Com ‘Bom Dia Sem Companhia’, Vitor Rocha estreia seu musical mais intimista


'Foi possível passear por temas pesados, mas atuais, como síndrome do impostor, ansiedade, insegurança, assédio, questões de gênero e comparação', conta o autor

Por Ubiratan Brasil

O ator e autor Vitor Rocha preparava seu novo espetáculo quando a pandemia da covid interrompeu os planos no início do ano passado. “Era um trabalho que seguia nossa rotina criativa, mas o isolamento fez com que refletíssemos sobre o momento”, conta ele que, ao se voltar para um tema mais intimista, criou o musical Bom Dia Sem Companhia, que estreia neste sábado, 2, no Teatro Viradalata.

Cena do musical 'Bom Dia Sem Companhia', com Vitor Rocha e Luiza Porto Foto: Victor Miranda

Trata-se de seu espetáculo mais reflexivo – graças a trabalhos como Cargas D’Água – Um Musical de Bolso, Se Essa Lua Fosse Minha e O Mágico Di Ó – Um Clássico em Forma de Cordel, Vitor Rocha estabeleceu uma linguagem teatral própria que, além de se tornar uma marca, alcançou grande sucesso, motivando o surgimento de uma legião de fãs. “As pessoas se acostumaram com meus textos rimados e com histórias que se passavam em diversos pontos do País. Gosto dessa fórmula e não pretendo abandoná-la, mas temi ficar preso a essa zona do conforto.” Foi o isolamento e o contato remoto que alimentaram tais preocupações. Assim, decidido a criar um projeto adequado para o momento, Rocha começou a trocar ideias com seus habituais colaboradores, Elton Towersey (responsável pela música) e a atriz Luiza Porto. “Como o convite que recebemos era para criar um produto para o streaming, ou seja, seria um espetáculo filmado, começamos a pensar nesse formato”, conta ele, que logo convidou o experiente coreógrafo Alonso Barros para assumir a direção. Sábia decisão – ao “coreografar” o musical, Barros não se preocupou apenas com a posição das câmeras no palco e a devida interpretação do elenco, como também desenhou cenas que seriam perfeitamente encenadas na forma tradicional, ou seja, em um teatro, diante de uma plateia. “Dessa forma, na versão filmada, há um plano-sequência que se mantém perfeitamente na encenação presencial.” Na verdade, o que mais estimulava Rocha e seus colaboradores era encontrar o fio condutor e a temática de Bom Dia Sem Companhia. “Como estávamos todos isolados, assim como nosso público, a trama deveria ser mais interiorizada, destacando a inquietação que todos sofreram ao ficar em casa.” Assim, se antes seus espetáculos eram caracterizados por elencos mais ou menos numerosos, agora a trama acompanha apenas dois: Vini e Lara são dois ex-apresentadores mirins que são convidados a reviver seu antigo programa em um especial, que será gravado ao vivo 10 anos depois do fim da atração. O reencontro, porém, não é tão festivo, pois a dupla traz cicatrizes na alma, adquiridas em momentos turbulentos vividos durante essa década separada. “Foi possível passear por temas pesados, mas atuais, como síndrome do impostor, ansiedade, insegurança, assédio, questões de gênero e comparação”, relembra Rocha, que interpreta Vini – Lara é o papel de Luiza Porto. “Acredito que nosso maior acerto foi o de não concentrar o foco nessas situações, mas mostrá-las como algo que faz parte da rotina desses personagens. Assim, quando se fala sobre a sexualidade de Vini, por exemplo, é mais um tema da conversa e não o seu propósito.” Vitor Rocha e companhia sabiam que estavam dando um valoroso passo adiante na construção de sua carreira artística. “Eu quis escrever sobre isso até para testar minha capacidade como autor. Por isso, evitei ficar caçando rimas ou escolhendo regiões do Brasil para ambientar a história, como vinha fazendo. A peça é sobre cada um vivendo com suas questões.” Claro que a mudança no tom não foi tão radical – afinal, os protagonistas foram astros de programas infantis, o que justifica os momentos lúdicos, como quando surgem dois bonecos animados pelos atores, remetendo às atrações de TV para crianças nos anos 1980 e 1990. “Nessa cena, em que lembramos programas como o da Eliana, é quando me aproximei do meu universo habitual”, observa Rocha, que não esconde ter ficado preocupado quando o espetáculo foi transmitido pelo streaming, no dia 11 de setembro. “Percebi que a expectativa era ver um musical como os outros. Mas, ao final, mesmo surpresas, as pessoas gostaram. Psicólogos gostaram por não ter panfletagem quando tratamos de assuntos delicados.”

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BOM DIA SEM COMPANHIA TEATRO VIRADALATA RUA APINAJÉS, 1387. TEL. 3868-2535. SÁB., 20H. DOM., 19H. R$ 60. ATÉ 24/10. ESTREIA 2/10

O ator e autor Vitor Rocha preparava seu novo espetáculo quando a pandemia da covid interrompeu os planos no início do ano passado. “Era um trabalho que seguia nossa rotina criativa, mas o isolamento fez com que refletíssemos sobre o momento”, conta ele que, ao se voltar para um tema mais intimista, criou o musical Bom Dia Sem Companhia, que estreia neste sábado, 2, no Teatro Viradalata.

Cena do musical 'Bom Dia Sem Companhia', com Vitor Rocha e Luiza Porto Foto: Victor Miranda

Trata-se de seu espetáculo mais reflexivo – graças a trabalhos como Cargas D’Água – Um Musical de Bolso, Se Essa Lua Fosse Minha e O Mágico Di Ó – Um Clássico em Forma de Cordel, Vitor Rocha estabeleceu uma linguagem teatral própria que, além de se tornar uma marca, alcançou grande sucesso, motivando o surgimento de uma legião de fãs. “As pessoas se acostumaram com meus textos rimados e com histórias que se passavam em diversos pontos do País. Gosto dessa fórmula e não pretendo abandoná-la, mas temi ficar preso a essa zona do conforto.” Foi o isolamento e o contato remoto que alimentaram tais preocupações. Assim, decidido a criar um projeto adequado para o momento, Rocha começou a trocar ideias com seus habituais colaboradores, Elton Towersey (responsável pela música) e a atriz Luiza Porto. “Como o convite que recebemos era para criar um produto para o streaming, ou seja, seria um espetáculo filmado, começamos a pensar nesse formato”, conta ele, que logo convidou o experiente coreógrafo Alonso Barros para assumir a direção. Sábia decisão – ao “coreografar” o musical, Barros não se preocupou apenas com a posição das câmeras no palco e a devida interpretação do elenco, como também desenhou cenas que seriam perfeitamente encenadas na forma tradicional, ou seja, em um teatro, diante de uma plateia. “Dessa forma, na versão filmada, há um plano-sequência que se mantém perfeitamente na encenação presencial.” Na verdade, o que mais estimulava Rocha e seus colaboradores era encontrar o fio condutor e a temática de Bom Dia Sem Companhia. “Como estávamos todos isolados, assim como nosso público, a trama deveria ser mais interiorizada, destacando a inquietação que todos sofreram ao ficar em casa.” Assim, se antes seus espetáculos eram caracterizados por elencos mais ou menos numerosos, agora a trama acompanha apenas dois: Vini e Lara são dois ex-apresentadores mirins que são convidados a reviver seu antigo programa em um especial, que será gravado ao vivo 10 anos depois do fim da atração. O reencontro, porém, não é tão festivo, pois a dupla traz cicatrizes na alma, adquiridas em momentos turbulentos vividos durante essa década separada. “Foi possível passear por temas pesados, mas atuais, como síndrome do impostor, ansiedade, insegurança, assédio, questões de gênero e comparação”, relembra Rocha, que interpreta Vini – Lara é o papel de Luiza Porto. “Acredito que nosso maior acerto foi o de não concentrar o foco nessas situações, mas mostrá-las como algo que faz parte da rotina desses personagens. Assim, quando se fala sobre a sexualidade de Vini, por exemplo, é mais um tema da conversa e não o seu propósito.” Vitor Rocha e companhia sabiam que estavam dando um valoroso passo adiante na construção de sua carreira artística. “Eu quis escrever sobre isso até para testar minha capacidade como autor. Por isso, evitei ficar caçando rimas ou escolhendo regiões do Brasil para ambientar a história, como vinha fazendo. A peça é sobre cada um vivendo com suas questões.” Claro que a mudança no tom não foi tão radical – afinal, os protagonistas foram astros de programas infantis, o que justifica os momentos lúdicos, como quando surgem dois bonecos animados pelos atores, remetendo às atrações de TV para crianças nos anos 1980 e 1990. “Nessa cena, em que lembramos programas como o da Eliana, é quando me aproximei do meu universo habitual”, observa Rocha, que não esconde ter ficado preocupado quando o espetáculo foi transmitido pelo streaming, no dia 11 de setembro. “Percebi que a expectativa era ver um musical como os outros. Mas, ao final, mesmo surpresas, as pessoas gostaram. Psicólogos gostaram por não ter panfletagem quando tratamos de assuntos delicados.”

BOM DIA SEM COMPANHIA TEATRO VIRADALATA RUA APINAJÉS, 1387. TEL. 3868-2535. SÁB., 20H. DOM., 19H. R$ 60. ATÉ 24/10. ESTREIA 2/10

O ator e autor Vitor Rocha preparava seu novo espetáculo quando a pandemia da covid interrompeu os planos no início do ano passado. “Era um trabalho que seguia nossa rotina criativa, mas o isolamento fez com que refletíssemos sobre o momento”, conta ele que, ao se voltar para um tema mais intimista, criou o musical Bom Dia Sem Companhia, que estreia neste sábado, 2, no Teatro Viradalata.

Cena do musical 'Bom Dia Sem Companhia', com Vitor Rocha e Luiza Porto Foto: Victor Miranda

Trata-se de seu espetáculo mais reflexivo – graças a trabalhos como Cargas D’Água – Um Musical de Bolso, Se Essa Lua Fosse Minha e O Mágico Di Ó – Um Clássico em Forma de Cordel, Vitor Rocha estabeleceu uma linguagem teatral própria que, além de se tornar uma marca, alcançou grande sucesso, motivando o surgimento de uma legião de fãs. “As pessoas se acostumaram com meus textos rimados e com histórias que se passavam em diversos pontos do País. Gosto dessa fórmula e não pretendo abandoná-la, mas temi ficar preso a essa zona do conforto.” Foi o isolamento e o contato remoto que alimentaram tais preocupações. Assim, decidido a criar um projeto adequado para o momento, Rocha começou a trocar ideias com seus habituais colaboradores, Elton Towersey (responsável pela música) e a atriz Luiza Porto. “Como o convite que recebemos era para criar um produto para o streaming, ou seja, seria um espetáculo filmado, começamos a pensar nesse formato”, conta ele, que logo convidou o experiente coreógrafo Alonso Barros para assumir a direção. Sábia decisão – ao “coreografar” o musical, Barros não se preocupou apenas com a posição das câmeras no palco e a devida interpretação do elenco, como também desenhou cenas que seriam perfeitamente encenadas na forma tradicional, ou seja, em um teatro, diante de uma plateia. “Dessa forma, na versão filmada, há um plano-sequência que se mantém perfeitamente na encenação presencial.” Na verdade, o que mais estimulava Rocha e seus colaboradores era encontrar o fio condutor e a temática de Bom Dia Sem Companhia. “Como estávamos todos isolados, assim como nosso público, a trama deveria ser mais interiorizada, destacando a inquietação que todos sofreram ao ficar em casa.” Assim, se antes seus espetáculos eram caracterizados por elencos mais ou menos numerosos, agora a trama acompanha apenas dois: Vini e Lara são dois ex-apresentadores mirins que são convidados a reviver seu antigo programa em um especial, que será gravado ao vivo 10 anos depois do fim da atração. O reencontro, porém, não é tão festivo, pois a dupla traz cicatrizes na alma, adquiridas em momentos turbulentos vividos durante essa década separada. “Foi possível passear por temas pesados, mas atuais, como síndrome do impostor, ansiedade, insegurança, assédio, questões de gênero e comparação”, relembra Rocha, que interpreta Vini – Lara é o papel de Luiza Porto. “Acredito que nosso maior acerto foi o de não concentrar o foco nessas situações, mas mostrá-las como algo que faz parte da rotina desses personagens. Assim, quando se fala sobre a sexualidade de Vini, por exemplo, é mais um tema da conversa e não o seu propósito.” Vitor Rocha e companhia sabiam que estavam dando um valoroso passo adiante na construção de sua carreira artística. “Eu quis escrever sobre isso até para testar minha capacidade como autor. Por isso, evitei ficar caçando rimas ou escolhendo regiões do Brasil para ambientar a história, como vinha fazendo. A peça é sobre cada um vivendo com suas questões.” Claro que a mudança no tom não foi tão radical – afinal, os protagonistas foram astros de programas infantis, o que justifica os momentos lúdicos, como quando surgem dois bonecos animados pelos atores, remetendo às atrações de TV para crianças nos anos 1980 e 1990. “Nessa cena, em que lembramos programas como o da Eliana, é quando me aproximei do meu universo habitual”, observa Rocha, que não esconde ter ficado preocupado quando o espetáculo foi transmitido pelo streaming, no dia 11 de setembro. “Percebi que a expectativa era ver um musical como os outros. Mas, ao final, mesmo surpresas, as pessoas gostaram. Psicólogos gostaram por não ter panfletagem quando tratamos de assuntos delicados.”

BOM DIA SEM COMPANHIA TEATRO VIRADALATA RUA APINAJÉS, 1387. TEL. 3868-2535. SÁB., 20H. DOM., 19H. R$ 60. ATÉ 24/10. ESTREIA 2/10

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