Em ‘A Aforista’, Rosana Stavis se vale do ritmo frenético para refletir as angústias do agora


Em falas rápidas, sob direção de Marco Damaceno, atriz paranaense busca, no CCBB, tratar a arte como elemento vital

Por Dirceu Alves Jr.

Em 2008, a Cia. Stavis-Damaceno, de Curitiba, estreou o espetáculo Árvores Abatidas ou Para Luis Melo. Foi a primeira incursão do dramaturgo e diretor Marcos Damaceno e da atriz Rosana Stavis na obra do escritor austríaco Thomas Bernhard (1931-1989). O monólogo, com Rosana se dividindo em doze personagens, promovia uma reflexão sobre o meio artístico e as opções de carreira de cada um. Novamente inspirado em Bernhard, A Aforista, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, é a segunda parte de uma possível trilogia e trata de questões semelhantes. Desta vez, porém, com a arte tratada como elemento vital e não um trampolim para frustrações.

Em A Aforista, Rosana aparece acompanhada dos pianistas Sérgio Justen e Rodrigo Henrique, que dão o ritmo da montagem. As palavras, porém, saltam da boca da atriz em um ritmo frenético, com rapidez impressionante, simbolizando a angústia dos tempos atuais. Trata-se de uma mulher que caminha para o enterro de um amigo da faculdade de música que cometeu suicídio. Em seu fluxo de pensamento, a personagem divaga sobre o caminho que cada colega seguiu e o quanto essas opções se afinaram ou colaboraram para o afastamento da turma. “O barato desse espetáculo é falar um pouco da gente e até zombar da importância excessiva que o artista se dá”, ressalta Damaceno. “Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, não é?”, Rosana completa.

Rosana Stavis em cena: ‘Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, né?’, comenta. Foto: Renato Mangolin
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Em 2023, a Cia. Stavis-Damaceno celebra duas décadas, o mesmo tempo de casamento da dupla. O diretor vinha com um desejo de criar um monólogo diferente para Rosana, algo que desafiasse seus reconhecidos recursos e surpreendesse quem acompanha seus trabalhos. A atriz, que foi comandada por Gabriel Villela nos recentes Estado de Sítio (2018) e Henrique IV (2022), acredita que o objetivo do parceiro foi alcançado. “Sinto que cheguei a um lugar que vai além das minhas expectativas; não movimento o corpo em cena, é só olhar, boca e acredito que atinjo vários estados emotivos com muita rapidez”, diz ela.

Busca da palavra

Para Damaceno, A Aforista representa uma busca da dupla pela palavra, pelo texto bem falado e capaz de seduzir o espectador. “Muitas vertentes enriqueceram o teatro brasileiro nas últimas décadas. Mas, em meio a essa diversidade, veio a valorização da performance, da autoficção e essa questão do texto e do personagem ficou esquecida”, analisa. Rosana comenta que, apesar de ser um monólogo, o público das temporadas do Rio de Janeiro e de Brasília sempre ressaltou o conjunto de texto, a atuação, iluminação, figurino e música. “Nossa busca é pelo encontro, pelo somatório, não temos espaço para o ego”, argumenta a atriz.

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Rosana e Damaceno conseguem o feito raro de manter uma companhia sediada fora do eixo Rio-São Paulo e, devido a uma projeção sólida, garantem circulação nacional aos trabalhos. Convites de outros grupos ou do audiovisual aparecem e, quando interessam, são aceitos, mas de Curitiba o casal não arreda pé. “Temos uma casa confortável, com uma sala de ensaios onde criamos e trocamos com outros artistas, vivemos bem com nossa filha, Júlia, de 18 anos, nossos dois gatos e dois cachorros, não quero morar em nenhum outro lugar”, garante Rosana.

Damaceno justifica que a sua residência em Curitiba colabora para a pluralidade artística do teatro nacional. Ele declara que a cidade é o avesso de todos os clichês da brasilidade, com seus pontos positivos e negativos, mas inspiradora por fazê-lo abordar questões estéticas e dramatúrgicas de um país diferente. “A gente só quer trabalhar e, daqui a 20 anos, continuar fazendo a mesma coisa: pensar em uma peça, ensaiar, montar, apresentar, viajar por outras cidades e, de preferência, sem ninguém para nos atrapalhar.”

Em 2008, a Cia. Stavis-Damaceno, de Curitiba, estreou o espetáculo Árvores Abatidas ou Para Luis Melo. Foi a primeira incursão do dramaturgo e diretor Marcos Damaceno e da atriz Rosana Stavis na obra do escritor austríaco Thomas Bernhard (1931-1989). O monólogo, com Rosana se dividindo em doze personagens, promovia uma reflexão sobre o meio artístico e as opções de carreira de cada um. Novamente inspirado em Bernhard, A Aforista, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, é a segunda parte de uma possível trilogia e trata de questões semelhantes. Desta vez, porém, com a arte tratada como elemento vital e não um trampolim para frustrações.

Em A Aforista, Rosana aparece acompanhada dos pianistas Sérgio Justen e Rodrigo Henrique, que dão o ritmo da montagem. As palavras, porém, saltam da boca da atriz em um ritmo frenético, com rapidez impressionante, simbolizando a angústia dos tempos atuais. Trata-se de uma mulher que caminha para o enterro de um amigo da faculdade de música que cometeu suicídio. Em seu fluxo de pensamento, a personagem divaga sobre o caminho que cada colega seguiu e o quanto essas opções se afinaram ou colaboraram para o afastamento da turma. “O barato desse espetáculo é falar um pouco da gente e até zombar da importância excessiva que o artista se dá”, ressalta Damaceno. “Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, não é?”, Rosana completa.

Rosana Stavis em cena: ‘Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, né?’, comenta. Foto: Renato Mangolin

Em 2023, a Cia. Stavis-Damaceno celebra duas décadas, o mesmo tempo de casamento da dupla. O diretor vinha com um desejo de criar um monólogo diferente para Rosana, algo que desafiasse seus reconhecidos recursos e surpreendesse quem acompanha seus trabalhos. A atriz, que foi comandada por Gabriel Villela nos recentes Estado de Sítio (2018) e Henrique IV (2022), acredita que o objetivo do parceiro foi alcançado. “Sinto que cheguei a um lugar que vai além das minhas expectativas; não movimento o corpo em cena, é só olhar, boca e acredito que atinjo vários estados emotivos com muita rapidez”, diz ela.

Busca da palavra

Para Damaceno, A Aforista representa uma busca da dupla pela palavra, pelo texto bem falado e capaz de seduzir o espectador. “Muitas vertentes enriqueceram o teatro brasileiro nas últimas décadas. Mas, em meio a essa diversidade, veio a valorização da performance, da autoficção e essa questão do texto e do personagem ficou esquecida”, analisa. Rosana comenta que, apesar de ser um monólogo, o público das temporadas do Rio de Janeiro e de Brasília sempre ressaltou o conjunto de texto, a atuação, iluminação, figurino e música. “Nossa busca é pelo encontro, pelo somatório, não temos espaço para o ego”, argumenta a atriz.

Rosana e Damaceno conseguem o feito raro de manter uma companhia sediada fora do eixo Rio-São Paulo e, devido a uma projeção sólida, garantem circulação nacional aos trabalhos. Convites de outros grupos ou do audiovisual aparecem e, quando interessam, são aceitos, mas de Curitiba o casal não arreda pé. “Temos uma casa confortável, com uma sala de ensaios onde criamos e trocamos com outros artistas, vivemos bem com nossa filha, Júlia, de 18 anos, nossos dois gatos e dois cachorros, não quero morar em nenhum outro lugar”, garante Rosana.

Damaceno justifica que a sua residência em Curitiba colabora para a pluralidade artística do teatro nacional. Ele declara que a cidade é o avesso de todos os clichês da brasilidade, com seus pontos positivos e negativos, mas inspiradora por fazê-lo abordar questões estéticas e dramatúrgicas de um país diferente. “A gente só quer trabalhar e, daqui a 20 anos, continuar fazendo a mesma coisa: pensar em uma peça, ensaiar, montar, apresentar, viajar por outras cidades e, de preferência, sem ninguém para nos atrapalhar.”

Em 2008, a Cia. Stavis-Damaceno, de Curitiba, estreou o espetáculo Árvores Abatidas ou Para Luis Melo. Foi a primeira incursão do dramaturgo e diretor Marcos Damaceno e da atriz Rosana Stavis na obra do escritor austríaco Thomas Bernhard (1931-1989). O monólogo, com Rosana se dividindo em doze personagens, promovia uma reflexão sobre o meio artístico e as opções de carreira de cada um. Novamente inspirado em Bernhard, A Aforista, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, é a segunda parte de uma possível trilogia e trata de questões semelhantes. Desta vez, porém, com a arte tratada como elemento vital e não um trampolim para frustrações.

Em A Aforista, Rosana aparece acompanhada dos pianistas Sérgio Justen e Rodrigo Henrique, que dão o ritmo da montagem. As palavras, porém, saltam da boca da atriz em um ritmo frenético, com rapidez impressionante, simbolizando a angústia dos tempos atuais. Trata-se de uma mulher que caminha para o enterro de um amigo da faculdade de música que cometeu suicídio. Em seu fluxo de pensamento, a personagem divaga sobre o caminho que cada colega seguiu e o quanto essas opções se afinaram ou colaboraram para o afastamento da turma. “O barato desse espetáculo é falar um pouco da gente e até zombar da importância excessiva que o artista se dá”, ressalta Damaceno. “Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, não é?”, Rosana completa.

Rosana Stavis em cena: ‘Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, né?’, comenta. Foto: Renato Mangolin

Em 2023, a Cia. Stavis-Damaceno celebra duas décadas, o mesmo tempo de casamento da dupla. O diretor vinha com um desejo de criar um monólogo diferente para Rosana, algo que desafiasse seus reconhecidos recursos e surpreendesse quem acompanha seus trabalhos. A atriz, que foi comandada por Gabriel Villela nos recentes Estado de Sítio (2018) e Henrique IV (2022), acredita que o objetivo do parceiro foi alcançado. “Sinto que cheguei a um lugar que vai além das minhas expectativas; não movimento o corpo em cena, é só olhar, boca e acredito que atinjo vários estados emotivos com muita rapidez”, diz ela.

Busca da palavra

Para Damaceno, A Aforista representa uma busca da dupla pela palavra, pelo texto bem falado e capaz de seduzir o espectador. “Muitas vertentes enriqueceram o teatro brasileiro nas últimas décadas. Mas, em meio a essa diversidade, veio a valorização da performance, da autoficção e essa questão do texto e do personagem ficou esquecida”, analisa. Rosana comenta que, apesar de ser um monólogo, o público das temporadas do Rio de Janeiro e de Brasília sempre ressaltou o conjunto de texto, a atuação, iluminação, figurino e música. “Nossa busca é pelo encontro, pelo somatório, não temos espaço para o ego”, argumenta a atriz.

Rosana e Damaceno conseguem o feito raro de manter uma companhia sediada fora do eixo Rio-São Paulo e, devido a uma projeção sólida, garantem circulação nacional aos trabalhos. Convites de outros grupos ou do audiovisual aparecem e, quando interessam, são aceitos, mas de Curitiba o casal não arreda pé. “Temos uma casa confortável, com uma sala de ensaios onde criamos e trocamos com outros artistas, vivemos bem com nossa filha, Júlia, de 18 anos, nossos dois gatos e dois cachorros, não quero morar em nenhum outro lugar”, garante Rosana.

Damaceno justifica que a sua residência em Curitiba colabora para a pluralidade artística do teatro nacional. Ele declara que a cidade é o avesso de todos os clichês da brasilidade, com seus pontos positivos e negativos, mas inspiradora por fazê-lo abordar questões estéticas e dramatúrgicas de um país diferente. “A gente só quer trabalhar e, daqui a 20 anos, continuar fazendo a mesma coisa: pensar em uma peça, ensaiar, montar, apresentar, viajar por outras cidades e, de preferência, sem ninguém para nos atrapalhar.”

Em 2008, a Cia. Stavis-Damaceno, de Curitiba, estreou o espetáculo Árvores Abatidas ou Para Luis Melo. Foi a primeira incursão do dramaturgo e diretor Marcos Damaceno e da atriz Rosana Stavis na obra do escritor austríaco Thomas Bernhard (1931-1989). O monólogo, com Rosana se dividindo em doze personagens, promovia uma reflexão sobre o meio artístico e as opções de carreira de cada um. Novamente inspirado em Bernhard, A Aforista, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, é a segunda parte de uma possível trilogia e trata de questões semelhantes. Desta vez, porém, com a arte tratada como elemento vital e não um trampolim para frustrações.

Em A Aforista, Rosana aparece acompanhada dos pianistas Sérgio Justen e Rodrigo Henrique, que dão o ritmo da montagem. As palavras, porém, saltam da boca da atriz em um ritmo frenético, com rapidez impressionante, simbolizando a angústia dos tempos atuais. Trata-se de uma mulher que caminha para o enterro de um amigo da faculdade de música que cometeu suicídio. Em seu fluxo de pensamento, a personagem divaga sobre o caminho que cada colega seguiu e o quanto essas opções se afinaram ou colaboraram para o afastamento da turma. “O barato desse espetáculo é falar um pouco da gente e até zombar da importância excessiva que o artista se dá”, ressalta Damaceno. “Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, não é?”, Rosana completa.

Rosana Stavis em cena: ‘Somos tão cheios de verdades, mas são verdades tortas, né?’, comenta. Foto: Renato Mangolin

Em 2023, a Cia. Stavis-Damaceno celebra duas décadas, o mesmo tempo de casamento da dupla. O diretor vinha com um desejo de criar um monólogo diferente para Rosana, algo que desafiasse seus reconhecidos recursos e surpreendesse quem acompanha seus trabalhos. A atriz, que foi comandada por Gabriel Villela nos recentes Estado de Sítio (2018) e Henrique IV (2022), acredita que o objetivo do parceiro foi alcançado. “Sinto que cheguei a um lugar que vai além das minhas expectativas; não movimento o corpo em cena, é só olhar, boca e acredito que atinjo vários estados emotivos com muita rapidez”, diz ela.

Busca da palavra

Para Damaceno, A Aforista representa uma busca da dupla pela palavra, pelo texto bem falado e capaz de seduzir o espectador. “Muitas vertentes enriqueceram o teatro brasileiro nas últimas décadas. Mas, em meio a essa diversidade, veio a valorização da performance, da autoficção e essa questão do texto e do personagem ficou esquecida”, analisa. Rosana comenta que, apesar de ser um monólogo, o público das temporadas do Rio de Janeiro e de Brasília sempre ressaltou o conjunto de texto, a atuação, iluminação, figurino e música. “Nossa busca é pelo encontro, pelo somatório, não temos espaço para o ego”, argumenta a atriz.

Rosana e Damaceno conseguem o feito raro de manter uma companhia sediada fora do eixo Rio-São Paulo e, devido a uma projeção sólida, garantem circulação nacional aos trabalhos. Convites de outros grupos ou do audiovisual aparecem e, quando interessam, são aceitos, mas de Curitiba o casal não arreda pé. “Temos uma casa confortável, com uma sala de ensaios onde criamos e trocamos com outros artistas, vivemos bem com nossa filha, Júlia, de 18 anos, nossos dois gatos e dois cachorros, não quero morar em nenhum outro lugar”, garante Rosana.

Damaceno justifica que a sua residência em Curitiba colabora para a pluralidade artística do teatro nacional. Ele declara que a cidade é o avesso de todos os clichês da brasilidade, com seus pontos positivos e negativos, mas inspiradora por fazê-lo abordar questões estéticas e dramatúrgicas de um país diferente. “A gente só quer trabalhar e, daqui a 20 anos, continuar fazendo a mesma coisa: pensar em uma peça, ensaiar, montar, apresentar, viajar por outras cidades e, de preferência, sem ninguém para nos atrapalhar.”

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