Por que é tão difícil ter uma casa como as dos programas de reforma da TV? Especialistas dão dicas


Atrações nacionais e internacionais, como ‘Decora’ ou Irmãos à Obra’, são famosas por transformarem ambientes de forma radical e em tempo recorde, mas nem tudo pode ser aplicado na prática em todas as casas

Por Marcelo Lima
Atualização:
Salas com 'conceito aberto' são famosas nos programas de decoração na TV. Foto: slavun/Adobe Stock

Reality shows sobre decoração são sedutores. De fato, é encantador ver como todo um ambiente pode ser transformado de uma forma tão radical e em tão pouco tempo. Pintura, móveis, acessórios. Tudo brilhante, novinho em folha, pronto para ser usado e, o que é melhor, concluído em tempo recorde. Não surpreende, portanto, que eles tenham conquistado um público cativo. E venham motivando tantas reformas.

Para quem está em busca de inspiração para construir ou reformar – ou prefere acompanhar o desenrolar de uma obra sem sair do conforto de sua cama ou sofá –, o cardápio é farto. Além de atrações ainda no ar, é possível conferir temporadas anteriores dos mais diversos títulos versando sobre construção e reformas. Nacionais, ou não, e nas mais variadas plataformas: do streaming ao YouTube, passando pelos canais de TV a cabo.

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“No começo, assistíamos por mera curiosidade. Com o tempo, porém, percebemos que eles traziam dicas simples, mas valiosas, para quem, como nós, curte a casa”, conta o casal de videomakers Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. “Percebemos, por exemplo, que levar plantas para o banheiro, onde, naturalmente, elas contam com melhores condições de umidade, pode, além de decorar, tornar o ambiente mais agradável”, conta Pessolato.

Designer de interiores e diretora de conteúdo da ABD (Associação Brasileira de Design de Interiores), a professora Cecília Gomes vê com bons olhos o interesse por programas do gênero. “Em um momento crítico, como o da pandemia, eles levaram ao grande público a consciência da nossa profissão. De que cuidar da casa, tem a ver com o bem-estar global. E que, além disso, pode estar ao alcance de todos”, afirma ela.

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O casal Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. Foto: Galeria Produções/Divulgação

No ar desde 2011, no canal GNT, o Decora é um dos programas de reforma mais antigos do segmento. Tendo a arquiteta Bel Lobo como sua primeira apresentadora, também já contou com os arquitetos Marcelo Rosenbaum e Maurício Arruda no comando. Hoje, capitaneado pela também arquiteta Stephanie Ribeiro, se propõe a convocar seus participantes a colocarem a mão na massa, transformando os ambientes sob orientação da profissional.

“Tudo é feito do zero, o piso, a pintura de paredes, a iluminação até a colocação dos móveis e objetos. Me preocupo em deixar o ambiente bonito, claro. Mas, acima de tudo, funcional”, destaca ela, que vem procurando dar uma feição mais customizada à atração semanal. “Penso que não existe certo ou errado em decoração. Procuro escutar os participantes. Eles entram com o desejo. Eu, com meus conhecimentos técnicos”, resume Stephanie.

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“Já vi muitos programas do gênero, alguns bem interessantes, no Brasil e no exterior. E acho válido franquear este tipo de conhecimento. Apenas que, às vezes, sinto falta de um enfoque mais prático. Tipo, o que e como comprar em feiras e lojas de segunda mão? Ou como posicionar objetos para conseguir determinado efeito. São informações que a maioria das pessoas não dispõe, mas que são essenciais “, pontua o arquiteto Murilo Lomas.

Sthephanie Ribeiro em ação no 'Decora'. Foto: Guto Costa/Divulgação

Já para Sig Bergamin, um dos principais nomes em atuação no mercado de design de interiores no País, apesar de tentadora, a ideia de ver um ambiente se transformar em uma hora pode comportar alguns equívocos. “O principal deles é exagerar no ‘Faça Você Mesmo’. Não que ele não possa estar presente. Mas nem conseguimos fazer tudo sozinhos e, bem, nenhuma casa se faz apenas com objetos feitos por conta própria”, diz o arquiteto.

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Da mesma forma, se, por um lado, os programas voltados para a decoração estimulam os espectadores, por outro, podem reproduzir conceitos nem sempre precisos no que diz respeito à concepção, execução e, sobretudo, prazos das obras. Nada, claro, capaz de lhes roubar o brilho, enquanto opção de entretenimento e fonte de inspiração. Mas que, por certo, merece ser observado com atenção, na hora de sair das telas para a vida real. É só ficar atento:

  • Contenha o entusiasmo: Considere que tudo o que você vê na tela foi planejado antes das câmeras serem ligadas e que, se você não dispuser de tempo, deve se ater apenas a atualizações pontuais, como pintar as paredes, substituir o piso ou adicionar acessórios.
  • Considere seu orçamento: Nem sempre os programas de decoração costumam ser tão transparentes em relação a custos. Se você tem um orçamento apertado, procure simplificar o escopo de sua reforma tanto quanto possível.
  • Em obras: Reformar sua casa vai afetar a sua rotina. Primeiro você terá de tomar inúmeras decisões a todo o momento. Lembre-se de que terá de lidar com trabalhadores entrando e saindo de sua casa e, inevitavelmente, com algum barulho.
  • Feita para durar: Muitos dos programas de reformas enfatizam a rapidez de execução e a aparência final das coisas. Mas, para fazer valer o seu investimento, é essencial investir apenas no que for realmente necessário, na hora de construir ou reformar.
  • Nem sempre: Se há um efeito colateral dos programas de reforma é a síndrome do “faça você mesmo”. No entanto, considere que nem sempre o que você vê é tão fácil assim de ser feito. E nem sempre tão necessário.
  • Efeito final: Considere que os programas têm orçamento suficiente para contratar os melhores profissionais. Logo, a menos que você também recorra a um deles, não espere que o resultado final na sua casa fique tão perfeito quanto parece na TV.
  • Acontece: Muitas vezes isso não fica claro na TV, mas até mesmo os apresentadores de reality shows enfrentam imprevistos. E, muito provavelmente, com você não será diferente. Portanto, esteja preparado para eles, inclusive reservando recursos para eventuais perdas.
  • Sem complicar: O papel do design de interiores é tornar sua vida mais fácil, não mais difícil. Por isso, se algo é difícil de manter, será a primeira coisa a ser abandonada no dia a dia, devendo ser desconsiderada na hora da reforma.
  • Suas regras: Nem sempre uma atividade doméstica necessita de um espaço específico para ser realizada. Basta imaginar quantas salas de jantar nunca são usadas porque a família prefere fazer suas refeições na cozinha. Portanto, priorize suas necessidades.
  • Manutenção: Caso opte, por exemplo, por distribuir diversos vasos de plantas em uma prateleira, quem realizaria as regas necessárias? E, antes disso, a prateleira em questão seria o suporte mais adequado? Pense nisso. Pense em tudo.
Salas com 'conceito aberto' são famosas nos programas de decoração na TV. Foto: slavun/Adobe Stock

Reality shows sobre decoração são sedutores. De fato, é encantador ver como todo um ambiente pode ser transformado de uma forma tão radical e em tão pouco tempo. Pintura, móveis, acessórios. Tudo brilhante, novinho em folha, pronto para ser usado e, o que é melhor, concluído em tempo recorde. Não surpreende, portanto, que eles tenham conquistado um público cativo. E venham motivando tantas reformas.

Para quem está em busca de inspiração para construir ou reformar – ou prefere acompanhar o desenrolar de uma obra sem sair do conforto de sua cama ou sofá –, o cardápio é farto. Além de atrações ainda no ar, é possível conferir temporadas anteriores dos mais diversos títulos versando sobre construção e reformas. Nacionais, ou não, e nas mais variadas plataformas: do streaming ao YouTube, passando pelos canais de TV a cabo.

“No começo, assistíamos por mera curiosidade. Com o tempo, porém, percebemos que eles traziam dicas simples, mas valiosas, para quem, como nós, curte a casa”, conta o casal de videomakers Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. “Percebemos, por exemplo, que levar plantas para o banheiro, onde, naturalmente, elas contam com melhores condições de umidade, pode, além de decorar, tornar o ambiente mais agradável”, conta Pessolato.

Designer de interiores e diretora de conteúdo da ABD (Associação Brasileira de Design de Interiores), a professora Cecília Gomes vê com bons olhos o interesse por programas do gênero. “Em um momento crítico, como o da pandemia, eles levaram ao grande público a consciência da nossa profissão. De que cuidar da casa, tem a ver com o bem-estar global. E que, além disso, pode estar ao alcance de todos”, afirma ela.

O casal Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. Foto: Galeria Produções/Divulgação

No ar desde 2011, no canal GNT, o Decora é um dos programas de reforma mais antigos do segmento. Tendo a arquiteta Bel Lobo como sua primeira apresentadora, também já contou com os arquitetos Marcelo Rosenbaum e Maurício Arruda no comando. Hoje, capitaneado pela também arquiteta Stephanie Ribeiro, se propõe a convocar seus participantes a colocarem a mão na massa, transformando os ambientes sob orientação da profissional.

“Tudo é feito do zero, o piso, a pintura de paredes, a iluminação até a colocação dos móveis e objetos. Me preocupo em deixar o ambiente bonito, claro. Mas, acima de tudo, funcional”, destaca ela, que vem procurando dar uma feição mais customizada à atração semanal. “Penso que não existe certo ou errado em decoração. Procuro escutar os participantes. Eles entram com o desejo. Eu, com meus conhecimentos técnicos”, resume Stephanie.

“Já vi muitos programas do gênero, alguns bem interessantes, no Brasil e no exterior. E acho válido franquear este tipo de conhecimento. Apenas que, às vezes, sinto falta de um enfoque mais prático. Tipo, o que e como comprar em feiras e lojas de segunda mão? Ou como posicionar objetos para conseguir determinado efeito. São informações que a maioria das pessoas não dispõe, mas que são essenciais “, pontua o arquiteto Murilo Lomas.

Sthephanie Ribeiro em ação no 'Decora'. Foto: Guto Costa/Divulgação

Já para Sig Bergamin, um dos principais nomes em atuação no mercado de design de interiores no País, apesar de tentadora, a ideia de ver um ambiente se transformar em uma hora pode comportar alguns equívocos. “O principal deles é exagerar no ‘Faça Você Mesmo’. Não que ele não possa estar presente. Mas nem conseguimos fazer tudo sozinhos e, bem, nenhuma casa se faz apenas com objetos feitos por conta própria”, diz o arquiteto.

Da mesma forma, se, por um lado, os programas voltados para a decoração estimulam os espectadores, por outro, podem reproduzir conceitos nem sempre precisos no que diz respeito à concepção, execução e, sobretudo, prazos das obras. Nada, claro, capaz de lhes roubar o brilho, enquanto opção de entretenimento e fonte de inspiração. Mas que, por certo, merece ser observado com atenção, na hora de sair das telas para a vida real. É só ficar atento:

  • Contenha o entusiasmo: Considere que tudo o que você vê na tela foi planejado antes das câmeras serem ligadas e que, se você não dispuser de tempo, deve se ater apenas a atualizações pontuais, como pintar as paredes, substituir o piso ou adicionar acessórios.
  • Considere seu orçamento: Nem sempre os programas de decoração costumam ser tão transparentes em relação a custos. Se você tem um orçamento apertado, procure simplificar o escopo de sua reforma tanto quanto possível.
  • Em obras: Reformar sua casa vai afetar a sua rotina. Primeiro você terá de tomar inúmeras decisões a todo o momento. Lembre-se de que terá de lidar com trabalhadores entrando e saindo de sua casa e, inevitavelmente, com algum barulho.
  • Feita para durar: Muitos dos programas de reformas enfatizam a rapidez de execução e a aparência final das coisas. Mas, para fazer valer o seu investimento, é essencial investir apenas no que for realmente necessário, na hora de construir ou reformar.
  • Nem sempre: Se há um efeito colateral dos programas de reforma é a síndrome do “faça você mesmo”. No entanto, considere que nem sempre o que você vê é tão fácil assim de ser feito. E nem sempre tão necessário.
  • Efeito final: Considere que os programas têm orçamento suficiente para contratar os melhores profissionais. Logo, a menos que você também recorra a um deles, não espere que o resultado final na sua casa fique tão perfeito quanto parece na TV.
  • Acontece: Muitas vezes isso não fica claro na TV, mas até mesmo os apresentadores de reality shows enfrentam imprevistos. E, muito provavelmente, com você não será diferente. Portanto, esteja preparado para eles, inclusive reservando recursos para eventuais perdas.
  • Sem complicar: O papel do design de interiores é tornar sua vida mais fácil, não mais difícil. Por isso, se algo é difícil de manter, será a primeira coisa a ser abandonada no dia a dia, devendo ser desconsiderada na hora da reforma.
  • Suas regras: Nem sempre uma atividade doméstica necessita de um espaço específico para ser realizada. Basta imaginar quantas salas de jantar nunca são usadas porque a família prefere fazer suas refeições na cozinha. Portanto, priorize suas necessidades.
  • Manutenção: Caso opte, por exemplo, por distribuir diversos vasos de plantas em uma prateleira, quem realizaria as regas necessárias? E, antes disso, a prateleira em questão seria o suporte mais adequado? Pense nisso. Pense em tudo.
Salas com 'conceito aberto' são famosas nos programas de decoração na TV. Foto: slavun/Adobe Stock

Reality shows sobre decoração são sedutores. De fato, é encantador ver como todo um ambiente pode ser transformado de uma forma tão radical e em tão pouco tempo. Pintura, móveis, acessórios. Tudo brilhante, novinho em folha, pronto para ser usado e, o que é melhor, concluído em tempo recorde. Não surpreende, portanto, que eles tenham conquistado um público cativo. E venham motivando tantas reformas.

Para quem está em busca de inspiração para construir ou reformar – ou prefere acompanhar o desenrolar de uma obra sem sair do conforto de sua cama ou sofá –, o cardápio é farto. Além de atrações ainda no ar, é possível conferir temporadas anteriores dos mais diversos títulos versando sobre construção e reformas. Nacionais, ou não, e nas mais variadas plataformas: do streaming ao YouTube, passando pelos canais de TV a cabo.

“No começo, assistíamos por mera curiosidade. Com o tempo, porém, percebemos que eles traziam dicas simples, mas valiosas, para quem, como nós, curte a casa”, conta o casal de videomakers Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. “Percebemos, por exemplo, que levar plantas para o banheiro, onde, naturalmente, elas contam com melhores condições de umidade, pode, além de decorar, tornar o ambiente mais agradável”, conta Pessolato.

Designer de interiores e diretora de conteúdo da ABD (Associação Brasileira de Design de Interiores), a professora Cecília Gomes vê com bons olhos o interesse por programas do gênero. “Em um momento crítico, como o da pandemia, eles levaram ao grande público a consciência da nossa profissão. De que cuidar da casa, tem a ver com o bem-estar global. E que, além disso, pode estar ao alcance de todos”, afirma ela.

O casal Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. Foto: Galeria Produções/Divulgação

No ar desde 2011, no canal GNT, o Decora é um dos programas de reforma mais antigos do segmento. Tendo a arquiteta Bel Lobo como sua primeira apresentadora, também já contou com os arquitetos Marcelo Rosenbaum e Maurício Arruda no comando. Hoje, capitaneado pela também arquiteta Stephanie Ribeiro, se propõe a convocar seus participantes a colocarem a mão na massa, transformando os ambientes sob orientação da profissional.

“Tudo é feito do zero, o piso, a pintura de paredes, a iluminação até a colocação dos móveis e objetos. Me preocupo em deixar o ambiente bonito, claro. Mas, acima de tudo, funcional”, destaca ela, que vem procurando dar uma feição mais customizada à atração semanal. “Penso que não existe certo ou errado em decoração. Procuro escutar os participantes. Eles entram com o desejo. Eu, com meus conhecimentos técnicos”, resume Stephanie.

“Já vi muitos programas do gênero, alguns bem interessantes, no Brasil e no exterior. E acho válido franquear este tipo de conhecimento. Apenas que, às vezes, sinto falta de um enfoque mais prático. Tipo, o que e como comprar em feiras e lojas de segunda mão? Ou como posicionar objetos para conseguir determinado efeito. São informações que a maioria das pessoas não dispõe, mas que são essenciais “, pontua o arquiteto Murilo Lomas.

Sthephanie Ribeiro em ação no 'Decora'. Foto: Guto Costa/Divulgação

Já para Sig Bergamin, um dos principais nomes em atuação no mercado de design de interiores no País, apesar de tentadora, a ideia de ver um ambiente se transformar em uma hora pode comportar alguns equívocos. “O principal deles é exagerar no ‘Faça Você Mesmo’. Não que ele não possa estar presente. Mas nem conseguimos fazer tudo sozinhos e, bem, nenhuma casa se faz apenas com objetos feitos por conta própria”, diz o arquiteto.

Da mesma forma, se, por um lado, os programas voltados para a decoração estimulam os espectadores, por outro, podem reproduzir conceitos nem sempre precisos no que diz respeito à concepção, execução e, sobretudo, prazos das obras. Nada, claro, capaz de lhes roubar o brilho, enquanto opção de entretenimento e fonte de inspiração. Mas que, por certo, merece ser observado com atenção, na hora de sair das telas para a vida real. É só ficar atento:

  • Contenha o entusiasmo: Considere que tudo o que você vê na tela foi planejado antes das câmeras serem ligadas e que, se você não dispuser de tempo, deve se ater apenas a atualizações pontuais, como pintar as paredes, substituir o piso ou adicionar acessórios.
  • Considere seu orçamento: Nem sempre os programas de decoração costumam ser tão transparentes em relação a custos. Se você tem um orçamento apertado, procure simplificar o escopo de sua reforma tanto quanto possível.
  • Em obras: Reformar sua casa vai afetar a sua rotina. Primeiro você terá de tomar inúmeras decisões a todo o momento. Lembre-se de que terá de lidar com trabalhadores entrando e saindo de sua casa e, inevitavelmente, com algum barulho.
  • Feita para durar: Muitos dos programas de reformas enfatizam a rapidez de execução e a aparência final das coisas. Mas, para fazer valer o seu investimento, é essencial investir apenas no que for realmente necessário, na hora de construir ou reformar.
  • Nem sempre: Se há um efeito colateral dos programas de reforma é a síndrome do “faça você mesmo”. No entanto, considere que nem sempre o que você vê é tão fácil assim de ser feito. E nem sempre tão necessário.
  • Efeito final: Considere que os programas têm orçamento suficiente para contratar os melhores profissionais. Logo, a menos que você também recorra a um deles, não espere que o resultado final na sua casa fique tão perfeito quanto parece na TV.
  • Acontece: Muitas vezes isso não fica claro na TV, mas até mesmo os apresentadores de reality shows enfrentam imprevistos. E, muito provavelmente, com você não será diferente. Portanto, esteja preparado para eles, inclusive reservando recursos para eventuais perdas.
  • Sem complicar: O papel do design de interiores é tornar sua vida mais fácil, não mais difícil. Por isso, se algo é difícil de manter, será a primeira coisa a ser abandonada no dia a dia, devendo ser desconsiderada na hora da reforma.
  • Suas regras: Nem sempre uma atividade doméstica necessita de um espaço específico para ser realizada. Basta imaginar quantas salas de jantar nunca são usadas porque a família prefere fazer suas refeições na cozinha. Portanto, priorize suas necessidades.
  • Manutenção: Caso opte, por exemplo, por distribuir diversos vasos de plantas em uma prateleira, quem realizaria as regas necessárias? E, antes disso, a prateleira em questão seria o suporte mais adequado? Pense nisso. Pense em tudo.
Salas com 'conceito aberto' são famosas nos programas de decoração na TV. Foto: slavun/Adobe Stock

Reality shows sobre decoração são sedutores. De fato, é encantador ver como todo um ambiente pode ser transformado de uma forma tão radical e em tão pouco tempo. Pintura, móveis, acessórios. Tudo brilhante, novinho em folha, pronto para ser usado e, o que é melhor, concluído em tempo recorde. Não surpreende, portanto, que eles tenham conquistado um público cativo. E venham motivando tantas reformas.

Para quem está em busca de inspiração para construir ou reformar – ou prefere acompanhar o desenrolar de uma obra sem sair do conforto de sua cama ou sofá –, o cardápio é farto. Além de atrações ainda no ar, é possível conferir temporadas anteriores dos mais diversos títulos versando sobre construção e reformas. Nacionais, ou não, e nas mais variadas plataformas: do streaming ao YouTube, passando pelos canais de TV a cabo.

“No começo, assistíamos por mera curiosidade. Com o tempo, porém, percebemos que eles traziam dicas simples, mas valiosas, para quem, como nós, curte a casa”, conta o casal de videomakers Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. “Percebemos, por exemplo, que levar plantas para o banheiro, onde, naturalmente, elas contam com melhores condições de umidade, pode, além de decorar, tornar o ambiente mais agradável”, conta Pessolato.

Designer de interiores e diretora de conteúdo da ABD (Associação Brasileira de Design de Interiores), a professora Cecília Gomes vê com bons olhos o interesse por programas do gênero. “Em um momento crítico, como o da pandemia, eles levaram ao grande público a consciência da nossa profissão. De que cuidar da casa, tem a ver com o bem-estar global. E que, além disso, pode estar ao alcance de todos”, afirma ela.

O casal Kleber Pessolato e Guilherme Pinheiro. Foto: Galeria Produções/Divulgação

No ar desde 2011, no canal GNT, o Decora é um dos programas de reforma mais antigos do segmento. Tendo a arquiteta Bel Lobo como sua primeira apresentadora, também já contou com os arquitetos Marcelo Rosenbaum e Maurício Arruda no comando. Hoje, capitaneado pela também arquiteta Stephanie Ribeiro, se propõe a convocar seus participantes a colocarem a mão na massa, transformando os ambientes sob orientação da profissional.

“Tudo é feito do zero, o piso, a pintura de paredes, a iluminação até a colocação dos móveis e objetos. Me preocupo em deixar o ambiente bonito, claro. Mas, acima de tudo, funcional”, destaca ela, que vem procurando dar uma feição mais customizada à atração semanal. “Penso que não existe certo ou errado em decoração. Procuro escutar os participantes. Eles entram com o desejo. Eu, com meus conhecimentos técnicos”, resume Stephanie.

“Já vi muitos programas do gênero, alguns bem interessantes, no Brasil e no exterior. E acho válido franquear este tipo de conhecimento. Apenas que, às vezes, sinto falta de um enfoque mais prático. Tipo, o que e como comprar em feiras e lojas de segunda mão? Ou como posicionar objetos para conseguir determinado efeito. São informações que a maioria das pessoas não dispõe, mas que são essenciais “, pontua o arquiteto Murilo Lomas.

Sthephanie Ribeiro em ação no 'Decora'. Foto: Guto Costa/Divulgação

Já para Sig Bergamin, um dos principais nomes em atuação no mercado de design de interiores no País, apesar de tentadora, a ideia de ver um ambiente se transformar em uma hora pode comportar alguns equívocos. “O principal deles é exagerar no ‘Faça Você Mesmo’. Não que ele não possa estar presente. Mas nem conseguimos fazer tudo sozinhos e, bem, nenhuma casa se faz apenas com objetos feitos por conta própria”, diz o arquiteto.

Da mesma forma, se, por um lado, os programas voltados para a decoração estimulam os espectadores, por outro, podem reproduzir conceitos nem sempre precisos no que diz respeito à concepção, execução e, sobretudo, prazos das obras. Nada, claro, capaz de lhes roubar o brilho, enquanto opção de entretenimento e fonte de inspiração. Mas que, por certo, merece ser observado com atenção, na hora de sair das telas para a vida real. É só ficar atento:

  • Contenha o entusiasmo: Considere que tudo o que você vê na tela foi planejado antes das câmeras serem ligadas e que, se você não dispuser de tempo, deve se ater apenas a atualizações pontuais, como pintar as paredes, substituir o piso ou adicionar acessórios.
  • Considere seu orçamento: Nem sempre os programas de decoração costumam ser tão transparentes em relação a custos. Se você tem um orçamento apertado, procure simplificar o escopo de sua reforma tanto quanto possível.
  • Em obras: Reformar sua casa vai afetar a sua rotina. Primeiro você terá de tomar inúmeras decisões a todo o momento. Lembre-se de que terá de lidar com trabalhadores entrando e saindo de sua casa e, inevitavelmente, com algum barulho.
  • Feita para durar: Muitos dos programas de reformas enfatizam a rapidez de execução e a aparência final das coisas. Mas, para fazer valer o seu investimento, é essencial investir apenas no que for realmente necessário, na hora de construir ou reformar.
  • Nem sempre: Se há um efeito colateral dos programas de reforma é a síndrome do “faça você mesmo”. No entanto, considere que nem sempre o que você vê é tão fácil assim de ser feito. E nem sempre tão necessário.
  • Efeito final: Considere que os programas têm orçamento suficiente para contratar os melhores profissionais. Logo, a menos que você também recorra a um deles, não espere que o resultado final na sua casa fique tão perfeito quanto parece na TV.
  • Acontece: Muitas vezes isso não fica claro na TV, mas até mesmo os apresentadores de reality shows enfrentam imprevistos. E, muito provavelmente, com você não será diferente. Portanto, esteja preparado para eles, inclusive reservando recursos para eventuais perdas.
  • Sem complicar: O papel do design de interiores é tornar sua vida mais fácil, não mais difícil. Por isso, se algo é difícil de manter, será a primeira coisa a ser abandonada no dia a dia, devendo ser desconsiderada na hora da reforma.
  • Suas regras: Nem sempre uma atividade doméstica necessita de um espaço específico para ser realizada. Basta imaginar quantas salas de jantar nunca são usadas porque a família prefere fazer suas refeições na cozinha. Portanto, priorize suas necessidades.
  • Manutenção: Caso opte, por exemplo, por distribuir diversos vasos de plantas em uma prateleira, quem realizaria as regas necessárias? E, antes disso, a prateleira em questão seria o suporte mais adequado? Pense nisso. Pense em tudo.

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