Contrariando uma quase regra da família, em que a carreira médica era a melhor escolha, Luiz Andreoli, de 55 anos, optou por seguir outros caminhos e se aventurar no jornalismo. Com 30 anos de profissão e prestes a voltar para a TV "em uma grande emissora", ele soube muito bem como "contaminar" os três filhos, que têm trabalhos ligados à comunicação.
Felipe, o primogênito, é o que mais seguiu os passos do pai. Com experiência no jornalismo esportivo, ele ganhou lugar entre os integrantes do CQC, participou da cobertura da Olimpíada de Pequim e da Copa do Mundo da África - e acumula experiências desde criança. "Como meus pais são separados, eu tinha de ficar um fim de semana com ele e ia para a TV, acompanhá-lo. Eu já tinha muita noção daquilo tudo por essa vivência. Nunca pensei em fazer outra coisa, sempre pensei em fazer o que ele fazia", explica Felipe, que aproveitava para circular entre os estúdios e ver Fofão, Balão Mágico e companhia.
Enquanto o pai Luiz se firmava como um dos grandes nomes do jornalismo esportivo nas décadas de 1980 e 1990, o ainda pequeno Felipe não perdia a oportunidade de fazer inveja aos amigos. "Meu pai me levava pra conhecer alguns jogadores, como o Neto, e depois eu chegava na escola contando tudo para os meninos."
O repórter do CQC lembra ainda que, certa vez, já com 10 anos, teve uma gastrite hemorrágica e ficou vários dias de cama. Sua companhia nas madrugadas era o pai, que participava das transmissões dos Goodwill Games, pela Band. "Aquilo, de certa forma, me ajudava. Até o Silvio Luiz mandava recado pra mim na TV", lembra Felipe.
Quando começou a trabalhar, na Record, levado pelas mãos do pai, Felipe teve de passar por todas as etapas dentro da empresa e não nega que o "QI" ("quem indica") foi essencial para sua carreira, mas garante que só isso não seria suficiente.
"A história dele acabou me ajudando muito. Mas em todos os lugares em que trabalhei, fui subindo. Você pode ter uma largada melhor, mas a continuidade depende de você. Comecei na Record como auxiliar de produção de programas da Igreja Universal, e foi onde aprendi tudo. Depois fui repórter na Rede Gospel. Nunca ouvi nada por ser filho de quem sou, nunca dei brecha pra isso".
Trajetória. Dos "causos" que o pai conta, Felipe absorve aprendizado. Com passagens pelas bancadas dos principais programas de emissoras como Globo, Band e Record, Luiz Andreoli acumula um tanto de histórias com grandes nomes do esporte. Algumas delas devem virar livro até o fim do ano. Outras, ele contou ao Estado, como quando conversava com Ayrton Senna, na casa do piloto, em 1993.
"Perguntei a ele se não tinha medo de morrer na pista. Ele disse que não, que aquilo nunca iria acontecer porque ele estava sempre na frente, e essas coisas só aconteciam lá atrás", lembra Luiz.
Outra vez, fez uma reportagem para o Jornal Nacional sobre a despedida do jogador Sócrates, que deixava o Brasil para jogar na Fioretino, da Itália. Mas o atacante não gostou muito, não. "Ele ficou bravo comigo porque, no vídeo, apareciam os filhos se despedindo do País, já falando italiano. Ele tinha medo de sequestro...", conta.
E ainda tem quem se lembre de uma entrevista em que Renato Gaúcho, jogador-galanteador, se declarava não só para uma, mas para algumas moças (assista: http://migre.me/5t1UZ). Tal pai, tal filho?