Exposição celebra a arte da bailarina Angel Vianna


Coreógrafa e educadora completa 90 anos em 2018; 'Ocupação Angel Vianna' fica até 29 de abril no Itaú Cultural

Por Fernanda Perniciotti
Atualização:

Aos 90 anos, ativa no palco e na sala de aula, em constante movimento, Angel Vianna se instala em São Paulo, na 38.ª Ocupação Itaú Cultural, que começa nesta quarta, 28, e se estende até 29 de abril. Composta por Angel, Klauss (1928-1992) e Rainer (1958-1995), o filho único do casal, a família Vianna produziu um legado difícil de ser descrito, de tão marcante, tanto na dança como no teatro que se faz no Brasil. O trabalho dos três marcou todo o País de forma significativa, transformando seus ensinamentos em tradições, muitas vezes, dissonantes.

Mostra reúne fotos, vídeos, documentos, jornais e manuscritos de Angel Vianna Foto: Andre Seiti

Quando se trata da matriarca, Maria Ângela Abras ou Angel Vianna, como é conhecida, parece que nada do que pode ser dito é suficiente diante dos seus feitos pioneiros: estudos de anatomia, atuação no teatro de vanguarda, fundação de uma escola voltada ao movimento, depois estendida em uma faculdade, a FAV – Faculdade Angel Vianna, e muito mais. A força em conseguir transformar as perdas de Klauss e Rainer em uma espécie de “missão” em manter o frescor do que ambos propuseram combina com a curiosidade, que a continua levando a fazer estreias, como a do filme Em Três Atos, de Lúcia Murat, sobre o envelhecimento e a morte.

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Chegar a São Paulo, em uma Ocupação que tem a curadoria compartilhada entre a pesquisadora AnaVitória e o Itaú Cultural, não é qualquer coisa, quando se trata de sua história. A cidade foi um marco na separação do casal Vianna, nos anos 1980. Klauss se mudou para a capital paulistana, assim como Rainer e Neide Neves, sua parceira de vida e trabalho, que também foram e instalaram uma escola na cidade. Angel escolheu permanecer no Rio de Janeiro, onde havia chegado em 1965. “Klauss falou que ia embora para experimentar São Paulo. E eu fiquei aqui, sozinha e inteira”, é o que conta Angel.

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“Sempre ouvi Angel falar que não tinha muita voz em São Paulo e acho que a Ocupação desmistifica a ideia de que a base do pensamento dos Viannas é apenas do Klauss”, afirma AnaVitória, que enfatiza a importância de acontecer em São Paulo, cidade, ainda hoje, pouco familiarizada com o trabalho da artista.

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Angel é também conhecida por suas frases célebres, que dizem muito do seu pensamento sobre corpo e movimento: “O que eu mais gosto é de gente, e gente é como nuvem, sempre se transforma”, “O corpo é um filósofo”, “A sua história está escrita no seu corpo”. Desde os anos 1950, já trabalhava um olhar de acolhimento das diferenças, em uma época na qual a acessibilidade ainda não estava em pauta.

O eixo curatorial da Ocupação utiliza o tripé pedagógico que estrutura a FAV, cujo projeto de criação contou com a colaboração de Dulce Aquino, Helena Katz e AnaVitória: 1) educação, como acolhimento; 2) clínica, terapias de um corpo “desejante”; e 3) a Dança, a criação como ação no mundo.

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O corpo da mulher também é um dos motes. “Acho que uma outra questão importante é o corpo de uma bailarina tão longeva e tão corajosamente assumido em cena”, diz AnaVitória, que acredita que a exposição apresenta um olhar expandido do corpo que pode dançar ao público que ainda “acredita que bailarina é aquela que só dança enquanto levanta a perna e dá pirueta”.

“No ano passado, abrimos com a Laura Cardoso e, agora, a Angel, mais uma mulher, ativa, com idade avançada”, conta Galiana Brasil, gestora de Artes Cênicas do Itaú Cultural, demarcando a centralidade da questão, que já aparece na primeira ação da Ocupação: a instalação performática Ferida Sábia (2012), de AnaVitória, que discute os ciclos do corpo da mulher.

O público também poderá assistir a Angel em Amanhã É Outro Dia, de Norberto Presta, e no seu último trabalho, O Tempo Não Dá Tempo, no qual responde a Duda Maia, que assina a direção do espetáculo. Duda pergunta a Angel: “O que você acha do tempo?”. E ela, com mais de 70 anos de trabalho ininterrupto, responde: “O tempo, minha filha, o tempo não me dá tempo”. Esse tempo, implacável, é mais um dos muitos motivos para não se perder a chance de encontrar com Angel Vianna, cuja história continua em movimento.

Aos 90 anos, ativa no palco e na sala de aula, em constante movimento, Angel Vianna se instala em São Paulo, na 38.ª Ocupação Itaú Cultural, que começa nesta quarta, 28, e se estende até 29 de abril. Composta por Angel, Klauss (1928-1992) e Rainer (1958-1995), o filho único do casal, a família Vianna produziu um legado difícil de ser descrito, de tão marcante, tanto na dança como no teatro que se faz no Brasil. O trabalho dos três marcou todo o País de forma significativa, transformando seus ensinamentos em tradições, muitas vezes, dissonantes.

Mostra reúne fotos, vídeos, documentos, jornais e manuscritos de Angel Vianna Foto: Andre Seiti

Quando se trata da matriarca, Maria Ângela Abras ou Angel Vianna, como é conhecida, parece que nada do que pode ser dito é suficiente diante dos seus feitos pioneiros: estudos de anatomia, atuação no teatro de vanguarda, fundação de uma escola voltada ao movimento, depois estendida em uma faculdade, a FAV – Faculdade Angel Vianna, e muito mais. A força em conseguir transformar as perdas de Klauss e Rainer em uma espécie de “missão” em manter o frescor do que ambos propuseram combina com a curiosidade, que a continua levando a fazer estreias, como a do filme Em Três Atos, de Lúcia Murat, sobre o envelhecimento e a morte.

Chegar a São Paulo, em uma Ocupação que tem a curadoria compartilhada entre a pesquisadora AnaVitória e o Itaú Cultural, não é qualquer coisa, quando se trata de sua história. A cidade foi um marco na separação do casal Vianna, nos anos 1980. Klauss se mudou para a capital paulistana, assim como Rainer e Neide Neves, sua parceira de vida e trabalho, que também foram e instalaram uma escola na cidade. Angel escolheu permanecer no Rio de Janeiro, onde havia chegado em 1965. “Klauss falou que ia embora para experimentar São Paulo. E eu fiquei aqui, sozinha e inteira”, é o que conta Angel.

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“Sempre ouvi Angel falar que não tinha muita voz em São Paulo e acho que a Ocupação desmistifica a ideia de que a base do pensamento dos Viannas é apenas do Klauss”, afirma AnaVitória, que enfatiza a importância de acontecer em São Paulo, cidade, ainda hoje, pouco familiarizada com o trabalho da artista.

Angel é também conhecida por suas frases célebres, que dizem muito do seu pensamento sobre corpo e movimento: “O que eu mais gosto é de gente, e gente é como nuvem, sempre se transforma”, “O corpo é um filósofo”, “A sua história está escrita no seu corpo”. Desde os anos 1950, já trabalhava um olhar de acolhimento das diferenças, em uma época na qual a acessibilidade ainda não estava em pauta.

O eixo curatorial da Ocupação utiliza o tripé pedagógico que estrutura a FAV, cujo projeto de criação contou com a colaboração de Dulce Aquino, Helena Katz e AnaVitória: 1) educação, como acolhimento; 2) clínica, terapias de um corpo “desejante”; e 3) a Dança, a criação como ação no mundo.

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O corpo da mulher também é um dos motes. “Acho que uma outra questão importante é o corpo de uma bailarina tão longeva e tão corajosamente assumido em cena”, diz AnaVitória, que acredita que a exposição apresenta um olhar expandido do corpo que pode dançar ao público que ainda “acredita que bailarina é aquela que só dança enquanto levanta a perna e dá pirueta”.

“No ano passado, abrimos com a Laura Cardoso e, agora, a Angel, mais uma mulher, ativa, com idade avançada”, conta Galiana Brasil, gestora de Artes Cênicas do Itaú Cultural, demarcando a centralidade da questão, que já aparece na primeira ação da Ocupação: a instalação performática Ferida Sábia (2012), de AnaVitória, que discute os ciclos do corpo da mulher.

O público também poderá assistir a Angel em Amanhã É Outro Dia, de Norberto Presta, e no seu último trabalho, O Tempo Não Dá Tempo, no qual responde a Duda Maia, que assina a direção do espetáculo. Duda pergunta a Angel: “O que você acha do tempo?”. E ela, com mais de 70 anos de trabalho ininterrupto, responde: “O tempo, minha filha, o tempo não me dá tempo”. Esse tempo, implacável, é mais um dos muitos motivos para não se perder a chance de encontrar com Angel Vianna, cuja história continua em movimento.

Aos 90 anos, ativa no palco e na sala de aula, em constante movimento, Angel Vianna se instala em São Paulo, na 38.ª Ocupação Itaú Cultural, que começa nesta quarta, 28, e se estende até 29 de abril. Composta por Angel, Klauss (1928-1992) e Rainer (1958-1995), o filho único do casal, a família Vianna produziu um legado difícil de ser descrito, de tão marcante, tanto na dança como no teatro que se faz no Brasil. O trabalho dos três marcou todo o País de forma significativa, transformando seus ensinamentos em tradições, muitas vezes, dissonantes.

Mostra reúne fotos, vídeos, documentos, jornais e manuscritos de Angel Vianna Foto: Andre Seiti

Quando se trata da matriarca, Maria Ângela Abras ou Angel Vianna, como é conhecida, parece que nada do que pode ser dito é suficiente diante dos seus feitos pioneiros: estudos de anatomia, atuação no teatro de vanguarda, fundação de uma escola voltada ao movimento, depois estendida em uma faculdade, a FAV – Faculdade Angel Vianna, e muito mais. A força em conseguir transformar as perdas de Klauss e Rainer em uma espécie de “missão” em manter o frescor do que ambos propuseram combina com a curiosidade, que a continua levando a fazer estreias, como a do filme Em Três Atos, de Lúcia Murat, sobre o envelhecimento e a morte.

Chegar a São Paulo, em uma Ocupação que tem a curadoria compartilhada entre a pesquisadora AnaVitória e o Itaú Cultural, não é qualquer coisa, quando se trata de sua história. A cidade foi um marco na separação do casal Vianna, nos anos 1980. Klauss se mudou para a capital paulistana, assim como Rainer e Neide Neves, sua parceira de vida e trabalho, que também foram e instalaram uma escola na cidade. Angel escolheu permanecer no Rio de Janeiro, onde havia chegado em 1965. “Klauss falou que ia embora para experimentar São Paulo. E eu fiquei aqui, sozinha e inteira”, é o que conta Angel.

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“Sempre ouvi Angel falar que não tinha muita voz em São Paulo e acho que a Ocupação desmistifica a ideia de que a base do pensamento dos Viannas é apenas do Klauss”, afirma AnaVitória, que enfatiza a importância de acontecer em São Paulo, cidade, ainda hoje, pouco familiarizada com o trabalho da artista.

Angel é também conhecida por suas frases célebres, que dizem muito do seu pensamento sobre corpo e movimento: “O que eu mais gosto é de gente, e gente é como nuvem, sempre se transforma”, “O corpo é um filósofo”, “A sua história está escrita no seu corpo”. Desde os anos 1950, já trabalhava um olhar de acolhimento das diferenças, em uma época na qual a acessibilidade ainda não estava em pauta.

O eixo curatorial da Ocupação utiliza o tripé pedagógico que estrutura a FAV, cujo projeto de criação contou com a colaboração de Dulce Aquino, Helena Katz e AnaVitória: 1) educação, como acolhimento; 2) clínica, terapias de um corpo “desejante”; e 3) a Dança, a criação como ação no mundo.

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O corpo da mulher também é um dos motes. “Acho que uma outra questão importante é o corpo de uma bailarina tão longeva e tão corajosamente assumido em cena”, diz AnaVitória, que acredita que a exposição apresenta um olhar expandido do corpo que pode dançar ao público que ainda “acredita que bailarina é aquela que só dança enquanto levanta a perna e dá pirueta”.

“No ano passado, abrimos com a Laura Cardoso e, agora, a Angel, mais uma mulher, ativa, com idade avançada”, conta Galiana Brasil, gestora de Artes Cênicas do Itaú Cultural, demarcando a centralidade da questão, que já aparece na primeira ação da Ocupação: a instalação performática Ferida Sábia (2012), de AnaVitória, que discute os ciclos do corpo da mulher.

O público também poderá assistir a Angel em Amanhã É Outro Dia, de Norberto Presta, e no seu último trabalho, O Tempo Não Dá Tempo, no qual responde a Duda Maia, que assina a direção do espetáculo. Duda pergunta a Angel: “O que você acha do tempo?”. E ela, com mais de 70 anos de trabalho ininterrupto, responde: “O tempo, minha filha, o tempo não me dá tempo”. Esse tempo, implacável, é mais um dos muitos motivos para não se perder a chance de encontrar com Angel Vianna, cuja história continua em movimento.

Aos 90 anos, ativa no palco e na sala de aula, em constante movimento, Angel Vianna se instala em São Paulo, na 38.ª Ocupação Itaú Cultural, que começa nesta quarta, 28, e se estende até 29 de abril. Composta por Angel, Klauss (1928-1992) e Rainer (1958-1995), o filho único do casal, a família Vianna produziu um legado difícil de ser descrito, de tão marcante, tanto na dança como no teatro que se faz no Brasil. O trabalho dos três marcou todo o País de forma significativa, transformando seus ensinamentos em tradições, muitas vezes, dissonantes.

Mostra reúne fotos, vídeos, documentos, jornais e manuscritos de Angel Vianna Foto: Andre Seiti

Quando se trata da matriarca, Maria Ângela Abras ou Angel Vianna, como é conhecida, parece que nada do que pode ser dito é suficiente diante dos seus feitos pioneiros: estudos de anatomia, atuação no teatro de vanguarda, fundação de uma escola voltada ao movimento, depois estendida em uma faculdade, a FAV – Faculdade Angel Vianna, e muito mais. A força em conseguir transformar as perdas de Klauss e Rainer em uma espécie de “missão” em manter o frescor do que ambos propuseram combina com a curiosidade, que a continua levando a fazer estreias, como a do filme Em Três Atos, de Lúcia Murat, sobre o envelhecimento e a morte.

Chegar a São Paulo, em uma Ocupação que tem a curadoria compartilhada entre a pesquisadora AnaVitória e o Itaú Cultural, não é qualquer coisa, quando se trata de sua história. A cidade foi um marco na separação do casal Vianna, nos anos 1980. Klauss se mudou para a capital paulistana, assim como Rainer e Neide Neves, sua parceira de vida e trabalho, que também foram e instalaram uma escola na cidade. Angel escolheu permanecer no Rio de Janeiro, onde havia chegado em 1965. “Klauss falou que ia embora para experimentar São Paulo. E eu fiquei aqui, sozinha e inteira”, é o que conta Angel.

+++ Inspirado em Chiquinha Gonzaga, Ballet Stagium apresenta 'Fon Fon!'

“Sempre ouvi Angel falar que não tinha muita voz em São Paulo e acho que a Ocupação desmistifica a ideia de que a base do pensamento dos Viannas é apenas do Klauss”, afirma AnaVitória, que enfatiza a importância de acontecer em São Paulo, cidade, ainda hoje, pouco familiarizada com o trabalho da artista.

Angel é também conhecida por suas frases célebres, que dizem muito do seu pensamento sobre corpo e movimento: “O que eu mais gosto é de gente, e gente é como nuvem, sempre se transforma”, “O corpo é um filósofo”, “A sua história está escrita no seu corpo”. Desde os anos 1950, já trabalhava um olhar de acolhimento das diferenças, em uma época na qual a acessibilidade ainda não estava em pauta.

O eixo curatorial da Ocupação utiliza o tripé pedagógico que estrutura a FAV, cujo projeto de criação contou com a colaboração de Dulce Aquino, Helena Katz e AnaVitória: 1) educação, como acolhimento; 2) clínica, terapias de um corpo “desejante”; e 3) a Dança, a criação como ação no mundo.

+++ Temporada 2018 do Teatro Alfa traz de volta grupo de Pina Bausch

O corpo da mulher também é um dos motes. “Acho que uma outra questão importante é o corpo de uma bailarina tão longeva e tão corajosamente assumido em cena”, diz AnaVitória, que acredita que a exposição apresenta um olhar expandido do corpo que pode dançar ao público que ainda “acredita que bailarina é aquela que só dança enquanto levanta a perna e dá pirueta”.

“No ano passado, abrimos com a Laura Cardoso e, agora, a Angel, mais uma mulher, ativa, com idade avançada”, conta Galiana Brasil, gestora de Artes Cênicas do Itaú Cultural, demarcando a centralidade da questão, que já aparece na primeira ação da Ocupação: a instalação performática Ferida Sábia (2012), de AnaVitória, que discute os ciclos do corpo da mulher.

O público também poderá assistir a Angel em Amanhã É Outro Dia, de Norberto Presta, e no seu último trabalho, O Tempo Não Dá Tempo, no qual responde a Duda Maia, que assina a direção do espetáculo. Duda pergunta a Angel: “O que você acha do tempo?”. E ela, com mais de 70 anos de trabalho ininterrupto, responde: “O tempo, minha filha, o tempo não me dá tempo”. Esse tempo, implacável, é mais um dos muitos motivos para não se perder a chance de encontrar com Angel Vianna, cuja história continua em movimento.

Aos 90 anos, ativa no palco e na sala de aula, em constante movimento, Angel Vianna se instala em São Paulo, na 38.ª Ocupação Itaú Cultural, que começa nesta quarta, 28, e se estende até 29 de abril. Composta por Angel, Klauss (1928-1992) e Rainer (1958-1995), o filho único do casal, a família Vianna produziu um legado difícil de ser descrito, de tão marcante, tanto na dança como no teatro que se faz no Brasil. O trabalho dos três marcou todo o País de forma significativa, transformando seus ensinamentos em tradições, muitas vezes, dissonantes.

Mostra reúne fotos, vídeos, documentos, jornais e manuscritos de Angel Vianna Foto: Andre Seiti

Quando se trata da matriarca, Maria Ângela Abras ou Angel Vianna, como é conhecida, parece que nada do que pode ser dito é suficiente diante dos seus feitos pioneiros: estudos de anatomia, atuação no teatro de vanguarda, fundação de uma escola voltada ao movimento, depois estendida em uma faculdade, a FAV – Faculdade Angel Vianna, e muito mais. A força em conseguir transformar as perdas de Klauss e Rainer em uma espécie de “missão” em manter o frescor do que ambos propuseram combina com a curiosidade, que a continua levando a fazer estreias, como a do filme Em Três Atos, de Lúcia Murat, sobre o envelhecimento e a morte.

Chegar a São Paulo, em uma Ocupação que tem a curadoria compartilhada entre a pesquisadora AnaVitória e o Itaú Cultural, não é qualquer coisa, quando se trata de sua história. A cidade foi um marco na separação do casal Vianna, nos anos 1980. Klauss se mudou para a capital paulistana, assim como Rainer e Neide Neves, sua parceira de vida e trabalho, que também foram e instalaram uma escola na cidade. Angel escolheu permanecer no Rio de Janeiro, onde havia chegado em 1965. “Klauss falou que ia embora para experimentar São Paulo. E eu fiquei aqui, sozinha e inteira”, é o que conta Angel.

+++ Inspirado em Chiquinha Gonzaga, Ballet Stagium apresenta 'Fon Fon!'

“Sempre ouvi Angel falar que não tinha muita voz em São Paulo e acho que a Ocupação desmistifica a ideia de que a base do pensamento dos Viannas é apenas do Klauss”, afirma AnaVitória, que enfatiza a importância de acontecer em São Paulo, cidade, ainda hoje, pouco familiarizada com o trabalho da artista.

Angel é também conhecida por suas frases célebres, que dizem muito do seu pensamento sobre corpo e movimento: “O que eu mais gosto é de gente, e gente é como nuvem, sempre se transforma”, “O corpo é um filósofo”, “A sua história está escrita no seu corpo”. Desde os anos 1950, já trabalhava um olhar de acolhimento das diferenças, em uma época na qual a acessibilidade ainda não estava em pauta.

O eixo curatorial da Ocupação utiliza o tripé pedagógico que estrutura a FAV, cujo projeto de criação contou com a colaboração de Dulce Aquino, Helena Katz e AnaVitória: 1) educação, como acolhimento; 2) clínica, terapias de um corpo “desejante”; e 3) a Dança, a criação como ação no mundo.

+++ Temporada 2018 do Teatro Alfa traz de volta grupo de Pina Bausch

O corpo da mulher também é um dos motes. “Acho que uma outra questão importante é o corpo de uma bailarina tão longeva e tão corajosamente assumido em cena”, diz AnaVitória, que acredita que a exposição apresenta um olhar expandido do corpo que pode dançar ao público que ainda “acredita que bailarina é aquela que só dança enquanto levanta a perna e dá pirueta”.

“No ano passado, abrimos com a Laura Cardoso e, agora, a Angel, mais uma mulher, ativa, com idade avançada”, conta Galiana Brasil, gestora de Artes Cênicas do Itaú Cultural, demarcando a centralidade da questão, que já aparece na primeira ação da Ocupação: a instalação performática Ferida Sábia (2012), de AnaVitória, que discute os ciclos do corpo da mulher.

O público também poderá assistir a Angel em Amanhã É Outro Dia, de Norberto Presta, e no seu último trabalho, O Tempo Não Dá Tempo, no qual responde a Duda Maia, que assina a direção do espetáculo. Duda pergunta a Angel: “O que você acha do tempo?”. E ela, com mais de 70 anos de trabalho ininterrupto, responde: “O tempo, minha filha, o tempo não me dá tempo”. Esse tempo, implacável, é mais um dos muitos motivos para não se perder a chance de encontrar com Angel Vianna, cuja história continua em movimento.

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