A roteirista Jac Schaeffer já tinha dado a dica durante a entrevista de lançamento de WandaVision: “Tudo é fofinho, até que deixa de ser”. O passeio divertido pela história da sitcom, começando nos anos 1950, ganhou contornos mais sinistros nos últimos episódios da série do Disney+, especialmente no sexto, que foi ao ar na semana passada, com uma festa de Halloween que trouxe algumas revelações e mais perguntas, movimentando o mercado de teorias dos fãs.
O irmão gêmeo de Wanda (Elizabeth Olsen), morto muitos filmes da Marvel atrás (Vingadores: Era de Ultron, de 2015), reapareceu, só que com Evan Peters no lugar de Aaron Taylor-Johnson. Mas será que este Pietro, que parece entender Wanda e saber o que está acontecendo, é quem ele diz ser? Ele causou um bocado de caos no episódio 6, criando certa tensão com Vision (Paul Bettany). Enquanto isso, o marido de Wanda investiga os limites de Westview e da vida aparentemente perfeita que Wanda criou para os dois, obrigando-a a literalmente expandir o universo da pequena cidade.
Muitos fãs desconfiam de um vilão por trás de tudo isso – é uma série do universo Marvel, afinal. E ficou claro que Wanda não tem controle sobre tudo o que acontece na cidadezinha fictícia. Esse vilão pode ser Mephisto. Ou Pesadelo. E pode ser que Evan Peters interprete esse vilão.
Os três últimos episódios devem responder a várias das dúvidas dos fãs. Mas talvez não todas. Porque, como disse Kevin Feige na entrevista de lançamento: “Queremos que as pessoas entendam que esses projetos no Disney+ são tão importantes quanto os que estreiam no cinema”. Ou seja, WandaVision é apenas uma peça do quebra-cabeças, mas uma peça fundamental.
Por isso, a estratégia de lançar um episódio por semana é perfeita, transformando a série em um evento que precisa ser acompanhado todas as sextas-feiras e abrindo espaço para as teorias dos fãs, algo que parecia ter risco de desaparecer na televisão por causa do modelo de “binge” adotado pela Netflix. “Queríamos manter a mesma empolgação dos lançamentos nos cinemas”, explicou Feige. “É muito importante a discussão que acontece entre os episódios.”
A verdade é que WandaVision está introduzindo novos caminhos para o Universo Cinematográfico Marvel na fase 4. O “novo” Pietro, interpretado por um ator que participou de filmes dos X-Men, é tanto um sinal de multiverso quanto da provável integração dos mutantes ao UCM – por uma questão de direitos, havia uma separação. Agora, com a compra da Fox, eles podem ser utilizados nos produtos dos Estúdios Marvel. Os gêmeos Tommy e Billy também parecem mutantes. Há uma grande chance de a série delinear a formação dos novos Vingadores, que ficaram desfalcados depois da morte do Homem de Ferro e da Viúva Negra e da aposentadoria do Capitão América.
Há muito para empolgar os fãs mais hardcore da Marvel, mas a verdade é que, por mais que muitos tenham torcido o nariz para o formato de sitcom e a falta de ação dos primeiros episódios, WandaVision trouxe um frescor necessário à franquia. Além de permitir o aprofundamento em dois personagens deixados de canto nos longas-metragens, ela faz algo que os filmes tiveram dificuldade de lidar até agora: o trauma e o luto.
Num momento em que tantos vivem isso ao redor do mundo, por causa da pandemia e outros problemas, o que mais as pessoas procuraram na televisão? Comédias, de preferência antigas e já vistas, para que não houvesse nenhuma surpresa. Não é à toa que Wanda lida com seus traumas no mundo perfeito das sitcoms sobre família. WandaVision junta a familiaridade das sitcoms com a do UCM. A Marvel não teria como prever a pandemia, mas criou o produto perfeito para esses tempos. Tanto que a série é a mais vista no mundo hoje em dia. O sétimo episódio entra no ar nesta sexta, 19.