A dramaturga Consuelo de Castro morreu na madrugada da quinta, 30, em São Paulo, no Hospital Sírio-Libanês, aos 70 anos. Ela lutava havia seis anos contra um câncer de mama. O velório foi realizado no Cemitério do Araçá. Em seguida, o corpo foi cremado na Vila Alpina.
Consuelo foi uma das principais autoras da geração de 1968. Ganhou o Molière por Caminho de Volta, em 1975. Grávida de oito meses, ela recebeu o troféu em Paris. Consuelo também foi publicitária e autora de novelas como Ribeirão do Tempo (2010-2011), exibida pela TV Record.
Sua primeira peça, Prova de Fogo, seria montada pelo Teatro Oficina em 1968, mas foi proibida pela ditadura militar. Em 1974, a obra foi premiada pelo Serviço Nacional de Teatro, mas a montagem só aconteceu em 1993, por Aimar Labaki.
Ao se despedir de Consuelo nas redes sociais, o ator Gerson Steves relembrou a estreia de Prova de Fogo, protagonizada por Dan Stulbach e Adriana Londoño, como “uma encenação vigorosa e alucinante”. “Fiquei impressionado como a atualidade de seu texto. Obrigado, Consuelo, por uma obra tão viva!”, afirmou em sua página.
O espetáculo mostrava o caso amoroso e tumultuado entre uma jovem atriz e seu professor. A mulher é emotiva e libertária e ele, ranzinza e conservador. A peça ganhou montagens pelo Brasil e recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT).
A diretora Silvana Garcia também se despediu da dramaturga. “Amiga de muito tempo e de quem me perdi. Ficam lindas lembranças de sua energia, personalidade vibrante, de seu amor pelo teatro.” Em homenagem a Consuelo, o diretor e dramaturgo Oswaldo Mendes citou um trecho de Medeia, adaptado pela autora: “Não direi: ai de mim!”. E acrescentou: “Talvez Consuelo de Castro nos dissesse isso ao ver nossa tristeza”.
A dramaturga mineira deixou dois filhos: a fotógrafa Carolina Lopes e o repórter do Estado Pedro Venceslau. Sua última obra é o livro inédito Histórias para a Vovó Dormir, inspirado nas narrações de seu neto, Antonio, de 5 anos.