Muitas séries sob o título de "novo Lost" nasceram - e morreram. FlashForward, The Event e tantas outras que ousaram criar um ambiente de suspense ao redor de um fato misterioso fracassaram. Talvez a comparação com Lost tenha antecipado a cova dessas atrações, ou talvez, na pressa pela substituição, as histórias não tiveram tempo para serem devidamente desenvolvidas. Terra Nova, que a Fox estreia amanhã, às 22 horas, nasce um ano depois do fim de Lost. Seria gravada no Havaí, mas Steven Spielberg, produtor executivo da atração, não quis filmar na mesma locação de Parque dos Dinossauros e escolheu a Austrália como cenário para a série. A ficção científica - que além de Spielberg reúne em seus créditos um time de experts no gênero -, por toda sua atmosfera, lembra demais Lost e, às vezes, é difícil saber se qualquer semelhança é mera coincidência. O ano é 2149 e a Terra é um lugar praticamente impossível de se viver: o ar é tão poluído que é preciso usar respiradores; as frutas são produtos raríssimos; o céu mal pode ser visto e a superpopulação fez com que os governos restringissem as famílias a apenas quatro membros - um casal e dois filhos, no máximo. Mas nem tudo está perdido, uma vez que cientistas descobriram uma forma de abrir um portal que transporta as pessoas para 85 milhões de anos no passado. E, por meio de recrutamento, alguns cidadãos são enviados ao período jurássico para criar uma civilização mais consciente que tenha a capacidade de salvar o futuro da humanidade. É na Terra Nova que os heróis da família Shannon viverão suas aventuras e enfrentarão perigos de todas as formas. Comunidade. Terra Nova bebeu na fonte de Lost e de The 4400 ao criar uma comunidade que tem um líder carismático, Taylor, um exército bem munido, e alguns dissidentes inimigos, no caso, os Sextos. A comunidade vive entre cercas, que servem não só para manter os dinossauros longe, mas também para guardar segredos fora do alcance dos cidadãos comuns. Os mistérios que se apresentam são o desaparecimento do filho de Taylor, equações encravadas em rochas e a sensação de que o líder pode não ser assim tão bonzinho. Mesmo com essas semelhanças, Terra Nova é, provavelmente, a estreia mais empolgante desta temporada de novas séries no exterior. O episódio que abre a temporada, com 1hora e 25 minutos, que a Fox exibe hoje, é impecável em efeitos visuais, enredo e ação - os créditos de Terra Nova também englobam profissionais da série 24 Horas, como o diretor e produtor Jon Cassar. E o melhor é que a Fox decidiu trazer a série com apenas três semanas de diferença em relação aos Estados Unidos. Por lá, a série estreou dia 26 de setembro com um público de mais de 8 milhões de espectadores, número razoável para uma estreia deste porte. E, contrariando as expectativas, Terra Nova manteve a audiência em sua segunda semana - esse número costuma cair em quase todas as novas atrações. O elenco da série de Spielberg conta com Jason O'Mara (Life on Mars) no papel de Jim Shannon. Sua família é composta por Shelley Conn, Landon Liboiron (Life UneXpected), Naomi Scott e Alana Mansour. Na pele de Taylor está o ator Stephen Lang. A série já nasce com uma primeira temporada completa, de 13 episódios. Resta saber se os próximos capítulos trarão a mesma qualidade de enredo e visual.