldes separa os dois e, quando Tess é presa por agentes do governo, ela insiste que não é um Firefly, ou um vaga-lume.

Os Fireflies são um grupo de resistência contra a militarização das zonas de quarentena. Aprendemos que os soldados do FEDRA, uma tentativa de restabelecer algum tipo de governo, são corruptos, rápidos no gatilho e monopolizam os parcos recursos de Boston. Vemos Joel vendendo analgésicos para um desses soldados, um vislumbre dessa corrupção - mas também o trabalho paralelo de Joel como contrabandista. Os vaga-lumes se mostram perigosos, com pouca consideração por danos colaterais. Eles também estão perdendo.

Finalmente, encontramos a Ellie interpretada por Bella Ramsey, acorrentada em um local de Firefly por razões ainda desconhecidas. Ela é forçada a passar por testes de lógica simples para provar que está ciente da situação. Os vaga-lumes parecem inquietos, questionando o plano de sua líder, Marlene. Mas uma vez que Marlene escreve seu motivo silenciosamente para um associado de confiança, as perguntas se transformam em determinação inquestionável. Eles precisam tirar Ellie de Boston.

A busca de Joel e Tess por uma bateria de carro os coloca na órbita dos Vaga-lumes. Joel precisa de uma bateria porque recebeu um sinal de socorro de seu irmão Tommy, que pode estar em Wyoming. Este ponto da trama, novo para o show, dá a Joel uma motivação inicial para deixar Boston.

Robert tenta enganar os Vaga-lumes com a mesma bateria de carro de antes (que está quebrada) e é morto por isso. Os Fireflies precisavam daquela bateria de carro para a viagem de Boston. Com esse plano frustrado e seus números diminuindo, uma Marlene desesperada e ferida (interpretada por Merle Dandrige, que também interpreta o personagem do jogo) pede a Joel e Tess para contrabandear Ellie.

Eles aceitam, relutantes, a tarefa e, ao deixarem a zona segura de Boston, encontram um soldado federal. Esta não é sua primeira aparição: ele estava comprando analgésicos de Joel, que contrabandeia mercadorias para dentro e fora da cidade. Mas o soldado não é tão caridoso com seu traficante e está determinado a entregar os três. Enquanto o soldado examina os três em busca de possíveis infecções, Ellie prova seu espírito de luta esfaqueando o soldado, que aponta seu rifle para a garota.

A série faz de tudo para justapor este momento com o assassinato de Sarah, um pouco pesado. (Os paralelos devem ser bastante óbvios para os espectadores). Joel agarra e espanca o soldado até a morte com as próprias mãos. Mas esse não é o clímax do show.

Na verdade, vemos que o interrogatório de Ellie pelo soldado é positivo - o que irrita e confunde Joel e Tess. Ellie explica freneticamente que sua infecção é antiga, mas os três dispararam os alarmes da patrulha de fronteira, então eles escapam para a escuridão das paredes externas de Boston. A aventura começou oficialmente.

Dúvidas e observações

- O jogo é ambíguo, mas insinuou fortemente que Joel e Tess costumavam se envolver romanticamente. Na série, é bem mais óbvio. Em uma cena, os dois não têm problemas em dividir a cama.

- Joel e Tess não matam Robert e, francamente, estou desapontado. A decisão suaviza os dois personagens, efetivamente lavando o sangue de Robert de suas mãos. O jogo definiu esses dois como executores brutais e indiferentes. O programa, ao que parece, quer que eles se sintam um pouco mais enigmáticos. Tess ainda quer matar Robert, mas simplesmente não conseguimos ver.

- Oi! Sou Mikhail Klimentov, editor do The Post e que também assiste ao programa, aparecendo aqui por um segundo. Eu sabia que Bella Ramsey havia sido escalada para interpretar Ellie, mas quando vi a garotinha no início da cena que exibe algo do futuro - vestindo uma camisa marrom não muito diferente daquela em que Ellie costuma ser retratada - pensei que talvez estivéssemos vendo uma jovem Ellie. Acontece que não é o caso, mas Joel distraidamente jogando o corpo do garoto no fogo mostra como ele está acostumado com a violência e o caos de seu mundo, e quanto crescimento ele terá que enfrentar para se tornar o jogador principal que sei que ele se torna no final do jogo (e nesta primeira temporada).

THE WASHINGTON POST - Meu nome é Gene Park. Sou um repórter que cobre a cultura game para o Launcher, a editoria de videogames do The Washington Post. Estou acompanhando The Last of Us da perspectiva de alguém que jogou todos os games (mais de uma vez).

O primeiro episódio de The Last of Us da HBO é importante, e não apenas para definir a trama e apresentar os personagens. Para aqueles de nós que jogaram o game de 2013, é uma espécie de teste: a série pode corresponder às performances do jogo?

Cena de 'The Last of Us', com Pedro Pascal interpretando Joel Miller e Anna Torv, como Theresa Servopoulos. Foto: Liane Hentscher/HBO

*** Atenção, a partir de agora há spoilers

O trauma do protagonista Joel Miller é testemunhar a morte de sua filha. Os militares dos EUA, sob instrução de atirar para matar qualquer um que possa estar infectado, dispara fatalmente contra a filha dele, Sarah. No jogo, a performance original desta cena por Troy Baker lançou as bases para o tom do jogo. Pedro Pascal ecoa a atuação de Baker, mas seu rosto afundado, muito real e não digital acrescenta mais vida à tragédia que se desenrola. Para um público conhecedor, este é um sinal promissor de que o retrato de Joel está em boas mãos.

Mas primeiro, aprendemos sobre a natureza da pandemia. O programa da HBO começa com um talk show de 1968, no qual dois epidemiologistas discutem possíveis cenários de pesadelo pandêmico. Um deles está confiante de que a humanidade pode superar uma pandemia, um eco do otimismo equivocado que às vezes coloria os primeiros dias da pandemia de coronavírus.

O outro descreve com detalhes a pandemia iminente de The Last of Us: um fungo virulento que transforma insetos em criaturas primitivas e vorazes que pretendem apenas se alimentar e se espalhar entre a população. Este epidemiologista teoriza que o aquecimento global pode tornar os humanos bons hospedeiros para esse fungo, suscetível à infecção.

A ciência é instável, mas crível o suficiente, especialmente porque a mudança climática é conhecida por ser prejudicial aos sistemas respiratórios humanos e à imunidade a alergias.

A atriz Nico Parker como Sarah, a filha do protagonista da história, Joel Miller (Pedro Pascal) Foto: HBO

Isso é mais um detalhe histórico sobre a natureza da infecção do que o jogo cobre. O criador da série e co-showrunner Neil Druckmann disse que a pandemia do mundo real mudou sua impressão sobre como o programa pode explicar pela ficção científica.

“Sabíamos que as pessoas seriam mais sábias sobre como essas coisas funcionam”, disse Druckmann ao The Post em uma entrevista na semana passada. “Então, só queríamos ter certeza de que fizemos nossa pesquisa e estamos o mais cientificamente fundamentados possível, porque as pessoas estão mais informadas sobre como as pandemias funcionam e como o governo e a sociedade podem reagir em geral”.

Druckmann continua dizendo que o jogo e a série não são realmente sobre a pandemia, e ele está certo. Após o sinistro aviso de 1968, avançamos para Austin em 2003. Sarah (Nico Parker) está se preparando para a escola e planejando o aniversário de seu pai. Parker e Pascal se envolvem em brincadeiras divertidas, e até vemos o irmão de Joel, Tommy (Gabriel Luna), se juntando ao café da manhã. É claro que é uma unidade familiar onde todos dependem uns dos outros: tanto Sarah quanto Tommy responsabilizam Joel pela falta de panquecas.

É interessante ver indícios do egoísmo de Joel aqui. No jogo, isso foi ilustrado com Joel incitando Tommy a passar por uma família necessitada. Essa cena é espelhada no programa, mas mesmo antes disso, Joel fala sobre como ele mal quer dividir um trabalho de construção com Tommy e não está interessado na ajuda de ninguém. Imediatamente, entendemos que Joel quer prover e ser autossuficiente, ele só precisa de ajuda e não reconhece.

A história então segue Sarah, e é aqui que a série emprega clichês sobre o pânico pandêmico de zumbis que se seguiu, com notícias de fundo sobre problemas em Jacarta, Indonésia, enquanto os sons de sirenes e helicópteros começam a se infiltrar no ambiente de fundo. Enquanto isso, Sarah frequenta a escola e, mais tarde, procura uma oficina de conserto de relógios; ela quer consertar um relógio velho como presente para o pai.

Sarah até visita os vizinhos, pessoas que nunca conhecemos no jogo. Aqui, eles são um casal de idosos que ocasionalmente precisam de ajuda em casa. Está claro - para nós, telespectadores, mas não para os personagens da série - que um deles já está infectado.

Mais tarde, Joel volta do trabalho e Sarah oferece o relógio. Algumas linhas da introdução do jogo são repetidas aqui, incluindo Sarah brincando sobre a venda de “drogas pesadas” para arrecadar dinheiro para os reparos. Tommy liga e diz que foi preso por participar de uma briga (aqui, novamente, podemos dizer que a outra pessoa foi infectada; Tommy não sabe) e Joel tem que ir embora. Os vizinhos, entretanto, se transformam em monstros. Os irmãos voltam na hora certa para levar Sarah para um lugar seguro depois que ela acorda no meio da noite e não encontra ninguém em casa e a residência dos vizinhos está uma desordem.

Se você já jogou o game, parece que a série está enrolando até chegar ao cerne da história. Mas para quem não conhece, pode ser um choque saber que Sarah foi morta não por zumbis, mas por militares zelosos demais. Como mencionado anteriormente, Pascal acerta o desempenho, assim como Parker. É difícil conter as lágrimas quando suas performances são tão dolorosamente críveis.

Depois disso, temos um flash chocante de várias décadas. Conhecemos uma criança caminhando sem rumo em Boston, agora estabelecida como uma “zona de quarentena” da pandemia. A criança está infectada e a polícia militarizada opta pela eutanásia.

Vemos Joel novamente, parecendo mais triste e zangado, ainda fazendo trabalho braçal, desta vez eliminando os mortos. Ele mostra pouca hesitação em agarrar e jogar o corpo da criança no fogo. Depois de 20 anos, Joel está insensível a isso. Seu coração está fechado.

Mas talvez não para todos. Mais tarde, conhecemos Tess, uma figura-chave que neste programa é claramente a parceira de Joel no romance e no crime. Ela está discutindo com um homem chamado Robert, que aparentemente tentou arruiná-la em um acordo para conseguir uma bateria de carro que funcionasse. Robert está morrendo de medo - não apenas de Tess, mas de seu executor, Joel. Uma explosão repentina causada por um conflito próximo entre militares e rebeldes separa os dois e, quando Tess é presa por agentes do governo, ela insiste que não é um Firefly, ou um vaga-lume.

Os Fireflies são um grupo de resistência contra a militarização das zonas de quarentena. Aprendemos que os soldados do FEDRA, uma tentativa de restabelecer algum tipo de governo, são corruptos, rápidos no gatilho e monopolizam os parcos recursos de Boston. Vemos Joel vendendo analgésicos para um desses soldados, um vislumbre dessa corrupção - mas também o trabalho paralelo de Joel como contrabandista. Os vaga-lumes se mostram perigosos, com pouca consideração por danos colaterais. Eles também estão perdendo.

Finalmente, encontramos a Ellie interpretada por Bella Ramsey, acorrentada em um local de Firefly por razões ainda desconhecidas. Ela é forçada a passar por testes de lógica simples para provar que está ciente da situação. Os vaga-lumes parecem inquietos, questionando o plano de sua líder, Marlene. Mas uma vez que Marlene escreve seu motivo silenciosamente para um associado de confiança, as perguntas se transformam em determinação inquestionável. Eles precisam tirar Ellie de Boston.

A busca de Joel e Tess por uma bateria de carro os coloca na órbita dos Vaga-lumes. Joel precisa de uma bateria porque recebeu um sinal de socorro de seu irmão Tommy, que pode estar em Wyoming. Este ponto da trama, novo para o show, dá a Joel uma motivação inicial para deixar Boston.

Robert tenta enganar os Vaga-lumes com a mesma bateria de carro de antes (que está quebrada) e é morto por isso. Os Fireflies precisavam daquela bateria de carro para a viagem de Boston. Com esse plano frustrado e seus números diminuindo, uma Marlene desesperada e ferida (interpretada por Merle Dandrige, que também interpreta o personagem do jogo) pede a Joel e Tess para contrabandear Ellie.

Eles aceitam, relutantes, a tarefa e, ao deixarem a zona segura de Boston, encontram um soldado federal. Esta não é sua primeira aparição: ele estava comprando analgésicos de Joel, que contrabandeia mercadorias para dentro e fora da cidade. Mas o soldado não é tão caridoso com seu traficante e está determinado a entregar os três. Enquanto o soldado examina os três em busca de possíveis infecções, Ellie prova seu espírito de luta esfaqueando o soldado, que aponta seu rifle para a garota.

A série faz de tudo para justapor este momento com o assassinato de Sarah, um pouco pesado. (Os paralelos devem ser bastante óbvios para os espectadores). Joel agarra e espanca o soldado até a morte com as próprias mãos. Mas esse não é o clímax do show.

Na verdade, vemos que o interrogatório de Ellie pelo soldado é positivo - o que irrita e confunde Joel e Tess. Ellie explica freneticamente que sua infecção é antiga, mas os três dispararam os alarmes da patrulha de fronteira, então eles escapam para a escuridão das paredes externas de Boston. A aventura começou oficialmente.

Dúvidas e observações

- O jogo é ambíguo, mas insinuou fortemente que Joel e Tess costumavam se envolver romanticamente. Na série, é bem mais óbvio. Em uma cena, os dois não têm problemas em dividir a cama.

- Joel e Tess não matam Robert e, francamente, estou desapontado. A decisão suaviza os dois personagens, efetivamente lavando o sangue de Robert de suas mãos. O jogo definiu esses dois como executores brutais e indiferentes. O programa, ao que parece, quer que eles se sintam um pouco mais enigmáticos. Tess ainda quer matar Robert, mas simplesmente não conseguimos ver.

- Oi! Sou Mikhail Klimentov, editor do The Post e que também assiste ao programa, aparecendo aqui por um segundo. Eu sabia que Bella Ramsey havia sido escalada para interpretar Ellie, mas quando vi a garotinha no início da cena que exibe algo do futuro - vestindo uma camisa marrom não muito diferente daquela em que Ellie costuma ser retratada - pensei que talvez estivéssemos vendo uma jovem Ellie. Acontece que não é o caso, mas Joel distraidamente jogando o corpo do garoto no fogo mostra como ele está acostumado com a violência e o caos de seu mundo, e quanto crescimento ele terá que enfrentar para se tornar o jogador principal que sei que ele se torna no final do jogo (e nesta primeira temporada).

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