Quarenta anos sem Janete Clair: como decifrar o legado da autora que falava diretamente ao povo?


Chamada de ‘Usineira dos sonhos’ por Carlos Drummond de Andrade, ela fez história na televisão brasileira ao criar novelas como ‘Irmãos Coragem’, ‘Pecado Capital’ e ‘O Astro’; relembre trajetória

Por Danilo Casaletti
Atualização:

A telenovela diária brasileira, logicamente, evoluiu muito ao longo de seus 60 anos de história – a primeira no gênero foi 2-5499 Ocupado, na TV Excelsior. As tramas, finalmente, se tornaram mais inclusivas, a tecnologia permite criar cenas de encher a tela, um ponto eletrônico resolve a vida de um ator que não decorou seu texto e o ritmo dos capítulos ganharam rapidez imposta pelas séries e redes sociais.

A autora Janete Clair Foto: Acervo/ Agência Estado

Entretanto, algo não muda: é preciso saber contar uma boa história. E isso, quem deu escaleta e capítulo, ou melhor, régua e compasso, foi Janete Clair (1925-1943) – nesta quinta-feira, 16, completam-se 40 anos da morte da autora.

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Chamada de ‘maga das oito’, ‘Nossa Senhora das oito’ ou ‘Usineira dos Sonhos’ – assim a definiu Carlos Drummond de Andrade -, Janete soube unir o País de maneira simples. E esse, talvez, seja o maior segredo de seu imenso sucesso.

Corta para a cena de um de seus grandes sucessos: Pecado Capital, levado ao ar originalmente em 1975. A mocinha Lucinha (Betty Faria), moça do subúrbio carioca, é alvo de uma paixão fulminante por parte do milionário Salviano Lisboa (Lima Duarte), dono da fábrica onde ela trabalha. Lucinha fica dividida entre Salviano e Carlão (Francisco Cuoco), o taxista bruto, seu primeiro amor. O simples triângulo amoroso.

Em uma das cenas mais poéticas da novela, Lucinha, após brigar com Carlão, corre pela rua, aborrecida. A câmera, possivelmente posicionada em cima de um veículo pelo diretor Daniel Filho, se afasta, fazendo com que ela tenha que correr ainda mais. Não há uma fala. Apenas uma música de fundo. O suficiente para o telespectador entender a dor da personagem.

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Porém, o drama principal de Pecado Capital era o de Carlão. O taxista que encontra uma bolada em dinheiro, oriundo de um assalto, no banco de trás de seu carro. Carlão se divide entre a honestidade e a cobiça – essa última motivada pelo sentimento de reconquistar Lucinha.

A cena da morte de Carlão, no último capítulo, agarrado à mala de dinheiro, emocionou o Brasil. Em entrevista ao Estadão, em 2022, quando a novela entrou no catálogo da Globoplay, Cuoco disse, em relação ao sentimento que Janete despertou no público:

“As pessoas, quando viram, queriam abraçar o Carlão e salvá-lo da morte. Ficou esse sentimento no ar”.

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Francisco Cuoco como Carlão na novela 'Pecado Capital' Foto: Vieira de Queiroz/ TV Globo

Anos antes, com Irmãos Coragem, de 1970, Janete prendeu o telespectador por 328 capítulos em torno da saga dos irmãos João, Jerônimo e Duda em torno de um diamante. Nesse folhetim, Janete foi revolucionária ao juntar, ou incorporar, o futebol – era ano de Copa do Mundo – e o western (ou faroeste), em alta na época, na trama. Colocou muito marmanjo à frente da TV no horário nobre.

Revolucionou e deu forma às novelas como elas são até os dias de hoje. Janete fez tudo isso sozinha. Não trabalhava com colaboradores.

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A mineira Janete, que começou a carreira no rádio, criou muitos outros tipos inesquecíveis, para a TV – seus maiores sucessos foram na TV Globo. Em Selva de Pedra, de 1972, usou de um artifício quase pueril e fez do público seu cúmplice – como na literatura. Regina Duarte era, ao mesmo tempo, Simone Marques e Rosana Reis. Fez da vida do amado Cristiano (Cuoco) um inferno.

Em O Astro, de 1977, deu novamente o protagonista para Cuoco. Ele era Herculano Quintanilha, uma espécie de astrólogo e vidente de caráter duvidoso. Nessa novela, criou um dos ‘quem matou?’ mais celebrado da TV Brasileira: ‘quem matou Salomão Hayalla?’. Ofuscado apenas mais de uma década depois pelo icônico ‘quem matou Odete Roitman?’.

Janete junto a Tony Ramos. Para o ator, ela deu um dos principais personagens de 'Pai Herói' Foto: Acervo/ TV G
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Irmãos Coragem ganhou um remake em 1995 pelas mãos de Marcílio Moraes, Margareth Boury e Antônio Mercado. Não repetiu o sucesso. Pecado Capital foi recriada em 1998 pela autora Glória Perez – pupila de Janete. Não deu certo. A primeira foi alocada no horário das seis, impróprio para histórias mais densas. A segunda, também no mesmo horário, ganhou novos personagens e Paulinho da Viola foi substituído por Alexandre Pires na icônica música de abertura. Tudo ficou estranho.

O Astro, refeita em 2011 por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, foi a melhor sucedida. Com destaque para as atuações de Rodrigo Lombardi (Herculano), Regina Duarte (Clô Hayalla) e Marco Ricca (Samir), a adaptação com 64 capítulos, com jeito de série, foi vencedora do Emmy Internacional de Melhor Telenovela.

Atualmente, a neta de Janete, Renata Dias Gomes, trabalha no remake de Pai Herói, outro sucesso da autora, para a HBO Max. Na versão original, teve Tony Ramos em uma interpretação inesquecível de André Cajarana, um rapaz obstinado em defender a honra de seu pai.

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O músico Alfredo Dias Gomes, filho de Janete e Dias Gomes, produziu uma animação para contar a história da mãe.

Nem sempre é fácil decifrar Janete. Ou melhor, encontrar o peso certo das teclas para recontar as histórias que ela criou. Que mistério tem Janete?

“Eu acho que entendo um pouco a psicologia do povo”, disse, certa vez, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.

“É uma comunicação assim… de gente para gente, de emoção para emoção. Eu acho que é isso, não pode ser outra coisa, eu não estudei pra isso! É uma intuição. É um sexto sentido.”

* Pai Herói, ao lado de Pecado Capital estão disponíveis em suas versões originais e na íntegra no catálogo do Globoplay.

A telenovela diária brasileira, logicamente, evoluiu muito ao longo de seus 60 anos de história – a primeira no gênero foi 2-5499 Ocupado, na TV Excelsior. As tramas, finalmente, se tornaram mais inclusivas, a tecnologia permite criar cenas de encher a tela, um ponto eletrônico resolve a vida de um ator que não decorou seu texto e o ritmo dos capítulos ganharam rapidez imposta pelas séries e redes sociais.

A autora Janete Clair Foto: Acervo/ Agência Estado

Entretanto, algo não muda: é preciso saber contar uma boa história. E isso, quem deu escaleta e capítulo, ou melhor, régua e compasso, foi Janete Clair (1925-1943) – nesta quinta-feira, 16, completam-se 40 anos da morte da autora.

Chamada de ‘maga das oito’, ‘Nossa Senhora das oito’ ou ‘Usineira dos Sonhos’ – assim a definiu Carlos Drummond de Andrade -, Janete soube unir o País de maneira simples. E esse, talvez, seja o maior segredo de seu imenso sucesso.

Corta para a cena de um de seus grandes sucessos: Pecado Capital, levado ao ar originalmente em 1975. A mocinha Lucinha (Betty Faria), moça do subúrbio carioca, é alvo de uma paixão fulminante por parte do milionário Salviano Lisboa (Lima Duarte), dono da fábrica onde ela trabalha. Lucinha fica dividida entre Salviano e Carlão (Francisco Cuoco), o taxista bruto, seu primeiro amor. O simples triângulo amoroso.

Em uma das cenas mais poéticas da novela, Lucinha, após brigar com Carlão, corre pela rua, aborrecida. A câmera, possivelmente posicionada em cima de um veículo pelo diretor Daniel Filho, se afasta, fazendo com que ela tenha que correr ainda mais. Não há uma fala. Apenas uma música de fundo. O suficiente para o telespectador entender a dor da personagem.

Porém, o drama principal de Pecado Capital era o de Carlão. O taxista que encontra uma bolada em dinheiro, oriundo de um assalto, no banco de trás de seu carro. Carlão se divide entre a honestidade e a cobiça – essa última motivada pelo sentimento de reconquistar Lucinha.

A cena da morte de Carlão, no último capítulo, agarrado à mala de dinheiro, emocionou o Brasil. Em entrevista ao Estadão, em 2022, quando a novela entrou no catálogo da Globoplay, Cuoco disse, em relação ao sentimento que Janete despertou no público:

“As pessoas, quando viram, queriam abraçar o Carlão e salvá-lo da morte. Ficou esse sentimento no ar”.

Francisco Cuoco como Carlão na novela 'Pecado Capital' Foto: Vieira de Queiroz/ TV Globo

Anos antes, com Irmãos Coragem, de 1970, Janete prendeu o telespectador por 328 capítulos em torno da saga dos irmãos João, Jerônimo e Duda em torno de um diamante. Nesse folhetim, Janete foi revolucionária ao juntar, ou incorporar, o futebol – era ano de Copa do Mundo – e o western (ou faroeste), em alta na época, na trama. Colocou muito marmanjo à frente da TV no horário nobre.

Revolucionou e deu forma às novelas como elas são até os dias de hoje. Janete fez tudo isso sozinha. Não trabalhava com colaboradores.

A mineira Janete, que começou a carreira no rádio, criou muitos outros tipos inesquecíveis, para a TV – seus maiores sucessos foram na TV Globo. Em Selva de Pedra, de 1972, usou de um artifício quase pueril e fez do público seu cúmplice – como na literatura. Regina Duarte era, ao mesmo tempo, Simone Marques e Rosana Reis. Fez da vida do amado Cristiano (Cuoco) um inferno.

Em O Astro, de 1977, deu novamente o protagonista para Cuoco. Ele era Herculano Quintanilha, uma espécie de astrólogo e vidente de caráter duvidoso. Nessa novela, criou um dos ‘quem matou?’ mais celebrado da TV Brasileira: ‘quem matou Salomão Hayalla?’. Ofuscado apenas mais de uma década depois pelo icônico ‘quem matou Odete Roitman?’.

Janete junto a Tony Ramos. Para o ator, ela deu um dos principais personagens de 'Pai Herói' Foto: Acervo/ TV G

Irmãos Coragem ganhou um remake em 1995 pelas mãos de Marcílio Moraes, Margareth Boury e Antônio Mercado. Não repetiu o sucesso. Pecado Capital foi recriada em 1998 pela autora Glória Perez – pupila de Janete. Não deu certo. A primeira foi alocada no horário das seis, impróprio para histórias mais densas. A segunda, também no mesmo horário, ganhou novos personagens e Paulinho da Viola foi substituído por Alexandre Pires na icônica música de abertura. Tudo ficou estranho.

O Astro, refeita em 2011 por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, foi a melhor sucedida. Com destaque para as atuações de Rodrigo Lombardi (Herculano), Regina Duarte (Clô Hayalla) e Marco Ricca (Samir), a adaptação com 64 capítulos, com jeito de série, foi vencedora do Emmy Internacional de Melhor Telenovela.

Atualmente, a neta de Janete, Renata Dias Gomes, trabalha no remake de Pai Herói, outro sucesso da autora, para a HBO Max. Na versão original, teve Tony Ramos em uma interpretação inesquecível de André Cajarana, um rapaz obstinado em defender a honra de seu pai.

O músico Alfredo Dias Gomes, filho de Janete e Dias Gomes, produziu uma animação para contar a história da mãe.

Nem sempre é fácil decifrar Janete. Ou melhor, encontrar o peso certo das teclas para recontar as histórias que ela criou. Que mistério tem Janete?

“Eu acho que entendo um pouco a psicologia do povo”, disse, certa vez, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.

“É uma comunicação assim… de gente para gente, de emoção para emoção. Eu acho que é isso, não pode ser outra coisa, eu não estudei pra isso! É uma intuição. É um sexto sentido.”

* Pai Herói, ao lado de Pecado Capital estão disponíveis em suas versões originais e na íntegra no catálogo do Globoplay.

A telenovela diária brasileira, logicamente, evoluiu muito ao longo de seus 60 anos de história – a primeira no gênero foi 2-5499 Ocupado, na TV Excelsior. As tramas, finalmente, se tornaram mais inclusivas, a tecnologia permite criar cenas de encher a tela, um ponto eletrônico resolve a vida de um ator que não decorou seu texto e o ritmo dos capítulos ganharam rapidez imposta pelas séries e redes sociais.

A autora Janete Clair Foto: Acervo/ Agência Estado

Entretanto, algo não muda: é preciso saber contar uma boa história. E isso, quem deu escaleta e capítulo, ou melhor, régua e compasso, foi Janete Clair (1925-1943) – nesta quinta-feira, 16, completam-se 40 anos da morte da autora.

Chamada de ‘maga das oito’, ‘Nossa Senhora das oito’ ou ‘Usineira dos Sonhos’ – assim a definiu Carlos Drummond de Andrade -, Janete soube unir o País de maneira simples. E esse, talvez, seja o maior segredo de seu imenso sucesso.

Corta para a cena de um de seus grandes sucessos: Pecado Capital, levado ao ar originalmente em 1975. A mocinha Lucinha (Betty Faria), moça do subúrbio carioca, é alvo de uma paixão fulminante por parte do milionário Salviano Lisboa (Lima Duarte), dono da fábrica onde ela trabalha. Lucinha fica dividida entre Salviano e Carlão (Francisco Cuoco), o taxista bruto, seu primeiro amor. O simples triângulo amoroso.

Em uma das cenas mais poéticas da novela, Lucinha, após brigar com Carlão, corre pela rua, aborrecida. A câmera, possivelmente posicionada em cima de um veículo pelo diretor Daniel Filho, se afasta, fazendo com que ela tenha que correr ainda mais. Não há uma fala. Apenas uma música de fundo. O suficiente para o telespectador entender a dor da personagem.

Porém, o drama principal de Pecado Capital era o de Carlão. O taxista que encontra uma bolada em dinheiro, oriundo de um assalto, no banco de trás de seu carro. Carlão se divide entre a honestidade e a cobiça – essa última motivada pelo sentimento de reconquistar Lucinha.

A cena da morte de Carlão, no último capítulo, agarrado à mala de dinheiro, emocionou o Brasil. Em entrevista ao Estadão, em 2022, quando a novela entrou no catálogo da Globoplay, Cuoco disse, em relação ao sentimento que Janete despertou no público:

“As pessoas, quando viram, queriam abraçar o Carlão e salvá-lo da morte. Ficou esse sentimento no ar”.

Francisco Cuoco como Carlão na novela 'Pecado Capital' Foto: Vieira de Queiroz/ TV Globo

Anos antes, com Irmãos Coragem, de 1970, Janete prendeu o telespectador por 328 capítulos em torno da saga dos irmãos João, Jerônimo e Duda em torno de um diamante. Nesse folhetim, Janete foi revolucionária ao juntar, ou incorporar, o futebol – era ano de Copa do Mundo – e o western (ou faroeste), em alta na época, na trama. Colocou muito marmanjo à frente da TV no horário nobre.

Revolucionou e deu forma às novelas como elas são até os dias de hoje. Janete fez tudo isso sozinha. Não trabalhava com colaboradores.

A mineira Janete, que começou a carreira no rádio, criou muitos outros tipos inesquecíveis, para a TV – seus maiores sucessos foram na TV Globo. Em Selva de Pedra, de 1972, usou de um artifício quase pueril e fez do público seu cúmplice – como na literatura. Regina Duarte era, ao mesmo tempo, Simone Marques e Rosana Reis. Fez da vida do amado Cristiano (Cuoco) um inferno.

Em O Astro, de 1977, deu novamente o protagonista para Cuoco. Ele era Herculano Quintanilha, uma espécie de astrólogo e vidente de caráter duvidoso. Nessa novela, criou um dos ‘quem matou?’ mais celebrado da TV Brasileira: ‘quem matou Salomão Hayalla?’. Ofuscado apenas mais de uma década depois pelo icônico ‘quem matou Odete Roitman?’.

Janete junto a Tony Ramos. Para o ator, ela deu um dos principais personagens de 'Pai Herói' Foto: Acervo/ TV G

Irmãos Coragem ganhou um remake em 1995 pelas mãos de Marcílio Moraes, Margareth Boury e Antônio Mercado. Não repetiu o sucesso. Pecado Capital foi recriada em 1998 pela autora Glória Perez – pupila de Janete. Não deu certo. A primeira foi alocada no horário das seis, impróprio para histórias mais densas. A segunda, também no mesmo horário, ganhou novos personagens e Paulinho da Viola foi substituído por Alexandre Pires na icônica música de abertura. Tudo ficou estranho.

O Astro, refeita em 2011 por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, foi a melhor sucedida. Com destaque para as atuações de Rodrigo Lombardi (Herculano), Regina Duarte (Clô Hayalla) e Marco Ricca (Samir), a adaptação com 64 capítulos, com jeito de série, foi vencedora do Emmy Internacional de Melhor Telenovela.

Atualmente, a neta de Janete, Renata Dias Gomes, trabalha no remake de Pai Herói, outro sucesso da autora, para a HBO Max. Na versão original, teve Tony Ramos em uma interpretação inesquecível de André Cajarana, um rapaz obstinado em defender a honra de seu pai.

O músico Alfredo Dias Gomes, filho de Janete e Dias Gomes, produziu uma animação para contar a história da mãe.

Nem sempre é fácil decifrar Janete. Ou melhor, encontrar o peso certo das teclas para recontar as histórias que ela criou. Que mistério tem Janete?

“Eu acho que entendo um pouco a psicologia do povo”, disse, certa vez, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.

“É uma comunicação assim… de gente para gente, de emoção para emoção. Eu acho que é isso, não pode ser outra coisa, eu não estudei pra isso! É uma intuição. É um sexto sentido.”

* Pai Herói, ao lado de Pecado Capital estão disponíveis em suas versões originais e na íntegra no catálogo do Globoplay.

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