Justiça proibiu ‘Mister M’ de ir ao ar pela Globo em 1999; entenda o porquê


Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico conseguiram liminar contra a emissora alegando concorrência desleal do ilusionista, deixando o quadro fora do ar por um mês

Por André Carlos Zorzi

Mister M não revelava seu rosto ou quem era, mas foi uma das figuras mais marcantes do Fantástico no fim dos anos 1990. Com narração de Cid Moreira, o ilusionista Val Valentino encenava truques impressionantes para, em seguida, revelá-los no ar - o que gerou a fúria de mágicos e levou a Globo a ser proibida de exibir o quadro pela Justiça brasileira.

Neste domingo, 20, o Fantástico, em mais uma reportagem das comemorações aos 50 anos de sua estreia, promove um reencontro entre Cid Moreira, hoje com 96 anos, e Leonard Montano, nome de batismo de Val Valentino, o Mister M - que recentemente passou por dificuldades financeiras e tratou um câncer.

Mister M e Cid Moreira em foto de 2001 Foto: Globo/Divulgação
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Por que Mister M virou um problema de Justiça para a Globo?

As primeiras aparições do personagem se deram na TV dos Estados Unidos, pela Fox, que lançou o Breaking the Magician’s Code: Magic’s Biggest Secrets Finally Revealed em 1997. Tempos depois, a Globo adquiriu os direitos de exibição no Brasil e, em 9 de janeiro passou a levar o quadro ao ar no Fantástico, com o nome de Mister M.

Não demorou muito para que profissionais da área ‘atacada’ pelo ilusionista se revoltassem. No Rio Grande do Sul, algumasdezenas se reuniram e formaram a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico, e buscaram auxílio para adotar medidas jurídicas.

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A reclamação tinha base no abuso de direito e na concorrência desleal. O pensamento era de que os truques dos mágicos seriam segredos profissionais, e os artistas da área estariam no mesmo campo que a Globo, o da diversão pública.

“A lei Anti-Truste proíbe a atuação no mercado de forma a impedir ou eliminar a concorrência. E é isso que a Globo está fazendo ao revelar os segredos da profissão”, dizia o advogado do grupo, Márcio Puggina, à Folha.

Mister M ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha durante entrevista coletiva no Hotel Intercontinental em julho de 1999, época em que seu quadro ia ao ar no 'Fantástico' Foto: Otávio Magalhães/Estadão
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A revolta dos mágicos com Mister M

Ao Jornal da Tarde, ele destacava: “O direito da Globo em veicular o Mister M vai até onde começam os direitos dos mágicos em preservar sua profissão, que é regulamentada em lei. E a profissão do mágico é o exercício de uma arte cênica, cuja essência é o ilusionismo, portanto não existe nenhuma farsa”.

“Quando a Globo exibia o David Copperfield, nenhum mágico reclamava, pois era uma concorrência leal. Esta do Mister M não é”, continuava.

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O mágico Paulo Roberto Martins, conhecido à época como Tio Tony, era um dos representantes mais proativos da associação, ele próprio com trajetória na televisão em canais como a Band e a TV Urbana.

“Ele [Mister M] provoca um abalo reputacional! Antes, todos falavam: ‘Uau, como ele faz isso?’. Agora, me chamam de enganador! Onde está o respeito profissional? A Globo quis gerar polêmica, mas está nos destruindo”, lamentava.

Mister M durante coletiva no hotel Maksoud Plaza em agosto de 1999, ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha. À época, o astro do 'Fantástico' se apresentaria na casa de shows Olympia. Foto: Katia Tamanha/Estadão
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Liminar da Justiça tirou Mister M do ar

Em 20 de março de 1999, um sábado, a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico conseguiu uma grande vitória: a juiza Gislene Anne Vieira Picos, de Porto Alegre, deferiu uma liminar proibindo a exibição dos quadros com Mister M no Fantástico. A cada caso de descuprimento, seria aplicada uma multa de R$ 1 milhão.

“Havia perigo de demora e dano ao direito. O mágico vive desses truques. Havia risco de perda de interesse por parte do público. O risco de prejuizo era sério” justificava a juiza, na ocasião.

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Às vésperas do programa seguinte ir ao ar, a emissora entrou com agravo de instrumento pela suspensão da liminar, mas o pedido foi negado pela desembargadora Maria Dias de Castro Bins. Restou ao apresentador Pedro Bial explicar ao público que o Mister M não seria exibido por uma decisão judicial.

Ao todo, foram quatro programas impedidos de ir ao ar pela Justiça, entre 21 de março e 11 de abril de 1999. Posteriormente, o mágico pôde voltar à programação do Fantástico, onde permaneceu até setembro daquele ano.

Não foi, porém, o fim das críticas ou polêmicas. Em maio de 2003, por exemplo, a Globo foi condenada a pagar uma indenização por danos morais a 21 mágicos gaúchos que perderam o emprego à época em que o programa foi ao ar. Val Valentino também foi expulso de associações de mágicos e respondeu a processos judiciais nos Estados Unidos.

Como é o rosto do Mister M?

Mistério naqueles tempos, o rosto de Mister M foi revelado com ar de notícia bombástica por Gugu Liberato num Domingo Legal. Posteriormente, Val Valentino fez diversas aparições na mídia mostrando sua verdadeira face, como no programa The Noite (confira abaixo).

Mister M não revelava seu rosto ou quem era, mas foi uma das figuras mais marcantes do Fantástico no fim dos anos 1990. Com narração de Cid Moreira, o ilusionista Val Valentino encenava truques impressionantes para, em seguida, revelá-los no ar - o que gerou a fúria de mágicos e levou a Globo a ser proibida de exibir o quadro pela Justiça brasileira.

Neste domingo, 20, o Fantástico, em mais uma reportagem das comemorações aos 50 anos de sua estreia, promove um reencontro entre Cid Moreira, hoje com 96 anos, e Leonard Montano, nome de batismo de Val Valentino, o Mister M - que recentemente passou por dificuldades financeiras e tratou um câncer.

Mister M e Cid Moreira em foto de 2001 Foto: Globo/Divulgação

Por que Mister M virou um problema de Justiça para a Globo?

As primeiras aparições do personagem se deram na TV dos Estados Unidos, pela Fox, que lançou o Breaking the Magician’s Code: Magic’s Biggest Secrets Finally Revealed em 1997. Tempos depois, a Globo adquiriu os direitos de exibição no Brasil e, em 9 de janeiro passou a levar o quadro ao ar no Fantástico, com o nome de Mister M.

Não demorou muito para que profissionais da área ‘atacada’ pelo ilusionista se revoltassem. No Rio Grande do Sul, algumasdezenas se reuniram e formaram a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico, e buscaram auxílio para adotar medidas jurídicas.

A reclamação tinha base no abuso de direito e na concorrência desleal. O pensamento era de que os truques dos mágicos seriam segredos profissionais, e os artistas da área estariam no mesmo campo que a Globo, o da diversão pública.

“A lei Anti-Truste proíbe a atuação no mercado de forma a impedir ou eliminar a concorrência. E é isso que a Globo está fazendo ao revelar os segredos da profissão”, dizia o advogado do grupo, Márcio Puggina, à Folha.

Mister M ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha durante entrevista coletiva no Hotel Intercontinental em julho de 1999, época em que seu quadro ia ao ar no 'Fantástico' Foto: Otávio Magalhães/Estadão

A revolta dos mágicos com Mister M

Ao Jornal da Tarde, ele destacava: “O direito da Globo em veicular o Mister M vai até onde começam os direitos dos mágicos em preservar sua profissão, que é regulamentada em lei. E a profissão do mágico é o exercício de uma arte cênica, cuja essência é o ilusionismo, portanto não existe nenhuma farsa”.

“Quando a Globo exibia o David Copperfield, nenhum mágico reclamava, pois era uma concorrência leal. Esta do Mister M não é”, continuava.

O mágico Paulo Roberto Martins, conhecido à época como Tio Tony, era um dos representantes mais proativos da associação, ele próprio com trajetória na televisão em canais como a Band e a TV Urbana.

“Ele [Mister M] provoca um abalo reputacional! Antes, todos falavam: ‘Uau, como ele faz isso?’. Agora, me chamam de enganador! Onde está o respeito profissional? A Globo quis gerar polêmica, mas está nos destruindo”, lamentava.

Mister M durante coletiva no hotel Maksoud Plaza em agosto de 1999, ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha. À época, o astro do 'Fantástico' se apresentaria na casa de shows Olympia. Foto: Katia Tamanha/Estadão

Liminar da Justiça tirou Mister M do ar

Em 20 de março de 1999, um sábado, a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico conseguiu uma grande vitória: a juiza Gislene Anne Vieira Picos, de Porto Alegre, deferiu uma liminar proibindo a exibição dos quadros com Mister M no Fantástico. A cada caso de descuprimento, seria aplicada uma multa de R$ 1 milhão.

“Havia perigo de demora e dano ao direito. O mágico vive desses truques. Havia risco de perda de interesse por parte do público. O risco de prejuizo era sério” justificava a juiza, na ocasião.

Às vésperas do programa seguinte ir ao ar, a emissora entrou com agravo de instrumento pela suspensão da liminar, mas o pedido foi negado pela desembargadora Maria Dias de Castro Bins. Restou ao apresentador Pedro Bial explicar ao público que o Mister M não seria exibido por uma decisão judicial.

Ao todo, foram quatro programas impedidos de ir ao ar pela Justiça, entre 21 de março e 11 de abril de 1999. Posteriormente, o mágico pôde voltar à programação do Fantástico, onde permaneceu até setembro daquele ano.

Não foi, porém, o fim das críticas ou polêmicas. Em maio de 2003, por exemplo, a Globo foi condenada a pagar uma indenização por danos morais a 21 mágicos gaúchos que perderam o emprego à época em que o programa foi ao ar. Val Valentino também foi expulso de associações de mágicos e respondeu a processos judiciais nos Estados Unidos.

Como é o rosto do Mister M?

Mistério naqueles tempos, o rosto de Mister M foi revelado com ar de notícia bombástica por Gugu Liberato num Domingo Legal. Posteriormente, Val Valentino fez diversas aparições na mídia mostrando sua verdadeira face, como no programa The Noite (confira abaixo).

Mister M não revelava seu rosto ou quem era, mas foi uma das figuras mais marcantes do Fantástico no fim dos anos 1990. Com narração de Cid Moreira, o ilusionista Val Valentino encenava truques impressionantes para, em seguida, revelá-los no ar - o que gerou a fúria de mágicos e levou a Globo a ser proibida de exibir o quadro pela Justiça brasileira.

Neste domingo, 20, o Fantástico, em mais uma reportagem das comemorações aos 50 anos de sua estreia, promove um reencontro entre Cid Moreira, hoje com 96 anos, e Leonard Montano, nome de batismo de Val Valentino, o Mister M - que recentemente passou por dificuldades financeiras e tratou um câncer.

Mister M e Cid Moreira em foto de 2001 Foto: Globo/Divulgação

Por que Mister M virou um problema de Justiça para a Globo?

As primeiras aparições do personagem se deram na TV dos Estados Unidos, pela Fox, que lançou o Breaking the Magician’s Code: Magic’s Biggest Secrets Finally Revealed em 1997. Tempos depois, a Globo adquiriu os direitos de exibição no Brasil e, em 9 de janeiro passou a levar o quadro ao ar no Fantástico, com o nome de Mister M.

Não demorou muito para que profissionais da área ‘atacada’ pelo ilusionista se revoltassem. No Rio Grande do Sul, algumasdezenas se reuniram e formaram a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico, e buscaram auxílio para adotar medidas jurídicas.

A reclamação tinha base no abuso de direito e na concorrência desleal. O pensamento era de que os truques dos mágicos seriam segredos profissionais, e os artistas da área estariam no mesmo campo que a Globo, o da diversão pública.

“A lei Anti-Truste proíbe a atuação no mercado de forma a impedir ou eliminar a concorrência. E é isso que a Globo está fazendo ao revelar os segredos da profissão”, dizia o advogado do grupo, Márcio Puggina, à Folha.

Mister M ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha durante entrevista coletiva no Hotel Intercontinental em julho de 1999, época em que seu quadro ia ao ar no 'Fantástico' Foto: Otávio Magalhães/Estadão

A revolta dos mágicos com Mister M

Ao Jornal da Tarde, ele destacava: “O direito da Globo em veicular o Mister M vai até onde começam os direitos dos mágicos em preservar sua profissão, que é regulamentada em lei. E a profissão do mágico é o exercício de uma arte cênica, cuja essência é o ilusionismo, portanto não existe nenhuma farsa”.

“Quando a Globo exibia o David Copperfield, nenhum mágico reclamava, pois era uma concorrência leal. Esta do Mister M não é”, continuava.

O mágico Paulo Roberto Martins, conhecido à época como Tio Tony, era um dos representantes mais proativos da associação, ele próprio com trajetória na televisão em canais como a Band e a TV Urbana.

“Ele [Mister M] provoca um abalo reputacional! Antes, todos falavam: ‘Uau, como ele faz isso?’. Agora, me chamam de enganador! Onde está o respeito profissional? A Globo quis gerar polêmica, mas está nos destruindo”, lamentava.

Mister M durante coletiva no hotel Maksoud Plaza em agosto de 1999, ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha. À época, o astro do 'Fantástico' se apresentaria na casa de shows Olympia. Foto: Katia Tamanha/Estadão

Liminar da Justiça tirou Mister M do ar

Em 20 de março de 1999, um sábado, a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico conseguiu uma grande vitória: a juiza Gislene Anne Vieira Picos, de Porto Alegre, deferiu uma liminar proibindo a exibição dos quadros com Mister M no Fantástico. A cada caso de descuprimento, seria aplicada uma multa de R$ 1 milhão.

“Havia perigo de demora e dano ao direito. O mágico vive desses truques. Havia risco de perda de interesse por parte do público. O risco de prejuizo era sério” justificava a juiza, na ocasião.

Às vésperas do programa seguinte ir ao ar, a emissora entrou com agravo de instrumento pela suspensão da liminar, mas o pedido foi negado pela desembargadora Maria Dias de Castro Bins. Restou ao apresentador Pedro Bial explicar ao público que o Mister M não seria exibido por uma decisão judicial.

Ao todo, foram quatro programas impedidos de ir ao ar pela Justiça, entre 21 de março e 11 de abril de 1999. Posteriormente, o mágico pôde voltar à programação do Fantástico, onde permaneceu até setembro daquele ano.

Não foi, porém, o fim das críticas ou polêmicas. Em maio de 2003, por exemplo, a Globo foi condenada a pagar uma indenização por danos morais a 21 mágicos gaúchos que perderam o emprego à época em que o programa foi ao ar. Val Valentino também foi expulso de associações de mágicos e respondeu a processos judiciais nos Estados Unidos.

Como é o rosto do Mister M?

Mistério naqueles tempos, o rosto de Mister M foi revelado com ar de notícia bombástica por Gugu Liberato num Domingo Legal. Posteriormente, Val Valentino fez diversas aparições na mídia mostrando sua verdadeira face, como no programa The Noite (confira abaixo).

Mister M não revelava seu rosto ou quem era, mas foi uma das figuras mais marcantes do Fantástico no fim dos anos 1990. Com narração de Cid Moreira, o ilusionista Val Valentino encenava truques impressionantes para, em seguida, revelá-los no ar - o que gerou a fúria de mágicos e levou a Globo a ser proibida de exibir o quadro pela Justiça brasileira.

Neste domingo, 20, o Fantástico, em mais uma reportagem das comemorações aos 50 anos de sua estreia, promove um reencontro entre Cid Moreira, hoje com 96 anos, e Leonard Montano, nome de batismo de Val Valentino, o Mister M - que recentemente passou por dificuldades financeiras e tratou um câncer.

Mister M e Cid Moreira em foto de 2001 Foto: Globo/Divulgação

Por que Mister M virou um problema de Justiça para a Globo?

As primeiras aparições do personagem se deram na TV dos Estados Unidos, pela Fox, que lançou o Breaking the Magician’s Code: Magic’s Biggest Secrets Finally Revealed em 1997. Tempos depois, a Globo adquiriu os direitos de exibição no Brasil e, em 9 de janeiro passou a levar o quadro ao ar no Fantástico, com o nome de Mister M.

Não demorou muito para que profissionais da área ‘atacada’ pelo ilusionista se revoltassem. No Rio Grande do Sul, algumasdezenas se reuniram e formaram a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico, e buscaram auxílio para adotar medidas jurídicas.

A reclamação tinha base no abuso de direito e na concorrência desleal. O pensamento era de que os truques dos mágicos seriam segredos profissionais, e os artistas da área estariam no mesmo campo que a Globo, o da diversão pública.

“A lei Anti-Truste proíbe a atuação no mercado de forma a impedir ou eliminar a concorrência. E é isso que a Globo está fazendo ao revelar os segredos da profissão”, dizia o advogado do grupo, Márcio Puggina, à Folha.

Mister M ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha durante entrevista coletiva no Hotel Intercontinental em julho de 1999, época em que seu quadro ia ao ar no 'Fantástico' Foto: Otávio Magalhães/Estadão

A revolta dos mágicos com Mister M

Ao Jornal da Tarde, ele destacava: “O direito da Globo em veicular o Mister M vai até onde começam os direitos dos mágicos em preservar sua profissão, que é regulamentada em lei. E a profissão do mágico é o exercício de uma arte cênica, cuja essência é o ilusionismo, portanto não existe nenhuma farsa”.

“Quando a Globo exibia o David Copperfield, nenhum mágico reclamava, pois era uma concorrência leal. Esta do Mister M não é”, continuava.

O mágico Paulo Roberto Martins, conhecido à época como Tio Tony, era um dos representantes mais proativos da associação, ele próprio com trajetória na televisão em canais como a Band e a TV Urbana.

“Ele [Mister M] provoca um abalo reputacional! Antes, todos falavam: ‘Uau, como ele faz isso?’. Agora, me chamam de enganador! Onde está o respeito profissional? A Globo quis gerar polêmica, mas está nos destruindo”, lamentava.

Mister M durante coletiva no hotel Maksoud Plaza em agosto de 1999, ao lado de suas assistentes Kathryn e Natasha. À época, o astro do 'Fantástico' se apresentaria na casa de shows Olympia. Foto: Katia Tamanha/Estadão

Liminar da Justiça tirou Mister M do ar

Em 20 de março de 1999, um sábado, a Associação dos Mágicos Gaúchos Vítimas do Programa Fantástico conseguiu uma grande vitória: a juiza Gislene Anne Vieira Picos, de Porto Alegre, deferiu uma liminar proibindo a exibição dos quadros com Mister M no Fantástico. A cada caso de descuprimento, seria aplicada uma multa de R$ 1 milhão.

“Havia perigo de demora e dano ao direito. O mágico vive desses truques. Havia risco de perda de interesse por parte do público. O risco de prejuizo era sério” justificava a juiza, na ocasião.

Às vésperas do programa seguinte ir ao ar, a emissora entrou com agravo de instrumento pela suspensão da liminar, mas o pedido foi negado pela desembargadora Maria Dias de Castro Bins. Restou ao apresentador Pedro Bial explicar ao público que o Mister M não seria exibido por uma decisão judicial.

Ao todo, foram quatro programas impedidos de ir ao ar pela Justiça, entre 21 de março e 11 de abril de 1999. Posteriormente, o mágico pôde voltar à programação do Fantástico, onde permaneceu até setembro daquele ano.

Não foi, porém, o fim das críticas ou polêmicas. Em maio de 2003, por exemplo, a Globo foi condenada a pagar uma indenização por danos morais a 21 mágicos gaúchos que perderam o emprego à época em que o programa foi ao ar. Val Valentino também foi expulso de associações de mágicos e respondeu a processos judiciais nos Estados Unidos.

Como é o rosto do Mister M?

Mistério naqueles tempos, o rosto de Mister M foi revelado com ar de notícia bombástica por Gugu Liberato num Domingo Legal. Posteriormente, Val Valentino fez diversas aparições na mídia mostrando sua verdadeira face, como no programa The Noite (confira abaixo).

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