As ações da CSN fecharam ontem em queda de 8,8%, com o mercado reagindo mal às notícias de que a empresa prepara uma oferta pela CSA, siderúrgica do grupo alemão ThyssenKrupp no Rio. Segundo a agência Bloomberg e o jornal Valor, a CSN teria contratado o banco Bradesco BBI para assessorá-la no processo. Para o analista Felipe Rocha, da Omar Camargo Investimentos, o preço a ser pago é importante para uma análise mais detalhada, mas ele ressalta que, por conta das condições ainda não favoráveis do mercado de aço plano e a alavancagem da CSN, essa notícia pode ser considerada negativa.De qualquer forma, o contrato de exclusividade para a venda de minério de ferro da Vale à CSA é considerado pelo mercado como um dos principais entraves para a entrada da CSN no empreendimento fluminense. O acordo existente para o fornecimento de minério de ferro pela Vale, sócia de 26,87% no projeto, tem validade até 2024 e, com isso, a CSN não poderia vender seu próprio excedente, mesmo sendo dona. A CSA possui capacidade para 5 milhões de toneladas de aço anuais e está em operação há dois anos. Uma das razões para a Thyssen colocar à venda a unidade é minimizar o mau momento vivido pela companhia, após um prejuízo de 1,29 bilhão no ano fiscal de 2011. Parte das perdas foram atribuídas ao custo excessivo da unidade brasileira.Exportadora. A CSA foi planejada para ser uma plataforma de exportação de placas para a unidade localizada no Alabama (EUA). Lá está uma laminadora que foi montada em operação casada com a usina que está no Brasil. A transação, por outro lado, poderá ser realizada de forma separada. Uma fonte próxima ao assunto disse que a venda está sendo estimada entre US$ 3 bilhões e US$ 3,5 bilhões. "Esse valor considera um reconhecimento de perda enorme pela Thyssen", disse a fonte. De acordo com ela, os investimentos no complexo siderúrgico estão entre US$ 7 bilhões e US$ 8 bilhões.Segundo relatório do Barclays, divulgado na noite de ontem, alguns investimentos por parte do comprador da CSA poderão ser necessários no futuro. Os analistas Leonardo Correa, Pedro Grimaldi e Luiz Fornari destacam que a exportação de placas segue com pouca rentabilidade, ainda mais diante do elevado custo de produção. / FERNANDA GUIMARÃES E BETH MOREIRA