Musical sobre Sidney Magal traz sua ousadia e inquietude


Cantor que estourou com sucessos como ‘Meu Sangue Ferve por Você’ é retratado em peça que comemora os mais de 50 anos de carreira

Por Ubiratan Brasil
Atualização:

Foi tudo muito rápido: Luís Vasconcelos não estava inscrito no teste de elenco para escolher o ator que viveria Sidney Magal em um musical, mas seu nome foi tão bem recomendado que os produtores abriram uma exceção. Com isso, ele teve pouco mais de três horas para decorar várias falas e ainda cantar um hit do artista. “Foi uma admirável surpresa”, relembra Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia do cantor e também do roteiro de Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino, que estreia nesta sexta, 21, no Teatro Porto.

Vasconcelos ganhou o papel pela desenvoltura em cena, pela execução da coreografia e até por uma semelhança física com Magal. “Mas sei que detalhes me favoreceram”, conta ele, que surpreendeu Bruna e a banca selecionadora, por exemplo, pela forma de aplaudir - exatamente como o cantor, com as palmas cruzadas. “E Sidney é muito expressivo com os braços e as mãos, o que também foi bem usado por Luís”, completa Bruna.

Com isso, ganhou o papel principal do espetáculo que vai relembrar os mais de 50 anos da carreira de Magal, marcada por altos e baixos - desde as apresentações em casamentos, churrascarias e no circo até o estouro de sucessos como Meu Sangue Ferve por Você, Amante Latino, Tenho, Sandra Rosa Madalena e Me Chama Que Eu Vou, músicas que o tornaram conhecido como cantor sedutor.

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Apesar da desenvoltura de Luis Vasconcelos, os produtores perceberam que seria mais interessante a presença de outro ator no papel de Magal, alguém que vivesse a fase mais madura do artista. É que Vasconcelos tem apenas 19 anos e seu “envelhecimento” em cena acabou descartado. Assim, Juan Alba assume a fase mais contemporânea, ainda que Bruna, em seu roteiro, tenha usado licenças poéticas, como colocar os dois Magais em cena, simulando o improvável encontro entre presente e futuro.

“Eles trazem a essência do Magal em cena”, observa a diretora Débora Dubois. “Enquanto Luis tem um apurado ouvido musical e senso dramatúrgico (chegou a dar ótimos palpites para as cenas), Juan é muito estudioso, especialmente para vencer o desafio da coreografia.”

O ator Juan Alba interpreta o cantor Sidney Magal no musical 'Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino' Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo
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Ousado

De fato, a elaboração da dupla de atores foi minuciosa. “Assisti a vários vídeos em busca de gestos que são dele e incorporei à minha interpretação”, conta Vasconcelos, que também pesquisou dados sobre a personalidade de Magal. “Descobri um artista ousado, inquieto, que não ficava refém de contratos.” Esse detalhe foi apontado ainda por Alba. “Ele quebrou tabus machistas e, com uma incrível potência vocal, sempre revelou muita energia em suas apresentações.”

Relevância da mãe

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Outra presença marcante em cena é a da atriz uruguaia Yael Pecarovich, que vive Sônia, a mãe do cantor. “Quando revisei o roteiro durante o isolamento provocado pela pandemia, decidi aprofundar mais esse papel, pois ela foi decisiva na evolução da carreira do filho”, conta. “Como abriu mão da carreira de cantora, uma imposição do marido, Sônia apostou no talento do Sidney. Com isso, o musical mostra como as relações familiares ajudaram na formação do artista.”

Ao longo do processo, Magal não interferiu, aprovando o roteiro e as mudanças que lhe eram passadas. “Ele apenas fez pequenos reparos no texto que é apresentado com sua voz em off, no final do espetáculo”, conta Bruna. “E, depois de gravar, ele foi às lágrimas.”

A mãe do cantor tem um papel especial no musical, que também tem o ator Luís Vasconcelos no papel do jovem Magal.  Foto: Werter Santana/Estadão Conteúdo
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‘Sempre equilibrei o lado feminino na dança, sem deixar de ser másculo’

Sidney Magal conta como foi acompanhar a distância a produção do musical sobre sua carreira - lembrando que ele ainda inspira o filme de ficção O Meu Sangue Ferve por Você, de Paulo Machline, e o documentário Me Chama Que Eu Vou, de Joana Mariani, que devem estrear no ano que vem.

Por que não quis participar ativamente da produção?

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Eu não quis dar pitaco porque sei que os artistas não cantariam exatamente como eu ou não são tão bonitos quanto eu (risos). O que me importa é o musical oferecer algo que atinja a emoção da plateia. Se isso acontecer, 90% do sucesso está garantido.

Musical, filmes, biografia: Sidney Magal é finalmente reconhecido?

Fico emocionado com isso e choro com facilidade - certamente por causa da idade, estou com 72 anos... Isso mostra como foi positivo tudo o que enfrentei. Tive altos e baixos, mas nada disso me abalou, mesmo quando eu era chamado, nos anos 1970, de artista de um sucesso só.

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O musical destaca ainda a importância da sua mãe, Sônia, em sua carreira.

Isso é muito importante, pois o espetáculo realiza algo que não fiz: colocar minha mãe cantando. Eu sabia de seu enorme talento, mas, artisticamente, não podíamos aparecer juntos cantando. Agora, estamos fazendo justiça com seu talento.

O que você espera ver em cena, com dois atores interpretando Sidney Magal?

Não quero avaliar se estão parecidos comigo ou se os trejeitos das danças estão certos. Espero apenas que, ao final, as pessoas digam que eles cantaram bem. Quando visitei a filmagem de O Meu Sangue Ferve por Você, fiz só uma observação ao Filipe Bragança, que interpreta meu papel: o de ficar atento ao lado feminino da dança. Eu conseguia um equilíbrio, pois era másculo com muito jeito em cena, mesmo sendo chamado de bicha (risos). E isso sem nenhuma técnica, que fui descobrindo espontaneamente.

E como é fazer shows atualmente?

Com 72 anos, é diferente, não consigo mais rebolar como antes (risos). Mas os shows continuam lotando, o público é muito acalorado. É essa troca que me alimenta. Quando troco de roupa no camarim e piso naquele espaço mágico, eu me transformo.

Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino

Teatro Porto. Al. Barão de Piracicaba, 740.

Estreia 6ª (21).

6ª e sáb., 20h. Dom., 17h. R$ 90 / R$ 25. Até 11/12

Foi tudo muito rápido: Luís Vasconcelos não estava inscrito no teste de elenco para escolher o ator que viveria Sidney Magal em um musical, mas seu nome foi tão bem recomendado que os produtores abriram uma exceção. Com isso, ele teve pouco mais de três horas para decorar várias falas e ainda cantar um hit do artista. “Foi uma admirável surpresa”, relembra Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia do cantor e também do roteiro de Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino, que estreia nesta sexta, 21, no Teatro Porto.

Vasconcelos ganhou o papel pela desenvoltura em cena, pela execução da coreografia e até por uma semelhança física com Magal. “Mas sei que detalhes me favoreceram”, conta ele, que surpreendeu Bruna e a banca selecionadora, por exemplo, pela forma de aplaudir - exatamente como o cantor, com as palmas cruzadas. “E Sidney é muito expressivo com os braços e as mãos, o que também foi bem usado por Luís”, completa Bruna.

Com isso, ganhou o papel principal do espetáculo que vai relembrar os mais de 50 anos da carreira de Magal, marcada por altos e baixos - desde as apresentações em casamentos, churrascarias e no circo até o estouro de sucessos como Meu Sangue Ferve por Você, Amante Latino, Tenho, Sandra Rosa Madalena e Me Chama Que Eu Vou, músicas que o tornaram conhecido como cantor sedutor.

Apesar da desenvoltura de Luis Vasconcelos, os produtores perceberam que seria mais interessante a presença de outro ator no papel de Magal, alguém que vivesse a fase mais madura do artista. É que Vasconcelos tem apenas 19 anos e seu “envelhecimento” em cena acabou descartado. Assim, Juan Alba assume a fase mais contemporânea, ainda que Bruna, em seu roteiro, tenha usado licenças poéticas, como colocar os dois Magais em cena, simulando o improvável encontro entre presente e futuro.

“Eles trazem a essência do Magal em cena”, observa a diretora Débora Dubois. “Enquanto Luis tem um apurado ouvido musical e senso dramatúrgico (chegou a dar ótimos palpites para as cenas), Juan é muito estudioso, especialmente para vencer o desafio da coreografia.”

O ator Juan Alba interpreta o cantor Sidney Magal no musical 'Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino' Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Ousado

De fato, a elaboração da dupla de atores foi minuciosa. “Assisti a vários vídeos em busca de gestos que são dele e incorporei à minha interpretação”, conta Vasconcelos, que também pesquisou dados sobre a personalidade de Magal. “Descobri um artista ousado, inquieto, que não ficava refém de contratos.” Esse detalhe foi apontado ainda por Alba. “Ele quebrou tabus machistas e, com uma incrível potência vocal, sempre revelou muita energia em suas apresentações.”

Relevância da mãe

Outra presença marcante em cena é a da atriz uruguaia Yael Pecarovich, que vive Sônia, a mãe do cantor. “Quando revisei o roteiro durante o isolamento provocado pela pandemia, decidi aprofundar mais esse papel, pois ela foi decisiva na evolução da carreira do filho”, conta. “Como abriu mão da carreira de cantora, uma imposição do marido, Sônia apostou no talento do Sidney. Com isso, o musical mostra como as relações familiares ajudaram na formação do artista.”

Ao longo do processo, Magal não interferiu, aprovando o roteiro e as mudanças que lhe eram passadas. “Ele apenas fez pequenos reparos no texto que é apresentado com sua voz em off, no final do espetáculo”, conta Bruna. “E, depois de gravar, ele foi às lágrimas.”

A mãe do cantor tem um papel especial no musical, que também tem o ator Luís Vasconcelos no papel do jovem Magal.  Foto: Werter Santana/Estadão Conteúdo

‘Sempre equilibrei o lado feminino na dança, sem deixar de ser másculo’

Sidney Magal conta como foi acompanhar a distância a produção do musical sobre sua carreira - lembrando que ele ainda inspira o filme de ficção O Meu Sangue Ferve por Você, de Paulo Machline, e o documentário Me Chama Que Eu Vou, de Joana Mariani, que devem estrear no ano que vem.

Por que não quis participar ativamente da produção?

Eu não quis dar pitaco porque sei que os artistas não cantariam exatamente como eu ou não são tão bonitos quanto eu (risos). O que me importa é o musical oferecer algo que atinja a emoção da plateia. Se isso acontecer, 90% do sucesso está garantido.

Musical, filmes, biografia: Sidney Magal é finalmente reconhecido?

Fico emocionado com isso e choro com facilidade - certamente por causa da idade, estou com 72 anos... Isso mostra como foi positivo tudo o que enfrentei. Tive altos e baixos, mas nada disso me abalou, mesmo quando eu era chamado, nos anos 1970, de artista de um sucesso só.

O musical destaca ainda a importância da sua mãe, Sônia, em sua carreira.

Isso é muito importante, pois o espetáculo realiza algo que não fiz: colocar minha mãe cantando. Eu sabia de seu enorme talento, mas, artisticamente, não podíamos aparecer juntos cantando. Agora, estamos fazendo justiça com seu talento.

O que você espera ver em cena, com dois atores interpretando Sidney Magal?

Não quero avaliar se estão parecidos comigo ou se os trejeitos das danças estão certos. Espero apenas que, ao final, as pessoas digam que eles cantaram bem. Quando visitei a filmagem de O Meu Sangue Ferve por Você, fiz só uma observação ao Filipe Bragança, que interpreta meu papel: o de ficar atento ao lado feminino da dança. Eu conseguia um equilíbrio, pois era másculo com muito jeito em cena, mesmo sendo chamado de bicha (risos). E isso sem nenhuma técnica, que fui descobrindo espontaneamente.

E como é fazer shows atualmente?

Com 72 anos, é diferente, não consigo mais rebolar como antes (risos). Mas os shows continuam lotando, o público é muito acalorado. É essa troca que me alimenta. Quando troco de roupa no camarim e piso naquele espaço mágico, eu me transformo.

Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino

Teatro Porto. Al. Barão de Piracicaba, 740.

Estreia 6ª (21).

6ª e sáb., 20h. Dom., 17h. R$ 90 / R$ 25. Até 11/12

Foi tudo muito rápido: Luís Vasconcelos não estava inscrito no teste de elenco para escolher o ator que viveria Sidney Magal em um musical, mas seu nome foi tão bem recomendado que os produtores abriram uma exceção. Com isso, ele teve pouco mais de três horas para decorar várias falas e ainda cantar um hit do artista. “Foi uma admirável surpresa”, relembra Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia do cantor e também do roteiro de Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino, que estreia nesta sexta, 21, no Teatro Porto.

Vasconcelos ganhou o papel pela desenvoltura em cena, pela execução da coreografia e até por uma semelhança física com Magal. “Mas sei que detalhes me favoreceram”, conta ele, que surpreendeu Bruna e a banca selecionadora, por exemplo, pela forma de aplaudir - exatamente como o cantor, com as palmas cruzadas. “E Sidney é muito expressivo com os braços e as mãos, o que também foi bem usado por Luís”, completa Bruna.

Com isso, ganhou o papel principal do espetáculo que vai relembrar os mais de 50 anos da carreira de Magal, marcada por altos e baixos - desde as apresentações em casamentos, churrascarias e no circo até o estouro de sucessos como Meu Sangue Ferve por Você, Amante Latino, Tenho, Sandra Rosa Madalena e Me Chama Que Eu Vou, músicas que o tornaram conhecido como cantor sedutor.

Apesar da desenvoltura de Luis Vasconcelos, os produtores perceberam que seria mais interessante a presença de outro ator no papel de Magal, alguém que vivesse a fase mais madura do artista. É que Vasconcelos tem apenas 19 anos e seu “envelhecimento” em cena acabou descartado. Assim, Juan Alba assume a fase mais contemporânea, ainda que Bruna, em seu roteiro, tenha usado licenças poéticas, como colocar os dois Magais em cena, simulando o improvável encontro entre presente e futuro.

“Eles trazem a essência do Magal em cena”, observa a diretora Débora Dubois. “Enquanto Luis tem um apurado ouvido musical e senso dramatúrgico (chegou a dar ótimos palpites para as cenas), Juan é muito estudioso, especialmente para vencer o desafio da coreografia.”

O ator Juan Alba interpreta o cantor Sidney Magal no musical 'Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino' Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Ousado

De fato, a elaboração da dupla de atores foi minuciosa. “Assisti a vários vídeos em busca de gestos que são dele e incorporei à minha interpretação”, conta Vasconcelos, que também pesquisou dados sobre a personalidade de Magal. “Descobri um artista ousado, inquieto, que não ficava refém de contratos.” Esse detalhe foi apontado ainda por Alba. “Ele quebrou tabus machistas e, com uma incrível potência vocal, sempre revelou muita energia em suas apresentações.”

Relevância da mãe

Outra presença marcante em cena é a da atriz uruguaia Yael Pecarovich, que vive Sônia, a mãe do cantor. “Quando revisei o roteiro durante o isolamento provocado pela pandemia, decidi aprofundar mais esse papel, pois ela foi decisiva na evolução da carreira do filho”, conta. “Como abriu mão da carreira de cantora, uma imposição do marido, Sônia apostou no talento do Sidney. Com isso, o musical mostra como as relações familiares ajudaram na formação do artista.”

Ao longo do processo, Magal não interferiu, aprovando o roteiro e as mudanças que lhe eram passadas. “Ele apenas fez pequenos reparos no texto que é apresentado com sua voz em off, no final do espetáculo”, conta Bruna. “E, depois de gravar, ele foi às lágrimas.”

A mãe do cantor tem um papel especial no musical, que também tem o ator Luís Vasconcelos no papel do jovem Magal.  Foto: Werter Santana/Estadão Conteúdo

‘Sempre equilibrei o lado feminino na dança, sem deixar de ser másculo’

Sidney Magal conta como foi acompanhar a distância a produção do musical sobre sua carreira - lembrando que ele ainda inspira o filme de ficção O Meu Sangue Ferve por Você, de Paulo Machline, e o documentário Me Chama Que Eu Vou, de Joana Mariani, que devem estrear no ano que vem.

Por que não quis participar ativamente da produção?

Eu não quis dar pitaco porque sei que os artistas não cantariam exatamente como eu ou não são tão bonitos quanto eu (risos). O que me importa é o musical oferecer algo que atinja a emoção da plateia. Se isso acontecer, 90% do sucesso está garantido.

Musical, filmes, biografia: Sidney Magal é finalmente reconhecido?

Fico emocionado com isso e choro com facilidade - certamente por causa da idade, estou com 72 anos... Isso mostra como foi positivo tudo o que enfrentei. Tive altos e baixos, mas nada disso me abalou, mesmo quando eu era chamado, nos anos 1970, de artista de um sucesso só.

O musical destaca ainda a importância da sua mãe, Sônia, em sua carreira.

Isso é muito importante, pois o espetáculo realiza algo que não fiz: colocar minha mãe cantando. Eu sabia de seu enorme talento, mas, artisticamente, não podíamos aparecer juntos cantando. Agora, estamos fazendo justiça com seu talento.

O que você espera ver em cena, com dois atores interpretando Sidney Magal?

Não quero avaliar se estão parecidos comigo ou se os trejeitos das danças estão certos. Espero apenas que, ao final, as pessoas digam que eles cantaram bem. Quando visitei a filmagem de O Meu Sangue Ferve por Você, fiz só uma observação ao Filipe Bragança, que interpreta meu papel: o de ficar atento ao lado feminino da dança. Eu conseguia um equilíbrio, pois era másculo com muito jeito em cena, mesmo sendo chamado de bicha (risos). E isso sem nenhuma técnica, que fui descobrindo espontaneamente.

E como é fazer shows atualmente?

Com 72 anos, é diferente, não consigo mais rebolar como antes (risos). Mas os shows continuam lotando, o público é muito acalorado. É essa troca que me alimenta. Quando troco de roupa no camarim e piso naquele espaço mágico, eu me transformo.

Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino

Teatro Porto. Al. Barão de Piracicaba, 740.

Estreia 6ª (21).

6ª e sáb., 20h. Dom., 17h. R$ 90 / R$ 25. Até 11/12

Foi tudo muito rápido: Luís Vasconcelos não estava inscrito no teste de elenco para escolher o ator que viveria Sidney Magal em um musical, mas seu nome foi tão bem recomendado que os produtores abriram uma exceção. Com isso, ele teve pouco mais de três horas para decorar várias falas e ainda cantar um hit do artista. “Foi uma admirável surpresa”, relembra Bruna Ramos da Fonte, autora da biografia do cantor e também do roteiro de Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino, que estreia nesta sexta, 21, no Teatro Porto.

Vasconcelos ganhou o papel pela desenvoltura em cena, pela execução da coreografia e até por uma semelhança física com Magal. “Mas sei que detalhes me favoreceram”, conta ele, que surpreendeu Bruna e a banca selecionadora, por exemplo, pela forma de aplaudir - exatamente como o cantor, com as palmas cruzadas. “E Sidney é muito expressivo com os braços e as mãos, o que também foi bem usado por Luís”, completa Bruna.

Com isso, ganhou o papel principal do espetáculo que vai relembrar os mais de 50 anos da carreira de Magal, marcada por altos e baixos - desde as apresentações em casamentos, churrascarias e no circo até o estouro de sucessos como Meu Sangue Ferve por Você, Amante Latino, Tenho, Sandra Rosa Madalena e Me Chama Que Eu Vou, músicas que o tornaram conhecido como cantor sedutor.

Apesar da desenvoltura de Luis Vasconcelos, os produtores perceberam que seria mais interessante a presença de outro ator no papel de Magal, alguém que vivesse a fase mais madura do artista. É que Vasconcelos tem apenas 19 anos e seu “envelhecimento” em cena acabou descartado. Assim, Juan Alba assume a fase mais contemporânea, ainda que Bruna, em seu roteiro, tenha usado licenças poéticas, como colocar os dois Magais em cena, simulando o improvável encontro entre presente e futuro.

“Eles trazem a essência do Magal em cena”, observa a diretora Débora Dubois. “Enquanto Luis tem um apurado ouvido musical e senso dramatúrgico (chegou a dar ótimos palpites para as cenas), Juan é muito estudioso, especialmente para vencer o desafio da coreografia.”

O ator Juan Alba interpreta o cantor Sidney Magal no musical 'Sidney Magal: Muito Mais que um Amante Latino' Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Ousado

De fato, a elaboração da dupla de atores foi minuciosa. “Assisti a vários vídeos em busca de gestos que são dele e incorporei à minha interpretação”, conta Vasconcelos, que também pesquisou dados sobre a personalidade de Magal. “Descobri um artista ousado, inquieto, que não ficava refém de contratos.” Esse detalhe foi apontado ainda por Alba. “Ele quebrou tabus machistas e, com uma incrível potência vocal, sempre revelou muita energia em suas apresentações.”

Relevância da mãe

Outra presença marcante em cena é a da atriz uruguaia Yael Pecarovich, que vive Sônia, a mãe do cantor. “Quando revisei o roteiro durante o isolamento provocado pela pandemia, decidi aprofundar mais esse papel, pois ela foi decisiva na evolução da carreira do filho”, conta. “Como abriu mão da carreira de cantora, uma imposição do marido, Sônia apostou no talento do Sidney. Com isso, o musical mostra como as relações familiares ajudaram na formação do artista.”

Ao longo do processo, Magal não interferiu, aprovando o roteiro e as mudanças que lhe eram passadas. “Ele apenas fez pequenos reparos no texto que é apresentado com sua voz em off, no final do espetáculo”, conta Bruna. “E, depois de gravar, ele foi às lágrimas.”

A mãe do cantor tem um papel especial no musical, que também tem o ator Luís Vasconcelos no papel do jovem Magal.  Foto: Werter Santana/Estadão Conteúdo

‘Sempre equilibrei o lado feminino na dança, sem deixar de ser másculo’

Sidney Magal conta como foi acompanhar a distância a produção do musical sobre sua carreira - lembrando que ele ainda inspira o filme de ficção O Meu Sangue Ferve por Você, de Paulo Machline, e o documentário Me Chama Que Eu Vou, de Joana Mariani, que devem estrear no ano que vem.

Por que não quis participar ativamente da produção?

Eu não quis dar pitaco porque sei que os artistas não cantariam exatamente como eu ou não são tão bonitos quanto eu (risos). O que me importa é o musical oferecer algo que atinja a emoção da plateia. Se isso acontecer, 90% do sucesso está garantido.

Musical, filmes, biografia: Sidney Magal é finalmente reconhecido?

Fico emocionado com isso e choro com facilidade - certamente por causa da idade, estou com 72 anos... Isso mostra como foi positivo tudo o que enfrentei. Tive altos e baixos, mas nada disso me abalou, mesmo quando eu era chamado, nos anos 1970, de artista de um sucesso só.

O musical destaca ainda a importância da sua mãe, Sônia, em sua carreira.

Isso é muito importante, pois o espetáculo realiza algo que não fiz: colocar minha mãe cantando. Eu sabia de seu enorme talento, mas, artisticamente, não podíamos aparecer juntos cantando. Agora, estamos fazendo justiça com seu talento.

O que você espera ver em cena, com dois atores interpretando Sidney Magal?

Não quero avaliar se estão parecidos comigo ou se os trejeitos das danças estão certos. Espero apenas que, ao final, as pessoas digam que eles cantaram bem. Quando visitei a filmagem de O Meu Sangue Ferve por Você, fiz só uma observação ao Filipe Bragança, que interpreta meu papel: o de ficar atento ao lado feminino da dança. Eu conseguia um equilíbrio, pois era másculo com muito jeito em cena, mesmo sendo chamado de bicha (risos). E isso sem nenhuma técnica, que fui descobrindo espontaneamente.

E como é fazer shows atualmente?

Com 72 anos, é diferente, não consigo mais rebolar como antes (risos). Mas os shows continuam lotando, o público é muito acalorado. É essa troca que me alimenta. Quando troco de roupa no camarim e piso naquele espaço mágico, eu me transformo.

Sidney Magal: Muito Mais Que um Amante Latino

Teatro Porto. Al. Barão de Piracicaba, 740.

Estreia 6ª (21).

6ª e sáb., 20h. Dom., 17h. R$ 90 / R$ 25. Até 11/12

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