Um olhar crítico e analítico sobre cinema e streaming, com pipoca na manteiga e guaraná

Opinião|Olivia Colman: Entenda o poder da atriz britânica que brilha e acerta até nos menores papéis


Em cartaz com ‘Wonka’, atriz virou uma espécie de ‘Mestre dos Magos’ do cinema e do streaming. Quando menos se espera, ela aparece e rouba a cena - mesmo nas séries e filmes mais surpreendentes

Por Simião Castro

Desculpa quem não gosta - não desculpo -, mas na minha casa ninguém fala mal de Olivia Colman. E nem é por fanatismo ignorante - é a constatação de um fato: ela é hoje a maior atriz em atividade em Hollywood. Não importa no que bota a mão, vira ouro. E parece que ela não escolhe o que tocar, topa tudo. Ou talvez, ao contrário, escolha com fartura e muito bem.

Olivia tem postura de atriz de teatro. Daquelas que mergulha numa personagem para passar meses, às vezes anos em cartaz. Mas joga isso para o cinema. Encontra uma profundidade na tela quase incomum. E entrega performances espetaculares até nos menores papéis. Na real, ela se entrega. E isso faz toda a diferença.

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Nas redes sociais fala-se muito em “range”, a amplitude que atores e atrizes são capazes de demonstrar, um alcance das habilidades. A última vez que vi um range tão grande foi com outra superpoderosa de Hollywood: Meryl Streep.

Olivia Colman em The Crown e Meryl Streep em Florence - Quem é Essa Mulher? Foto: Netflix/Divulgação; Imagem Filmes/Divulgação

Isso porque, a exemplo da americana de A Escolha de Sophia, Mamma Mia! e O Diabo Veste Prada, a britânica também tem uma versatilidade notável. A ver a mãe enigmática de A Filha Perdida e as rainhas de A Favorita (que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz) e The Crown.

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Agora, o mais recente papel da camaleoa é uma xexelenta vilã em Wonka. Que só não rouba mais a cena porque o restante do elenco é de altíssimo nível, em diferentes escalas. E porque a produção dosa muito bem o espaço para deixar todos brilharem nos próprios momentos.

Mas a dualidade com Timothée Chalamet (Willy Wonka) só evidencia o talento de Olivia. O jovem ator - queridinho de Hollywood, que engata um trabalho no outro desde a grande revelação em Me chame pelo seu nome - esbanja habilidade em cena, mas ela extrapola.

VEJA AINDA: Este filme tem mais de 2h em um único take de verdade e é de tirar o fôlego: saiba como ver online

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Olivia Colman é Leda em 'A Filha Perdida' Foto: Netflix/Divulgação

Performance que alia técnica e emoção

Timothée é muito técnico e charmoso, mas Olivia é desapegada. A atriz nem liga de estar usando próteses dentárias enormes, faz questão de mostrá-las. Não contém a extravagância da personagem, se joga. Ela incorpora integralmente a aura “esfregada” da vilã - que no original se chama Mrs. Scrubit, derivação do verbo “scrub”, literalmente “esfregar”, que no Brasil virou apenas Dona Alva.

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Mas os exageros às vezes são mais fáceis no cinema. Um pranto descontrolado simplifica esconder inconsistências e profundidade que uma consternação sutil não permite. Esta precisa ser latente, punjente. Nada disso é páreo para Olivia, porém.

Ela arrebenta, seja na detestável madrasta de Fleabag ou como a chef Terry em uma aparição relâmpago e de luxo em O Urso. E é essa natureza surpreendente que mais impressiona em Olivia. Ela surge em papéis e produções que ninguém imaginaria.

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Quem diria que, após vencer um Oscar de melhor atriz, ela apareceria numa pequena série sobre o amor e a amizade adolescente? Pois lá está ela em Heartstopper. Mãe de um dos protagonistas. Deslumbrando com falas escassas no momento em que o garoto se revela bissexual. Só que até um mero abraço da atriz é carregado de virtuosismo, técnica e emoção.

Olivia Colman e Kit Connor em Heartstopper da Netflix Foto: Rob Youngson/Netflix

Quem esperaria vê-la - ou ouvi-la - na animação fraquinha e divertida Ron Bugado? Pois lá está ela, como a velhinha Donka Pudowski, esbanjando desprendimento. E o que dizer de ficar boquiaberto ao notar que é ela na voz da vilã de robô de A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas? Sim, é ela.

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Olivia Colman é o Mestre dos Magos do cinema e TV: quando você menos espera ela aparece. Em projetos tão diversos que é difícil acompanhar. O próprio papel em Wonka é uma surpresa - embora não devesse ser. Uma superprodução feita para o Natal das famílias, de um grande estúdio como a Warner, no rastro do clássico d’A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Talvez o assombro seja pela personagem: é divertido vê-la com dentes amarelos e pele macilenta. Roupas caricatas e atuação superlativa. Ok, parece uma missão para Olivia Colman.

E ela vem aí em 2024 com Wicked Little Letters. Pelo trailer, parece mais uma personagem memorável.

Desculpa quem não gosta - não desculpo -, mas na minha casa ninguém fala mal de Olivia Colman. E nem é por fanatismo ignorante - é a constatação de um fato: ela é hoje a maior atriz em atividade em Hollywood. Não importa no que bota a mão, vira ouro. E parece que ela não escolhe o que tocar, topa tudo. Ou talvez, ao contrário, escolha com fartura e muito bem.

Olivia tem postura de atriz de teatro. Daquelas que mergulha numa personagem para passar meses, às vezes anos em cartaz. Mas joga isso para o cinema. Encontra uma profundidade na tela quase incomum. E entrega performances espetaculares até nos menores papéis. Na real, ela se entrega. E isso faz toda a diferença.

Nas redes sociais fala-se muito em “range”, a amplitude que atores e atrizes são capazes de demonstrar, um alcance das habilidades. A última vez que vi um range tão grande foi com outra superpoderosa de Hollywood: Meryl Streep.

Olivia Colman em The Crown e Meryl Streep em Florence - Quem é Essa Mulher? Foto: Netflix/Divulgação; Imagem Filmes/Divulgação

Isso porque, a exemplo da americana de A Escolha de Sophia, Mamma Mia! e O Diabo Veste Prada, a britânica também tem uma versatilidade notável. A ver a mãe enigmática de A Filha Perdida e as rainhas de A Favorita (que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz) e The Crown.

Agora, o mais recente papel da camaleoa é uma xexelenta vilã em Wonka. Que só não rouba mais a cena porque o restante do elenco é de altíssimo nível, em diferentes escalas. E porque a produção dosa muito bem o espaço para deixar todos brilharem nos próprios momentos.

Mas a dualidade com Timothée Chalamet (Willy Wonka) só evidencia o talento de Olivia. O jovem ator - queridinho de Hollywood, que engata um trabalho no outro desde a grande revelação em Me chame pelo seu nome - esbanja habilidade em cena, mas ela extrapola.

VEJA AINDA: Este filme tem mais de 2h em um único take de verdade e é de tirar o fôlego: saiba como ver online

Olivia Colman é Leda em 'A Filha Perdida' Foto: Netflix/Divulgação

Performance que alia técnica e emoção

Timothée é muito técnico e charmoso, mas Olivia é desapegada. A atriz nem liga de estar usando próteses dentárias enormes, faz questão de mostrá-las. Não contém a extravagância da personagem, se joga. Ela incorpora integralmente a aura “esfregada” da vilã - que no original se chama Mrs. Scrubit, derivação do verbo “scrub”, literalmente “esfregar”, que no Brasil virou apenas Dona Alva.

Mas os exageros às vezes são mais fáceis no cinema. Um pranto descontrolado simplifica esconder inconsistências e profundidade que uma consternação sutil não permite. Esta precisa ser latente, punjente. Nada disso é páreo para Olivia, porém.

Ela arrebenta, seja na detestável madrasta de Fleabag ou como a chef Terry em uma aparição relâmpago e de luxo em O Urso. E é essa natureza surpreendente que mais impressiona em Olivia. Ela surge em papéis e produções que ninguém imaginaria.

Quem diria que, após vencer um Oscar de melhor atriz, ela apareceria numa pequena série sobre o amor e a amizade adolescente? Pois lá está ela em Heartstopper. Mãe de um dos protagonistas. Deslumbrando com falas escassas no momento em que o garoto se revela bissexual. Só que até um mero abraço da atriz é carregado de virtuosismo, técnica e emoção.

Olivia Colman e Kit Connor em Heartstopper da Netflix Foto: Rob Youngson/Netflix

Quem esperaria vê-la - ou ouvi-la - na animação fraquinha e divertida Ron Bugado? Pois lá está ela, como a velhinha Donka Pudowski, esbanjando desprendimento. E o que dizer de ficar boquiaberto ao notar que é ela na voz da vilã de robô de A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas? Sim, é ela.

Olivia Colman é o Mestre dos Magos do cinema e TV: quando você menos espera ela aparece. Em projetos tão diversos que é difícil acompanhar. O próprio papel em Wonka é uma surpresa - embora não devesse ser. Uma superprodução feita para o Natal das famílias, de um grande estúdio como a Warner, no rastro do clássico d’A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Talvez o assombro seja pela personagem: é divertido vê-la com dentes amarelos e pele macilenta. Roupas caricatas e atuação superlativa. Ok, parece uma missão para Olivia Colman.

E ela vem aí em 2024 com Wicked Little Letters. Pelo trailer, parece mais uma personagem memorável.

Desculpa quem não gosta - não desculpo -, mas na minha casa ninguém fala mal de Olivia Colman. E nem é por fanatismo ignorante - é a constatação de um fato: ela é hoje a maior atriz em atividade em Hollywood. Não importa no que bota a mão, vira ouro. E parece que ela não escolhe o que tocar, topa tudo. Ou talvez, ao contrário, escolha com fartura e muito bem.

Olivia tem postura de atriz de teatro. Daquelas que mergulha numa personagem para passar meses, às vezes anos em cartaz. Mas joga isso para o cinema. Encontra uma profundidade na tela quase incomum. E entrega performances espetaculares até nos menores papéis. Na real, ela se entrega. E isso faz toda a diferença.

Nas redes sociais fala-se muito em “range”, a amplitude que atores e atrizes são capazes de demonstrar, um alcance das habilidades. A última vez que vi um range tão grande foi com outra superpoderosa de Hollywood: Meryl Streep.

Olivia Colman em The Crown e Meryl Streep em Florence - Quem é Essa Mulher? Foto: Netflix/Divulgação; Imagem Filmes/Divulgação

Isso porque, a exemplo da americana de A Escolha de Sophia, Mamma Mia! e O Diabo Veste Prada, a britânica também tem uma versatilidade notável. A ver a mãe enigmática de A Filha Perdida e as rainhas de A Favorita (que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz) e The Crown.

Agora, o mais recente papel da camaleoa é uma xexelenta vilã em Wonka. Que só não rouba mais a cena porque o restante do elenco é de altíssimo nível, em diferentes escalas. E porque a produção dosa muito bem o espaço para deixar todos brilharem nos próprios momentos.

Mas a dualidade com Timothée Chalamet (Willy Wonka) só evidencia o talento de Olivia. O jovem ator - queridinho de Hollywood, que engata um trabalho no outro desde a grande revelação em Me chame pelo seu nome - esbanja habilidade em cena, mas ela extrapola.

VEJA AINDA: Este filme tem mais de 2h em um único take de verdade e é de tirar o fôlego: saiba como ver online

Olivia Colman é Leda em 'A Filha Perdida' Foto: Netflix/Divulgação

Performance que alia técnica e emoção

Timothée é muito técnico e charmoso, mas Olivia é desapegada. A atriz nem liga de estar usando próteses dentárias enormes, faz questão de mostrá-las. Não contém a extravagância da personagem, se joga. Ela incorpora integralmente a aura “esfregada” da vilã - que no original se chama Mrs. Scrubit, derivação do verbo “scrub”, literalmente “esfregar”, que no Brasil virou apenas Dona Alva.

Mas os exageros às vezes são mais fáceis no cinema. Um pranto descontrolado simplifica esconder inconsistências e profundidade que uma consternação sutil não permite. Esta precisa ser latente, punjente. Nada disso é páreo para Olivia, porém.

Ela arrebenta, seja na detestável madrasta de Fleabag ou como a chef Terry em uma aparição relâmpago e de luxo em O Urso. E é essa natureza surpreendente que mais impressiona em Olivia. Ela surge em papéis e produções que ninguém imaginaria.

Quem diria que, após vencer um Oscar de melhor atriz, ela apareceria numa pequena série sobre o amor e a amizade adolescente? Pois lá está ela em Heartstopper. Mãe de um dos protagonistas. Deslumbrando com falas escassas no momento em que o garoto se revela bissexual. Só que até um mero abraço da atriz é carregado de virtuosismo, técnica e emoção.

Olivia Colman e Kit Connor em Heartstopper da Netflix Foto: Rob Youngson/Netflix

Quem esperaria vê-la - ou ouvi-la - na animação fraquinha e divertida Ron Bugado? Pois lá está ela, como a velhinha Donka Pudowski, esbanjando desprendimento. E o que dizer de ficar boquiaberto ao notar que é ela na voz da vilã de robô de A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas? Sim, é ela.

Olivia Colman é o Mestre dos Magos do cinema e TV: quando você menos espera ela aparece. Em projetos tão diversos que é difícil acompanhar. O próprio papel em Wonka é uma surpresa - embora não devesse ser. Uma superprodução feita para o Natal das famílias, de um grande estúdio como a Warner, no rastro do clássico d’A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Talvez o assombro seja pela personagem: é divertido vê-la com dentes amarelos e pele macilenta. Roupas caricatas e atuação superlativa. Ok, parece uma missão para Olivia Colman.

E ela vem aí em 2024 com Wicked Little Letters. Pelo trailer, parece mais uma personagem memorável.

Desculpa quem não gosta - não desculpo -, mas na minha casa ninguém fala mal de Olivia Colman. E nem é por fanatismo ignorante - é a constatação de um fato: ela é hoje a maior atriz em atividade em Hollywood. Não importa no que bota a mão, vira ouro. E parece que ela não escolhe o que tocar, topa tudo. Ou talvez, ao contrário, escolha com fartura e muito bem.

Olivia tem postura de atriz de teatro. Daquelas que mergulha numa personagem para passar meses, às vezes anos em cartaz. Mas joga isso para o cinema. Encontra uma profundidade na tela quase incomum. E entrega performances espetaculares até nos menores papéis. Na real, ela se entrega. E isso faz toda a diferença.

Nas redes sociais fala-se muito em “range”, a amplitude que atores e atrizes são capazes de demonstrar, um alcance das habilidades. A última vez que vi um range tão grande foi com outra superpoderosa de Hollywood: Meryl Streep.

Olivia Colman em The Crown e Meryl Streep em Florence - Quem é Essa Mulher? Foto: Netflix/Divulgação; Imagem Filmes/Divulgação

Isso porque, a exemplo da americana de A Escolha de Sophia, Mamma Mia! e O Diabo Veste Prada, a britânica também tem uma versatilidade notável. A ver a mãe enigmática de A Filha Perdida e as rainhas de A Favorita (que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz) e The Crown.

Agora, o mais recente papel da camaleoa é uma xexelenta vilã em Wonka. Que só não rouba mais a cena porque o restante do elenco é de altíssimo nível, em diferentes escalas. E porque a produção dosa muito bem o espaço para deixar todos brilharem nos próprios momentos.

Mas a dualidade com Timothée Chalamet (Willy Wonka) só evidencia o talento de Olivia. O jovem ator - queridinho de Hollywood, que engata um trabalho no outro desde a grande revelação em Me chame pelo seu nome - esbanja habilidade em cena, mas ela extrapola.

VEJA AINDA: Este filme tem mais de 2h em um único take de verdade e é de tirar o fôlego: saiba como ver online

Olivia Colman é Leda em 'A Filha Perdida' Foto: Netflix/Divulgação

Performance que alia técnica e emoção

Timothée é muito técnico e charmoso, mas Olivia é desapegada. A atriz nem liga de estar usando próteses dentárias enormes, faz questão de mostrá-las. Não contém a extravagância da personagem, se joga. Ela incorpora integralmente a aura “esfregada” da vilã - que no original se chama Mrs. Scrubit, derivação do verbo “scrub”, literalmente “esfregar”, que no Brasil virou apenas Dona Alva.

Mas os exageros às vezes são mais fáceis no cinema. Um pranto descontrolado simplifica esconder inconsistências e profundidade que uma consternação sutil não permite. Esta precisa ser latente, punjente. Nada disso é páreo para Olivia, porém.

Ela arrebenta, seja na detestável madrasta de Fleabag ou como a chef Terry em uma aparição relâmpago e de luxo em O Urso. E é essa natureza surpreendente que mais impressiona em Olivia. Ela surge em papéis e produções que ninguém imaginaria.

Quem diria que, após vencer um Oscar de melhor atriz, ela apareceria numa pequena série sobre o amor e a amizade adolescente? Pois lá está ela em Heartstopper. Mãe de um dos protagonistas. Deslumbrando com falas escassas no momento em que o garoto se revela bissexual. Só que até um mero abraço da atriz é carregado de virtuosismo, técnica e emoção.

Olivia Colman e Kit Connor em Heartstopper da Netflix Foto: Rob Youngson/Netflix

Quem esperaria vê-la - ou ouvi-la - na animação fraquinha e divertida Ron Bugado? Pois lá está ela, como a velhinha Donka Pudowski, esbanjando desprendimento. E o que dizer de ficar boquiaberto ao notar que é ela na voz da vilã de robô de A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas? Sim, é ela.

Olivia Colman é o Mestre dos Magos do cinema e TV: quando você menos espera ela aparece. Em projetos tão diversos que é difícil acompanhar. O próprio papel em Wonka é uma surpresa - embora não devesse ser. Uma superprodução feita para o Natal das famílias, de um grande estúdio como a Warner, no rastro do clássico d’A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Talvez o assombro seja pela personagem: é divertido vê-la com dentes amarelos e pele macilenta. Roupas caricatas e atuação superlativa. Ok, parece uma missão para Olivia Colman.

E ela vem aí em 2024 com Wicked Little Letters. Pelo trailer, parece mais uma personagem memorável.

Desculpa quem não gosta - não desculpo -, mas na minha casa ninguém fala mal de Olivia Colman. E nem é por fanatismo ignorante - é a constatação de um fato: ela é hoje a maior atriz em atividade em Hollywood. Não importa no que bota a mão, vira ouro. E parece que ela não escolhe o que tocar, topa tudo. Ou talvez, ao contrário, escolha com fartura e muito bem.

Olivia tem postura de atriz de teatro. Daquelas que mergulha numa personagem para passar meses, às vezes anos em cartaz. Mas joga isso para o cinema. Encontra uma profundidade na tela quase incomum. E entrega performances espetaculares até nos menores papéis. Na real, ela se entrega. E isso faz toda a diferença.

Nas redes sociais fala-se muito em “range”, a amplitude que atores e atrizes são capazes de demonstrar, um alcance das habilidades. A última vez que vi um range tão grande foi com outra superpoderosa de Hollywood: Meryl Streep.

Olivia Colman em The Crown e Meryl Streep em Florence - Quem é Essa Mulher? Foto: Netflix/Divulgação; Imagem Filmes/Divulgação

Isso porque, a exemplo da americana de A Escolha de Sophia, Mamma Mia! e O Diabo Veste Prada, a britânica também tem uma versatilidade notável. A ver a mãe enigmática de A Filha Perdida e as rainhas de A Favorita (que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz) e The Crown.

Agora, o mais recente papel da camaleoa é uma xexelenta vilã em Wonka. Que só não rouba mais a cena porque o restante do elenco é de altíssimo nível, em diferentes escalas. E porque a produção dosa muito bem o espaço para deixar todos brilharem nos próprios momentos.

Mas a dualidade com Timothée Chalamet (Willy Wonka) só evidencia o talento de Olivia. O jovem ator - queridinho de Hollywood, que engata um trabalho no outro desde a grande revelação em Me chame pelo seu nome - esbanja habilidade em cena, mas ela extrapola.

VEJA AINDA: Este filme tem mais de 2h em um único take de verdade e é de tirar o fôlego: saiba como ver online

Olivia Colman é Leda em 'A Filha Perdida' Foto: Netflix/Divulgação

Performance que alia técnica e emoção

Timothée é muito técnico e charmoso, mas Olivia é desapegada. A atriz nem liga de estar usando próteses dentárias enormes, faz questão de mostrá-las. Não contém a extravagância da personagem, se joga. Ela incorpora integralmente a aura “esfregada” da vilã - que no original se chama Mrs. Scrubit, derivação do verbo “scrub”, literalmente “esfregar”, que no Brasil virou apenas Dona Alva.

Mas os exageros às vezes são mais fáceis no cinema. Um pranto descontrolado simplifica esconder inconsistências e profundidade que uma consternação sutil não permite. Esta precisa ser latente, punjente. Nada disso é páreo para Olivia, porém.

Ela arrebenta, seja na detestável madrasta de Fleabag ou como a chef Terry em uma aparição relâmpago e de luxo em O Urso. E é essa natureza surpreendente que mais impressiona em Olivia. Ela surge em papéis e produções que ninguém imaginaria.

Quem diria que, após vencer um Oscar de melhor atriz, ela apareceria numa pequena série sobre o amor e a amizade adolescente? Pois lá está ela em Heartstopper. Mãe de um dos protagonistas. Deslumbrando com falas escassas no momento em que o garoto se revela bissexual. Só que até um mero abraço da atriz é carregado de virtuosismo, técnica e emoção.

Olivia Colman e Kit Connor em Heartstopper da Netflix Foto: Rob Youngson/Netflix

Quem esperaria vê-la - ou ouvi-la - na animação fraquinha e divertida Ron Bugado? Pois lá está ela, como a velhinha Donka Pudowski, esbanjando desprendimento. E o que dizer de ficar boquiaberto ao notar que é ela na voz da vilã de robô de A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas? Sim, é ela.

Olivia Colman é o Mestre dos Magos do cinema e TV: quando você menos espera ela aparece. Em projetos tão diversos que é difícil acompanhar. O próprio papel em Wonka é uma surpresa - embora não devesse ser. Uma superprodução feita para o Natal das famílias, de um grande estúdio como a Warner, no rastro do clássico d’A Fantástica Fábrica de Chocolate.

Talvez o assombro seja pela personagem: é divertido vê-la com dentes amarelos e pele macilenta. Roupas caricatas e atuação superlativa. Ok, parece uma missão para Olivia Colman.

E ela vem aí em 2024 com Wicked Little Letters. Pelo trailer, parece mais uma personagem memorável.

Opinião por Simião Castro

Repórter de Cultura do Estadão

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