O mês de março é sempre motivo para lembrar nomes de mulheres que se destacam em suas áreas. Em cultura, muitas têm influenciado gerações e deixado legado precioso que impulsiona carreiras e trajetórias. Na dança, como em tantos outros segmentos artísticos, são muitas as mulheres que são lembradas por realizarem trabalhos preciosos. Como é o caso de Ana Botafogo, que mesmo não dançando mais, passa seu legado para as gerações mais novas.
A seguir, algumas ilustres figuras da dança, que deixaram seus nomes como marcas nos palcos e nas sapatilhas, ou quem está ainda na luta, como a jovem Ingrid Silva, que luta para superar obstáculos e chegou a pintar sapatilhas para terem a cor de sua pele. Confira.
Ana Botafogo dançou importantes coreografias clássicas
Um dos maiores nomes dança, Ana Botafogo tem uma trajetória de sucesso. Dedicada ao mundo da dança clássica, a bailarina conquistou o público com sua atuação em inúmeros espetáculos, como Copélia, O Quebra Nozes, Giselle, O Lago dos Cisnes, A Bela Adormecida, Zorba, o Grego, A Megera Domada, Eugene Onegin, entre outros. Ainda bem jovem, Ana Maria Botafogo Gonçalves Fonseca seria surpreendida, em 1981, ao ser aceita como primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio, cargo que ocupa até e hoje. “Quando entrei para o Municipal, passei por uma audição. Eu era uma jovem bailarina, mas acharam que eu tinha condição de ocupar essa posição”, conta Ana, em entrevista de 2021 ao Estadão.
Angel Vianna influenciou gerações
Bailarina é um dos nomes relacionados à pesquisa do movimento no Brasil. Nascida em Belo Horizonte, Angel Vianna iniciou sua trajetória na dança clássica aos 20 anos. Em 1955, Angel se casou com Klauss Vianna, que extrapolaria o lado pessoal dando início uma rica parceria na vida e na dança. O casal fundou a Escola Klauss Vianna, que mostraria fundamentos da dança moderna. Angel Vianna é uma das figuras da dança que muito influenciaram gerações com seu estudo de movimentos.
Cecília Kerche participou dos principais festivais
Nascida em Lins, cidade do interior de São Paulo, Cecília Kerche é a bailarina que mais atuou em apresentações de O Lago dos Cisnes no exterior e atuou no Australian Ballet na década de 1990. Em 1982, ingressou no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e três anos depois tornou-se primeira-bailarina da companhia. Ao longo de sua trajetória, dançou nos principais festivais e galas de dança no Brasil e exterior.
Ingrid Silva pintava suas sapatilhas para terem a cor de sua pele
A trajetória da jovem bailarina Ingrid Silva começou cedo, quando ela participava do projeto social Dançando para Não Dançar, na periferia do Rio de Janeiro. Focada em seu objetivo no tabaldo, a garota se destacou na dança e conquistou reconhecimento internacional, chegando ao posto de primeira-bailarina da prestigiada companhia Dance Theatre of Harlem, em Nova York. Negra, Ingrid se destacou ainda por criar o hábito de pintar suas sapatilhas, que tradicionalmente são no tom rosa, para que tivessem a cor de sua pele. Essa atitude extrapolou as paredes do teatro e, em 2020, um desses pares que ela customizou foi parar no Museu Nacional de Arte Africana Smithsonian, nos Estados Unidos. Ativista pela igualdade e pela diversidade em vários âmbitos, Ingrid é também cofundadora de iniciativas como o EmpowerHer New York e o Blacks in Ballet.
Márcia Haydée, nome consagrado na dança
Bailarina e coreógrafa, Márcia Haydée nasceu em 18 de abril de 1937, em Niterói, e estudou na famosa Royal Ballet School, em Londres, tornando-se uma das bailarinas importante do século 20. Em 2015, montou O Som de Dom Quixote com a São Paulo Companhia de Dança, sua primeira coreografia para um grupo brasileiro. Hem 1993, Márcia assumiu a direção do Ballet de Santiago, no Chile.
Marilena Ansaldi se destacou na dança-teatro
Bailarina, coreógrafa, produtora, autora e atriz. Marilena Ansaldi (1934 - 2021) brilhou nos palcos, foi primeira-bailarina do Teatro Municipal de São Paulo, se destacou no gênero dança-teatro e foi uma das fundadoras do Balé de Câmara do Estado de São Paulo. Estudou no Balé Bolshoi por três anos, e, de volta ao Brasil, encampou trabalhos com importantes nomes do teatro, da dança e da televisão. Por seu caráter inovador e a qualidade artística, a bailarina foi reconhecida com prêmios como APCA, Molière e Governador do Estado de São Paulo.
Ruth Rachou influenciou gerações
Uma das artistas fundamentais da dança moderna no Brasil, Ruth Rachou (1927-2022) iniciou sua carreira no histórico Ballet do IV Centenário (1954), na cidade de São Paulo, e influenciou toda uma geração da dança. Nascida em 1927, Ruth compõe uma geração de mulheres que começou a estudar dança ainda na infância, como forma de ter uma educação refinada, princípios de etiqueta e “gestos delicados”. Em 1972, o Estúdio Ruth Rachou, espaço para serem ministrados cursos professores brasileiros e estrangeiros de linhagem moderna norte-americana, principalmente associados a nomes como Isadora Duncan, Martha Graham, Doris Humphrey e José Limón; mas também acolheu outras perspectivas, por exemplo, Klauss Vianna e o curso de danças brasileiras de Antonio Nóbrega, e traçou pioneirismo no oferecimento de cursos de pilates na capital paulista.