Clarisse Abujamra interpreta setentona que incomoda os filhos na peça ‘Veraneio’


O dramaturgo Leonardo Cortez e o diretor Pedro Granato se unem na comédia dramática sobre a ‘ausência da escuta’

Por Dirceu Alves Jr.

Com Pousada Refúgio (2018), o dramaturgo Leonardo Cortez e o diretor Pedro Granato anteciparam uma angústia que tomaria conta de muita gente logo depois: ter um lugar fora da cidade onde fosse possível respirar longe do caos e perto da natureza. A comédia dramática Veraneio, novo espetáculo da dupla, em cartaz no teatro do Sesc Ipiranga, traz à cena uma mulher de 75 anos (interpretada por Clarisse Abujamra) que, depois da pandemia, se permitiu reinventar uma nova existência.

Laura passou dois anos isolada na casa de praia da família. Por lá, fez amigos, frequentou festas, experimentou drogas e, depois de uma longa viuvez, arrumou um namorado (papel de Maurício de Barros). O seu aniversário é o motivo para receber a visita dos três filhos (vividos por Glaucia Libertini, Sílvio Restiffe e o autor) e da nora (a atriz Tatiana Thomé) e promover as devidas apresentações. “Esse namorado significa uma ruptura com o padrão ao qual os filhos se acostumaram para a matriarca e inverte os valores porque quem abala as estruturas da família é ela e não os filhos, que, entre os 40 e os 50 anos, são frustrados e sem perspectivas”, explica Granato.

Cortez aponta Veraneio como uma peça sobre um dos maiores problemas da atualidade, a ausência da escuta. Para ele, todo mundo hipervaloriza o próprio sofrimento e não se dispõe a entender o outro. Na montagem, Laura se reencontrou com ela mesma e não cai na chantagem dos filhos, que não conseguem expressar suas mazelas, porque cada um se acha mais vítima que o outro.

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Como Laura, Clarisse (de azul) abala os filhos, que supervalorizam o seu próprio sofrimento. Foto: Nadja Kouchi

Pandemia

Curioso é que o autor começou a escrever o texto antes do coronavírus para tratar do embate de quarentões amargurados diante de uma mãe bem resolvida. “A pandemia acentuou os conflitos e, principalmente, ressignifica essa terceira idade que quer e tem energia para aproveitar a vida”, diz ele.

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Na encenação de Granato, Veraneio começa monocromática e vai explodindo em cores e sons que contrastam com o estereótipo da classe média alta que realizou o sonho da casa com vista para o mar. “Aquele imaginário de praia dos anos 1950, com a bossa nova do Tom Jobim ao fundo, acabou, agora é barulho, galera com o cabelo descolorido, a trilha é dos Barões da Pisadinha”, diz o diretor. Cortez pondera que Granato injeta dramaticidade em seus textos, que nascem como comédias. “O ser humano é patético na sua individualidade e, sob direção do Pedro, meus personagens falam absurdos como as maiores verdades.”

Conflitos

Adepto das criações coletivas, quando o texto vai se formando no processo de ensaios, Granato adverte que Cortez sofre um pouco com as alterações que propõe. “Procuro dar uma seriedade para as histórias porque os conflitos podem até ser engraçados, mas envolvem situações doloridas”, justifica. Ele minimiza as interferências e garante confiar nas escolhas do interlocutor. “O Pedro nunca mexe em nada à minha revelia, são muitos diálogos o tempo todo, que, às vezes, paralisam os ensaios e exigem paciência dos atores”, revela o autor.

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Parece, no entanto, que nada abala a parceria. Depois de Pousada Refúgio e Veraneio, uma terceira obra começa a ser pensada para o que a dupla chama de “trilogia da fuga”. “Esta deve tratar de uma fuga propriamente dita, com personagens presos em um lugar do qual não conseguem sair, algo que remeta ao cineasta Luis Buñuel”, antecipa o dramaturgo. “A minha obra é um exercício de olhar para dentro de mim e ver que sou um poço de perguntas sem respostas.”

Com Pousada Refúgio (2018), o dramaturgo Leonardo Cortez e o diretor Pedro Granato anteciparam uma angústia que tomaria conta de muita gente logo depois: ter um lugar fora da cidade onde fosse possível respirar longe do caos e perto da natureza. A comédia dramática Veraneio, novo espetáculo da dupla, em cartaz no teatro do Sesc Ipiranga, traz à cena uma mulher de 75 anos (interpretada por Clarisse Abujamra) que, depois da pandemia, se permitiu reinventar uma nova existência.

Laura passou dois anos isolada na casa de praia da família. Por lá, fez amigos, frequentou festas, experimentou drogas e, depois de uma longa viuvez, arrumou um namorado (papel de Maurício de Barros). O seu aniversário é o motivo para receber a visita dos três filhos (vividos por Glaucia Libertini, Sílvio Restiffe e o autor) e da nora (a atriz Tatiana Thomé) e promover as devidas apresentações. “Esse namorado significa uma ruptura com o padrão ao qual os filhos se acostumaram para a matriarca e inverte os valores porque quem abala as estruturas da família é ela e não os filhos, que, entre os 40 e os 50 anos, são frustrados e sem perspectivas”, explica Granato.

Cortez aponta Veraneio como uma peça sobre um dos maiores problemas da atualidade, a ausência da escuta. Para ele, todo mundo hipervaloriza o próprio sofrimento e não se dispõe a entender o outro. Na montagem, Laura se reencontrou com ela mesma e não cai na chantagem dos filhos, que não conseguem expressar suas mazelas, porque cada um se acha mais vítima que o outro.

Como Laura, Clarisse (de azul) abala os filhos, que supervalorizam o seu próprio sofrimento. Foto: Nadja Kouchi

Pandemia

Curioso é que o autor começou a escrever o texto antes do coronavírus para tratar do embate de quarentões amargurados diante de uma mãe bem resolvida. “A pandemia acentuou os conflitos e, principalmente, ressignifica essa terceira idade que quer e tem energia para aproveitar a vida”, diz ele.

Na encenação de Granato, Veraneio começa monocromática e vai explodindo em cores e sons que contrastam com o estereótipo da classe média alta que realizou o sonho da casa com vista para o mar. “Aquele imaginário de praia dos anos 1950, com a bossa nova do Tom Jobim ao fundo, acabou, agora é barulho, galera com o cabelo descolorido, a trilha é dos Barões da Pisadinha”, diz o diretor. Cortez pondera que Granato injeta dramaticidade em seus textos, que nascem como comédias. “O ser humano é patético na sua individualidade e, sob direção do Pedro, meus personagens falam absurdos como as maiores verdades.”

Conflitos

Adepto das criações coletivas, quando o texto vai se formando no processo de ensaios, Granato adverte que Cortez sofre um pouco com as alterações que propõe. “Procuro dar uma seriedade para as histórias porque os conflitos podem até ser engraçados, mas envolvem situações doloridas”, justifica. Ele minimiza as interferências e garante confiar nas escolhas do interlocutor. “O Pedro nunca mexe em nada à minha revelia, são muitos diálogos o tempo todo, que, às vezes, paralisam os ensaios e exigem paciência dos atores”, revela o autor.

Parece, no entanto, que nada abala a parceria. Depois de Pousada Refúgio e Veraneio, uma terceira obra começa a ser pensada para o que a dupla chama de “trilogia da fuga”. “Esta deve tratar de uma fuga propriamente dita, com personagens presos em um lugar do qual não conseguem sair, algo que remeta ao cineasta Luis Buñuel”, antecipa o dramaturgo. “A minha obra é um exercício de olhar para dentro de mim e ver que sou um poço de perguntas sem respostas.”

Com Pousada Refúgio (2018), o dramaturgo Leonardo Cortez e o diretor Pedro Granato anteciparam uma angústia que tomaria conta de muita gente logo depois: ter um lugar fora da cidade onde fosse possível respirar longe do caos e perto da natureza. A comédia dramática Veraneio, novo espetáculo da dupla, em cartaz no teatro do Sesc Ipiranga, traz à cena uma mulher de 75 anos (interpretada por Clarisse Abujamra) que, depois da pandemia, se permitiu reinventar uma nova existência.

Laura passou dois anos isolada na casa de praia da família. Por lá, fez amigos, frequentou festas, experimentou drogas e, depois de uma longa viuvez, arrumou um namorado (papel de Maurício de Barros). O seu aniversário é o motivo para receber a visita dos três filhos (vividos por Glaucia Libertini, Sílvio Restiffe e o autor) e da nora (a atriz Tatiana Thomé) e promover as devidas apresentações. “Esse namorado significa uma ruptura com o padrão ao qual os filhos se acostumaram para a matriarca e inverte os valores porque quem abala as estruturas da família é ela e não os filhos, que, entre os 40 e os 50 anos, são frustrados e sem perspectivas”, explica Granato.

Cortez aponta Veraneio como uma peça sobre um dos maiores problemas da atualidade, a ausência da escuta. Para ele, todo mundo hipervaloriza o próprio sofrimento e não se dispõe a entender o outro. Na montagem, Laura se reencontrou com ela mesma e não cai na chantagem dos filhos, que não conseguem expressar suas mazelas, porque cada um se acha mais vítima que o outro.

Como Laura, Clarisse (de azul) abala os filhos, que supervalorizam o seu próprio sofrimento. Foto: Nadja Kouchi

Pandemia

Curioso é que o autor começou a escrever o texto antes do coronavírus para tratar do embate de quarentões amargurados diante de uma mãe bem resolvida. “A pandemia acentuou os conflitos e, principalmente, ressignifica essa terceira idade que quer e tem energia para aproveitar a vida”, diz ele.

Na encenação de Granato, Veraneio começa monocromática e vai explodindo em cores e sons que contrastam com o estereótipo da classe média alta que realizou o sonho da casa com vista para o mar. “Aquele imaginário de praia dos anos 1950, com a bossa nova do Tom Jobim ao fundo, acabou, agora é barulho, galera com o cabelo descolorido, a trilha é dos Barões da Pisadinha”, diz o diretor. Cortez pondera que Granato injeta dramaticidade em seus textos, que nascem como comédias. “O ser humano é patético na sua individualidade e, sob direção do Pedro, meus personagens falam absurdos como as maiores verdades.”

Conflitos

Adepto das criações coletivas, quando o texto vai se formando no processo de ensaios, Granato adverte que Cortez sofre um pouco com as alterações que propõe. “Procuro dar uma seriedade para as histórias porque os conflitos podem até ser engraçados, mas envolvem situações doloridas”, justifica. Ele minimiza as interferências e garante confiar nas escolhas do interlocutor. “O Pedro nunca mexe em nada à minha revelia, são muitos diálogos o tempo todo, que, às vezes, paralisam os ensaios e exigem paciência dos atores”, revela o autor.

Parece, no entanto, que nada abala a parceria. Depois de Pousada Refúgio e Veraneio, uma terceira obra começa a ser pensada para o que a dupla chama de “trilogia da fuga”. “Esta deve tratar de uma fuga propriamente dita, com personagens presos em um lugar do qual não conseguem sair, algo que remeta ao cineasta Luis Buñuel”, antecipa o dramaturgo. “A minha obra é um exercício de olhar para dentro de mim e ver que sou um poço de perguntas sem respostas.”

Com Pousada Refúgio (2018), o dramaturgo Leonardo Cortez e o diretor Pedro Granato anteciparam uma angústia que tomaria conta de muita gente logo depois: ter um lugar fora da cidade onde fosse possível respirar longe do caos e perto da natureza. A comédia dramática Veraneio, novo espetáculo da dupla, em cartaz no teatro do Sesc Ipiranga, traz à cena uma mulher de 75 anos (interpretada por Clarisse Abujamra) que, depois da pandemia, se permitiu reinventar uma nova existência.

Laura passou dois anos isolada na casa de praia da família. Por lá, fez amigos, frequentou festas, experimentou drogas e, depois de uma longa viuvez, arrumou um namorado (papel de Maurício de Barros). O seu aniversário é o motivo para receber a visita dos três filhos (vividos por Glaucia Libertini, Sílvio Restiffe e o autor) e da nora (a atriz Tatiana Thomé) e promover as devidas apresentações. “Esse namorado significa uma ruptura com o padrão ao qual os filhos se acostumaram para a matriarca e inverte os valores porque quem abala as estruturas da família é ela e não os filhos, que, entre os 40 e os 50 anos, são frustrados e sem perspectivas”, explica Granato.

Cortez aponta Veraneio como uma peça sobre um dos maiores problemas da atualidade, a ausência da escuta. Para ele, todo mundo hipervaloriza o próprio sofrimento e não se dispõe a entender o outro. Na montagem, Laura se reencontrou com ela mesma e não cai na chantagem dos filhos, que não conseguem expressar suas mazelas, porque cada um se acha mais vítima que o outro.

Como Laura, Clarisse (de azul) abala os filhos, que supervalorizam o seu próprio sofrimento. Foto: Nadja Kouchi

Pandemia

Curioso é que o autor começou a escrever o texto antes do coronavírus para tratar do embate de quarentões amargurados diante de uma mãe bem resolvida. “A pandemia acentuou os conflitos e, principalmente, ressignifica essa terceira idade que quer e tem energia para aproveitar a vida”, diz ele.

Na encenação de Granato, Veraneio começa monocromática e vai explodindo em cores e sons que contrastam com o estereótipo da classe média alta que realizou o sonho da casa com vista para o mar. “Aquele imaginário de praia dos anos 1950, com a bossa nova do Tom Jobim ao fundo, acabou, agora é barulho, galera com o cabelo descolorido, a trilha é dos Barões da Pisadinha”, diz o diretor. Cortez pondera que Granato injeta dramaticidade em seus textos, que nascem como comédias. “O ser humano é patético na sua individualidade e, sob direção do Pedro, meus personagens falam absurdos como as maiores verdades.”

Conflitos

Adepto das criações coletivas, quando o texto vai se formando no processo de ensaios, Granato adverte que Cortez sofre um pouco com as alterações que propõe. “Procuro dar uma seriedade para as histórias porque os conflitos podem até ser engraçados, mas envolvem situações doloridas”, justifica. Ele minimiza as interferências e garante confiar nas escolhas do interlocutor. “O Pedro nunca mexe em nada à minha revelia, são muitos diálogos o tempo todo, que, às vezes, paralisam os ensaios e exigem paciência dos atores”, revela o autor.

Parece, no entanto, que nada abala a parceria. Depois de Pousada Refúgio e Veraneio, uma terceira obra começa a ser pensada para o que a dupla chama de “trilogia da fuga”. “Esta deve tratar de uma fuga propriamente dita, com personagens presos em um lugar do qual não conseguem sair, algo que remeta ao cineasta Luis Buñuel”, antecipa o dramaturgo. “A minha obra é um exercício de olhar para dentro de mim e ver que sou um poço de perguntas sem respostas.”

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