Seria leviano dizer que Walt Disney só criou um império. “Na realidade, ele ajudou a moldar os valores americanos. E isso é muito maior do que a sua importância na economia.” A afirmação é do jornalista americano Neal Gabler, autor da mais recente biografia de Walt Disney, O Triunfo da Imaginação Americana, um calhamaço de 911 páginas recém-lançado pela editora Novo Século (R$ 89,90).A biografia não tenta separar a história particular de Disney de seus personagens. Ela mostra que a vida do desenhista foi completamente envolvida pelos mitos que ele adorava alimentar. Logo nas primeiras páginas, a obra mostra como, de várias formas, durante toda a sua carreira, o criador de Mickey Mouse ascendeu diversas auras de magia em torno de si mesmo. É o caso, por exemplo, do boato de que, assim que morreu, seu corpo teria sido congelado, a pedido do próprio Disney, para ser ressuscitado no futuro. “Isso é mentira. Ele foi cremado. Mas ele gostava de alimentar essas histórias”, conta o autor, que conversou por telefone com o JT.Para escrever a obra, Gabler teve acesso completo a uma série de documentos particulares, como atas de reuniões, cartas trocadas entre amigos, diários pessoais e manuscritos, todos minuciosamente descritos nas últimas 200 páginas do livro. “Pude comparar com o que já foi escrito sobre Disney e ir além. O que eu apresento nesta biografia não se encontra em nenhuma outra”, garante o autor. Ele descreve a pobreza de Disney em sua infância até a recriação do conceito de parque de diversões com a Disneylândia, que seria a representação ideal da sociedade americana.Em um dos trechos do livro, Gabler afirma que a Disneylândia, com seus ambientes falsos e experiências manipuladas, se tornaria a metáfora de uma nova consciência de que, “para melhor ou pior, o fabricado era preferível ao autêntico, e o real podia ser purificado de suas ameaças.”Frequentemente Disney é descrito como um homem perfeccionista, mas não egoísta: ajudou várias pessoas que estiveram ao seu lado antes de ficar famoso. Entretanto, o desenhista não era livre de defeitos. “Muito devotado à sua visão de mundo, subordinou tudo a ela. Disney era legal se precisasse de você e o descartava se percebesse que não tinha importância. Além disso, ele não gostava de dar o crédito das criações para os outros desenhistas, sendo tudo creditado apenas a ele.”Até hoje, o legado de Walt Disney influencia milhões de pessoas ao redor do mundo. Para se ter uma ideia do alcance de suas obras, na época em que ele morreu, em 1966, 240 milhões de pessoas já tinham visto seus filmes, 100 milhões haviam assistido a um programa de televisão do desenhista, 80 milhões tinham lido um dos livros dele, 50 milhões haviam escutado algum disco da Disney, 80 milhões tinham comprado alguma mercadoria licenciada pelo desenhista e 7 milhões haviam visitado a Disneylândia.O autor defende ainda que, graças a filmes como Dumbo e Bambi, que revolucionaram a animação no cinema, Disney conseguiu embutir nas pessoas um sentimento ambientalista e sensibilizar o público sobre a conservação da natureza. “Disney incorporou certos valores às suas criações, como aceitar as responsabilidades, a importância da família, a constituição do amor e a pouca importância dos bens materiais.”Além deste livro, Gabler já escreveu outros sobre a cultura de celebridades e cinema. Periodicamente, ele tem textos publicados no The New York Times e participa de programas no canal Fox News. LANÇAMENTOA nova biografia do desenhista Walt Disney mostra que a vida do desenhista foi completamente envolvida pelos mitos que ele mesmo adorava alimentar Walt Disney - O Triunfo da Imaginação AmericanaNeal GablerNovo SéculoPreço: R$ 89,90