Espetáculo online e interativo traz diálogos de peças de Shakespeare


Sucesso de ‘Parece Loucura, mas Há Método’, peça online inspirada no bardo, garante uma segunda temporada

Por Dirceu Alves Jr.

O quarto, com armários ao alcance da câmera, é ressignificado como um palácio. O corredor pode se transformar em um campo de batalha ou na cela de uma prisão e, quem sabe, os espectadores se convençam de que a cozinha se trata de um salão do senado romano. Em julho do ano passado, a Companhia Armazém de Teatro, dirigida por Paulo de Moraes, lançou o espetáculo emergencial Parece Loucura, mas Há Método. Diante do computador, em suas casas, os atores interpretaram solilóquios e monólogos de peças de William Shakespeare através da plataforma Zoom. O resultado foi animador, com 66 apresentações em seis meses e uma audiência que superou os sete mil acessos.

Traições, disputas e poder são temáticas shakespearianas adaptadas à realidade brasileira teatral Foto: Companhia Armazém de Teatro

“Nunca imaginaríamos que, mais de um ano depois, viveríamos ainda uma situação semelhante, preocupados com nossa segurança e impossibilitados de realizar espetáculos presenciais”, lamenta a atriz Patrícia Selonk, uma das mentoras do projeto. Como no teatro a imaginação extrapola limites, o grupo estreia neste sábado, 4, às 20h, através da plataforma Sympla, uma segunda temporada, agora batizada de Parece Loucura, mas Há Método – A Dois. Desta vez, o monólogo cede espaço ao diálogo e oito personagens do bardo inglês são representados por quatro duplas em um novo jogo interativo.  É o público quem decide, através de uma enquete virtual, a formação das duplas e qual trama deseja continuar acompanhando, sob a orientação de um mestre de cerimônias, representado pela atriz Vilma Melo. Desses oito personagens em confronto de ideias, quatro seguem para uma etapa seguinte e se enfrentam em novas duplas. Os dois escolhidos pelo espectador são os vencedores de cada noite. As apresentações seguem aos sábados e domingos, até o dia 26, com ingressos colaborativos entre R$ 10 e R$ 200. Junto de Patrícia e Vilma, Bruno Lourenço, Charles Fricks, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Kelzy Ecard, Liliana de Castro, Ricardo Martins e Simone Mazzer completam o elenco de jogadores. Os atores e atrizes se revezam como Cássio e Brutus, da tragédia Júlio César, Tróilo e Créssida, do texto homônimo, Angelo e Isabella, da comédia Medida por Medida, e Hal e Falstaff, de Henrique IV. Traições, disputas de poder, conspirações e um desdém com o coletivo em tempos de guerra fazem parte das narrativas que se alinham à realidade brasileira, mesmo tendo sido escritas por um inglês há mais de quatro séculos.  Patrícia conta que, no formato de duplas, tudo ficou mais instável e potencializou o desafio. O artista só toma conhecimento de quem vai representar no início de cada jogo, então precisa se adequar ao texto decorado e decidir em segundos de que maneira pode explorar a ambientação oferecida em casa. “Não vamos conseguir ensaiar todas as possibilidades de duplas, então é um risco porque vamos lidar com a contextualização, com a contracena”, define a atriz. “Precisamos criar diante do precário, arrastar um móvel, carregar a luminária para outro cômodo e superar alguma falha do computador.”  Esta vulnerabilidade é o que fascina a atriz Kelzy Ecard neste trabalho, a primeira parceria com a Armazém, depois um longo período de admiração mútua. “É claro que existem regras orais em que podemos nos ancorar, mas a verdade é que entramos no jogo sem saber o que fazer e ganhamos uma enorme liberdade, que é o real impulso de um artista”, declara. “A cada dupla formada, muda complemente o personagem, suas intenções e, claro, a visão de cada ator na hora de representá-lo faz nascer algo diferente.” A Armazém Companhia de Teatro foi fundada em 1987 em Londrina, no Paraná, e cravou sede no Rio de Janeiro onze anos depois. Em março de 2020, quando o mundo parou, o grupo apresentava o espetáculo Hamlet, do mesmo Shakespeare, no Teatro Riachuelo, na capital fluminense, e a chance de incursionar pelo teatro online foi avaliada como uma provocação maior. “Não enxergamos sentido em revisitar o próprio repertório em linguagem digital e, como atriz, sei que não chegou a minha hora de protagonizar um solo porque só enxergo o teatro como um grande coletivo”, justifica Patrícia. Embebidos pela experiência de Hamlet, a obra de Shakespeare surgiu como inspiração orgânica para ser testada. “O nosso trunfo foi olhar para a plataforma sem saudosismo ou comparações, com liberdade para criar um trabalho novo e, digo uma coisa, ganhamos muito jogo de cintura: se a Armazém sobreviver a essa pandemia, estamos prontos para durar, pelo menos, mais 30 anos”, garante a atriz. 

O quarto, com armários ao alcance da câmera, é ressignificado como um palácio. O corredor pode se transformar em um campo de batalha ou na cela de uma prisão e, quem sabe, os espectadores se convençam de que a cozinha se trata de um salão do senado romano. Em julho do ano passado, a Companhia Armazém de Teatro, dirigida por Paulo de Moraes, lançou o espetáculo emergencial Parece Loucura, mas Há Método. Diante do computador, em suas casas, os atores interpretaram solilóquios e monólogos de peças de William Shakespeare através da plataforma Zoom. O resultado foi animador, com 66 apresentações em seis meses e uma audiência que superou os sete mil acessos.

Traições, disputas e poder são temáticas shakespearianas adaptadas à realidade brasileira teatral Foto: Companhia Armazém de Teatro

“Nunca imaginaríamos que, mais de um ano depois, viveríamos ainda uma situação semelhante, preocupados com nossa segurança e impossibilitados de realizar espetáculos presenciais”, lamenta a atriz Patrícia Selonk, uma das mentoras do projeto. Como no teatro a imaginação extrapola limites, o grupo estreia neste sábado, 4, às 20h, através da plataforma Sympla, uma segunda temporada, agora batizada de Parece Loucura, mas Há Método – A Dois. Desta vez, o monólogo cede espaço ao diálogo e oito personagens do bardo inglês são representados por quatro duplas em um novo jogo interativo.  É o público quem decide, através de uma enquete virtual, a formação das duplas e qual trama deseja continuar acompanhando, sob a orientação de um mestre de cerimônias, representado pela atriz Vilma Melo. Desses oito personagens em confronto de ideias, quatro seguem para uma etapa seguinte e se enfrentam em novas duplas. Os dois escolhidos pelo espectador são os vencedores de cada noite. As apresentações seguem aos sábados e domingos, até o dia 26, com ingressos colaborativos entre R$ 10 e R$ 200. Junto de Patrícia e Vilma, Bruno Lourenço, Charles Fricks, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Kelzy Ecard, Liliana de Castro, Ricardo Martins e Simone Mazzer completam o elenco de jogadores. Os atores e atrizes se revezam como Cássio e Brutus, da tragédia Júlio César, Tróilo e Créssida, do texto homônimo, Angelo e Isabella, da comédia Medida por Medida, e Hal e Falstaff, de Henrique IV. Traições, disputas de poder, conspirações e um desdém com o coletivo em tempos de guerra fazem parte das narrativas que se alinham à realidade brasileira, mesmo tendo sido escritas por um inglês há mais de quatro séculos.  Patrícia conta que, no formato de duplas, tudo ficou mais instável e potencializou o desafio. O artista só toma conhecimento de quem vai representar no início de cada jogo, então precisa se adequar ao texto decorado e decidir em segundos de que maneira pode explorar a ambientação oferecida em casa. “Não vamos conseguir ensaiar todas as possibilidades de duplas, então é um risco porque vamos lidar com a contextualização, com a contracena”, define a atriz. “Precisamos criar diante do precário, arrastar um móvel, carregar a luminária para outro cômodo e superar alguma falha do computador.”  Esta vulnerabilidade é o que fascina a atriz Kelzy Ecard neste trabalho, a primeira parceria com a Armazém, depois um longo período de admiração mútua. “É claro que existem regras orais em que podemos nos ancorar, mas a verdade é que entramos no jogo sem saber o que fazer e ganhamos uma enorme liberdade, que é o real impulso de um artista”, declara. “A cada dupla formada, muda complemente o personagem, suas intenções e, claro, a visão de cada ator na hora de representá-lo faz nascer algo diferente.” A Armazém Companhia de Teatro foi fundada em 1987 em Londrina, no Paraná, e cravou sede no Rio de Janeiro onze anos depois. Em março de 2020, quando o mundo parou, o grupo apresentava o espetáculo Hamlet, do mesmo Shakespeare, no Teatro Riachuelo, na capital fluminense, e a chance de incursionar pelo teatro online foi avaliada como uma provocação maior. “Não enxergamos sentido em revisitar o próprio repertório em linguagem digital e, como atriz, sei que não chegou a minha hora de protagonizar um solo porque só enxergo o teatro como um grande coletivo”, justifica Patrícia. Embebidos pela experiência de Hamlet, a obra de Shakespeare surgiu como inspiração orgânica para ser testada. “O nosso trunfo foi olhar para a plataforma sem saudosismo ou comparações, com liberdade para criar um trabalho novo e, digo uma coisa, ganhamos muito jogo de cintura: se a Armazém sobreviver a essa pandemia, estamos prontos para durar, pelo menos, mais 30 anos”, garante a atriz. 

O quarto, com armários ao alcance da câmera, é ressignificado como um palácio. O corredor pode se transformar em um campo de batalha ou na cela de uma prisão e, quem sabe, os espectadores se convençam de que a cozinha se trata de um salão do senado romano. Em julho do ano passado, a Companhia Armazém de Teatro, dirigida por Paulo de Moraes, lançou o espetáculo emergencial Parece Loucura, mas Há Método. Diante do computador, em suas casas, os atores interpretaram solilóquios e monólogos de peças de William Shakespeare através da plataforma Zoom. O resultado foi animador, com 66 apresentações em seis meses e uma audiência que superou os sete mil acessos.

Traições, disputas e poder são temáticas shakespearianas adaptadas à realidade brasileira teatral Foto: Companhia Armazém de Teatro

“Nunca imaginaríamos que, mais de um ano depois, viveríamos ainda uma situação semelhante, preocupados com nossa segurança e impossibilitados de realizar espetáculos presenciais”, lamenta a atriz Patrícia Selonk, uma das mentoras do projeto. Como no teatro a imaginação extrapola limites, o grupo estreia neste sábado, 4, às 20h, através da plataforma Sympla, uma segunda temporada, agora batizada de Parece Loucura, mas Há Método – A Dois. Desta vez, o monólogo cede espaço ao diálogo e oito personagens do bardo inglês são representados por quatro duplas em um novo jogo interativo.  É o público quem decide, através de uma enquete virtual, a formação das duplas e qual trama deseja continuar acompanhando, sob a orientação de um mestre de cerimônias, representado pela atriz Vilma Melo. Desses oito personagens em confronto de ideias, quatro seguem para uma etapa seguinte e se enfrentam em novas duplas. Os dois escolhidos pelo espectador são os vencedores de cada noite. As apresentações seguem aos sábados e domingos, até o dia 26, com ingressos colaborativos entre R$ 10 e R$ 200. Junto de Patrícia e Vilma, Bruno Lourenço, Charles Fricks, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Kelzy Ecard, Liliana de Castro, Ricardo Martins e Simone Mazzer completam o elenco de jogadores. Os atores e atrizes se revezam como Cássio e Brutus, da tragédia Júlio César, Tróilo e Créssida, do texto homônimo, Angelo e Isabella, da comédia Medida por Medida, e Hal e Falstaff, de Henrique IV. Traições, disputas de poder, conspirações e um desdém com o coletivo em tempos de guerra fazem parte das narrativas que se alinham à realidade brasileira, mesmo tendo sido escritas por um inglês há mais de quatro séculos.  Patrícia conta que, no formato de duplas, tudo ficou mais instável e potencializou o desafio. O artista só toma conhecimento de quem vai representar no início de cada jogo, então precisa se adequar ao texto decorado e decidir em segundos de que maneira pode explorar a ambientação oferecida em casa. “Não vamos conseguir ensaiar todas as possibilidades de duplas, então é um risco porque vamos lidar com a contextualização, com a contracena”, define a atriz. “Precisamos criar diante do precário, arrastar um móvel, carregar a luminária para outro cômodo e superar alguma falha do computador.”  Esta vulnerabilidade é o que fascina a atriz Kelzy Ecard neste trabalho, a primeira parceria com a Armazém, depois um longo período de admiração mútua. “É claro que existem regras orais em que podemos nos ancorar, mas a verdade é que entramos no jogo sem saber o que fazer e ganhamos uma enorme liberdade, que é o real impulso de um artista”, declara. “A cada dupla formada, muda complemente o personagem, suas intenções e, claro, a visão de cada ator na hora de representá-lo faz nascer algo diferente.” A Armazém Companhia de Teatro foi fundada em 1987 em Londrina, no Paraná, e cravou sede no Rio de Janeiro onze anos depois. Em março de 2020, quando o mundo parou, o grupo apresentava o espetáculo Hamlet, do mesmo Shakespeare, no Teatro Riachuelo, na capital fluminense, e a chance de incursionar pelo teatro online foi avaliada como uma provocação maior. “Não enxergamos sentido em revisitar o próprio repertório em linguagem digital e, como atriz, sei que não chegou a minha hora de protagonizar um solo porque só enxergo o teatro como um grande coletivo”, justifica Patrícia. Embebidos pela experiência de Hamlet, a obra de Shakespeare surgiu como inspiração orgânica para ser testada. “O nosso trunfo foi olhar para a plataforma sem saudosismo ou comparações, com liberdade para criar um trabalho novo e, digo uma coisa, ganhamos muito jogo de cintura: se a Armazém sobreviver a essa pandemia, estamos prontos para durar, pelo menos, mais 30 anos”, garante a atriz. 

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