Em 1978, a cantora Elis Regina e o compositor Adoniran Barbosa passearam de braços dados pelas ruas do Bixiga, na zona central da cidade. O encontro foi registrado para um especial exibido pela TV Bandeirantes. Elis e Adoniran riram, cantaram e almoçaram em uma cantina italiana - um dos símbolos do bairro.
De lá para cá, muita coisa mudou no Bixiga, ou, na Bela Vista, como alguns preferem. Mas Elis, ou melhor, sua música e suas ideias, estão de volta ao bairro com a reestreia do espetáculo Elis - A Musical, que ficará na programação do Teatro Sérgio Cardoso pelas próximas cinco semanas.
A remontagem do musical, que tem texto de Nelson Motta e Patrícia Andrade, celebra os 10 anos de sua estreia. Assim como na versão original, quem dá vida a Elis é a atriz e cantora Laila Garin - Lílian Menezes também continua no elenco e eventuais substituições a Laila. Os atores Flávio Tolezani e Cláudio Lins interpretam, respectivamente, o compositor Ronaldo Bôscoli e o pianista Cesar Camargo Mariano, com quem Elis foi casada.
Durante três horas de duração (um intervalo de 15 minutos), Elis - A Musical retrata os primeiros passos musicais da cantora, ainda em Porto Alegre, cidade onde ela nasceu, sua chegada ao Rio de Janeiro, em 1964, e os grandes espetáculos que ela apresentou durante sua carreira, como Falso Brilhante e Transversal do Tempo.
Quem assistiu à primeira montagem vai notar algumas alterações no roteiro, como a supressão de algumas cenas e a mudança no cenário. A direção continua a cargo de Dennis Carvalho.
Serviço
Teatro Sérgio Cardoso. R. Rui Barbosa, 153, Bela Vista
5ª, 6ª e sáb., 20h30; dom., 16h. Até 5/11
Onde estacionar
Ao lado do Teatro Sergio Cardoso há um estacionamento que cobra R$ 40 por período. Um preço alto, mas dentro do que é cobrado no entorno de teatros e casas de espetáculo. Uma boa opção é ir de carro por aplicativo - com paciência para esperar pela alta procura que sempre ocorre na saída de eventos.
Onde comer
C… Que Sabe!
Uma das mais tradicionais cantinas de São Paulo é a C… Que Sabe. Localizada na rua Rui Barbosa, no coração do Bixiga, a casa serve massas desde 1931, de um jeito bastante tradicional e fugindo de qualquer releitura gourmet dos pratos. Para dias frios, nem pense duas vezes e vá de cappelletti in brodo (R$ 160 para duas pessoas), que vem com tempero na medida certa, dando espaço para sentir o recheio da massa. Para escolher outras possibilidades, você primeiro escolhe o molho (quatro formaggio, bolonhesa, romana) e depois o tipo de massa. Tudo é bem servido, para duas pessoas, em um ambiente bem típico de cantina: caótico, com música ao vivo nas noites de final de semana. Vale a visita.
Onde: R. Rui Barbosa, 192, Bela Vista. 3251-4597. 12h/00h (qui., sex. e sáb., 12h/01h).
Pizzaria Speranza
Pizzaria em atividade há mais de 60 anos, a Speranza é uma das mais tradicionais dentro do Bixiga. A casa foi fundada pela família Tarallo que, no final dos anos 1950, deixou a terra natal, Nápoles, para vir ao Brasil. Na época, Francesco Tarallo, Dona Speranza e os filhos Giovanni e Antonio resolveram empreender com suas receitas. Inicialmente, começaram a caminhada gastronômica em pequenas instalações, para um pequeno público, com pizzas tradicionais, como margherita, napolitana e o tortano, um pão de linguiça napolitano. Hoje, além dos sabores tradicionais, vale experimentar a de burrata (R$ 108, a grande), a romana (R$ 114) e a Vinci, com base de manteiga, fior di latte, linguiça artesanal fresca, gorgonzola, parmesão, nozes crocante, cebolinha verde (R$ 110, também na versão grande).
Onde: R. Treze de Maio, 1004, Bela Vista. 3288-3512. 18h/00h.
Mamma Celeste
Vamos começar o roteiro com o que o Bixiga oferece de melhor: cantinas italianas. A Mamma Celeste é uma das casas mais tradicionais do bairro. No entanto, a sua simplicidade é proporcional ao sabor de seus pratos. Em atividade desde 1990, a Mamma Celeste tem seu foco principalmente nas massas, que estão divididas no cardápio entre as tradicionais, as criações da casa e as finalizadas no forno. É muito gostoso, por exemplo, o canelone de ricota (R$ 49), feito com massa verde, assim como o capeletti à romanesca, feito com carne, molho branco com champignons, presunto e mussarela gratinado (R$ 53). No entanto, vale explorar sempre o cardápio, para encontrar algumas delícias escondidas.
Onde: R. Conselheiro Carrão, 460, Bela Vista. 3284-4854. 11h30/16h e 18h/22h30 (dom., 11h30/16h; fecha seg.).
Para beber
Buchette del Vino
Se você estiver passeando pelo bairro e encontrar pessoas na calçada tomando vinho em taças, com uma naturalidade curiosa, pode ter certeza que está passando pela Buchette del Vino -- que nada mais é do que uma janelinha que faz a entrega de vinhos quase sem contato com o cliente, puxando a tradição italiana para o Bixiga. É gostoso o cabernet sauvignon chileno (R$ 18) que serve por ali. No entanto, o endereço também dá protagonismo para outra bebida: a casa conta com experiências imersivas com café para não só degustar boas marcas de café, mas também para entender a história do local.
Onde: R. Doutor Nestor Esteves Natividade, 1, Bela Vista. Sex. e sáb., 16h/20h. Experiência de café com arquitetura com hora marcada.
Para a sobremesa
Cannoleria Cannoli do Bixiga
Um dos melhores cannolis de São Paulo é a Cannoleria Cannoli do Bixiga. É uma portinha na rua 13 de maio e que conta com 10 sabores em uma produção própria e artesanal. Dentre as opções, desde o tradicional italiano (recheio de ricota fresca de búfala e com pistache e cereja marrasquino nas pontas, a R$ 11) até o de banoffee (creme suave de doce de leite argentino com banana caramelizada e suspiro nas pontas, também a R$ 11).
Onde: R. Treze de Maio, 718, Bela Vista. 96610-6084. Sex. e sáb., 11h/20h. Dom., 11h/17h.