'Existo!' traz alegoria sobre a liberdade


Peça da Cia La Leche, que será exibida de graça no canal do YouTube, incentiva o diálogo sobre gênero

Por Ubiratan Brasil

Premiada na categoria sobre identidade de gênero do teatro infantojuvenil, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 2019, a peça Existo! preparava-se para uma ampla agenda de apresentações no ano passado, a fim de justificar presencialmente a validade daquele prêmio, quando a pandemia mudou os planos do mundo inteiro. As oportunidades, portanto, surgiram com as apresentações por streaming – assim, Existo! poderá ser assistida pelo canal do YouTube da Companhia La Leche a partir deste sábado, 3, às 11h. A turnê pela internet será sempre aos sábados e domingos, naquele horário, até o dia 18 de abril. Não há cobrança de ingresso.

Espetáculo infantil que entra em cartaz, no Sesc Ipiranga, estrelado por Alessandro Hernandez e Ana Paula Lopez Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Ainda que não ofereça a mesma experiência sensorial do teatro presencial, a versão filmada ajuda a destacar as inúmeras qualidades da peça e, como bônus, traz detalhes que espectadores na plateia nem sempre conseguem perceber. Com direção de Cris Lozano e dramaturgia de Alessandro Hernandez, Existo! revela-se uma original alegoria sobre a liberdade que todas as pessoas deveriam ter, mesmo que isso contrarie os padrões sociais – especialmente os que definem as pessoas apenas como homens e mulheres.  Na obra, Alessandro interpreta Luan, menino que mora em uma torre à espera do momento de poder sair e descobrir o mundo que conhece apenas pela janela – seu maior desejo é o de compartilhar momentos de diversão com meninos e meninas que vê em uma escola. “Quando a jabuticabeira estiver carregada, você poderá sair”, afirma sua mãe, a única pessoa com quem mantém contato. Esse é o ponto de partida da peça.  “O texto conta a trajetória de uma criança que, por medo do olhar alheio, passa a perceber a realidade com lente de aumento. Fala com bichos, estuda em casa e deseja conhecer o mundo através de sua janela”, comenta Alessandro Hernandez que, em 2005, ganhou o prêmio de melhor ator de teatro infantil da APCA por seu trabalho em Marujo, o Caramujo, e a Minhoca Tapioca, de Hugo Possolo, peça que também aliava o lúdico a preocupações pertinentes do universo da criança. Em Existo!, ele divide o palco com Ana Paula Lopez, que tanto vive a mãe de Luan, como também os bichos que visitam o local, como uma lagartixa. A peça busca incentivar no jovem espectador a descoberta da existência, de pertencimento de si mesmo – enfim, de se sentir parte da sociedade ao fazer suas opções.  “Assim, colocamos a criança frente a vários universos que possibilitam o diálogo, a descoberta de metáforas, as inter-relações que geram sensibilidade, autonomia e poesia”, aponta a diretora Cris Lozano. “Queremos refletir sobre ser livre, escolher ser livre mesmo com tudo o que o mundo se posiciona ao contrário. Buscar a fluidez das relações através dos olhares pelos quais somos afetados todos os dias, reabilitar o sentido das paixões, olhar o mundo que vemos e percebemos.” 

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'Existo!', que está em cartaz no Sesc Ipiranga a partir deste sábado. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“Antes da pandemia, fizemos uma série de sessões para escolas seguidas por debates com as crianças. É impressionante como o lugar do preconceito habita muito mais o imaginário dos adultos”, observa Hernandez sobre as experiências de trocas com espectadores que devem ser potencializadas com as sessões online, que alcançam um número maior de pessoas. Como criador do texto original, ele conta que, no início do processo da escrita, pensava em contar a história de uma criança transexual, mas o caminho tomado para a peça foi outro. “Era muito mais potente abordarmos os questionamentos, e não a transexualidade em si”, conta o dramaturgo. Segundo ele, esse recurso fez com que os assuntos da peça se tornassem mais amplos e proporcionassem mais diálogos possíveis sobre gênero e sobre o que é lido hoje em dia como masculino e feminino. O tema é delicado, todos reconhecem, mas a forma com que é tratado traz para o jovem e a criança assuntos tratados com extrema delicadeza e até humor, graças, principalmente, à bela interpretação de Ana Paula Lopez, atriz de grandes recursos cômicos. Melodias orientais inspiram a trilha sonora, que marca o acompanhamento do crescimento de uma árvore símbolo da maturidade.  Com Existo!, a Cia La Leche segue sua trilha de unir educação e diversão, pontos fundamentais em seu teatro. Basta lembrar o espetáculo anterior da companhia, Salve, Malala!, uma discussão sobre o direito à educação inspirada livremente na história da paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2014.  O grupo se prepara para, depois de passada a pandemia, estrear Vambora!, agora propondo uma discussão sobre os cuidados necessários com o meio ambiente. Curtas-metragens com trechos da peça serão lançados em julho.

Premiada na categoria sobre identidade de gênero do teatro infantojuvenil, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 2019, a peça Existo! preparava-se para uma ampla agenda de apresentações no ano passado, a fim de justificar presencialmente a validade daquele prêmio, quando a pandemia mudou os planos do mundo inteiro. As oportunidades, portanto, surgiram com as apresentações por streaming – assim, Existo! poderá ser assistida pelo canal do YouTube da Companhia La Leche a partir deste sábado, 3, às 11h. A turnê pela internet será sempre aos sábados e domingos, naquele horário, até o dia 18 de abril. Não há cobrança de ingresso.

Espetáculo infantil que entra em cartaz, no Sesc Ipiranga, estrelado por Alessandro Hernandez e Ana Paula Lopez Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Ainda que não ofereça a mesma experiência sensorial do teatro presencial, a versão filmada ajuda a destacar as inúmeras qualidades da peça e, como bônus, traz detalhes que espectadores na plateia nem sempre conseguem perceber. Com direção de Cris Lozano e dramaturgia de Alessandro Hernandez, Existo! revela-se uma original alegoria sobre a liberdade que todas as pessoas deveriam ter, mesmo que isso contrarie os padrões sociais – especialmente os que definem as pessoas apenas como homens e mulheres.  Na obra, Alessandro interpreta Luan, menino que mora em uma torre à espera do momento de poder sair e descobrir o mundo que conhece apenas pela janela – seu maior desejo é o de compartilhar momentos de diversão com meninos e meninas que vê em uma escola. “Quando a jabuticabeira estiver carregada, você poderá sair”, afirma sua mãe, a única pessoa com quem mantém contato. Esse é o ponto de partida da peça.  “O texto conta a trajetória de uma criança que, por medo do olhar alheio, passa a perceber a realidade com lente de aumento. Fala com bichos, estuda em casa e deseja conhecer o mundo através de sua janela”, comenta Alessandro Hernandez que, em 2005, ganhou o prêmio de melhor ator de teatro infantil da APCA por seu trabalho em Marujo, o Caramujo, e a Minhoca Tapioca, de Hugo Possolo, peça que também aliava o lúdico a preocupações pertinentes do universo da criança. Em Existo!, ele divide o palco com Ana Paula Lopez, que tanto vive a mãe de Luan, como também os bichos que visitam o local, como uma lagartixa. A peça busca incentivar no jovem espectador a descoberta da existência, de pertencimento de si mesmo – enfim, de se sentir parte da sociedade ao fazer suas opções.  “Assim, colocamos a criança frente a vários universos que possibilitam o diálogo, a descoberta de metáforas, as inter-relações que geram sensibilidade, autonomia e poesia”, aponta a diretora Cris Lozano. “Queremos refletir sobre ser livre, escolher ser livre mesmo com tudo o que o mundo se posiciona ao contrário. Buscar a fluidez das relações através dos olhares pelos quais somos afetados todos os dias, reabilitar o sentido das paixões, olhar o mundo que vemos e percebemos.” 

'Existo!', que está em cartaz no Sesc Ipiranga a partir deste sábado. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“Antes da pandemia, fizemos uma série de sessões para escolas seguidas por debates com as crianças. É impressionante como o lugar do preconceito habita muito mais o imaginário dos adultos”, observa Hernandez sobre as experiências de trocas com espectadores que devem ser potencializadas com as sessões online, que alcançam um número maior de pessoas. Como criador do texto original, ele conta que, no início do processo da escrita, pensava em contar a história de uma criança transexual, mas o caminho tomado para a peça foi outro. “Era muito mais potente abordarmos os questionamentos, e não a transexualidade em si”, conta o dramaturgo. Segundo ele, esse recurso fez com que os assuntos da peça se tornassem mais amplos e proporcionassem mais diálogos possíveis sobre gênero e sobre o que é lido hoje em dia como masculino e feminino. O tema é delicado, todos reconhecem, mas a forma com que é tratado traz para o jovem e a criança assuntos tratados com extrema delicadeza e até humor, graças, principalmente, à bela interpretação de Ana Paula Lopez, atriz de grandes recursos cômicos. Melodias orientais inspiram a trilha sonora, que marca o acompanhamento do crescimento de uma árvore símbolo da maturidade.  Com Existo!, a Cia La Leche segue sua trilha de unir educação e diversão, pontos fundamentais em seu teatro. Basta lembrar o espetáculo anterior da companhia, Salve, Malala!, uma discussão sobre o direito à educação inspirada livremente na história da paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2014.  O grupo se prepara para, depois de passada a pandemia, estrear Vambora!, agora propondo uma discussão sobre os cuidados necessários com o meio ambiente. Curtas-metragens com trechos da peça serão lançados em julho.

Premiada na categoria sobre identidade de gênero do teatro infantojuvenil, pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 2019, a peça Existo! preparava-se para uma ampla agenda de apresentações no ano passado, a fim de justificar presencialmente a validade daquele prêmio, quando a pandemia mudou os planos do mundo inteiro. As oportunidades, portanto, surgiram com as apresentações por streaming – assim, Existo! poderá ser assistida pelo canal do YouTube da Companhia La Leche a partir deste sábado, 3, às 11h. A turnê pela internet será sempre aos sábados e domingos, naquele horário, até o dia 18 de abril. Não há cobrança de ingresso.

Espetáculo infantil que entra em cartaz, no Sesc Ipiranga, estrelado por Alessandro Hernandez e Ana Paula Lopez Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Ainda que não ofereça a mesma experiência sensorial do teatro presencial, a versão filmada ajuda a destacar as inúmeras qualidades da peça e, como bônus, traz detalhes que espectadores na plateia nem sempre conseguem perceber. Com direção de Cris Lozano e dramaturgia de Alessandro Hernandez, Existo! revela-se uma original alegoria sobre a liberdade que todas as pessoas deveriam ter, mesmo que isso contrarie os padrões sociais – especialmente os que definem as pessoas apenas como homens e mulheres.  Na obra, Alessandro interpreta Luan, menino que mora em uma torre à espera do momento de poder sair e descobrir o mundo que conhece apenas pela janela – seu maior desejo é o de compartilhar momentos de diversão com meninos e meninas que vê em uma escola. “Quando a jabuticabeira estiver carregada, você poderá sair”, afirma sua mãe, a única pessoa com quem mantém contato. Esse é o ponto de partida da peça.  “O texto conta a trajetória de uma criança que, por medo do olhar alheio, passa a perceber a realidade com lente de aumento. Fala com bichos, estuda em casa e deseja conhecer o mundo através de sua janela”, comenta Alessandro Hernandez que, em 2005, ganhou o prêmio de melhor ator de teatro infantil da APCA por seu trabalho em Marujo, o Caramujo, e a Minhoca Tapioca, de Hugo Possolo, peça que também aliava o lúdico a preocupações pertinentes do universo da criança. Em Existo!, ele divide o palco com Ana Paula Lopez, que tanto vive a mãe de Luan, como também os bichos que visitam o local, como uma lagartixa. A peça busca incentivar no jovem espectador a descoberta da existência, de pertencimento de si mesmo – enfim, de se sentir parte da sociedade ao fazer suas opções.  “Assim, colocamos a criança frente a vários universos que possibilitam o diálogo, a descoberta de metáforas, as inter-relações que geram sensibilidade, autonomia e poesia”, aponta a diretora Cris Lozano. “Queremos refletir sobre ser livre, escolher ser livre mesmo com tudo o que o mundo se posiciona ao contrário. Buscar a fluidez das relações através dos olhares pelos quais somos afetados todos os dias, reabilitar o sentido das paixões, olhar o mundo que vemos e percebemos.” 

'Existo!', que está em cartaz no Sesc Ipiranga a partir deste sábado. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

“Antes da pandemia, fizemos uma série de sessões para escolas seguidas por debates com as crianças. É impressionante como o lugar do preconceito habita muito mais o imaginário dos adultos”, observa Hernandez sobre as experiências de trocas com espectadores que devem ser potencializadas com as sessões online, que alcançam um número maior de pessoas. Como criador do texto original, ele conta que, no início do processo da escrita, pensava em contar a história de uma criança transexual, mas o caminho tomado para a peça foi outro. “Era muito mais potente abordarmos os questionamentos, e não a transexualidade em si”, conta o dramaturgo. Segundo ele, esse recurso fez com que os assuntos da peça se tornassem mais amplos e proporcionassem mais diálogos possíveis sobre gênero e sobre o que é lido hoje em dia como masculino e feminino. O tema é delicado, todos reconhecem, mas a forma com que é tratado traz para o jovem e a criança assuntos tratados com extrema delicadeza e até humor, graças, principalmente, à bela interpretação de Ana Paula Lopez, atriz de grandes recursos cômicos. Melodias orientais inspiram a trilha sonora, que marca o acompanhamento do crescimento de uma árvore símbolo da maturidade.  Com Existo!, a Cia La Leche segue sua trilha de unir educação e diversão, pontos fundamentais em seu teatro. Basta lembrar o espetáculo anterior da companhia, Salve, Malala!, uma discussão sobre o direito à educação inspirada livremente na história da paquistanesa Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2014.  O grupo se prepara para, depois de passada a pandemia, estrear Vambora!, agora propondo uma discussão sobre os cuidados necessários com o meio ambiente. Curtas-metragens com trechos da peça serão lançados em julho.

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