Débora Falabella iniciava o trabalho de gravações da segunda temporada de Aruanas quando o Brasil começou a desacelerar, por conta da pandemia. Com a produção parada, ela se isolou em casa, em São Paulo. Começou a (re)ver Avenida Brasil, no Vale a Pena Ver de Novo. “Quando a gente está gravando não tem distanciamento. Se a gente vê, é para corrigir defeitos. Agora, finalmente estou conseguindo ver como espectadora.” Estava - Avenida Brasil terminou na sexta, 1.º.
Na terça passada, 28, a primeira temporada de Aruanas chegou à TV aberta – já estava disponível, completa, no GloboPlay. Nesta terça, 5, passa o segundo capítulo – a questão ambiental está no ar. Quando conversou com o Estado – pelo telefone, claro -, Débora deu um tempo no trabalho atual. Não é mulher de ficar parada. Com um filme previsto para estrear em abril, e adiado, claro - Depois a Louca Sou Eu, de Júlia Rezende, baseado no livro de Tati Bernardi -, ela teve a ideia. “Nunca fui ativa nessa coisa de redes sociais, mas tinha curiosidade de ver se era possível criar alguma dramaturgia com essas ferramentas. O livro é sobre uma mulher que sofre de transtorno de ansiedade. Propus a Júlia que fizéssemos um spinoff. Como seria o cotidiano dessa mulher no isolamento social?”
E foi assim que surgiu a websérie Diário da Quarentena, derivada de Depois a Louca Sou Eu. Débora troca ideias com a diretora, o roteirista Gustavo Lipszterin escreve o texto e ela grava em casa, com o próprio celular. Os quatro primeiros episódios atingiram mais de 3,3 milhões de views – e 5.344 mil pessoas - no Facebook e no IGTV do Instagram. “A gente começou a gravar de forma despretensiosa, e foi dando certo. Ainda estamos tentando entender como isso poderá fortalecer o cinema, quando a situação se normalizar. O que estamos fazendo é uma forma de tornar a personagem conhecida, para quando tudo isso passar e as pessoas tiverem vontade de voltar ao cinema, ao teatro e consumir cultura.”
Como todo mundo, Débora tinha planos que a pandemia atropelou neste 2020. Encerradas, em junho, as gravações de Aruanas 2, ela ia para Portugal com seu grupo de teatro. “Íamos festejar 15 anos montando peças do repertório.” Agora, terá de esperar. A prioridade, por enquanto, será retomar as gravações de Aruanas. A série é uma criação de Estela Renner e Marcos Nisti, com a colaboração de Carolina Kotscho. “Gosto muito desse trabalho, acho que é necessário no Brasil. O meio ambiente todo dia é agredido com desmatamento, garimpos ilegais e os ataques aos povos indígenas.” A Amazônia, de novo, na segunda temporada? “Não, temos agora São Paulo e a poluição urbana, que também é urgente” E como é gravar com Leandra Leal e Taís Araújo? “Ficamos muito próximas, e o bom da série é que não tem só o meio-ambiente. Tem as histórias de cada uma dessas mulheres e a interação entre elas. Mas somos quatro, tem também a Thainá Duarte, que é muito talentosa.” Da segunda temporada participam Lima Duarte, Lázaro Ramos e Daniel de Oliveira.
Parcerias, um bom gancho para ainda se falar de Avenida Brasil. A novela de João Emanuel Carneiro marcou época não apenas pela teledramarturgia, mas também pela direção de Amora Mautner e José Luiz Villamarim. Ficaram famosas as cenas de refeições na mansão de Tufão/Murilo Benício, quando todo mundo falava ao mesmo tempo, à mesa. “Em muitas cenas eu, como a Nina, servindo todas aquelas pessoas, ficava numa condição privilegiada de observadora, vendo todo mundo atuar. Era uma verdadeira escola. Já havia participado de outras novelas, estive no Clone, que também fez sucesso, mas Avenida Brasil mexeu muito com as pessoas. Adriana Esteves fez história como Carminha. E até hoje tem gente que me identifica como a Nina.”