Análise|Tributo a Ary Fontoura no Globoplay é simples, mas revela histórias curiosas e cumpre o que promete


Documentário sobre vida e carreira de um dos atores mais conhecidos da teledramaturgia brasileira foi lançado no fim de semana, no aniversário de Ary Fontoura, e revela bastidores e até o papel que ele mais gostou de interpretar

Por André Carlos Zorzi

Ary Fontoura foi o protagonista de mais um documentário da série Tributo, que a Globoplay estreou no ano passado, homenageando Léa Garcia. O especial foi lançado no dia em que o ator comemorou seu aniversário de 91 anos, 27 de janeiro.

“Posso me considerar um vitorioso, se não, não estaria aqui. Para que ter memórias de uma pessoa que não significa nada?”, diz o ator em determinado momento, no tom ao qual a produção se destina, como o próprio nome diz: uma homenagem à história de um dos poucos atores de TV nascidos na década de 1930 (mais especificamente em 1933) que ainda está em atividade.

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Como tem apenas uma hora e sete minutos de duração, muitos temas interessantes se resumem a meras ‘pinceladas’ pela história do artista. Cita-se desde o seu interesse pelos programas da Rádio Nacional durante a infância, passando pelo período em que cantava na noite Curitiba e participava de peças de teatro, até chegar à TV, onde se consolidou. Na maioria das vezes, é o próprio Ary Fontoura quem fala. Em outras ocasiões, artistas com os quais contracenou - destaque para Mariana Ximenes, que faz uma visita à sua casa - o que ajuda a evitar uma possível monotonia.

O destaque fica para momentos curiosos, como o dia de sua chegada ao Rio de Janeiro: 31 de março de 1964, coincidindo com o golpe militar. Há partes emotivas, como a “amizade mais longa” que teve, com Nicette Bruno e Paulo Goulart, ao longo de mais de 60 anos, que também é citada, incluindo um depoimento de Beth Goulart, atriz e filha do casal.

Ary Fontoura à época das gravações de 'O Espigão', novela da Globo, em 1974 Foto: Rede Globo
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Há até a resposta para qual foi o melhor trabalho de sua carreira, segundo o próprio: Baltazar Camará, na novela O Espigão (1974). Um professor de ecologia e botânica, que vivia com o remorso de ter atropelado outra pessoa. “Ele tinha um problema seríssimo: só sentia prazer cortando o cabelo das mulheres e aspirando o perfume do cabelo. Foi o melhor trabalho de televisão que eu fiz, eu acho. E para fazê-lo, eu tive que, realmente, pesquisar”, justifica.

Era evidente que a presença do ator em redes sociais ganharia destaque. Sempre sorridente e brincalhão em suas postagens, Ary coleciona milhões de seguidores por conta do jeito bem-humorado e autêntico. Daí, surge no documentário a figura de seu assessor de imprensa, que lhe ajudou a criar os perfis pela primeira vez durante a pandemia.

Ary Fontoura durante participação no 'Encontro', da Globo, em seu aniversário de 91 anos Foto: Reprodução/Rede Globo
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Sobre sua simplicidade, hoje tão exaltada, Ary relembra que passou por um período de deslumbramento nos “primórdios da carreira”. Em certa ocasião, começou a ser cumprimentado por desconhecidos em Copacabana: “Falei: ‘Veja só, como eu sou importante!’. Comecei a ficar olhando, saindo para ver se as pessoas me reconheciam, meio ‘mordido pela mosca azul’.”

Ele continua: “Pera aí, eu não preciso ficar besta para entender esse processo. Isso é uma troca. Meu trabalho é uma provocação, e essa é a resposta. Eu tenho que agradecer, não ficar uma pessoa insuportável e impenetrável só porque eu sou famoso. Isso aí eu tenho que abolir já. Quero voltar a ser aquele cara com aquela simplicidade que eu tinha”.

Em seguida, Ary Fontoura conclui: “Isso foi uma coisa que eu sempre batalhei: ser simples. É aí que reside o meu charme, o que eu sou. Isso é uma coisa que eu faço questão de manter.”

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Tributo - Ary Fontoura está disponível para assistir no Globoplay.

Ary Fontoura foi o protagonista de mais um documentário da série Tributo, que a Globoplay estreou no ano passado, homenageando Léa Garcia. O especial foi lançado no dia em que o ator comemorou seu aniversário de 91 anos, 27 de janeiro.

“Posso me considerar um vitorioso, se não, não estaria aqui. Para que ter memórias de uma pessoa que não significa nada?”, diz o ator em determinado momento, no tom ao qual a produção se destina, como o próprio nome diz: uma homenagem à história de um dos poucos atores de TV nascidos na década de 1930 (mais especificamente em 1933) que ainda está em atividade.

Como tem apenas uma hora e sete minutos de duração, muitos temas interessantes se resumem a meras ‘pinceladas’ pela história do artista. Cita-se desde o seu interesse pelos programas da Rádio Nacional durante a infância, passando pelo período em que cantava na noite Curitiba e participava de peças de teatro, até chegar à TV, onde se consolidou. Na maioria das vezes, é o próprio Ary Fontoura quem fala. Em outras ocasiões, artistas com os quais contracenou - destaque para Mariana Ximenes, que faz uma visita à sua casa - o que ajuda a evitar uma possível monotonia.

O destaque fica para momentos curiosos, como o dia de sua chegada ao Rio de Janeiro: 31 de março de 1964, coincidindo com o golpe militar. Há partes emotivas, como a “amizade mais longa” que teve, com Nicette Bruno e Paulo Goulart, ao longo de mais de 60 anos, que também é citada, incluindo um depoimento de Beth Goulart, atriz e filha do casal.

Ary Fontoura à época das gravações de 'O Espigão', novela da Globo, em 1974 Foto: Rede Globo

Há até a resposta para qual foi o melhor trabalho de sua carreira, segundo o próprio: Baltazar Camará, na novela O Espigão (1974). Um professor de ecologia e botânica, que vivia com o remorso de ter atropelado outra pessoa. “Ele tinha um problema seríssimo: só sentia prazer cortando o cabelo das mulheres e aspirando o perfume do cabelo. Foi o melhor trabalho de televisão que eu fiz, eu acho. E para fazê-lo, eu tive que, realmente, pesquisar”, justifica.

Era evidente que a presença do ator em redes sociais ganharia destaque. Sempre sorridente e brincalhão em suas postagens, Ary coleciona milhões de seguidores por conta do jeito bem-humorado e autêntico. Daí, surge no documentário a figura de seu assessor de imprensa, que lhe ajudou a criar os perfis pela primeira vez durante a pandemia.

Ary Fontoura durante participação no 'Encontro', da Globo, em seu aniversário de 91 anos Foto: Reprodução/Rede Globo

Sobre sua simplicidade, hoje tão exaltada, Ary relembra que passou por um período de deslumbramento nos “primórdios da carreira”. Em certa ocasião, começou a ser cumprimentado por desconhecidos em Copacabana: “Falei: ‘Veja só, como eu sou importante!’. Comecei a ficar olhando, saindo para ver se as pessoas me reconheciam, meio ‘mordido pela mosca azul’.”

Ele continua: “Pera aí, eu não preciso ficar besta para entender esse processo. Isso é uma troca. Meu trabalho é uma provocação, e essa é a resposta. Eu tenho que agradecer, não ficar uma pessoa insuportável e impenetrável só porque eu sou famoso. Isso aí eu tenho que abolir já. Quero voltar a ser aquele cara com aquela simplicidade que eu tinha”.

Em seguida, Ary Fontoura conclui: “Isso foi uma coisa que eu sempre batalhei: ser simples. É aí que reside o meu charme, o que eu sou. Isso é uma coisa que eu faço questão de manter.”

Tributo - Ary Fontoura está disponível para assistir no Globoplay.

Ary Fontoura foi o protagonista de mais um documentário da série Tributo, que a Globoplay estreou no ano passado, homenageando Léa Garcia. O especial foi lançado no dia em que o ator comemorou seu aniversário de 91 anos, 27 de janeiro.

“Posso me considerar um vitorioso, se não, não estaria aqui. Para que ter memórias de uma pessoa que não significa nada?”, diz o ator em determinado momento, no tom ao qual a produção se destina, como o próprio nome diz: uma homenagem à história de um dos poucos atores de TV nascidos na década de 1930 (mais especificamente em 1933) que ainda está em atividade.

Como tem apenas uma hora e sete minutos de duração, muitos temas interessantes se resumem a meras ‘pinceladas’ pela história do artista. Cita-se desde o seu interesse pelos programas da Rádio Nacional durante a infância, passando pelo período em que cantava na noite Curitiba e participava de peças de teatro, até chegar à TV, onde se consolidou. Na maioria das vezes, é o próprio Ary Fontoura quem fala. Em outras ocasiões, artistas com os quais contracenou - destaque para Mariana Ximenes, que faz uma visita à sua casa - o que ajuda a evitar uma possível monotonia.

O destaque fica para momentos curiosos, como o dia de sua chegada ao Rio de Janeiro: 31 de março de 1964, coincidindo com o golpe militar. Há partes emotivas, como a “amizade mais longa” que teve, com Nicette Bruno e Paulo Goulart, ao longo de mais de 60 anos, que também é citada, incluindo um depoimento de Beth Goulart, atriz e filha do casal.

Ary Fontoura à época das gravações de 'O Espigão', novela da Globo, em 1974 Foto: Rede Globo

Há até a resposta para qual foi o melhor trabalho de sua carreira, segundo o próprio: Baltazar Camará, na novela O Espigão (1974). Um professor de ecologia e botânica, que vivia com o remorso de ter atropelado outra pessoa. “Ele tinha um problema seríssimo: só sentia prazer cortando o cabelo das mulheres e aspirando o perfume do cabelo. Foi o melhor trabalho de televisão que eu fiz, eu acho. E para fazê-lo, eu tive que, realmente, pesquisar”, justifica.

Era evidente que a presença do ator em redes sociais ganharia destaque. Sempre sorridente e brincalhão em suas postagens, Ary coleciona milhões de seguidores por conta do jeito bem-humorado e autêntico. Daí, surge no documentário a figura de seu assessor de imprensa, que lhe ajudou a criar os perfis pela primeira vez durante a pandemia.

Ary Fontoura durante participação no 'Encontro', da Globo, em seu aniversário de 91 anos Foto: Reprodução/Rede Globo

Sobre sua simplicidade, hoje tão exaltada, Ary relembra que passou por um período de deslumbramento nos “primórdios da carreira”. Em certa ocasião, começou a ser cumprimentado por desconhecidos em Copacabana: “Falei: ‘Veja só, como eu sou importante!’. Comecei a ficar olhando, saindo para ver se as pessoas me reconheciam, meio ‘mordido pela mosca azul’.”

Ele continua: “Pera aí, eu não preciso ficar besta para entender esse processo. Isso é uma troca. Meu trabalho é uma provocação, e essa é a resposta. Eu tenho que agradecer, não ficar uma pessoa insuportável e impenetrável só porque eu sou famoso. Isso aí eu tenho que abolir já. Quero voltar a ser aquele cara com aquela simplicidade que eu tinha”.

Em seguida, Ary Fontoura conclui: “Isso foi uma coisa que eu sempre batalhei: ser simples. É aí que reside o meu charme, o que eu sou. Isso é uma coisa que eu faço questão de manter.”

Tributo - Ary Fontoura está disponível para assistir no Globoplay.

Análise por André Carlos Zorzi

Repórter de Cultura do Estadão.

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