O doloroso processo de Ana Beatriz Nogueira para reconstruir a tragédia familiar de ‘Sra. Klein’


Atriz estreia em SP peça sobre a psicanalista Melanie Klein. Ela descreve ao Estadão pesquisa em meio a ansiedade de voltar aos palcos depois de superar um tumor no pulmão

Por Dirceu Alves Jr.
Atualização:

Duas outras montagens permeiam Sra. Klein, espetáculo dirigido por Victor Garcia Peralta a partir do texto do inglês Nicholas Wright, que estreia nesta quinta, 29, no Teatro do Sesc 24 de Maio. A primeira, La Señora Klein, de 1990, foi encenada em Buenos Aires pelo próprio Peralta, argentino radicado no Brasil há 18 anos, e, mesmo que a concepção realista tenha sido abandonada na atual versão, é difícil deixar de confrontá-las.

A segunda, Melanie Klein, comandada por Eduardo Tolentino de Araújo e protagonizada por Nathalia Timberg em 2003, encantou a atriz Ana Beatriz Nogueira, que planejou abraçar o desafio assim que o futuro lhe desse maturidade para compreender a controversa psicanalista austríaca.

Diante das tantas referências, Peralta recorreu a uma das falas da peça para conceber o novo espetáculo. “O psicanalista tem que ter uma tela vazia em que o paciente projeta suas neuroses”, diz, em certo momento, Melanie Klein (1882-1960), psicoterapeuta pós-freudiana, que, entre suas teorias, pregou métodos de tratamento para crianças que poderiam ser usados desde o nascimento.

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Ana Beatriz Nogueira em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

A tela vazia, idealizada pelo diretor, é o fundo neutro do teatro, mas, no palco, aparecem dezoito cadeiras, acomodadas em duas fileiras de nove, que vão sendo movidas por Ana Beatriz e as atrizes Natália Lage e Kika Kalache ao longo da montagem. “É um espaço que vai se desordenando, assim como a Klein no decorrer da peça, e, aos poucos, o chão fica poluído com copos, xícaras, bolsas e papeis”, justifica Peralta.

Melanie Klein, claro, é uma personagem real, mas a ação da peça de Wright imagina um dia na primavera londrina de 1934, o do funeral de Hans, filho dela que acaba de morrer em um acidente capaz de deixar suspeitas de suicídio.

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Melitta (interpretada por Natália Lage) seguiu o caminho profissional da mãe e, como psicanalista, questiona seus métodos, inclusive a acusando de ter usado ela e o irmão como cobaias na infância. A morte de Hans detona o conflito entre as duas, abrindo espaço para um doloroso ajuste de contas. Um outro olhar sobre Klein é o de Paula, (vivida por Kika Kalache), que também é psicanalista e funciona como mediadora entre a mestra que tanto admira e a amiga Melitta.

Nas duas décadas que separam a noite em que viu Nathalia Timberg como Melanie Klein e a de sua estreia no papel, Ana Beatriz confessa que leu e pesquisou tanto sobre a psicanalista que, nos dois meses de ensaio, se sentiu muda. Precisou eliminar o excesso de informações para compor a personagem e confessa que, pouco antes de subir ao palco, ainda não sabe se a encontrou.

Kika Kalache, Ana Beatriz Nogueira e Nathália Lage em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação
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“Vou fazer cena a cena, apresentação a apresentação, e tenho certeza de que vou construir Klein ao longo da temporada porque a de uma sessão nunca vai ser igual à da outra”, assume. Peralta brinca que a intérprete faz charme com essa insegurança e imagina que ela só saberá que tem a personagem nas mãos quando receber o retorno do público. “A Klein era feita de momentos, uma montanha-russa de sentimentos, então se Ana Beatriz investiu na intuição pode ter certeza de que ela emprega muita técnica neste caminho”, declara o diretor.

Ana Beatriz confessa que a descoberta paulatina de Melanie Klein tem a ver com uma ansiedade profunda que sempre a dominou e, nos últimos tempos, precisou ignorar. Primeiro, foi o baque da pandemia. Depois, em outubro de 2021, artista perdeu o pai, o advogado Hamilton Nogueira, devido às complicações de uma pneumonia, aos 88 anos. Três meses depois, ela recebeu o diagnóstico de um câncer no pulmão em estágio inicial, que, aliviado o choque, a impulsionou com mais intensidade.

“Tive a bênção de não precisar fazer quimioterapia ou radioterapia e operei logo em seguida”, conta ela. O retorno ao trabalho se deu dois meses depois da cirurgia nos capítulos iniciais da novela Todas as Flores, do Globoplay. “Estava lá com doze quilos a mais por causa da cortisona, mas certa de que o trabalho me fez andar mais rápido na recuperação.”

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Serviço - ‘Sra. Klein’

  • Teatro do Sesc 24 de Maio
  • Rua 24 de Maio, 109, República
  • Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h
  • R$ 40,00. Até 23 de julho. A partir de quinta (29).

Duas outras montagens permeiam Sra. Klein, espetáculo dirigido por Victor Garcia Peralta a partir do texto do inglês Nicholas Wright, que estreia nesta quinta, 29, no Teatro do Sesc 24 de Maio. A primeira, La Señora Klein, de 1990, foi encenada em Buenos Aires pelo próprio Peralta, argentino radicado no Brasil há 18 anos, e, mesmo que a concepção realista tenha sido abandonada na atual versão, é difícil deixar de confrontá-las.

A segunda, Melanie Klein, comandada por Eduardo Tolentino de Araújo e protagonizada por Nathalia Timberg em 2003, encantou a atriz Ana Beatriz Nogueira, que planejou abraçar o desafio assim que o futuro lhe desse maturidade para compreender a controversa psicanalista austríaca.

Diante das tantas referências, Peralta recorreu a uma das falas da peça para conceber o novo espetáculo. “O psicanalista tem que ter uma tela vazia em que o paciente projeta suas neuroses”, diz, em certo momento, Melanie Klein (1882-1960), psicoterapeuta pós-freudiana, que, entre suas teorias, pregou métodos de tratamento para crianças que poderiam ser usados desde o nascimento.

Ana Beatriz Nogueira em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

A tela vazia, idealizada pelo diretor, é o fundo neutro do teatro, mas, no palco, aparecem dezoito cadeiras, acomodadas em duas fileiras de nove, que vão sendo movidas por Ana Beatriz e as atrizes Natália Lage e Kika Kalache ao longo da montagem. “É um espaço que vai se desordenando, assim como a Klein no decorrer da peça, e, aos poucos, o chão fica poluído com copos, xícaras, bolsas e papeis”, justifica Peralta.

Melanie Klein, claro, é uma personagem real, mas a ação da peça de Wright imagina um dia na primavera londrina de 1934, o do funeral de Hans, filho dela que acaba de morrer em um acidente capaz de deixar suspeitas de suicídio.

Melitta (interpretada por Natália Lage) seguiu o caminho profissional da mãe e, como psicanalista, questiona seus métodos, inclusive a acusando de ter usado ela e o irmão como cobaias na infância. A morte de Hans detona o conflito entre as duas, abrindo espaço para um doloroso ajuste de contas. Um outro olhar sobre Klein é o de Paula, (vivida por Kika Kalache), que também é psicanalista e funciona como mediadora entre a mestra que tanto admira e a amiga Melitta.

Nas duas décadas que separam a noite em que viu Nathalia Timberg como Melanie Klein e a de sua estreia no papel, Ana Beatriz confessa que leu e pesquisou tanto sobre a psicanalista que, nos dois meses de ensaio, se sentiu muda. Precisou eliminar o excesso de informações para compor a personagem e confessa que, pouco antes de subir ao palco, ainda não sabe se a encontrou.

Kika Kalache, Ana Beatriz Nogueira e Nathália Lage em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

“Vou fazer cena a cena, apresentação a apresentação, e tenho certeza de que vou construir Klein ao longo da temporada porque a de uma sessão nunca vai ser igual à da outra”, assume. Peralta brinca que a intérprete faz charme com essa insegurança e imagina que ela só saberá que tem a personagem nas mãos quando receber o retorno do público. “A Klein era feita de momentos, uma montanha-russa de sentimentos, então se Ana Beatriz investiu na intuição pode ter certeza de que ela emprega muita técnica neste caminho”, declara o diretor.

Ana Beatriz confessa que a descoberta paulatina de Melanie Klein tem a ver com uma ansiedade profunda que sempre a dominou e, nos últimos tempos, precisou ignorar. Primeiro, foi o baque da pandemia. Depois, em outubro de 2021, artista perdeu o pai, o advogado Hamilton Nogueira, devido às complicações de uma pneumonia, aos 88 anos. Três meses depois, ela recebeu o diagnóstico de um câncer no pulmão em estágio inicial, que, aliviado o choque, a impulsionou com mais intensidade.

“Tive a bênção de não precisar fazer quimioterapia ou radioterapia e operei logo em seguida”, conta ela. O retorno ao trabalho se deu dois meses depois da cirurgia nos capítulos iniciais da novela Todas as Flores, do Globoplay. “Estava lá com doze quilos a mais por causa da cortisona, mas certa de que o trabalho me fez andar mais rápido na recuperação.”

Serviço - ‘Sra. Klein’

  • Teatro do Sesc 24 de Maio
  • Rua 24 de Maio, 109, República
  • Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h
  • R$ 40,00. Até 23 de julho. A partir de quinta (29).

Duas outras montagens permeiam Sra. Klein, espetáculo dirigido por Victor Garcia Peralta a partir do texto do inglês Nicholas Wright, que estreia nesta quinta, 29, no Teatro do Sesc 24 de Maio. A primeira, La Señora Klein, de 1990, foi encenada em Buenos Aires pelo próprio Peralta, argentino radicado no Brasil há 18 anos, e, mesmo que a concepção realista tenha sido abandonada na atual versão, é difícil deixar de confrontá-las.

A segunda, Melanie Klein, comandada por Eduardo Tolentino de Araújo e protagonizada por Nathalia Timberg em 2003, encantou a atriz Ana Beatriz Nogueira, que planejou abraçar o desafio assim que o futuro lhe desse maturidade para compreender a controversa psicanalista austríaca.

Diante das tantas referências, Peralta recorreu a uma das falas da peça para conceber o novo espetáculo. “O psicanalista tem que ter uma tela vazia em que o paciente projeta suas neuroses”, diz, em certo momento, Melanie Klein (1882-1960), psicoterapeuta pós-freudiana, que, entre suas teorias, pregou métodos de tratamento para crianças que poderiam ser usados desde o nascimento.

Ana Beatriz Nogueira em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

A tela vazia, idealizada pelo diretor, é o fundo neutro do teatro, mas, no palco, aparecem dezoito cadeiras, acomodadas em duas fileiras de nove, que vão sendo movidas por Ana Beatriz e as atrizes Natália Lage e Kika Kalache ao longo da montagem. “É um espaço que vai se desordenando, assim como a Klein no decorrer da peça, e, aos poucos, o chão fica poluído com copos, xícaras, bolsas e papeis”, justifica Peralta.

Melanie Klein, claro, é uma personagem real, mas a ação da peça de Wright imagina um dia na primavera londrina de 1934, o do funeral de Hans, filho dela que acaba de morrer em um acidente capaz de deixar suspeitas de suicídio.

Melitta (interpretada por Natália Lage) seguiu o caminho profissional da mãe e, como psicanalista, questiona seus métodos, inclusive a acusando de ter usado ela e o irmão como cobaias na infância. A morte de Hans detona o conflito entre as duas, abrindo espaço para um doloroso ajuste de contas. Um outro olhar sobre Klein é o de Paula, (vivida por Kika Kalache), que também é psicanalista e funciona como mediadora entre a mestra que tanto admira e a amiga Melitta.

Nas duas décadas que separam a noite em que viu Nathalia Timberg como Melanie Klein e a de sua estreia no papel, Ana Beatriz confessa que leu e pesquisou tanto sobre a psicanalista que, nos dois meses de ensaio, se sentiu muda. Precisou eliminar o excesso de informações para compor a personagem e confessa que, pouco antes de subir ao palco, ainda não sabe se a encontrou.

Kika Kalache, Ana Beatriz Nogueira e Nathália Lage em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

“Vou fazer cena a cena, apresentação a apresentação, e tenho certeza de que vou construir Klein ao longo da temporada porque a de uma sessão nunca vai ser igual à da outra”, assume. Peralta brinca que a intérprete faz charme com essa insegurança e imagina que ela só saberá que tem a personagem nas mãos quando receber o retorno do público. “A Klein era feita de momentos, uma montanha-russa de sentimentos, então se Ana Beatriz investiu na intuição pode ter certeza de que ela emprega muita técnica neste caminho”, declara o diretor.

Ana Beatriz confessa que a descoberta paulatina de Melanie Klein tem a ver com uma ansiedade profunda que sempre a dominou e, nos últimos tempos, precisou ignorar. Primeiro, foi o baque da pandemia. Depois, em outubro de 2021, artista perdeu o pai, o advogado Hamilton Nogueira, devido às complicações de uma pneumonia, aos 88 anos. Três meses depois, ela recebeu o diagnóstico de um câncer no pulmão em estágio inicial, que, aliviado o choque, a impulsionou com mais intensidade.

“Tive a bênção de não precisar fazer quimioterapia ou radioterapia e operei logo em seguida”, conta ela. O retorno ao trabalho se deu dois meses depois da cirurgia nos capítulos iniciais da novela Todas as Flores, do Globoplay. “Estava lá com doze quilos a mais por causa da cortisona, mas certa de que o trabalho me fez andar mais rápido na recuperação.”

Serviço - ‘Sra. Klein’

  • Teatro do Sesc 24 de Maio
  • Rua 24 de Maio, 109, República
  • Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h
  • R$ 40,00. Até 23 de julho. A partir de quinta (29).

Duas outras montagens permeiam Sra. Klein, espetáculo dirigido por Victor Garcia Peralta a partir do texto do inglês Nicholas Wright, que estreia nesta quinta, 29, no Teatro do Sesc 24 de Maio. A primeira, La Señora Klein, de 1990, foi encenada em Buenos Aires pelo próprio Peralta, argentino radicado no Brasil há 18 anos, e, mesmo que a concepção realista tenha sido abandonada na atual versão, é difícil deixar de confrontá-las.

A segunda, Melanie Klein, comandada por Eduardo Tolentino de Araújo e protagonizada por Nathalia Timberg em 2003, encantou a atriz Ana Beatriz Nogueira, que planejou abraçar o desafio assim que o futuro lhe desse maturidade para compreender a controversa psicanalista austríaca.

Diante das tantas referências, Peralta recorreu a uma das falas da peça para conceber o novo espetáculo. “O psicanalista tem que ter uma tela vazia em que o paciente projeta suas neuroses”, diz, em certo momento, Melanie Klein (1882-1960), psicoterapeuta pós-freudiana, que, entre suas teorias, pregou métodos de tratamento para crianças que poderiam ser usados desde o nascimento.

Ana Beatriz Nogueira em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

A tela vazia, idealizada pelo diretor, é o fundo neutro do teatro, mas, no palco, aparecem dezoito cadeiras, acomodadas em duas fileiras de nove, que vão sendo movidas por Ana Beatriz e as atrizes Natália Lage e Kika Kalache ao longo da montagem. “É um espaço que vai se desordenando, assim como a Klein no decorrer da peça, e, aos poucos, o chão fica poluído com copos, xícaras, bolsas e papeis”, justifica Peralta.

Melanie Klein, claro, é uma personagem real, mas a ação da peça de Wright imagina um dia na primavera londrina de 1934, o do funeral de Hans, filho dela que acaba de morrer em um acidente capaz de deixar suspeitas de suicídio.

Melitta (interpretada por Natália Lage) seguiu o caminho profissional da mãe e, como psicanalista, questiona seus métodos, inclusive a acusando de ter usado ela e o irmão como cobaias na infância. A morte de Hans detona o conflito entre as duas, abrindo espaço para um doloroso ajuste de contas. Um outro olhar sobre Klein é o de Paula, (vivida por Kika Kalache), que também é psicanalista e funciona como mediadora entre a mestra que tanto admira e a amiga Melitta.

Nas duas décadas que separam a noite em que viu Nathalia Timberg como Melanie Klein e a de sua estreia no papel, Ana Beatriz confessa que leu e pesquisou tanto sobre a psicanalista que, nos dois meses de ensaio, se sentiu muda. Precisou eliminar o excesso de informações para compor a personagem e confessa que, pouco antes de subir ao palco, ainda não sabe se a encontrou.

Kika Kalache, Ana Beatriz Nogueira e Nathália Lage em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

“Vou fazer cena a cena, apresentação a apresentação, e tenho certeza de que vou construir Klein ao longo da temporada porque a de uma sessão nunca vai ser igual à da outra”, assume. Peralta brinca que a intérprete faz charme com essa insegurança e imagina que ela só saberá que tem a personagem nas mãos quando receber o retorno do público. “A Klein era feita de momentos, uma montanha-russa de sentimentos, então se Ana Beatriz investiu na intuição pode ter certeza de que ela emprega muita técnica neste caminho”, declara o diretor.

Ana Beatriz confessa que a descoberta paulatina de Melanie Klein tem a ver com uma ansiedade profunda que sempre a dominou e, nos últimos tempos, precisou ignorar. Primeiro, foi o baque da pandemia. Depois, em outubro de 2021, artista perdeu o pai, o advogado Hamilton Nogueira, devido às complicações de uma pneumonia, aos 88 anos. Três meses depois, ela recebeu o diagnóstico de um câncer no pulmão em estágio inicial, que, aliviado o choque, a impulsionou com mais intensidade.

“Tive a bênção de não precisar fazer quimioterapia ou radioterapia e operei logo em seguida”, conta ela. O retorno ao trabalho se deu dois meses depois da cirurgia nos capítulos iniciais da novela Todas as Flores, do Globoplay. “Estava lá com doze quilos a mais por causa da cortisona, mas certa de que o trabalho me fez andar mais rápido na recuperação.”

Serviço - ‘Sra. Klein’

  • Teatro do Sesc 24 de Maio
  • Rua 24 de Maio, 109, República
  • Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h
  • R$ 40,00. Até 23 de julho. A partir de quinta (29).

Duas outras montagens permeiam Sra. Klein, espetáculo dirigido por Victor Garcia Peralta a partir do texto do inglês Nicholas Wright, que estreia nesta quinta, 29, no Teatro do Sesc 24 de Maio. A primeira, La Señora Klein, de 1990, foi encenada em Buenos Aires pelo próprio Peralta, argentino radicado no Brasil há 18 anos, e, mesmo que a concepção realista tenha sido abandonada na atual versão, é difícil deixar de confrontá-las.

A segunda, Melanie Klein, comandada por Eduardo Tolentino de Araújo e protagonizada por Nathalia Timberg em 2003, encantou a atriz Ana Beatriz Nogueira, que planejou abraçar o desafio assim que o futuro lhe desse maturidade para compreender a controversa psicanalista austríaca.

Diante das tantas referências, Peralta recorreu a uma das falas da peça para conceber o novo espetáculo. “O psicanalista tem que ter uma tela vazia em que o paciente projeta suas neuroses”, diz, em certo momento, Melanie Klein (1882-1960), psicoterapeuta pós-freudiana, que, entre suas teorias, pregou métodos de tratamento para crianças que poderiam ser usados desde o nascimento.

Ana Beatriz Nogueira em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

A tela vazia, idealizada pelo diretor, é o fundo neutro do teatro, mas, no palco, aparecem dezoito cadeiras, acomodadas em duas fileiras de nove, que vão sendo movidas por Ana Beatriz e as atrizes Natália Lage e Kika Kalache ao longo da montagem. “É um espaço que vai se desordenando, assim como a Klein no decorrer da peça, e, aos poucos, o chão fica poluído com copos, xícaras, bolsas e papeis”, justifica Peralta.

Melanie Klein, claro, é uma personagem real, mas a ação da peça de Wright imagina um dia na primavera londrina de 1934, o do funeral de Hans, filho dela que acaba de morrer em um acidente capaz de deixar suspeitas de suicídio.

Melitta (interpretada por Natália Lage) seguiu o caminho profissional da mãe e, como psicanalista, questiona seus métodos, inclusive a acusando de ter usado ela e o irmão como cobaias na infância. A morte de Hans detona o conflito entre as duas, abrindo espaço para um doloroso ajuste de contas. Um outro olhar sobre Klein é o de Paula, (vivida por Kika Kalache), que também é psicanalista e funciona como mediadora entre a mestra que tanto admira e a amiga Melitta.

Nas duas décadas que separam a noite em que viu Nathalia Timberg como Melanie Klein e a de sua estreia no papel, Ana Beatriz confessa que leu e pesquisou tanto sobre a psicanalista que, nos dois meses de ensaio, se sentiu muda. Precisou eliminar o excesso de informações para compor a personagem e confessa que, pouco antes de subir ao palco, ainda não sabe se a encontrou.

Kika Kalache, Ana Beatriz Nogueira e Nathália Lage em 'Sra. Klein' Foto: Lúcio Luna/Divulgação

“Vou fazer cena a cena, apresentação a apresentação, e tenho certeza de que vou construir Klein ao longo da temporada porque a de uma sessão nunca vai ser igual à da outra”, assume. Peralta brinca que a intérprete faz charme com essa insegurança e imagina que ela só saberá que tem a personagem nas mãos quando receber o retorno do público. “A Klein era feita de momentos, uma montanha-russa de sentimentos, então se Ana Beatriz investiu na intuição pode ter certeza de que ela emprega muita técnica neste caminho”, declara o diretor.

Ana Beatriz confessa que a descoberta paulatina de Melanie Klein tem a ver com uma ansiedade profunda que sempre a dominou e, nos últimos tempos, precisou ignorar. Primeiro, foi o baque da pandemia. Depois, em outubro de 2021, artista perdeu o pai, o advogado Hamilton Nogueira, devido às complicações de uma pneumonia, aos 88 anos. Três meses depois, ela recebeu o diagnóstico de um câncer no pulmão em estágio inicial, que, aliviado o choque, a impulsionou com mais intensidade.

“Tive a bênção de não precisar fazer quimioterapia ou radioterapia e operei logo em seguida”, conta ela. O retorno ao trabalho se deu dois meses depois da cirurgia nos capítulos iniciais da novela Todas as Flores, do Globoplay. “Estava lá com doze quilos a mais por causa da cortisona, mas certa de que o trabalho me fez andar mais rápido na recuperação.”

Serviço - ‘Sra. Klein’

  • Teatro do Sesc 24 de Maio
  • Rua 24 de Maio, 109, República
  • Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h
  • R$ 40,00. Até 23 de julho. A partir de quinta (29).

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