Game of Thrones esteve distante do auge durante as últimas temporadas, mas até a exibição do episódio final, em maio de 2019, no encerramento da enfadonha oitava e última temporada, a fama e sucesso da série eram grandes o bastante.
Até o final, murcho e sem sal, foi tolerável diante da quantidade de entretenimento entregue ao longo do caminho.
A Casa do Dragão, uma série derivada de Game of Thrones, nasceu com alguma vantagem por ser “herdeira” de quem era, mas desperdiçou-a com uma primeira temporada apressada, com construções espinhosas de personagens e passagens de tempo apressadas.
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Assemelhava-se mais aos anos finais da série da qual é derivada do que dos anos de ouro da mesma.
O primeiro episódio da segunda temporada de A Casa de Dragão, exibido neste domingo, 16, enfim, entrega o que promete.
ATENÇÃO, SPOILERS A SEGUIR
Parte da graça de Game of Thrones, e principalmente dos livros nos quais a série se baseia, escritos por George R.R. Martin, esteve na sensação de perigo. Ninguém estava realmente a salvo, desde a morte daquele considerado o protagonista, o mocinho, o senhor Ned Stark, no nono episódio da primeira temporada, de 2011.
A partir de então, era difícil permitir afeiçoar-se a um rosto da série, porque a chance deste personagem perder a cabeça era enorme.
A Casa do Dragão soava inofensiva, como uma versão “para menores”, de emoções controladas e temperaturas amenas, em praticamente toda a primeira temporada. O clima mudou com o primeiro ato da tal Dança dos Dragões, como foi chamada a guerra entre integrantes família Targaryen pelo lugar de rei/rainha, com a morte de Lucerys Velaryon pelo tio, Aemond Targaryen, em uma disputa entre dragões, a milhares de metros de altura.
Era o princípio da boa fase da nova série, porque ao voltar para a segunda temporada, A Casa do Dragão mantém o fôlego, em um primeiro episódio que recolhe os cacos do início de uma guerra, com personagens já exaustos das obrigações que os tempos bélicos exigem, enquanto também traz a dor da perda.
Rhaenyra (Emma D’Arcy) passa o episódio em uma busca por sentido após a morte de um dos filhos. E só diz uma única frase, ao longo de uma hora, quando pede pela morte do sobrinho Aemond, responsável pelo assassinato do seu filho.
A guerra é iminente, mas ainda não começou. A Casa do Dragão consegue, com bastante vigor, construir a tensão entre os dois lados, Pretos (liderados por Rhaenyra) e Verdes (com Alicent e Otto Hightower, mãe e avô do rei recém-proclamado Aegon Targaryen).
O auge do episódio acontece somente nos minutos finais, quando uma morte inesperada e cruel derrama sangue na trama então quase limpa.
A partir do pedido da rainha, Daemon (Matt Smith, que está do lado dos Pretos) recorre a dois homens para assassinar Aemond, o irmão do rei, mas não o encontram. Desesperados pela possibilidade de falhar na missão, os assassinos encontram Helaena, a esposa do Rei, e seus dois filhos. Pedem para que ela aponte o menino para ser assassinado. “Um filho por um filho”, repetem, como um mantra, enquanto assassinam o filho do rei para levar a cabeça dele até Daemon.
O som da carne cortada é nauseante. Mas coloca A Casa do Dragão em um degrau mais próximo da série original, pelo menos. E isso já é espetacular.
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