Este ano marca o centenário do Nosferatu de F. W. Murnau, muito tempo para nós humanos, mas apenas um piscar de olhos para os vampiros.
Se você quer comemorar o aniversário desse clássico do cinema mudo, que ainda lança uma longa e sinistra sombra sobre todos os filmes de vampiros que se seguiram, você pode fazê-lo com o que talvez seja exatamente o oposto: Day Shift, a nova comédia de ação da Netflix, com Jamie Foxx no papel de um caçador de vampiros do Vale de San Fernando.
Day Shift, que estreia na sexta-feira, tem objetivos muito mais próximos a algo como Zombieland do que Murnau. Foxx interpreta Bud Jablonski, pai divorciado e trabalhador de Los Angeles que limpa piscinas como disfarce para seu verdadeiro trabalho: caçar vampiros. Eles parecem ser especialmente populosos no Vale de San Fernando, o que talvez não seja surpreendente para os californianos, mas é o mais distante que você pode ver das origens aristocráticas e europeias do gênero.
De todo jeito, Day Shift não está muito interessado em vampiros. Eles são principalmente uma bucha de canhão para Bud, caçador veterano que é muito bom em matá-los, mas significativamente pior em esconder sua verdadeira ocupação. Ele está morando sozinho, pois sua esposa (Meagan Good), desconfiada de suas desculpas, o pôs para fora de casa. Agora ela está pronta para se mudar para longe de Los Angeles com sua filha de 10 anos (Zion Broadnax), a menos que Bud consiga US$ 10.000 em uma semana para pagar mensalidades escolares e aparelhos dentais.
Mas Bud está vivendo da mão para a boca. Ele ganha dinheiro vendendo dentes de vampiro para uma loja de penhores. Dirige uma caminhonete turquesa e vive com trancas nas portas em um complexo de apartamentos decadente que horroriza sua ex. Ela ouve que uma estrela pornô acabou de se mudar. “Elas estão entre nós”, explica Bud.
Day Shift, estreia na direção do ex-dublê J.J. Perry e escrito por Tyler Tice e Shay Hatten, roteirista de ‘Army of the Dead: Invasão em Las Vegas’, enfiou uma história familiar – um pai solteiro tentando provar seu valor – dentro de um filme de vampiros. Em algum lugar também há um comentário trabalhista: Bud é expulso do sindicato dos caçadores de vampiros e depois tenta voltar para garantir taxas mais altas por suas mortes.
Mas a subtrama do sindicato serve menos para expor um argumento social do que para fornecer a Bud um parceiro engraçado. Depois que outro caçador, Big John (Snoop Dogg), ajuda Bud a voltar ao sindicato, um representante sindical (Dave Franco) é designado para monitorar e andar junto com Bud. Como o ajudante engomadinho e aterrorizado com vampiros, mas bem informado sobre eles, Franco é um bom contraste para Foxx.
Day Shift dá uma sensação de insuficiência, mas nem sempre é desagradável. O enredo da família é o mais básico possível. O cenário de comédia de parceiros – com piadas sobre a saga ‘Crepúsculo’ – também é bem padrão. Day Shift às vezes lembra um episódio razoável de Buffy, a Caça-Vampiros.
No entanto, a vibe meio descuidada de Day Shift tem seus encantos. Ele foi construído quase perfeitamente para ser o tipo de coisa que você pode acabar vendo depois de ficar rolando e clicando distraidamente à procura de alguma coisa para assistir na Netflix. Isso se deve em grande parte a Foxx, cujo timing cômico continua afiado, e a personagens de apoio como Snoop e Peter Stormare, que parecem estar se divertindo muito. Finamente esboçado para ser o que é, ‘Day Shift’ tem uma vibe retrô. Não Nosferatu-retro, mas uma coisa mais anos 1980. Quer ver Jamie Foxx atirando em vampiros? Bom, você está com sorte. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU