Repórter especial de economia em Brasília

Extremistas passavam sem nenhuma resistência dos policiais para depredar os prédios dos três Poderes


Brasília nunca mais será a mesma após o 8 de janeiro; normalidade do País ainda está longe

Por Adriana Fernandes
Atualização:

Na noite de sábado, 7/1/2023, a diretora do Estadão em Brasília, Andreza Matais, disparou um alerta no grupo do WhatsApp dos jornalistas da sucursal do jornal para o risco de tumultos no dia seguinte, enquanto escrevia com o colega Daniel Weterman uma reportagem, publicada às 22h44, sobre documentos de inteligência do governo relatando que 100 ônibus, com 3.900 pessoas, tinham chegado à capital federal para protestos de rua contra o presidente Lula.

Entramos no domingo em estado de prontidão e fomos todos convocados quando os extremistas invadiram a Esplanada com grande facilidade. O que aconteceu nas horas seguintes foi um misto de espanto, indignação e tristeza pela depredação dos prédios que representam os três Poderes do País. E eu estava no meio da multidão que se espalhava pela Esplanada dos Ministérios, vendo, ouvindo, apurando.

Extremistas depredam os prédios dos três Poderes, em Brasília  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Já no caminho para Esplanada, observei que o acesso era livre para a maioria das vias laterais e para as dezenas de estacionamentos nos anexos dos ministérios. Os trechos fechados eram facilmente contornados por dentro desses estacionamentos, que se ligam entre si e abrem caminho para o Congresso e a Praça dos Três Poderes. Os estacionamentos ficaram abarrotados, como nos dias de semana. Os extremistas passavam sem nenhuma resistência dos policiais.

Nas quatro horas de cobertura, passei várias vezes com meu carro de um lado ao outro da Esplanada, sem o menor problema. Às 18h, ainda tinha gente chegando como se fosse uma festa. Ambulantes vendiam bandeiras do Brasil.

Eu vi grupos de policiais reunidos, batendo papo e assistindo, inertes, à chegada crescente de extremistas, que gritavam: ‘é guerra!’. Ironicamente, eles xingavam de “traidores da Pátria” os mesmo policiais que permitiam o acesso deles aos atos golpistas.

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Na Vila Planalto, bairro histórico que fica ao lado do Palácio do Planalto, policiais lanchavam calmamente numa padaria, enquanto do lado de fora se ouvia o barulho de bombas gás lacrimogêneo.

Fiquei junto a bolsonaristas moradores de Brasília, que levaram crianças. Uma senhora diz que vai buscar reforço na Avenida W3, tradicional de Brasília, onde há muitas pousadas e se hospedaram pessoas que vieram de fora para os atos golpistas.

Um homem, por volta de 75 anos, logo me pergunta: você é das nossas? E comenta que as “ovelhas da Igreja” têm direito ao livre arbítrio. A esposa comemorava: “agora eu quero ver! Vai ter uma limpa na nossa Brasília, em nome de Jesus”. Ela também reclamava do petróleo, “que agora não para de subir”. Outra senhora debocha que o governo agora teria de fazer uma reforma “de verdade” nos palácios.

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Um homem aparentando 30 anos, suado, quase aos gritos, bradava que tinha de endurecer, porque quatro anos de protestos pacíficos “não vão resolver nada”. E foi assim que a turba, fora de controle, invadiu e vandalizou o Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal como jamais se viu.

Brasília nunca será a mesma depois de 8 de janeiro de 2023 e a normalidade no País, tanto desejada, ainda está muito longe. Novas ameaças de atos golpistas nos rondam. Há muito trabalho a fazer para unir os dois Brasis que Lula prometeu no primeiro discurso após a vitória e repetiu na posse.

Na noite de sábado, 7/1/2023, a diretora do Estadão em Brasília, Andreza Matais, disparou um alerta no grupo do WhatsApp dos jornalistas da sucursal do jornal para o risco de tumultos no dia seguinte, enquanto escrevia com o colega Daniel Weterman uma reportagem, publicada às 22h44, sobre documentos de inteligência do governo relatando que 100 ônibus, com 3.900 pessoas, tinham chegado à capital federal para protestos de rua contra o presidente Lula.

Entramos no domingo em estado de prontidão e fomos todos convocados quando os extremistas invadiram a Esplanada com grande facilidade. O que aconteceu nas horas seguintes foi um misto de espanto, indignação e tristeza pela depredação dos prédios que representam os três Poderes do País. E eu estava no meio da multidão que se espalhava pela Esplanada dos Ministérios, vendo, ouvindo, apurando.

Extremistas depredam os prédios dos três Poderes, em Brasília  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Já no caminho para Esplanada, observei que o acesso era livre para a maioria das vias laterais e para as dezenas de estacionamentos nos anexos dos ministérios. Os trechos fechados eram facilmente contornados por dentro desses estacionamentos, que se ligam entre si e abrem caminho para o Congresso e a Praça dos Três Poderes. Os estacionamentos ficaram abarrotados, como nos dias de semana. Os extremistas passavam sem nenhuma resistência dos policiais.

Nas quatro horas de cobertura, passei várias vezes com meu carro de um lado ao outro da Esplanada, sem o menor problema. Às 18h, ainda tinha gente chegando como se fosse uma festa. Ambulantes vendiam bandeiras do Brasil.

Eu vi grupos de policiais reunidos, batendo papo e assistindo, inertes, à chegada crescente de extremistas, que gritavam: ‘é guerra!’. Ironicamente, eles xingavam de “traidores da Pátria” os mesmo policiais que permitiam o acesso deles aos atos golpistas.

Na Vila Planalto, bairro histórico que fica ao lado do Palácio do Planalto, policiais lanchavam calmamente numa padaria, enquanto do lado de fora se ouvia o barulho de bombas gás lacrimogêneo.

Fiquei junto a bolsonaristas moradores de Brasília, que levaram crianças. Uma senhora diz que vai buscar reforço na Avenida W3, tradicional de Brasília, onde há muitas pousadas e se hospedaram pessoas que vieram de fora para os atos golpistas.

Um homem, por volta de 75 anos, logo me pergunta: você é das nossas? E comenta que as “ovelhas da Igreja” têm direito ao livre arbítrio. A esposa comemorava: “agora eu quero ver! Vai ter uma limpa na nossa Brasília, em nome de Jesus”. Ela também reclamava do petróleo, “que agora não para de subir”. Outra senhora debocha que o governo agora teria de fazer uma reforma “de verdade” nos palácios.

Um homem aparentando 30 anos, suado, quase aos gritos, bradava que tinha de endurecer, porque quatro anos de protestos pacíficos “não vão resolver nada”. E foi assim que a turba, fora de controle, invadiu e vandalizou o Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal como jamais se viu.

Brasília nunca será a mesma depois de 8 de janeiro de 2023 e a normalidade no País, tanto desejada, ainda está muito longe. Novas ameaças de atos golpistas nos rondam. Há muito trabalho a fazer para unir os dois Brasis que Lula prometeu no primeiro discurso após a vitória e repetiu na posse.

Na noite de sábado, 7/1/2023, a diretora do Estadão em Brasília, Andreza Matais, disparou um alerta no grupo do WhatsApp dos jornalistas da sucursal do jornal para o risco de tumultos no dia seguinte, enquanto escrevia com o colega Daniel Weterman uma reportagem, publicada às 22h44, sobre documentos de inteligência do governo relatando que 100 ônibus, com 3.900 pessoas, tinham chegado à capital federal para protestos de rua contra o presidente Lula.

Entramos no domingo em estado de prontidão e fomos todos convocados quando os extremistas invadiram a Esplanada com grande facilidade. O que aconteceu nas horas seguintes foi um misto de espanto, indignação e tristeza pela depredação dos prédios que representam os três Poderes do País. E eu estava no meio da multidão que se espalhava pela Esplanada dos Ministérios, vendo, ouvindo, apurando.

Extremistas depredam os prédios dos três Poderes, em Brasília  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Já no caminho para Esplanada, observei que o acesso era livre para a maioria das vias laterais e para as dezenas de estacionamentos nos anexos dos ministérios. Os trechos fechados eram facilmente contornados por dentro desses estacionamentos, que se ligam entre si e abrem caminho para o Congresso e a Praça dos Três Poderes. Os estacionamentos ficaram abarrotados, como nos dias de semana. Os extremistas passavam sem nenhuma resistência dos policiais.

Nas quatro horas de cobertura, passei várias vezes com meu carro de um lado ao outro da Esplanada, sem o menor problema. Às 18h, ainda tinha gente chegando como se fosse uma festa. Ambulantes vendiam bandeiras do Brasil.

Eu vi grupos de policiais reunidos, batendo papo e assistindo, inertes, à chegada crescente de extremistas, que gritavam: ‘é guerra!’. Ironicamente, eles xingavam de “traidores da Pátria” os mesmo policiais que permitiam o acesso deles aos atos golpistas.

Na Vila Planalto, bairro histórico que fica ao lado do Palácio do Planalto, policiais lanchavam calmamente numa padaria, enquanto do lado de fora se ouvia o barulho de bombas gás lacrimogêneo.

Fiquei junto a bolsonaristas moradores de Brasília, que levaram crianças. Uma senhora diz que vai buscar reforço na Avenida W3, tradicional de Brasília, onde há muitas pousadas e se hospedaram pessoas que vieram de fora para os atos golpistas.

Um homem, por volta de 75 anos, logo me pergunta: você é das nossas? E comenta que as “ovelhas da Igreja” têm direito ao livre arbítrio. A esposa comemorava: “agora eu quero ver! Vai ter uma limpa na nossa Brasília, em nome de Jesus”. Ela também reclamava do petróleo, “que agora não para de subir”. Outra senhora debocha que o governo agora teria de fazer uma reforma “de verdade” nos palácios.

Um homem aparentando 30 anos, suado, quase aos gritos, bradava que tinha de endurecer, porque quatro anos de protestos pacíficos “não vão resolver nada”. E foi assim que a turba, fora de controle, invadiu e vandalizou o Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal como jamais se viu.

Brasília nunca será a mesma depois de 8 de janeiro de 2023 e a normalidade no País, tanto desejada, ainda está muito longe. Novas ameaças de atos golpistas nos rondam. Há muito trabalho a fazer para unir os dois Brasis que Lula prometeu no primeiro discurso após a vitória e repetiu na posse.

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