Vera Fischer sai do Leblon e foca no teatro sem esperar TV: ‘Últimos anos de Globo não foram legais’


Atriz faz sucesso no teatro com a comédia ‘Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito’, que volta a SP. Ela conta que, com a demissão da Globo, simplificou a vida para melhor enfrentar o futuro: ‘‘Jamais fiz parte de turminha e não sou do tipo que bajula os outros’

Por Dirceu Alves Jr
Atualização:

Aos 72 anos, a atriz Vera Fischer é uma especialista em reinvenções. A menina catarinense de Blumenau se elegeu Miss Brasil em 1969 e sua beleza abriu portas para as pornochanchadas dominantes no cinema brasileiro dos anos de 1970. Chegou à Rede Globo em 1977 e trabalhou muito até ser reconhecida e alcançar o estrelato nas novelas das décadas de 1980 e 1990 – mesmo driblando questões pessoais que colocavam sua credibilidade em xeque.

Foi no teatro, porém, em 1983, sob a direção de Aderbal Freire-Filho (1941-2023) em Os Desinibidos, que a artista adquiriu autoconfiança debaixo dos holofotes. “Nos ensaios, não conseguia me colocar no centro do palco, achava aquele lugar reservado para grandes atrizes e sabia que não era uma delas”, lembra Vera, sobre a sua estreia teatral. “Tive uma gastrite nervosa até superar essa resistência e vi que só aprenderia meu ofício na prática.”

Atriz Vera Fischer estrela o espetáculo 'Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito'. Foto: Felipe Iruata/Estadão
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Hoje, Vera sabe bem das suas conquistas e não há espaço onde se sinta mais à vontade do que no palco. Há dois anos, ela lota os teatros do País com o espetáculo Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito, dirigido por Tadeu Aguiar, que, sem nenhum patrocínio, já foi aplaudido por 80 mil espectadores em 40 cidades e voltou ao cartaz em São Paulo, no Teatro Renaissance, no último dia 12.

“Eu não entendo quando colegas da minha geração falam que sentem preguiça de fazer teatro e preferem esperar por convites que talvez nunca apareçam”, afirma. “São profissionais que se acomodaram na televisão e se sentem inseguros a ponto de se autodepreciarem.”

A comédia escrita por Eduardo Bakr é centrada na possessiva Dulce Carmona, aristocrata decadente em desespero diante da notícia de que o único filho (interpretado por Rafael Sardão) vai se casar com uma mulher (papel de Marta Paret) que ela nem conhece.

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“É uma personagem que, ao mesmo tempo, tem tudo e nada a ver comigo, porque sou aquela que fala as verdades na cara, que só entra nas discussões para ganhar, mas jamais persegui meus filhos e os criei para serem livres”, declara Vera, em relação à Rafaela, de 44 anos, e Gabriel, de 30, respectivamente de seus casamentos com os atores Perry Salles (1939-2009) e Felipe Camargo.

Vera Fischer interpreta Dulce Carmona na peça 'Quando Eu for Mãe Quero Amar desse Jeito', que voltou a São Paulo no último dia 12. Foto: Felipe Iruata/Estadão

Ao contrário de muitos colegas, Vera não tem vocação para o conformismo – e, segundo ela, nem bolso. O contrato com a Rede Globo terminou em março de 2020 – junto do começo da pandemia do coronavírus –, e a estrela confessa que, apesar da instabilidade até então desconhecida, sentiu um certo alívio com a demissão.

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“Os meus últimos seis anos de Globo não foram legais, houve redução de salário e quando raramente me chamavam era para personagens sem qualquer nuance ou complexidade”, recorda. “Sei que os papéis mudaram de mãos e, na televisão, os protagonistas vivem conflitos de quem tem entre 20 e 50 anos.”

A estrela não alimenta mágoas e até assume uma certa responsabilidade na história. “Eu jamais fiz parte de nenhuma turminha dentro da Globo e não sou o tipo de pessoa que bajula os outros”, admite.

Vera, entretanto, reconhece que nunca foi mulher de economizar o dinheiro e aproveitou bastante a vida. Comeu bem, viajou para onde quis e promoveu festas sem arrependimento com os gastos. “Apesar da educação germânica, os meus pais me ensinaram a desfrutar dos momentos e, claro, que o trabalho é importante, mas existem outras coisas que nos complementam.”

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Uma revisão orçamentária se impôs e Vera simplificou o seu cotidiano para melhor enfrentar o futuro. A primeira providência foi colocar à venda a cobertura de 240 metros quadrados próxima ao mar do Leblon e se mudar para um apartamento perto do verde do Jardim Botânico, na mesma zona sul carioca, com menos da metade do tamanho.

Vera Fischer diz que, após fim de contrato com a Globo, precisou se adaptar para lidar melhor com as despesas e se preparar para o futuro.  Foto: Felipe Iruata/Estadão

“No Leblon, criei meus filhos, vivi com meus dois maridos, mas, morando sozinha, me via em um elefante branco que não fazia sentido”, comenta ela, que não conta com empregados fixos, só uma faxineira, e para afugentar a solidão adotou dois gatos. “Tenho artrose nos dois joelhos e nem escadas devo subir, então fiz de tudo para tornar a rotina mais leve e prática.”

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Uma rígida fisioterapia entrou para a agenda da artista para controlar as dores nas articulações. O sapato altíssimo usado por Dulce Carmona no começo da temporada foi trocado por um outro de saltos mais baixos – até porque em cena a atriz sobe e desce uma escada várias vezes. “Foi até cogitado tirar a escada, mas não aceitei porque escadas têm um glamour, é só pensar em cenas marcantes das divas do cinema.”

O sucesso de Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito levou Vera a desvendar o universo desconhecido das redes sociais. Até 2019, ela revela que nem celular usava e se virava muito bem com o telefone fixo. “Comprei um por insistência do Gabriel”, justifica.

Não demorou para a atriz descobrir o Instagram e, seguida por 1,7 milhão de pessoas, publica as novidades da peça e postagens que despertam a curiosidade dos fãs, como fotos das arrumações de seus armários, poses com figurinos inusitados e até recomendações de filmes e livros que lhe agradam.

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“A rede social é uma grande brincadeira e eu posto lá o que sinto vontade e pode influenciar para o bem as pessoas”, avisa. “Os artistas se levam a sério demais e eu prefiro rir de mim mesma.”

Vera conta com 50 fã-clubes e, graças às redes sociais, soube que mais da metade deles foram fundados por garotas de 20 e poucos anos que a conheceram a partir das reprises de suas novelas na Globo e no Canal Viva. Não é raro a atriz ser esperada por elas nos aeroportos das cidades onde desembarca para apresentar a peça Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito.

'Não consigo aceitar gente desbocada ou que briga com os outros por qualquer coisa, como vejo entre meus colega', diz Vera Fischer, em cartaz com a peça 'Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito'. Foto: Felipe Iruata/Estadão

“Eu fico tão feliz quando encontro pessoas que admiram o meu trabalho e faço questão de tratar essas meninas muito bem”, declara. “Aliás, eu sou educada e trato todo mundo bem, não consigo aceitar gente desbocada ou que briga com os outros por qualquer coisa, como vejo entre meus colegas.”

Serviço

Quando Eu for Mãe Quero Amar desse Jeito.

Teatro Renaissance. Alameda Santos, 2233, Cerqueira César.

Sexta, 21h; sábado, 19h; domingo, 17h.

R$ 140,00.

Até 3 de março.

Aos 72 anos, a atriz Vera Fischer é uma especialista em reinvenções. A menina catarinense de Blumenau se elegeu Miss Brasil em 1969 e sua beleza abriu portas para as pornochanchadas dominantes no cinema brasileiro dos anos de 1970. Chegou à Rede Globo em 1977 e trabalhou muito até ser reconhecida e alcançar o estrelato nas novelas das décadas de 1980 e 1990 – mesmo driblando questões pessoais que colocavam sua credibilidade em xeque.

Foi no teatro, porém, em 1983, sob a direção de Aderbal Freire-Filho (1941-2023) em Os Desinibidos, que a artista adquiriu autoconfiança debaixo dos holofotes. “Nos ensaios, não conseguia me colocar no centro do palco, achava aquele lugar reservado para grandes atrizes e sabia que não era uma delas”, lembra Vera, sobre a sua estreia teatral. “Tive uma gastrite nervosa até superar essa resistência e vi que só aprenderia meu ofício na prática.”

Atriz Vera Fischer estrela o espetáculo 'Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito'. Foto: Felipe Iruata/Estadão

Hoje, Vera sabe bem das suas conquistas e não há espaço onde se sinta mais à vontade do que no palco. Há dois anos, ela lota os teatros do País com o espetáculo Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito, dirigido por Tadeu Aguiar, que, sem nenhum patrocínio, já foi aplaudido por 80 mil espectadores em 40 cidades e voltou ao cartaz em São Paulo, no Teatro Renaissance, no último dia 12.

“Eu não entendo quando colegas da minha geração falam que sentem preguiça de fazer teatro e preferem esperar por convites que talvez nunca apareçam”, afirma. “São profissionais que se acomodaram na televisão e se sentem inseguros a ponto de se autodepreciarem.”

A comédia escrita por Eduardo Bakr é centrada na possessiva Dulce Carmona, aristocrata decadente em desespero diante da notícia de que o único filho (interpretado por Rafael Sardão) vai se casar com uma mulher (papel de Marta Paret) que ela nem conhece.

“É uma personagem que, ao mesmo tempo, tem tudo e nada a ver comigo, porque sou aquela que fala as verdades na cara, que só entra nas discussões para ganhar, mas jamais persegui meus filhos e os criei para serem livres”, declara Vera, em relação à Rafaela, de 44 anos, e Gabriel, de 30, respectivamente de seus casamentos com os atores Perry Salles (1939-2009) e Felipe Camargo.

Vera Fischer interpreta Dulce Carmona na peça 'Quando Eu for Mãe Quero Amar desse Jeito', que voltou a São Paulo no último dia 12. Foto: Felipe Iruata/Estadão

Ao contrário de muitos colegas, Vera não tem vocação para o conformismo – e, segundo ela, nem bolso. O contrato com a Rede Globo terminou em março de 2020 – junto do começo da pandemia do coronavírus –, e a estrela confessa que, apesar da instabilidade até então desconhecida, sentiu um certo alívio com a demissão.

“Os meus últimos seis anos de Globo não foram legais, houve redução de salário e quando raramente me chamavam era para personagens sem qualquer nuance ou complexidade”, recorda. “Sei que os papéis mudaram de mãos e, na televisão, os protagonistas vivem conflitos de quem tem entre 20 e 50 anos.”

A estrela não alimenta mágoas e até assume uma certa responsabilidade na história. “Eu jamais fiz parte de nenhuma turminha dentro da Globo e não sou o tipo de pessoa que bajula os outros”, admite.

Vera, entretanto, reconhece que nunca foi mulher de economizar o dinheiro e aproveitou bastante a vida. Comeu bem, viajou para onde quis e promoveu festas sem arrependimento com os gastos. “Apesar da educação germânica, os meus pais me ensinaram a desfrutar dos momentos e, claro, que o trabalho é importante, mas existem outras coisas que nos complementam.”

Uma revisão orçamentária se impôs e Vera simplificou o seu cotidiano para melhor enfrentar o futuro. A primeira providência foi colocar à venda a cobertura de 240 metros quadrados próxima ao mar do Leblon e se mudar para um apartamento perto do verde do Jardim Botânico, na mesma zona sul carioca, com menos da metade do tamanho.

Vera Fischer diz que, após fim de contrato com a Globo, precisou se adaptar para lidar melhor com as despesas e se preparar para o futuro.  Foto: Felipe Iruata/Estadão

“No Leblon, criei meus filhos, vivi com meus dois maridos, mas, morando sozinha, me via em um elefante branco que não fazia sentido”, comenta ela, que não conta com empregados fixos, só uma faxineira, e para afugentar a solidão adotou dois gatos. “Tenho artrose nos dois joelhos e nem escadas devo subir, então fiz de tudo para tornar a rotina mais leve e prática.”

Uma rígida fisioterapia entrou para a agenda da artista para controlar as dores nas articulações. O sapato altíssimo usado por Dulce Carmona no começo da temporada foi trocado por um outro de saltos mais baixos – até porque em cena a atriz sobe e desce uma escada várias vezes. “Foi até cogitado tirar a escada, mas não aceitei porque escadas têm um glamour, é só pensar em cenas marcantes das divas do cinema.”

O sucesso de Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito levou Vera a desvendar o universo desconhecido das redes sociais. Até 2019, ela revela que nem celular usava e se virava muito bem com o telefone fixo. “Comprei um por insistência do Gabriel”, justifica.

Não demorou para a atriz descobrir o Instagram e, seguida por 1,7 milhão de pessoas, publica as novidades da peça e postagens que despertam a curiosidade dos fãs, como fotos das arrumações de seus armários, poses com figurinos inusitados e até recomendações de filmes e livros que lhe agradam.

“A rede social é uma grande brincadeira e eu posto lá o que sinto vontade e pode influenciar para o bem as pessoas”, avisa. “Os artistas se levam a sério demais e eu prefiro rir de mim mesma.”

Vera conta com 50 fã-clubes e, graças às redes sociais, soube que mais da metade deles foram fundados por garotas de 20 e poucos anos que a conheceram a partir das reprises de suas novelas na Globo e no Canal Viva. Não é raro a atriz ser esperada por elas nos aeroportos das cidades onde desembarca para apresentar a peça Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito.

'Não consigo aceitar gente desbocada ou que briga com os outros por qualquer coisa, como vejo entre meus colega', diz Vera Fischer, em cartaz com a peça 'Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito'. Foto: Felipe Iruata/Estadão

“Eu fico tão feliz quando encontro pessoas que admiram o meu trabalho e faço questão de tratar essas meninas muito bem”, declara. “Aliás, eu sou educada e trato todo mundo bem, não consigo aceitar gente desbocada ou que briga com os outros por qualquer coisa, como vejo entre meus colegas.”

Serviço

Quando Eu for Mãe Quero Amar desse Jeito.

Teatro Renaissance. Alameda Santos, 2233, Cerqueira César.

Sexta, 21h; sábado, 19h; domingo, 17h.

R$ 140,00.

Até 3 de março.

Aos 72 anos, a atriz Vera Fischer é uma especialista em reinvenções. A menina catarinense de Blumenau se elegeu Miss Brasil em 1969 e sua beleza abriu portas para as pornochanchadas dominantes no cinema brasileiro dos anos de 1970. Chegou à Rede Globo em 1977 e trabalhou muito até ser reconhecida e alcançar o estrelato nas novelas das décadas de 1980 e 1990 – mesmo driblando questões pessoais que colocavam sua credibilidade em xeque.

Foi no teatro, porém, em 1983, sob a direção de Aderbal Freire-Filho (1941-2023) em Os Desinibidos, que a artista adquiriu autoconfiança debaixo dos holofotes. “Nos ensaios, não conseguia me colocar no centro do palco, achava aquele lugar reservado para grandes atrizes e sabia que não era uma delas”, lembra Vera, sobre a sua estreia teatral. “Tive uma gastrite nervosa até superar essa resistência e vi que só aprenderia meu ofício na prática.”

Atriz Vera Fischer estrela o espetáculo 'Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito'. Foto: Felipe Iruata/Estadão

Hoje, Vera sabe bem das suas conquistas e não há espaço onde se sinta mais à vontade do que no palco. Há dois anos, ela lota os teatros do País com o espetáculo Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito, dirigido por Tadeu Aguiar, que, sem nenhum patrocínio, já foi aplaudido por 80 mil espectadores em 40 cidades e voltou ao cartaz em São Paulo, no Teatro Renaissance, no último dia 12.

“Eu não entendo quando colegas da minha geração falam que sentem preguiça de fazer teatro e preferem esperar por convites que talvez nunca apareçam”, afirma. “São profissionais que se acomodaram na televisão e se sentem inseguros a ponto de se autodepreciarem.”

A comédia escrita por Eduardo Bakr é centrada na possessiva Dulce Carmona, aristocrata decadente em desespero diante da notícia de que o único filho (interpretado por Rafael Sardão) vai se casar com uma mulher (papel de Marta Paret) que ela nem conhece.

“É uma personagem que, ao mesmo tempo, tem tudo e nada a ver comigo, porque sou aquela que fala as verdades na cara, que só entra nas discussões para ganhar, mas jamais persegui meus filhos e os criei para serem livres”, declara Vera, em relação à Rafaela, de 44 anos, e Gabriel, de 30, respectivamente de seus casamentos com os atores Perry Salles (1939-2009) e Felipe Camargo.

Vera Fischer interpreta Dulce Carmona na peça 'Quando Eu for Mãe Quero Amar desse Jeito', que voltou a São Paulo no último dia 12. Foto: Felipe Iruata/Estadão

Ao contrário de muitos colegas, Vera não tem vocação para o conformismo – e, segundo ela, nem bolso. O contrato com a Rede Globo terminou em março de 2020 – junto do começo da pandemia do coronavírus –, e a estrela confessa que, apesar da instabilidade até então desconhecida, sentiu um certo alívio com a demissão.

“Os meus últimos seis anos de Globo não foram legais, houve redução de salário e quando raramente me chamavam era para personagens sem qualquer nuance ou complexidade”, recorda. “Sei que os papéis mudaram de mãos e, na televisão, os protagonistas vivem conflitos de quem tem entre 20 e 50 anos.”

A estrela não alimenta mágoas e até assume uma certa responsabilidade na história. “Eu jamais fiz parte de nenhuma turminha dentro da Globo e não sou o tipo de pessoa que bajula os outros”, admite.

Vera, entretanto, reconhece que nunca foi mulher de economizar o dinheiro e aproveitou bastante a vida. Comeu bem, viajou para onde quis e promoveu festas sem arrependimento com os gastos. “Apesar da educação germânica, os meus pais me ensinaram a desfrutar dos momentos e, claro, que o trabalho é importante, mas existem outras coisas que nos complementam.”

Uma revisão orçamentária se impôs e Vera simplificou o seu cotidiano para melhor enfrentar o futuro. A primeira providência foi colocar à venda a cobertura de 240 metros quadrados próxima ao mar do Leblon e se mudar para um apartamento perto do verde do Jardim Botânico, na mesma zona sul carioca, com menos da metade do tamanho.

Vera Fischer diz que, após fim de contrato com a Globo, precisou se adaptar para lidar melhor com as despesas e se preparar para o futuro.  Foto: Felipe Iruata/Estadão

“No Leblon, criei meus filhos, vivi com meus dois maridos, mas, morando sozinha, me via em um elefante branco que não fazia sentido”, comenta ela, que não conta com empregados fixos, só uma faxineira, e para afugentar a solidão adotou dois gatos. “Tenho artrose nos dois joelhos e nem escadas devo subir, então fiz de tudo para tornar a rotina mais leve e prática.”

Uma rígida fisioterapia entrou para a agenda da artista para controlar as dores nas articulações. O sapato altíssimo usado por Dulce Carmona no começo da temporada foi trocado por um outro de saltos mais baixos – até porque em cena a atriz sobe e desce uma escada várias vezes. “Foi até cogitado tirar a escada, mas não aceitei porque escadas têm um glamour, é só pensar em cenas marcantes das divas do cinema.”

O sucesso de Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito levou Vera a desvendar o universo desconhecido das redes sociais. Até 2019, ela revela que nem celular usava e se virava muito bem com o telefone fixo. “Comprei um por insistência do Gabriel”, justifica.

Não demorou para a atriz descobrir o Instagram e, seguida por 1,7 milhão de pessoas, publica as novidades da peça e postagens que despertam a curiosidade dos fãs, como fotos das arrumações de seus armários, poses com figurinos inusitados e até recomendações de filmes e livros que lhe agradam.

“A rede social é uma grande brincadeira e eu posto lá o que sinto vontade e pode influenciar para o bem as pessoas”, avisa. “Os artistas se levam a sério demais e eu prefiro rir de mim mesma.”

Vera conta com 50 fã-clubes e, graças às redes sociais, soube que mais da metade deles foram fundados por garotas de 20 e poucos anos que a conheceram a partir das reprises de suas novelas na Globo e no Canal Viva. Não é raro a atriz ser esperada por elas nos aeroportos das cidades onde desembarca para apresentar a peça Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito.

'Não consigo aceitar gente desbocada ou que briga com os outros por qualquer coisa, como vejo entre meus colega', diz Vera Fischer, em cartaz com a peça 'Quando eu for Mãe Quero Amar desse Jeito'. Foto: Felipe Iruata/Estadão

“Eu fico tão feliz quando encontro pessoas que admiram o meu trabalho e faço questão de tratar essas meninas muito bem”, declara. “Aliás, eu sou educada e trato todo mundo bem, não consigo aceitar gente desbocada ou que briga com os outros por qualquer coisa, como vejo entre meus colegas.”

Serviço

Quando Eu for Mãe Quero Amar desse Jeito.

Teatro Renaissance. Alameda Santos, 2233, Cerqueira César.

Sexta, 21h; sábado, 19h; domingo, 17h.

R$ 140,00.

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