Peça ‘O Dia das Mortes na História de Hamlet’ aposta na diversidade e agilidade de diálogos


Na montagem da obra de Koltès, diretor Guilherme Leme Garcia escala a atriz negra Larissa Noel para viver Ofélia

Por Dirceu Alves Jr.

Em 1974, o dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès (1948-1989) ainda não era o autor consagrado de A Noite Antes da Floresta, Na Solidão nos Campos de Algodão e Roberto Zucco e tampouco havia iniciado a parceria com o diretor Patrice Chéreau (1944-2013). Era um jovem de 26 anos que ousou reescrever talvez a mais famosa das peças, Hamlet, de William Shakespeare, contando do seu jeito a tragédia do príncipe da Dinamarca.

Inédita no Brasil, O Dia das Mortes na História de Hamlet estreia no sábado, 18, no Teatro do Sesc 24 de Maio, em encenação dirigida por Guilherme Leme Garcia. Koltès investiu na agilidade dos diálogos e situações para condensar a história em um único dia e se fixou no jovem Hamlet, sua amada Ofélia, a mãe dele, Rainha Gertrudes, e o Rei Claudius, usurpador do trono e irmão do pai do protagonista, que morreu há pouco. Tiago Martelli, Larissa Noel, Lavínia Pannunzio e Leopoldo Pacheco formam o quarteto encarregado de dar novas tintas aos personagens que, na ótica de Koltès, é uma família disfuncional.

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Elenco da peça 'O Dia das Mortes na História de Hamlet', de Bernard-Marie Koltès, direção de Guilherme Leme Garcia Foto: João Pacca

Uma das principais novidades da montagem é a escalação de uma atriz preta para viver a mocinha Ofélia. Veio de Martelli, idealizador do projeto, a sugestão - até porque a obra de Koltès é muito ligada às etnias - e Leme Garcia prontamente aprovou. “É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história”, diz o diretor.

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Coube a Larissa Noel, de 26 anos, paulistana da Vila Brasilândia, a responsabilidade de criar uma Ofélia que, apesar de doce e vulnerável, também tem força e se posiciona mesmo diante da morte. A atriz e cantora, que participou dos musicais A Cor Púrpura, Dona Ivone Lara - Um Sorriso Negro e Tatuagem, trabalha pela primeira vez com um texto dramático e não parece assustada com a responsabilidade. “Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia”, afirma.

Hamlet da vez, o paulista Tiago Martelli, de 36 anos, já passou pelo CPT de Antunes Filho, pela Cia. Os Satyros e, radicado no Rio de Janeiro, está ausente dos palcos desde 2016, quando apresentou Só... Entre Nós. O artista batalha para ver o espetáculo em cena desde 2018 e, depois de trocas de elenco e até de direção, ele acredita que a montagem ganhou com a espera. “O Hamlet de 2023 continua sendo esse ser que conversa com os próprios fantasmas, reprime o desejo e usa a violência”, diz.. “Na leitura de Koltès, o discurso se torna contemporâneo, a Dinamarca não está presente e o que é dito lá, claro, já percebemos no Brasil.”

É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história

Guilherme Leme Garcia, diretor

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Guilherme Leme Garcia é um apreciador das releituras contemporâneas que conversam com as obras-primas. Como diretor, montou Rock Antygona e Trágicas.3, que revisitavam os clássicos gregos, e, no ano passado, contracenou com Yara de Novaes em Lady X Macbeth, também inspirada em Shakespeare. Para ele, o bardo inglês nunca perde a atualidade, mas ganhar a cena em um momento em que o Brasil ainda luta para defender a democracia reforça significados do texto. “Continuamos vendo a questão do poder corrupto, tóxico, das grandes armações que acabam em mortes, como esse golpe que o irmão dá para assumir o trono em uma peça escrita em 1600″, conclui Leme Garcia.

SERVIÇO

O Dia das Mortes na História de Hamlet

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Sesc 24 de Maio. R. 24 de Maio, 109. 5ª a sáb., 20h. Dom., 18h. R$ 40. Até 9/4. Estreia 18/3.

Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia

Larissa Noel

Em 1974, o dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès (1948-1989) ainda não era o autor consagrado de A Noite Antes da Floresta, Na Solidão nos Campos de Algodão e Roberto Zucco e tampouco havia iniciado a parceria com o diretor Patrice Chéreau (1944-2013). Era um jovem de 26 anos que ousou reescrever talvez a mais famosa das peças, Hamlet, de William Shakespeare, contando do seu jeito a tragédia do príncipe da Dinamarca.

Inédita no Brasil, O Dia das Mortes na História de Hamlet estreia no sábado, 18, no Teatro do Sesc 24 de Maio, em encenação dirigida por Guilherme Leme Garcia. Koltès investiu na agilidade dos diálogos e situações para condensar a história em um único dia e se fixou no jovem Hamlet, sua amada Ofélia, a mãe dele, Rainha Gertrudes, e o Rei Claudius, usurpador do trono e irmão do pai do protagonista, que morreu há pouco. Tiago Martelli, Larissa Noel, Lavínia Pannunzio e Leopoldo Pacheco formam o quarteto encarregado de dar novas tintas aos personagens que, na ótica de Koltès, é uma família disfuncional.

Elenco da peça 'O Dia das Mortes na História de Hamlet', de Bernard-Marie Koltès, direção de Guilherme Leme Garcia Foto: João Pacca

Uma das principais novidades da montagem é a escalação de uma atriz preta para viver a mocinha Ofélia. Veio de Martelli, idealizador do projeto, a sugestão - até porque a obra de Koltès é muito ligada às etnias - e Leme Garcia prontamente aprovou. “É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história”, diz o diretor.

Coube a Larissa Noel, de 26 anos, paulistana da Vila Brasilândia, a responsabilidade de criar uma Ofélia que, apesar de doce e vulnerável, também tem força e se posiciona mesmo diante da morte. A atriz e cantora, que participou dos musicais A Cor Púrpura, Dona Ivone Lara - Um Sorriso Negro e Tatuagem, trabalha pela primeira vez com um texto dramático e não parece assustada com a responsabilidade. “Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia”, afirma.

Hamlet da vez, o paulista Tiago Martelli, de 36 anos, já passou pelo CPT de Antunes Filho, pela Cia. Os Satyros e, radicado no Rio de Janeiro, está ausente dos palcos desde 2016, quando apresentou Só... Entre Nós. O artista batalha para ver o espetáculo em cena desde 2018 e, depois de trocas de elenco e até de direção, ele acredita que a montagem ganhou com a espera. “O Hamlet de 2023 continua sendo esse ser que conversa com os próprios fantasmas, reprime o desejo e usa a violência”, diz.. “Na leitura de Koltès, o discurso se torna contemporâneo, a Dinamarca não está presente e o que é dito lá, claro, já percebemos no Brasil.”

É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história

Guilherme Leme Garcia, diretor

Guilherme Leme Garcia é um apreciador das releituras contemporâneas que conversam com as obras-primas. Como diretor, montou Rock Antygona e Trágicas.3, que revisitavam os clássicos gregos, e, no ano passado, contracenou com Yara de Novaes em Lady X Macbeth, também inspirada em Shakespeare. Para ele, o bardo inglês nunca perde a atualidade, mas ganhar a cena em um momento em que o Brasil ainda luta para defender a democracia reforça significados do texto. “Continuamos vendo a questão do poder corrupto, tóxico, das grandes armações que acabam em mortes, como esse golpe que o irmão dá para assumir o trono em uma peça escrita em 1600″, conclui Leme Garcia.

SERVIÇO

O Dia das Mortes na História de Hamlet

Sesc 24 de Maio. R. 24 de Maio, 109. 5ª a sáb., 20h. Dom., 18h. R$ 40. Até 9/4. Estreia 18/3.

Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia

Larissa Noel

Em 1974, o dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès (1948-1989) ainda não era o autor consagrado de A Noite Antes da Floresta, Na Solidão nos Campos de Algodão e Roberto Zucco e tampouco havia iniciado a parceria com o diretor Patrice Chéreau (1944-2013). Era um jovem de 26 anos que ousou reescrever talvez a mais famosa das peças, Hamlet, de William Shakespeare, contando do seu jeito a tragédia do príncipe da Dinamarca.

Inédita no Brasil, O Dia das Mortes na História de Hamlet estreia no sábado, 18, no Teatro do Sesc 24 de Maio, em encenação dirigida por Guilherme Leme Garcia. Koltès investiu na agilidade dos diálogos e situações para condensar a história em um único dia e se fixou no jovem Hamlet, sua amada Ofélia, a mãe dele, Rainha Gertrudes, e o Rei Claudius, usurpador do trono e irmão do pai do protagonista, que morreu há pouco. Tiago Martelli, Larissa Noel, Lavínia Pannunzio e Leopoldo Pacheco formam o quarteto encarregado de dar novas tintas aos personagens que, na ótica de Koltès, é uma família disfuncional.

Elenco da peça 'O Dia das Mortes na História de Hamlet', de Bernard-Marie Koltès, direção de Guilherme Leme Garcia Foto: João Pacca

Uma das principais novidades da montagem é a escalação de uma atriz preta para viver a mocinha Ofélia. Veio de Martelli, idealizador do projeto, a sugestão - até porque a obra de Koltès é muito ligada às etnias - e Leme Garcia prontamente aprovou. “É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história”, diz o diretor.

Coube a Larissa Noel, de 26 anos, paulistana da Vila Brasilândia, a responsabilidade de criar uma Ofélia que, apesar de doce e vulnerável, também tem força e se posiciona mesmo diante da morte. A atriz e cantora, que participou dos musicais A Cor Púrpura, Dona Ivone Lara - Um Sorriso Negro e Tatuagem, trabalha pela primeira vez com um texto dramático e não parece assustada com a responsabilidade. “Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia”, afirma.

Hamlet da vez, o paulista Tiago Martelli, de 36 anos, já passou pelo CPT de Antunes Filho, pela Cia. Os Satyros e, radicado no Rio de Janeiro, está ausente dos palcos desde 2016, quando apresentou Só... Entre Nós. O artista batalha para ver o espetáculo em cena desde 2018 e, depois de trocas de elenco e até de direção, ele acredita que a montagem ganhou com a espera. “O Hamlet de 2023 continua sendo esse ser que conversa com os próprios fantasmas, reprime o desejo e usa a violência”, diz.. “Na leitura de Koltès, o discurso se torna contemporâneo, a Dinamarca não está presente e o que é dito lá, claro, já percebemos no Brasil.”

É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história

Guilherme Leme Garcia, diretor

Guilherme Leme Garcia é um apreciador das releituras contemporâneas que conversam com as obras-primas. Como diretor, montou Rock Antygona e Trágicas.3, que revisitavam os clássicos gregos, e, no ano passado, contracenou com Yara de Novaes em Lady X Macbeth, também inspirada em Shakespeare. Para ele, o bardo inglês nunca perde a atualidade, mas ganhar a cena em um momento em que o Brasil ainda luta para defender a democracia reforça significados do texto. “Continuamos vendo a questão do poder corrupto, tóxico, das grandes armações que acabam em mortes, como esse golpe que o irmão dá para assumir o trono em uma peça escrita em 1600″, conclui Leme Garcia.

SERVIÇO

O Dia das Mortes na História de Hamlet

Sesc 24 de Maio. R. 24 de Maio, 109. 5ª a sáb., 20h. Dom., 18h. R$ 40. Até 9/4. Estreia 18/3.

Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia

Larissa Noel

Em 1974, o dramaturgo francês Bernard-Marie Koltès (1948-1989) ainda não era o autor consagrado de A Noite Antes da Floresta, Na Solidão nos Campos de Algodão e Roberto Zucco e tampouco havia iniciado a parceria com o diretor Patrice Chéreau (1944-2013). Era um jovem de 26 anos que ousou reescrever talvez a mais famosa das peças, Hamlet, de William Shakespeare, contando do seu jeito a tragédia do príncipe da Dinamarca.

Inédita no Brasil, O Dia das Mortes na História de Hamlet estreia no sábado, 18, no Teatro do Sesc 24 de Maio, em encenação dirigida por Guilherme Leme Garcia. Koltès investiu na agilidade dos diálogos e situações para condensar a história em um único dia e se fixou no jovem Hamlet, sua amada Ofélia, a mãe dele, Rainha Gertrudes, e o Rei Claudius, usurpador do trono e irmão do pai do protagonista, que morreu há pouco. Tiago Martelli, Larissa Noel, Lavínia Pannunzio e Leopoldo Pacheco formam o quarteto encarregado de dar novas tintas aos personagens que, na ótica de Koltès, é uma família disfuncional.

Elenco da peça 'O Dia das Mortes na História de Hamlet', de Bernard-Marie Koltès, direção de Guilherme Leme Garcia Foto: João Pacca

Uma das principais novidades da montagem é a escalação de uma atriz preta para viver a mocinha Ofélia. Veio de Martelli, idealizador do projeto, a sugestão - até porque a obra de Koltès é muito ligada às etnias - e Leme Garcia prontamente aprovou. “É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história”, diz o diretor.

Coube a Larissa Noel, de 26 anos, paulistana da Vila Brasilândia, a responsabilidade de criar uma Ofélia que, apesar de doce e vulnerável, também tem força e se posiciona mesmo diante da morte. A atriz e cantora, que participou dos musicais A Cor Púrpura, Dona Ivone Lara - Um Sorriso Negro e Tatuagem, trabalha pela primeira vez com um texto dramático e não parece assustada com a responsabilidade. “Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia”, afirma.

Hamlet da vez, o paulista Tiago Martelli, de 36 anos, já passou pelo CPT de Antunes Filho, pela Cia. Os Satyros e, radicado no Rio de Janeiro, está ausente dos palcos desde 2016, quando apresentou Só... Entre Nós. O artista batalha para ver o espetáculo em cena desde 2018 e, depois de trocas de elenco e até de direção, ele acredita que a montagem ganhou com a espera. “O Hamlet de 2023 continua sendo esse ser que conversa com os próprios fantasmas, reprime o desejo e usa a violência”, diz.. “Na leitura de Koltès, o discurso se torna contemporâneo, a Dinamarca não está presente e o que é dito lá, claro, já percebemos no Brasil.”

É uma necessidade a gente trazer a diversidade do Brasil para o palco e o fato de Ofélia ser de uma outra família amplia as discussões, dá uma força diferente à história

Guilherme Leme Garcia, diretor

Guilherme Leme Garcia é um apreciador das releituras contemporâneas que conversam com as obras-primas. Como diretor, montou Rock Antygona e Trágicas.3, que revisitavam os clássicos gregos, e, no ano passado, contracenou com Yara de Novaes em Lady X Macbeth, também inspirada em Shakespeare. Para ele, o bardo inglês nunca perde a atualidade, mas ganhar a cena em um momento em que o Brasil ainda luta para defender a democracia reforça significados do texto. “Continuamos vendo a questão do poder corrupto, tóxico, das grandes armações que acabam em mortes, como esse golpe que o irmão dá para assumir o trono em uma peça escrita em 1600″, conclui Leme Garcia.

SERVIÇO

O Dia das Mortes na História de Hamlet

Sesc 24 de Maio. R. 24 de Maio, 109. 5ª a sáb., 20h. Dom., 18h. R$ 40. Até 9/4. Estreia 18/3.

Acredito que vou oferecer um entendimento diferente à personagem porque estou levando uma parte da minha vivência para o palco e o que é da Larissa também pode ser dessa Ofélia

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