‘Saia Justa’ estreia com Eliana e novas apresentadoras: ‘Menos textão e mais diversão’


Eliana, nova âncora do programa, conta que ‘deu match demais’ com as outras apresentadoras - a veterana Bela Gil e as também estreantes Rita Batista e Tati Machado. Elas contam ao ‘Estadão’ como será o novo ‘Saia Justa’, que estreia nesta quarta, 7

Por Damy Coelho

“A mulher moderna está cansada de não ser moderna”. Assim terminava, 22 anos atrás, a crônica de Fernanda Young no primeiro episódio do Saia Justa, programa que se tornou um clássico da TV fechada. De lá pra cá, muito mudou: o cenário, as apresentadoras, os hábitos. Mulheres pretas também passaram a ocupar o sofá, como Taís Araujo e Gaby Amarantos. Opiniões também mudaram. É provável que, na temporada 2024 do Saia Justa, que começa nesta quarta, 7, questões sobre a “mulher moderna” e seus cansaços venham à tona novamente, mas trazendo nuances amplificadas por realidades mais diversas.

É a estreia de Eliana no programa - e como âncora. No mesmo sofá, estarão Bela Gil, que integra o elenco desde 2022, Tati Machado e Rita Batista.

As novas apresentadoras falaram ao Estadão sobre a nova fase do Saia Justa e sobre o que pauta a nova mulher, após discussões incrementadas por novos recortes de gênero e diversidade. O programa vai ao ar na GNT a partir das 22h30 e também poderá ser visto pelo Globoplay.

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Quem são as novas apresentadoras do ‘Saia Justa’

A mais conhecida do grande público é Eliana. Aos 51 anos e com mais de 30 anos dedicados à TV aberta, começou com programas infantis e, aos poucos, conquistou espaço como apresentadora dos domingos, na Record e no SBT. O Saia Justa é a estreia da apresentadora na TV Globo.

Rita Batista tem 45 anos, é jornalista e se destacou com a cobertura do carnaval de Salvador. Após algumas passagens por telejornais locais, em 2020, passou a integrar as manhãs da Globo no Encontro e Mais Você. Desde 2022, é uma das apresentadoras do É de Casa.

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Tati Machado, a caçula do time com 32 anos, também teve sua estreia diante das câmeras nas manhãs da Globo. Neste 2024, foi campeã do Dança dos Famosos, quadro do Domingão com Huck, ganhando ainda mais destaque do público.

Por fim, Bela Gil tem 36 anos e despontou com um programa de culinária natural no GNT, o Bela Cozinha, em 2014. Filha de Gilberto Gil, além de apresentadora, também é escritora.

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Temas atuais

Algumas coisas mudam, outras não. E todas elas concordam: não há tema “velho”. Do dilema entre conciliar relacionamentos, trabalho e filhos aos eternos e inatingíveis padrões de beleza, parecemos estar absortas pelos mesmos assuntos, com a certeza de que é preciso, cada vez mais, conversar sobre eles. “Precisamos contextualizar o assunto de acordo com o tempo que estamos vivendo”, explica Bela Gil.

“A Rita (Batista) tem uma frase” - conta Tati Machado - “muito verdadeira... O Brasil nos dá temas infinitos para debater”. Mais tarde, Rita repete a frase de forma mais clara: “O Brasil não deixa a gente descansar!”

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“Estamos debatendo uma coisa, aprendendo, e quando vemos, já tem outra coisa a ser falada”, desabafa. Elas também concordam que há temas mais urgentes, como a dinâmica social atual e as pautas femininas, como aponta Rita, ou a saúde mental, citada por Tati.

“Especialmente porque passamos por uma pandemia e sabemos os efeitos que ela trouxe”, conta Tati Machado. Eu sou uma millennial, fomos criados em um momento mais positivo, de um desenvolvimento econômico maior, mas vejo a geração Z menos preocupada com as temáticas da própria adolescência e mais sobre questões de saúde mental”.

Rita Batista, Tati Machado, Eliana e Bela Gil, as novas apresentadoras do 'Saia Justa' Foto: GNT Divulgação/Ju Coutinho
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Metamorfose e encontros geracionais

A troca entre gerações dava a tônica do programa desde a primeira temporada, com a caçula Fernanda Young, aos 31 anos, e Rita Lee, então com 55. Hoje, a âncora Eliana tem 51 e Tati está com 32. Apesar da lacuna geracional, há algo que as une: Tati e Eliana, por exemplo, são as casadas do grupo.

“Fomos descobrindo afinidades. Tenho uma conexão forte com a Bela, talvez porque tivemos uma criação parecida. Eu e a Rita somos jornalistas, convivemos nas manhãs da Globo. Brinco que eu e Eliana somos as casadas do grupo. Essas conexões vão ficar evidentes na televisão”, conta Tati.

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Apesar de ser a veterana, para Bela Gil, toda temporada é um recomeço - principalmente com uma mudança significativa no elenco, como acontece agora. “É como se eu estivesse entrando em outro programa”, diz. “É uma Bela que também se renova. Que está nesse sofá sem a pretensão de ter sempre uma resposta para tudo.”

Por isso, todos os temas relacionados ao feminino seguem urgentes. “A rivalidade feminina, o etarismo, a maternidade real, sem ser romantizada... Vivemos um universo em evolução”, diz Eliana.

Para a nova âncora, a missão, em uma nova emissora, foi uma oportunidade única de mudança - tema que guiará o debate do primeiro episódio. “Receber essa proposta da Globo aos 50, para novos desafios na TV, me deixa muito orgulhosa. Ainda mais para ancorar um programa com tanto protagonismo feminino. Isso só me deixa mais segura do que construí.”

Sob o comando de Eliana, o programa estreia sua temporada 2024 nesta quarta, 7 Foto: GNT Divulgação/Kelly Fuzaro

Um novo sofá

Eliana foi mesmo a grande novidade. Rita conta que a nova apresentadora se manteve como mistério até mesmo para as três. ”Nem a gente sabia! Recebemos os documentos e estava escrito ‘âncora’, sem nome algum! Ficamos nos perguntando quem seria...”

A escolha por Eliana foi estratégica: a apresentadora, além de trazer um frescor à nova emissora e, ao mesmo tempo, carregar um público fiel consigo vindo das tardes de domingo no SBT, tem a missão de comandar uma temporada mais leve. “Leveza”, aliás, foi uma palavra muito repetida entre as quatro apresentadoras.

“Costumo falar isso: vai ser menos textão, mais diversão”, define a jornalista Rita Batista. “Isso não nos impede, obviamente, de falar dos temas relevantes porque esse é o DNA do Saia.”

Bela Gil concorda: “Eu entrei quando o Saia estava saindo de um papel mais jornalístico, de oferecer um serviço de informação e conhecimento, e agora a missão é ser mais relax”, ela ri.

Bela, Tati e Rita comentam a longeva carreira de Eliana na televisão e exaltam o fato de ela ter sido uma mulher que brigou pela audiência de domingo, espaço notadamente masculino. Após banheiras e sushis eróticos, o brasileiro passou a ver um conteúdo, digamos, mais tranquilo.

Além do tradicional quadro de namoro que ganhou contornos mais despretensiosos - em que homens passam por uma esteira para serem “escolhidos” por mulheres - Eliana levou os memes para seu programa, e diz ser usuária ativa das redes sociais. “Sou eu mesma quem cuida das minhas”, garante.

Sem tabus

Agora, essa mesma Eliana se mostra mais aberta para falar de temas que vão além do que ela podia abordar nos programas diurnos, como a sexualidade feminina.

Rita Batista lembra que esse tema segue importante, pois, para ela, a educação sexual, tema comum em escolas em gerações passadas, parece ter voltado a ser tabu. “Essas discussões precisam estar nas escolas, mas também é importante mães e famílias terem informação para passar para os filhos. Acho que um dos papéis do ‘Saia’ é também informar sobre esses temas”, explica Eliana.

Rita Batista e Tati Machado já têm uma longa trajetória no jornalismo de entretenimento, e o desafio agora é se abrirem ainda mais para o público. Mas elas não têm medo. Pelo contrário.

“Não tenho nenhum problema em dar opinião, em me comprometer, em ser cancelada”, conta Rita. “Essa história de cancelamento veio agora, com as novas gerações… Tudo o que uma mulher falar será questionado. Já falam do nosso corpo, do nosso cabelo, que envelhecemos… Então, quem está intranquila com isso está perdendo um tempo precioso de vida”, afirma.

Na primeira formação do programa, a jornalista Mônica Waldvogel era a âncora e participavam ainda Fernanda Young, Rita Lee Marisa Orth Foto: Divulgação/GNT

A experiência de todas as apresentadoras no entretenimento trouxe um aprendizado precioso: não é preciso ter opinião formada sobre tudo. Rita comenta sobre a liberdade que o sofá traz, inclusive, de não dizer nada - como às vezes fazia a xará Rita Lee, que sacava um tricô da bolsa enquanto as outras três debatiam calorosamente sobre algum tema que ela não compartilhava. “O silêncio também é uma forma de emitir opinião”, afirma Eliana.

Rita Lee, que morreu em 2023, foi muito lembrada pelo novo elenco. Eliana conta que seria um sonho ter convivido com ela no mesmo sofá. “Lembro de ela falar: vocês sabem tudo, então podem falar vocês, porque hoje eu vou ficar calada. E quando ela aconselhava: ‘envelheçam, envelheçam!’ (risos)... A gente não precisa concluir tudo e ter razão o tempo inteiro. É muito chato!”

Preparação intensa

A preparação para o programa - que incluiu gravação de pilotos e jantares mais informais entre as quatro - ajudou no processo de adaptação do elenco antes da estreia. “Deu match demais”, reforça Eliana.

“Tivemos uma semana intensa juntas”, diz Tati. “O primeiro momento já superou muito as expectativas. Estamos muito afim de fazer acontecer, de fazer uma temporada bonita”, explica.

“Achei que o primeiro momento seria mais frio, que demoraríamos a nos mostrar (risos), mas o que aconteceu foi uma catarse”, completa Rita.

E elas não se furtam de entrar em temas mais pessoas, pois sabem que isso gera a identificação com o público.

A gente não precisa concluir tudo e ter razão o tempo inteiro. É muito chato!

Eliana, apresentadora

Bela Gil acrescenta: “Eu sou empresária, cozinho, escrevo... tem a minha vida pessoal, fui casada por muitos anos [com João Paulo Demasi, de quem se separou em 2023], tenho dois filhos... então acho essas vivências, por si sós, rendem conteúdo a ser compartilhado”.

A maternidade foi tópico levantado pelas apresentadoras, como conta Eliana. “Tornei-me mãe de menina. E quero pavimentar caminhos para que ela seja cada vez mais forte... Agora, me sinto muito mais segura, como profissional e como mulher. Esse é o momento que meu público pode acompanhar uma nova mulher, que está pronta para se abrir. Tudo tem um lugar certo, e esse sofá é lugar de discussões importantes. Mesmo com a minha experiência, o que quero é aprender”, finaliza.

As apresentadoras confessam que ideias divergentes já se mostraram nos encontros - tudo de forma saudável, garantem. “Somos pessoas bem diferentes, com vivências diferentes. Tem coisas que falo: ‘não acredito que você pensa assim’ (risos). Mas isso é a vida real, né?”, explica Bela Gil. Para elas, as discordâncias fazem parte de um bom debate.

São quatro personalidades diferentes que se complementam. “Tem muita discordância também”, diz Rita, “mas penso que é um exercício para o Brasil mesmo. Nesses tempos em que debates tomam contornos violentos e exacerbados, a ideia é mostrar que ainda há espaço para a boa conversa, mantendo sempre o respeito”, reflete.

“É um espaço acolhedor, onde eu vou poder emitir minhas opiniões sem ser apontada ou julgada. Vou poder ser vulnerável, ser eu, falar que não tenho uma opinião formada sobre algum assunto. E está tudo bem”, finaliza Tati.

“Estar em um programa de entretenimento em que você tem a oportunidade de opinar, de debater temas, de problematizar e falar verdades é um presente”, diz Rita.

Eliana finaliza: “O importante é não parar de debater e aprender”.

Como assistir ao ‘Saia Justa’

O novo Saia Justa estreia na quarta-feira, 7, às 22h30, no GNT. O primeiro episódio terá sinal aberto pela Globoplay para usuários com login na plataforma.

“A mulher moderna está cansada de não ser moderna”. Assim terminava, 22 anos atrás, a crônica de Fernanda Young no primeiro episódio do Saia Justa, programa que se tornou um clássico da TV fechada. De lá pra cá, muito mudou: o cenário, as apresentadoras, os hábitos. Mulheres pretas também passaram a ocupar o sofá, como Taís Araujo e Gaby Amarantos. Opiniões também mudaram. É provável que, na temporada 2024 do Saia Justa, que começa nesta quarta, 7, questões sobre a “mulher moderna” e seus cansaços venham à tona novamente, mas trazendo nuances amplificadas por realidades mais diversas.

É a estreia de Eliana no programa - e como âncora. No mesmo sofá, estarão Bela Gil, que integra o elenco desde 2022, Tati Machado e Rita Batista.

As novas apresentadoras falaram ao Estadão sobre a nova fase do Saia Justa e sobre o que pauta a nova mulher, após discussões incrementadas por novos recortes de gênero e diversidade. O programa vai ao ar na GNT a partir das 22h30 e também poderá ser visto pelo Globoplay.

Quem são as novas apresentadoras do ‘Saia Justa’

A mais conhecida do grande público é Eliana. Aos 51 anos e com mais de 30 anos dedicados à TV aberta, começou com programas infantis e, aos poucos, conquistou espaço como apresentadora dos domingos, na Record e no SBT. O Saia Justa é a estreia da apresentadora na TV Globo.

Rita Batista tem 45 anos, é jornalista e se destacou com a cobertura do carnaval de Salvador. Após algumas passagens por telejornais locais, em 2020, passou a integrar as manhãs da Globo no Encontro e Mais Você. Desde 2022, é uma das apresentadoras do É de Casa.

Tati Machado, a caçula do time com 32 anos, também teve sua estreia diante das câmeras nas manhãs da Globo. Neste 2024, foi campeã do Dança dos Famosos, quadro do Domingão com Huck, ganhando ainda mais destaque do público.

Por fim, Bela Gil tem 36 anos e despontou com um programa de culinária natural no GNT, o Bela Cozinha, em 2014. Filha de Gilberto Gil, além de apresentadora, também é escritora.

Temas atuais

Algumas coisas mudam, outras não. E todas elas concordam: não há tema “velho”. Do dilema entre conciliar relacionamentos, trabalho e filhos aos eternos e inatingíveis padrões de beleza, parecemos estar absortas pelos mesmos assuntos, com a certeza de que é preciso, cada vez mais, conversar sobre eles. “Precisamos contextualizar o assunto de acordo com o tempo que estamos vivendo”, explica Bela Gil.

“A Rita (Batista) tem uma frase” - conta Tati Machado - “muito verdadeira... O Brasil nos dá temas infinitos para debater”. Mais tarde, Rita repete a frase de forma mais clara: “O Brasil não deixa a gente descansar!”

“Estamos debatendo uma coisa, aprendendo, e quando vemos, já tem outra coisa a ser falada”, desabafa. Elas também concordam que há temas mais urgentes, como a dinâmica social atual e as pautas femininas, como aponta Rita, ou a saúde mental, citada por Tati.

“Especialmente porque passamos por uma pandemia e sabemos os efeitos que ela trouxe”, conta Tati Machado. Eu sou uma millennial, fomos criados em um momento mais positivo, de um desenvolvimento econômico maior, mas vejo a geração Z menos preocupada com as temáticas da própria adolescência e mais sobre questões de saúde mental”.

Rita Batista, Tati Machado, Eliana e Bela Gil, as novas apresentadoras do 'Saia Justa' Foto: GNT Divulgação/Ju Coutinho

Metamorfose e encontros geracionais

A troca entre gerações dava a tônica do programa desde a primeira temporada, com a caçula Fernanda Young, aos 31 anos, e Rita Lee, então com 55. Hoje, a âncora Eliana tem 51 e Tati está com 32. Apesar da lacuna geracional, há algo que as une: Tati e Eliana, por exemplo, são as casadas do grupo.

“Fomos descobrindo afinidades. Tenho uma conexão forte com a Bela, talvez porque tivemos uma criação parecida. Eu e a Rita somos jornalistas, convivemos nas manhãs da Globo. Brinco que eu e Eliana somos as casadas do grupo. Essas conexões vão ficar evidentes na televisão”, conta Tati.

Apesar de ser a veterana, para Bela Gil, toda temporada é um recomeço - principalmente com uma mudança significativa no elenco, como acontece agora. “É como se eu estivesse entrando em outro programa”, diz. “É uma Bela que também se renova. Que está nesse sofá sem a pretensão de ter sempre uma resposta para tudo.”

Por isso, todos os temas relacionados ao feminino seguem urgentes. “A rivalidade feminina, o etarismo, a maternidade real, sem ser romantizada... Vivemos um universo em evolução”, diz Eliana.

Para a nova âncora, a missão, em uma nova emissora, foi uma oportunidade única de mudança - tema que guiará o debate do primeiro episódio. “Receber essa proposta da Globo aos 50, para novos desafios na TV, me deixa muito orgulhosa. Ainda mais para ancorar um programa com tanto protagonismo feminino. Isso só me deixa mais segura do que construí.”

Sob o comando de Eliana, o programa estreia sua temporada 2024 nesta quarta, 7 Foto: GNT Divulgação/Kelly Fuzaro

Um novo sofá

Eliana foi mesmo a grande novidade. Rita conta que a nova apresentadora se manteve como mistério até mesmo para as três. ”Nem a gente sabia! Recebemos os documentos e estava escrito ‘âncora’, sem nome algum! Ficamos nos perguntando quem seria...”

A escolha por Eliana foi estratégica: a apresentadora, além de trazer um frescor à nova emissora e, ao mesmo tempo, carregar um público fiel consigo vindo das tardes de domingo no SBT, tem a missão de comandar uma temporada mais leve. “Leveza”, aliás, foi uma palavra muito repetida entre as quatro apresentadoras.

“Costumo falar isso: vai ser menos textão, mais diversão”, define a jornalista Rita Batista. “Isso não nos impede, obviamente, de falar dos temas relevantes porque esse é o DNA do Saia.”

Bela Gil concorda: “Eu entrei quando o Saia estava saindo de um papel mais jornalístico, de oferecer um serviço de informação e conhecimento, e agora a missão é ser mais relax”, ela ri.

Bela, Tati e Rita comentam a longeva carreira de Eliana na televisão e exaltam o fato de ela ter sido uma mulher que brigou pela audiência de domingo, espaço notadamente masculino. Após banheiras e sushis eróticos, o brasileiro passou a ver um conteúdo, digamos, mais tranquilo.

Além do tradicional quadro de namoro que ganhou contornos mais despretensiosos - em que homens passam por uma esteira para serem “escolhidos” por mulheres - Eliana levou os memes para seu programa, e diz ser usuária ativa das redes sociais. “Sou eu mesma quem cuida das minhas”, garante.

Sem tabus

Agora, essa mesma Eliana se mostra mais aberta para falar de temas que vão além do que ela podia abordar nos programas diurnos, como a sexualidade feminina.

Rita Batista lembra que esse tema segue importante, pois, para ela, a educação sexual, tema comum em escolas em gerações passadas, parece ter voltado a ser tabu. “Essas discussões precisam estar nas escolas, mas também é importante mães e famílias terem informação para passar para os filhos. Acho que um dos papéis do ‘Saia’ é também informar sobre esses temas”, explica Eliana.

Rita Batista e Tati Machado já têm uma longa trajetória no jornalismo de entretenimento, e o desafio agora é se abrirem ainda mais para o público. Mas elas não têm medo. Pelo contrário.

“Não tenho nenhum problema em dar opinião, em me comprometer, em ser cancelada”, conta Rita. “Essa história de cancelamento veio agora, com as novas gerações… Tudo o que uma mulher falar será questionado. Já falam do nosso corpo, do nosso cabelo, que envelhecemos… Então, quem está intranquila com isso está perdendo um tempo precioso de vida”, afirma.

Na primeira formação do programa, a jornalista Mônica Waldvogel era a âncora e participavam ainda Fernanda Young, Rita Lee Marisa Orth Foto: Divulgação/GNT

A experiência de todas as apresentadoras no entretenimento trouxe um aprendizado precioso: não é preciso ter opinião formada sobre tudo. Rita comenta sobre a liberdade que o sofá traz, inclusive, de não dizer nada - como às vezes fazia a xará Rita Lee, que sacava um tricô da bolsa enquanto as outras três debatiam calorosamente sobre algum tema que ela não compartilhava. “O silêncio também é uma forma de emitir opinião”, afirma Eliana.

Rita Lee, que morreu em 2023, foi muito lembrada pelo novo elenco. Eliana conta que seria um sonho ter convivido com ela no mesmo sofá. “Lembro de ela falar: vocês sabem tudo, então podem falar vocês, porque hoje eu vou ficar calada. E quando ela aconselhava: ‘envelheçam, envelheçam!’ (risos)... A gente não precisa concluir tudo e ter razão o tempo inteiro. É muito chato!”

Preparação intensa

A preparação para o programa - que incluiu gravação de pilotos e jantares mais informais entre as quatro - ajudou no processo de adaptação do elenco antes da estreia. “Deu match demais”, reforça Eliana.

“Tivemos uma semana intensa juntas”, diz Tati. “O primeiro momento já superou muito as expectativas. Estamos muito afim de fazer acontecer, de fazer uma temporada bonita”, explica.

“Achei que o primeiro momento seria mais frio, que demoraríamos a nos mostrar (risos), mas o que aconteceu foi uma catarse”, completa Rita.

E elas não se furtam de entrar em temas mais pessoas, pois sabem que isso gera a identificação com o público.

A gente não precisa concluir tudo e ter razão o tempo inteiro. É muito chato!

Eliana, apresentadora

Bela Gil acrescenta: “Eu sou empresária, cozinho, escrevo... tem a minha vida pessoal, fui casada por muitos anos [com João Paulo Demasi, de quem se separou em 2023], tenho dois filhos... então acho essas vivências, por si sós, rendem conteúdo a ser compartilhado”.

A maternidade foi tópico levantado pelas apresentadoras, como conta Eliana. “Tornei-me mãe de menina. E quero pavimentar caminhos para que ela seja cada vez mais forte... Agora, me sinto muito mais segura, como profissional e como mulher. Esse é o momento que meu público pode acompanhar uma nova mulher, que está pronta para se abrir. Tudo tem um lugar certo, e esse sofá é lugar de discussões importantes. Mesmo com a minha experiência, o que quero é aprender”, finaliza.

As apresentadoras confessam que ideias divergentes já se mostraram nos encontros - tudo de forma saudável, garantem. “Somos pessoas bem diferentes, com vivências diferentes. Tem coisas que falo: ‘não acredito que você pensa assim’ (risos). Mas isso é a vida real, né?”, explica Bela Gil. Para elas, as discordâncias fazem parte de um bom debate.

São quatro personalidades diferentes que se complementam. “Tem muita discordância também”, diz Rita, “mas penso que é um exercício para o Brasil mesmo. Nesses tempos em que debates tomam contornos violentos e exacerbados, a ideia é mostrar que ainda há espaço para a boa conversa, mantendo sempre o respeito”, reflete.

“É um espaço acolhedor, onde eu vou poder emitir minhas opiniões sem ser apontada ou julgada. Vou poder ser vulnerável, ser eu, falar que não tenho uma opinião formada sobre algum assunto. E está tudo bem”, finaliza Tati.

“Estar em um programa de entretenimento em que você tem a oportunidade de opinar, de debater temas, de problematizar e falar verdades é um presente”, diz Rita.

Eliana finaliza: “O importante é não parar de debater e aprender”.

Como assistir ao ‘Saia Justa’

O novo Saia Justa estreia na quarta-feira, 7, às 22h30, no GNT. O primeiro episódio terá sinal aberto pela Globoplay para usuários com login na plataforma.

“A mulher moderna está cansada de não ser moderna”. Assim terminava, 22 anos atrás, a crônica de Fernanda Young no primeiro episódio do Saia Justa, programa que se tornou um clássico da TV fechada. De lá pra cá, muito mudou: o cenário, as apresentadoras, os hábitos. Mulheres pretas também passaram a ocupar o sofá, como Taís Araujo e Gaby Amarantos. Opiniões também mudaram. É provável que, na temporada 2024 do Saia Justa, que começa nesta quarta, 7, questões sobre a “mulher moderna” e seus cansaços venham à tona novamente, mas trazendo nuances amplificadas por realidades mais diversas.

É a estreia de Eliana no programa - e como âncora. No mesmo sofá, estarão Bela Gil, que integra o elenco desde 2022, Tati Machado e Rita Batista.

As novas apresentadoras falaram ao Estadão sobre a nova fase do Saia Justa e sobre o que pauta a nova mulher, após discussões incrementadas por novos recortes de gênero e diversidade. O programa vai ao ar na GNT a partir das 22h30 e também poderá ser visto pelo Globoplay.

Quem são as novas apresentadoras do ‘Saia Justa’

A mais conhecida do grande público é Eliana. Aos 51 anos e com mais de 30 anos dedicados à TV aberta, começou com programas infantis e, aos poucos, conquistou espaço como apresentadora dos domingos, na Record e no SBT. O Saia Justa é a estreia da apresentadora na TV Globo.

Rita Batista tem 45 anos, é jornalista e se destacou com a cobertura do carnaval de Salvador. Após algumas passagens por telejornais locais, em 2020, passou a integrar as manhãs da Globo no Encontro e Mais Você. Desde 2022, é uma das apresentadoras do É de Casa.

Tati Machado, a caçula do time com 32 anos, também teve sua estreia diante das câmeras nas manhãs da Globo. Neste 2024, foi campeã do Dança dos Famosos, quadro do Domingão com Huck, ganhando ainda mais destaque do público.

Por fim, Bela Gil tem 36 anos e despontou com um programa de culinária natural no GNT, o Bela Cozinha, em 2014. Filha de Gilberto Gil, além de apresentadora, também é escritora.

Temas atuais

Algumas coisas mudam, outras não. E todas elas concordam: não há tema “velho”. Do dilema entre conciliar relacionamentos, trabalho e filhos aos eternos e inatingíveis padrões de beleza, parecemos estar absortas pelos mesmos assuntos, com a certeza de que é preciso, cada vez mais, conversar sobre eles. “Precisamos contextualizar o assunto de acordo com o tempo que estamos vivendo”, explica Bela Gil.

“A Rita (Batista) tem uma frase” - conta Tati Machado - “muito verdadeira... O Brasil nos dá temas infinitos para debater”. Mais tarde, Rita repete a frase de forma mais clara: “O Brasil não deixa a gente descansar!”

“Estamos debatendo uma coisa, aprendendo, e quando vemos, já tem outra coisa a ser falada”, desabafa. Elas também concordam que há temas mais urgentes, como a dinâmica social atual e as pautas femininas, como aponta Rita, ou a saúde mental, citada por Tati.

“Especialmente porque passamos por uma pandemia e sabemos os efeitos que ela trouxe”, conta Tati Machado. Eu sou uma millennial, fomos criados em um momento mais positivo, de um desenvolvimento econômico maior, mas vejo a geração Z menos preocupada com as temáticas da própria adolescência e mais sobre questões de saúde mental”.

Rita Batista, Tati Machado, Eliana e Bela Gil, as novas apresentadoras do 'Saia Justa' Foto: GNT Divulgação/Ju Coutinho

Metamorfose e encontros geracionais

A troca entre gerações dava a tônica do programa desde a primeira temporada, com a caçula Fernanda Young, aos 31 anos, e Rita Lee, então com 55. Hoje, a âncora Eliana tem 51 e Tati está com 32. Apesar da lacuna geracional, há algo que as une: Tati e Eliana, por exemplo, são as casadas do grupo.

“Fomos descobrindo afinidades. Tenho uma conexão forte com a Bela, talvez porque tivemos uma criação parecida. Eu e a Rita somos jornalistas, convivemos nas manhãs da Globo. Brinco que eu e Eliana somos as casadas do grupo. Essas conexões vão ficar evidentes na televisão”, conta Tati.

Apesar de ser a veterana, para Bela Gil, toda temporada é um recomeço - principalmente com uma mudança significativa no elenco, como acontece agora. “É como se eu estivesse entrando em outro programa”, diz. “É uma Bela que também se renova. Que está nesse sofá sem a pretensão de ter sempre uma resposta para tudo.”

Por isso, todos os temas relacionados ao feminino seguem urgentes. “A rivalidade feminina, o etarismo, a maternidade real, sem ser romantizada... Vivemos um universo em evolução”, diz Eliana.

Para a nova âncora, a missão, em uma nova emissora, foi uma oportunidade única de mudança - tema que guiará o debate do primeiro episódio. “Receber essa proposta da Globo aos 50, para novos desafios na TV, me deixa muito orgulhosa. Ainda mais para ancorar um programa com tanto protagonismo feminino. Isso só me deixa mais segura do que construí.”

Sob o comando de Eliana, o programa estreia sua temporada 2024 nesta quarta, 7 Foto: GNT Divulgação/Kelly Fuzaro

Um novo sofá

Eliana foi mesmo a grande novidade. Rita conta que a nova apresentadora se manteve como mistério até mesmo para as três. ”Nem a gente sabia! Recebemos os documentos e estava escrito ‘âncora’, sem nome algum! Ficamos nos perguntando quem seria...”

A escolha por Eliana foi estratégica: a apresentadora, além de trazer um frescor à nova emissora e, ao mesmo tempo, carregar um público fiel consigo vindo das tardes de domingo no SBT, tem a missão de comandar uma temporada mais leve. “Leveza”, aliás, foi uma palavra muito repetida entre as quatro apresentadoras.

“Costumo falar isso: vai ser menos textão, mais diversão”, define a jornalista Rita Batista. “Isso não nos impede, obviamente, de falar dos temas relevantes porque esse é o DNA do Saia.”

Bela Gil concorda: “Eu entrei quando o Saia estava saindo de um papel mais jornalístico, de oferecer um serviço de informação e conhecimento, e agora a missão é ser mais relax”, ela ri.

Bela, Tati e Rita comentam a longeva carreira de Eliana na televisão e exaltam o fato de ela ter sido uma mulher que brigou pela audiência de domingo, espaço notadamente masculino. Após banheiras e sushis eróticos, o brasileiro passou a ver um conteúdo, digamos, mais tranquilo.

Além do tradicional quadro de namoro que ganhou contornos mais despretensiosos - em que homens passam por uma esteira para serem “escolhidos” por mulheres - Eliana levou os memes para seu programa, e diz ser usuária ativa das redes sociais. “Sou eu mesma quem cuida das minhas”, garante.

Sem tabus

Agora, essa mesma Eliana se mostra mais aberta para falar de temas que vão além do que ela podia abordar nos programas diurnos, como a sexualidade feminina.

Rita Batista lembra que esse tema segue importante, pois, para ela, a educação sexual, tema comum em escolas em gerações passadas, parece ter voltado a ser tabu. “Essas discussões precisam estar nas escolas, mas também é importante mães e famílias terem informação para passar para os filhos. Acho que um dos papéis do ‘Saia’ é também informar sobre esses temas”, explica Eliana.

Rita Batista e Tati Machado já têm uma longa trajetória no jornalismo de entretenimento, e o desafio agora é se abrirem ainda mais para o público. Mas elas não têm medo. Pelo contrário.

“Não tenho nenhum problema em dar opinião, em me comprometer, em ser cancelada”, conta Rita. “Essa história de cancelamento veio agora, com as novas gerações… Tudo o que uma mulher falar será questionado. Já falam do nosso corpo, do nosso cabelo, que envelhecemos… Então, quem está intranquila com isso está perdendo um tempo precioso de vida”, afirma.

Na primeira formação do programa, a jornalista Mônica Waldvogel era a âncora e participavam ainda Fernanda Young, Rita Lee Marisa Orth Foto: Divulgação/GNT

A experiência de todas as apresentadoras no entretenimento trouxe um aprendizado precioso: não é preciso ter opinião formada sobre tudo. Rita comenta sobre a liberdade que o sofá traz, inclusive, de não dizer nada - como às vezes fazia a xará Rita Lee, que sacava um tricô da bolsa enquanto as outras três debatiam calorosamente sobre algum tema que ela não compartilhava. “O silêncio também é uma forma de emitir opinião”, afirma Eliana.

Rita Lee, que morreu em 2023, foi muito lembrada pelo novo elenco. Eliana conta que seria um sonho ter convivido com ela no mesmo sofá. “Lembro de ela falar: vocês sabem tudo, então podem falar vocês, porque hoje eu vou ficar calada. E quando ela aconselhava: ‘envelheçam, envelheçam!’ (risos)... A gente não precisa concluir tudo e ter razão o tempo inteiro. É muito chato!”

Preparação intensa

A preparação para o programa - que incluiu gravação de pilotos e jantares mais informais entre as quatro - ajudou no processo de adaptação do elenco antes da estreia. “Deu match demais”, reforça Eliana.

“Tivemos uma semana intensa juntas”, diz Tati. “O primeiro momento já superou muito as expectativas. Estamos muito afim de fazer acontecer, de fazer uma temporada bonita”, explica.

“Achei que o primeiro momento seria mais frio, que demoraríamos a nos mostrar (risos), mas o que aconteceu foi uma catarse”, completa Rita.

E elas não se furtam de entrar em temas mais pessoas, pois sabem que isso gera a identificação com o público.

A gente não precisa concluir tudo e ter razão o tempo inteiro. É muito chato!

Eliana, apresentadora

Bela Gil acrescenta: “Eu sou empresária, cozinho, escrevo... tem a minha vida pessoal, fui casada por muitos anos [com João Paulo Demasi, de quem se separou em 2023], tenho dois filhos... então acho essas vivências, por si sós, rendem conteúdo a ser compartilhado”.

A maternidade foi tópico levantado pelas apresentadoras, como conta Eliana. “Tornei-me mãe de menina. E quero pavimentar caminhos para que ela seja cada vez mais forte... Agora, me sinto muito mais segura, como profissional e como mulher. Esse é o momento que meu público pode acompanhar uma nova mulher, que está pronta para se abrir. Tudo tem um lugar certo, e esse sofá é lugar de discussões importantes. Mesmo com a minha experiência, o que quero é aprender”, finaliza.

As apresentadoras confessam que ideias divergentes já se mostraram nos encontros - tudo de forma saudável, garantem. “Somos pessoas bem diferentes, com vivências diferentes. Tem coisas que falo: ‘não acredito que você pensa assim’ (risos). Mas isso é a vida real, né?”, explica Bela Gil. Para elas, as discordâncias fazem parte de um bom debate.

São quatro personalidades diferentes que se complementam. “Tem muita discordância também”, diz Rita, “mas penso que é um exercício para o Brasil mesmo. Nesses tempos em que debates tomam contornos violentos e exacerbados, a ideia é mostrar que ainda há espaço para a boa conversa, mantendo sempre o respeito”, reflete.

“É um espaço acolhedor, onde eu vou poder emitir minhas opiniões sem ser apontada ou julgada. Vou poder ser vulnerável, ser eu, falar que não tenho uma opinião formada sobre algum assunto. E está tudo bem”, finaliza Tati.

“Estar em um programa de entretenimento em que você tem a oportunidade de opinar, de debater temas, de problematizar e falar verdades é um presente”, diz Rita.

Eliana finaliza: “O importante é não parar de debater e aprender”.

Como assistir ao ‘Saia Justa’

O novo Saia Justa estreia na quarta-feira, 7, às 22h30, no GNT. O primeiro episódio terá sinal aberto pela Globoplay para usuários com login na plataforma.

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